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PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 2 SUMÁRIO PREFÁCIO..........................................................................................................03 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................04 2. CONCEITOS BÁSICOS DE GESTÃO DA PRODUÇÃO ..................................05 3. IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA OBRA....................08 4. HIERARQUIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA OBRA............11 5. CONDIÇÕES PRÉVIAS PARA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO...........13 6. PROGRAMAÇÃO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS............................................15 7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO......................................................................18 8. PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES..................................................................20 9. CONTROLE DE CONTRATOS...........................................................................22 10. CONTROLE DA PRODUÇÃO...........................................................................24 11. EQUIPES DE TRABALHO................................................................................26 12. DIMENSIONAMENTO.......................................................................................28 13. PERFIL DOS PROFISSIONAIS........................................................................30 14. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO.....................................................................32 15. IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES DE APERFEIÇOAMENTO................33 16. PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO............................................................35 17. PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO..............................................................36 18. PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO.............................................................37 19. INDICADORES E GRÁFICOS PARA ACOMPANHAMENTO DO PLANEJAMENTO..............................................................................................38 20. AVALIAÇÃO E CONTROLE DE ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE...................41 21. RELATÓRIOS DE ACOMPANHAMENTO DA OBRA.......................................42 22. APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO.................................................................................................44 REFERÊNCIAS..................................................................................................47 3 PREFÁCIO Olá, Professor (a)! Este livro tem por objetivo auxiliá-lo (a) com os conteúdos programáticos da Unidade Curricular Planejamento e Controle da Produção. Trabalharemos aqui, de forma sucinta, os aspectos relacionados à questão de planejar e controlar os serviços que irão culminar na construção (produção). Este material deverá atuar como uma preparação prévia ao docente que pleiteia lecionar esta unidade curricular, funcionando, pois, como um norteador do processo de aprendizagem. Nas páginas seguintes, de forma didática, elucidaremos os quesitos citados acima no intuito de facilitar o seu trabalho. 4 1. Introdução Há muito se tem discutido e pesquisado a importância do planejamento e controle na produção dos diversos bens de consumo dos quais as sociedades atuais se valem dia a dia. No início dos processos construtivos, os procedimentos eram baseados em muito empirismo, e tudo que era produzido necessitava de demanda quase imediata. Não se fazia planejamentos de estocagem, produção sob encomenda, gestão dos processos produtivos. Alguns pesquisadores passaram a estudar os impactos que um bom planejamento e gestão poderiam gerar nas linhas de produção (alguns deles serão citados nas páginas seguintes) e, desde então, houve um incremento mundial nos estudos e pesquisas para este fim. Pormenorizaremos as bases deste estudo nos capítulos que seguem. 5 2. CONCEITOS BÁSICOS DE GESTÃO DA PRODUÇÃO Diante da atual e crescente demanda de serviços para a construção civil, e aqui vale ressaltar que não falamos apenas das edificações residenciais (casas, sobrados, edifícios de apartamentos, conjuntos residenciais etc.), mas de obras como rodovias, ferrovias, portos, estaleiros, aeroportos, edifícios comerciais, escolas, creches, hospitais, alcançamos um patamar de interessante paradoxo: quanto mais obras civis temos, menos folgados são os prazos para concluí-las. Isto se dá porque o aquecimento da construção civil fez crescer também o aumento da concorrência entre empresas e bons profissionais. Não apenas a demanda por construções aumentou como também o número de empresas e profissionais da área, e como toda boa economia capitalista sugere: “quem der mais leva”. Não é de se espantar que neste cenário de ampla e acirrada concorrência haja bastantes propostas se comprometendo com o perfeito planejamento, execução e controle das obras e com custos em escala descendente. Isto ocorre tanto na iniciativa pública, por meio dos processos licitatórios, como na iniciativa privada, através da concorrência. O revés da moeda reside justamente na concorrência que há. Naturalmente, quem quer ganhar o direito de construir, em termos de competitividade, terá que entrar com valores e prazos menores. E então entra a questão da gestão da produção. Desde a Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, há uma preocupação com a gestão dos processos produtivos. É possível que em data anterior a esta já tenha existido tal preocupação, mas a produção mundial de produtos manufaturados (alimentos, vestuário, mobiliário) ainda era feita de forma pontual e em pequeníssima escala antes de tal revolução. Desde então, diversos foram os modelos de produção adotados: taylorismo, fordismo, toyotismo etc., todos com o simples objetivo de tornar mais lucrativa a produção das empresas de forma um tanto diferente, entretanto. Enquanto o taylorismo e fordismo (que perduraram até a segunda grande guerra) pregavam a produção em massa de produtos e peças, o toyotismo buscava uma produção dita enxuta, de forma a apenas produzir o que e quando fosse solicitado. 6 Partindo deste princípio, podemos perceber que os trabalhadores do modelo toyotista tinham mais poder de decisão e análise sobre qual a melhor forma de atrair o cliente, mas, para tanto, deveriam ter nível de instrução adequado. Torna-se, também, claro que a evolução das máquinas recém-criadas era não apenas uma necessidade, mas uma questão de tempo (Figura 01 e 02). A partir do toyotismo, ficou mundialmente conhecida a expressão inglesa just in time, que teria uma tradução próxima de “apenas na hora”, em português, ressaltando o modelo de produção que não lançava os produtos aos clientes e mercado, mas esperava deles a demanda para produzi-los. Os livros de história de Ensino Médio dão uma boa noção sobre período histórico em que se encontrava o mundo pré-revolução industrial, bem como sobre as mudanças que se seguiram após este marco na humanidade. Neste preâmbulo histórico, houve a necessidade de se estudar não apenas os processos produtivos, mas, principalmente, a gestão da produção. Por vezes, em nossos cotidianos, interiorizamos e incluímos em nosso vocabulário diário palavras como gestão e produção sem nos darmos conta exatamente de seus significados. Vejamos: Gestão diz respeito à administração de determinada atividade ou serviço. Produção remete àquilo que se produz (o produto), seja ele tangívelou não. Quando olhamos separadamente cada conceito, podemos não enxergar de imediato a complementação que existe entre ambos, mas quando pensamos no paradoxo que seria gerir algo que não se produz ou mesmo produzir algo sem que haja uma gestão concernente, percebemos como estes conceitos estão entrelaçados entre si, tornando- se um condição sine qua non para o outro. Pode-nos, ainda, parecer vaga a ideia contida na definição de produção em que o produto pode ser visto sob dois vieses: tangível e não tangível. A explicação pode ser feita da seguinte forma: um produto tangível (palpável) é aquele que podemos sentir 7 com os nossos sentidos; podemos tocá-lo, vê-lo e até cheirá-lo. Já o produto intangível não pode ser visto, não podemos tocar nem cheirar. Como exemplo do primeiro, podemos citar uma calça jeans e, como exemplo do segundo, a aprovação no vestibular para o curso dos sonhos. Figura 01 – Máquina de tear Fonte: WIKIMEDIA.COMMONS, 2013. Figura 02 – Máquina de tear Fonte: WIKIMEDIA.COMMONS, 2013. 8 3. IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA OBRA Diante da crescente demanda para construção civil que comentamos no capítulo anterior, faz-se necessário comentarmos a importância do planejamento e controle das obras civis. Há uma tendência para a desorganização e o não planejamento e controle de obras em nosso país e, por aspectos históricos, isto ocorre também em boa parte das repúblicas ex-colônias. Neste contexto, em contrapartida, há uma profunda necessidade de melhoria nos métodos de produção para uma otimização de resultados, pois toda empresa privada visa ao lucro, e o lucro só é possível se houver um menor custo de produção aliado a uma valorização do produto no mercado. Entendendo que a valorização do produto no mercado está intrinsecamente ligada à qualidade do mesmo, voltamos aqui nossa atenção para a melhoria dos métodos de produção. Neste quesito, entra a questão do planejamento e controle das obras. Perceba a importância que há em dispor de certo tempo para pensar sobre o que iremos fazer e só depois partirmos para a execução. Esta é (ou pelo menos deveria ser) a ordem correta da evolução dos acontecimentos numa obra civil, mas, infelizmente, há ainda dirigentes de empresas que julgam desnecessária essa “perda” de tempo; acreditam que as soluções para os inúmeros problemas que ocorrem numa obra podem ser solucionados no decorrer de sua execução; e pior, creem que o profissional à frente da obra (técnicos, arquitetos ou engenheiros) que não seja capaz de fazê-lo nestas circunstâncias é incompetente. Afirmamos aqui que isto não é verdade. O responsável técnico pela execução da obra não pode valer-se apenas da habilidade de lidar concomitantemente com problemas diversos da obra (que poderiam ter sido detectados anteriormente, caso houvesse uma etapa prévia de planejamento) e com o andamento técnico das atividades. O que deve haver, embora muitas vezes seja negligenciado, é o planejamento daquilo que será executado e seu controle ao longo do processo de execução. Parece simples pensar nisto, mas na realidade são tarefas delicadas e que devem ser executadas por 9 profissionais habilitados pra tal e com o maior zelo e comprometimento possíveis, pois delas dependerá o sucesso da construção. Não temos o intuito de afirmar aqui que o fato de ter havido um bom planejamento pregresso à execução queira dizer que não haverá problemas durante o curso da obra, todavia isso servirá para minimizá-los. É de fácil entendimento que, se uma obra for devidamente pensada em termos de seu projeto e execução (planejamento), alguns possíveis problemas futuros (que passariam despercebidos) poderiam ser notados e corrigidos a tempo (antes da execução da obra), de modo a amenizar os impactos de interferência, prazo e custo. Há empresas que, após a determinação de todos os projetos de execução, planejamento e eventuais compatibilizações, lançam mão de um recurso que, embora pareça dispendioso, pode proporcionar um grande ganho em termos de produção mais à frente: a prototipagem. Como o nome sugere, trata-se do desenvolvimento de um pavimento-tipo completo. No caso hipotético da construção de um edifício de 20 andares, com dois pavimentos de garagem, após a execução das fundações e da estrutura dos pavimentos de garagem, montamos o primeiro pavimento completo (estruturas, alvenaria, instalações, louças e acabamentos) ao invés de fazer todo o edifício etapa por etapa. Com essa suposta “perda de tempo”, podemos identificar diversos problemas que passaram despercebidos pelas etapas de projeto e planejamento e, consequentemente, poderemos resolvê-los a tempo, antes que tais problemas reapareçam nos pavimentos subsequentes. Aprendendo com os erros: A empresa de José, que é técnico em edificações, é uma pequena construtora que está há apenas dois anos no mercado. Inicialmente, José assumia contratos apenas de pequenos serviços isolados, como alvenarias (levante e revestimento), instalações elétricas e hidrossanitárias, impermeabilizações etc. de outras empresas maiores que empreitavam tais serviços em suas obras. Com o passar do tempo, a construtora de José foi aumentando de tamanho, mas 10 também foram aumentando as responsabilidades e a equipe envolvida. Começaram a surgir problemas com a qualidade das obras e serviços entregues, o que fez com que José tivesse que parar para pensar no que estava acontecendo. Depois de alguns conselhos de amigos e profissionais da área da construção civil, José descobriu que a peça-chave que faltava em sua empresa era o planejamento e controle das obras. Os contratos eram sempre fechados sem que houvesse um planejamento prévio daquilo que se pleiteava fazer, tampouco um controle sobre o que estava acontecendo nas obras. José investiu profundamente nesse aspecto; contratou equipe de profissionais especializados em planejamento e controle de obras e até estabeleceu um setor em sua empresa específico para esse fim. Após certo tempo e dinheiro investidos, o retorno não tardou a apresentar-se. As obras passaram a acontecer de forma adequada com um mínimo de imprevistos (coisa muito incomum antes), e a lucratividade semestral da empresa quase dobrou nos primeiros seis meses com o setor de planejamento e controle em pleno funcionamento. Com efeito, deficiências na etapa de planejamento e de controle trarão grandes impactos no prazo e no custo da obra, prejudicando seus índices de produtividade. Segundo MATTOS (2010), “as deficiências no planejamento e no controle estão entre as principais causas da baixa de produtividade do setor [da construção civil], de suas elevadas perdas e da baixa qualidade dos seus produtos”. Hoje, muitos autores e professores do assunto creditam no aperfeiçoamento do planejamento a perpetuação e longevidade das empresas do setor. Como benefícios do planejamento, podemos citar: Conhecimento total do empreendimento; Rapidez na tomada de decisões por parte dos gerentes; Otimização da alocação de recursos materiais e humanos; Interface com os custos de orçamento; Possibilidade de documentação (histórico). 11 4. HIERARQUIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA OBRA O planejamento e o controle das obras civis são atividades complementares e, por vezes, concomitantes, de forma que seria difícil hierarquizá-las entre si. A etapa de planejamento começa bem antes de qualquer passo inicial na execução da obra, ao passo que o controle deve permeartodo o processo, desde sua concepção até o seu término. É comum encontrarmos, em ilustrações de cronogramas simplificados, o planejamento e controle mesclados em uma etapa só, mas com as etapas de projeto e execução dissociadas e bem distintas. Observe a figura abaixo. Figura 03 – Cronograma de etapas Fonte: SENAI, 2012. Perceba que num cronograma como este, que acreditamos ser bem próximo do ideal, a execução em si só inicia na segunda metade do início de todo o processo. Há toda uma disposição de recursos (técnicos, materiais, humanos e, consequentemente, financeiros) que deve começar antes que se bata sequer um prego dentro do canteiro de obras. 12 Algo que pode chamar a atenção do leitor neste gráfico é o fato de haver concomitância a partir de certo ponto entre as etapas de projeto e a execução. Sim, de fato não faz sentido começar a execução da obra sem que toda etapa de projeto (arquitetônico, estrutural, instalações etc.) esteja finalizada e devidamente compatibilizada, entretanto, pusemos dessa forma porque durante a obra podem acontecer (e normalmente acontecem) revisões em alguns projetos. O ponto mais importante em tudo isso é percebermos que o planejamento e controle devem permear todo o processo, do início ao fim, ao contrário do que, às vezes, pensamos: que esta etapa começa e acaba antes que iniciemos a execução propriamente dita. 13 5. CONDIÇÕES PRÉVIAS PARA ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO Eis aqui um tema um tanto controverso, uma vez que há divergências entre os autores acerca de quais as premissas prévias necessárias ao bom planejamento. É certo que, para que iniciemos o planejamento estratégico de uma construção, digo, para que ela se justifique, é necessário que haja um conhecimento prévio da área a ser construída, bem como um estudo de viabilidades técnicas e econômicas. Há quem pense nesta etapa de estudos de viabilidade como já pertinente ao próprio planejamento; há, também, quem diga o contrário. O fato é que esse estudo irá desempenhar papel fundamental para a adequação dos nossos desejos em construir adequadamente nossos anseios. Noutras palavras, queremos dizer que, às vezes, o que inicialmente pensamos em planejar e projetar para construir pode não ser técnica ou economicamente viável para tal. Sendo assim, é necessária a adequação do plano inicial à nova realidade. Há outras condições prévias para elaboração do planejamento que elencaremos em ordem adequada de acontecimento, abaixo: Definição e contratação de planejadores (engenheiros, arquitetos, técnicos, administradores); Estudo de demanda do público-alvo sobre aquilo que se pretende construir; Visita in loco da equipe diretamente envolvida no planejamento; Estudo de viabilidade técnica e econômica do possível empreendimento; Análise de resultados laboratoriais, pareceres legais do local da construção. Bem verdade, como dito, que há divergências sobre a ordem ou mesmo sobre a adição ou subtração de condições prévias às citadas acima, entretanto, acreditamos serem estas as premissas básicas para que demos início ao planejamento. 14 Algo em meio a tais divergências surge com notória e soberana concordância entre os autores: a obra deve ser entendida como um projeto em que cada uma de suas etapas deve ser cuidadosamente pensada para que não venha impactar na etapa seguinte, com início, meio e fim bem definidos e que, como resultado, gera um produto único. A referência a produto único não quer dizer que haverá apenas um produto, visto que uma construtora poderá, ao longo de suas atividades laborais, fabricar dezenas ou até centenas de edifícios (produto); estes terão outras dezenas de pavimentos-tipos idênticos, entretanto, perceba que a indústria da construção civil não é semelhante a uma linha de montagem de uma empresa fabricante de leite industrializado, por exemplo, que produz centenas de milhares de produtos obedecendo aos mesmos critérios de produção e de qualidade. Longe disso, a construção civil emprega seus esforços na confecção de um produto único, que terá suas próprias características (cada edificação tem suas particularidades), e por isso deverá passar por um rigoroso processo de planejamento. 15 6. PROGRAMAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS Não podemos perder de vista a gigantesca quantidade de resíduos gerados pela indústria da construção civil (RCC). Historicamente e em boa parte do globo, a construção civil enquanto indústria e setor da economia é um grande gerador de resíduos, seja pela atividade humana inserida, seja pela transformação de materiais envolvida no processo ou mesmo pela forte característica ainda artesanal (especialmente em países em desenvolvimento) de muitas de suas atividades. Figura 04 – Resíduos da construção civil Fonte: WIKIMEDIA.COMMONS, 2013. Há, infelizmente, uma cultura da construção civil em nosso país de utilizar bem mais recursos materiais que o necessário em suas construções. Lastimavelmente, é “aceitável” um desperdício de material desde que seja feito de maneira adequada e dentro do prazo. Este tipo de pensamento perdurou por muito tempo, e ainda perdura até os dias de hoje. É necessário que haja uma programação da gestão de resíduos, e tudo começa pelo comprometimento da equipe da obra; desde o servente, passando pelos profissionais e prestadores de serviço, até os técnicos, arquitetos e engenheiros. 16 Na realidade, não devemos esperar até a execução da obra para nos atentarmos à gestão adequada de resíduos. Os próprios projetos já devem trazer consigo tal gestão como, por exemplo, fazer a paginação dos blocos cerâmicos das paredes, evitando os famosos arremates que acabam por gerar um grande volume de resíduos. O primeiro passo é o uso adequado dos recursos materiais, pois sabemos que grande parte dos materiais utilizados na construção civil é misturada e, às vezes processada, com outros materiais in loco antes de sua aplicação final. Dosagens, meios de produção, local adequado para misturas devem ser pensados de modo a otimizar a produção e minimizar os desperdícios. Depois disso, devemos voltar nossa atenção para a separação ordenada do resíduo gerado. Sim, resíduo gerado, pois sempre haverá um resíduo, por menor que seja, sempre haverá porque a construção civil é, essencialmente, uma indústria de transformação. Portanto, devemos sempre ter em mente que os resíduos numa obra (cacos de blocos, madeira, peças metálicas etc.), embora sejam classificados em um grande grupo (RCC), possuem suas especificidades em termos de qualidade de reaproveitamento e descarte adequado. Por último, devemos nos atentar para o correto descarte desses materiais. O ideal é que se façam alguns contatos com ONG’s e demais entidades afins para que possamos efetuar o descarte adequado desses materiais. Importante citar aqui que já existem pesquisas em desenvolvimento sobre o reaproveitamento de alguns desses resíduos na própria construção civil. Seria algo como recolocar os recursos materiais no mesmo processo que gerou seus resíduos. Um exemplo bastante contundente disso é a fabricação de tijolos reciclados, veja figura abaixo em que se utilizam resíduos sólidos de blocos cerâmicos convencionais, blocos de concreto, argamassa e até gesso para a fabricação de um novo tijolo de vedação com características similares aos convencionais. 17 Algo que deve ser sempre objeto de nossa atenção em obra é que a conscientização para a adequada utilização e fabricaçãode insumos para a construção civil é a principal ação no intuito de minimizar a quantidade de resíduos sólidos gerados. Figura 05 – Tijolo reciclado Fonte: SENAI, 2013. 18 7. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Atualmente vivemos num mundo onde a sociedade é baseada na divisão do trabalho. É de fácil percepção que o social está intimamente ligado à questão do trabalho. Médicos, advogados, técnicos, enfermeiros, carpinteiros, mestres de obra, todos têm seu espaço e suas funções dentro de uma sociedade organizada. Em sua obra Da Divisão do Trabalho Social (1893), o francês Émile Durkhein sustenta a ideia de que a sociedade é mantida coesa por, basicamente, dois elos. O primeiro refere-se aos pontos de vista em comum (credo, cultura etc.), e o segundo viés é inerente à supracitada divisão do trabalho. Ao aproximarmos esta questão de um patamar mais próximo de nossa realidade, depreendemos que da qualidade e eficiência de nosso trabalho resultará, em grande parte, nossa qualidade de vida. E essas duas palavras, qualidade e eficiência, só vêm quando, antes de tudo, somos organizados. Há diversos estudos neste sentido. A cada dia passamos mais tempo em nosso trabalho (ou a caminho dele) e o modo como vivenciamos nosso trabalho tem influência direta em nossa qualidade de vida também fora dele. Organização do trabalho significa sermos organizados com o nosso próprio trabalho (instalações e locais adequados a cada atividade laboral, ferramentas e equipamentos adequados, capacidade técnica para tal etc.), mas também diz respeito à organização do trabalho coletivo. Ao longo de nossas atividades cotidianas, nos relacionamos com muitas outras pessoas também no exercício de suas atividades. 19 Em determinadas situações somos um equivalente às engrenagens de uma estrutura maior que só funciona com os esforços mútuos de diversos setores e pessoas envolvidas. Se apenas uma engrenagem não funciona como deveria, é o bastante para que o conjunto inteiro não funcione corretamente. Outras vezes, estamos à frente dessas engrenagens, funcionando como um juiz a quem cabe o trabalho de fazer com que tudo funcione corretamente. Neste caso, muito comum na construção civil entre engenheiros e técnicos da área, embora não nos caiba atividades e serviços operacionais, as atividades de gerenciamento são nossa incumbência. Neste caso, faz-se necessário que tomemos medidas de organização no canteiro de obras, ditando quem fará o quê, quando e como. É necessário que tenhamos a equipe em nossas mãos, que possamos ser verdadeiramente líderes e que a equipe confie em nossas atitudes. Será de grande valia para nós encontramos pessoas devidamente capacitadas que possam nos ajudar a gerir estes recursos humanos; são os encarregados e mestres de obras, a quem poderemos, setorialmente, delegar funções de liderança entre os demais operários. 20 8. PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES As atividades numa obra devem seguir alguns critérios de planejamento para que tudo ocorra bem. Entretanto, estes parâmetros de planejamento variam um tanto de autor para autor. O que não podemos perder de vista é o fato de que cada atividade não deverá impactar negativamente a próxima, antes deverá complementá-la. Na Figura 06, apresentamos um sequenciamento de atividades que julgamos conveniente para nosso estudo. Figura 06 – Sequenciamento de atividades Fonte: SENAI, 2013. 21 Percebemos que todo planejamento se inicia com uma ideia; aquilo que inicialmente pensamos em fazer. Em seguida, temos a identificação do objetivo específico do nosso produto que é algo como ter ciência do objetivo da nossa construção (se abrigará pessoas, se manterá estoques de equipamentos industrializados, se servirá para o ensino de pessoas etc.). Depois temos o recolhimento de dados que nos servirá de insumo básico para os ensaios tecnológicos necessários a qualquer construção. Dos ensaios tecnológicos passamos à análise de resultados, onde teremos respostas às amostras e questionamentos levantados e coletados na etapa anterior, que servirá de base para a etapa seguinte, estudo de viabilidade técnica e econômica do empreendimento. Esta etapa, uma das mais importantes, é fundamental para a continuação do processo. É aqui que, munidos de dados e resultados técnicos, poderemos visualizar se o empreendimento que idealizamos é viável técnica e economicamente. Em outras palavras, será nossa última chance de desistir antes que se aumente significativamente o empenho e os custos operacionais da equipe técnica envolvida (arquitetos, engenheiros e técnicos da área). Depois disso, tem início as atividades de elaboração de projetos e a execução da obra propriamente dita e avaliada nas etapas anteriores. 22 9. CONTROLE DE CONTRATOS Por vezes, estamos todos tão concentrados na execução das atividades ordinárias de uma obra (mobilização de canteiro, terraplenagem, gabaritos, fundações, estruturas, alvenaria, instalações etc.) que nem nos damos conta de que tudo que produzimos no dia a dia de uma obra é, na verdade, o cumprimento de um acordo contratual. Tudo que produzimos, transformamos e criamos numa obra é objeto de um contrato previamente elaborado e assinado por ambas as partes: contratante e contratada. Normalmente, a parte contratada é uma empresa com know-how na área (uma construtora e/ou incorporadora etc.), e a parte contratante (cliente) pode pertencer aos mais variados grupos, desde clientes pessoa física até clientes pessoa jurídica, como bancos, franquias de lojas e até mesmo os órgãos governamentais nas suas três instâncias (municipal, estadual e federal). Quando entendemos este fato, percebemos que o controle dos contratos é também de fundamental importância para o adequado desenvolvimento da obra, até porque este é seu início. A construtora não deverá fazer mais nem menos que o previsto em contrato, nem deve ter responsabilidades além das previstas no mesmo. Há casos, entretanto, em que há aditivos de contrato em que serviços não previstos anteriormente passam a ser objeto de um aditivo contratual ao previamente assinado; tudo em consenso de ambas as partes. Como parte fundamental para o saudável andamento normal da obra, os contratos devem ser objeto de constante observação e controle por parte de quem está à frente da obra, pois, às vezes, nos desapercebemos daquilo que está realmente previsto em contrato e fazemos alguns serviços que além de não estarem acordados e legalmente amparados, não poderão ser cobrados, ou seja, todo o ônus de mão de obra e materiais sairá por conta da empresa contratada, acarretando em prejuízo para a empresa. 23 Além do citado ônus com material e mão de obra envolvidos, nestes casos exclusos de contrato, até mesmo acidentes ou lesões sofridas por operários são imputados de forma mais severa à empresa negligente. A história nos conta que, até a década de 90, as empresas da construção civil mantinham um grande número de empregados em sua folha de pagamento, mesmo quando não havia tantas obras simultâneas, pois os custos com possíveis indenizações rescisórias são onerosos. Desde então houve um grande aumento de profissionais terceirizados, mais conhecidos como empreiteiros. Tais profissionais são contratados para a execução de serviços pontuais e dispensam a manutenção de uma equipe operacional que só entraria em determinado período da obra e teria um custo de contratação elevado. Estes tipos de contrato de empreitadadevem ser acompanhados de perto pelo gerente da obra em termos de seu devido cumprimento de prazo e da qualidade do serviço, além das formalidades legais exigidas em cada caso. 24 10. CONTROLE DA PRODUÇÃO Depois de dirimidas quaisquer eventuais dúvidas acerca dos aspectos contratuais, será hora de focarmos na execução do previsto em contrato, ou seja, no controle da produção. Esta tarefa e seus profissionais costumam ser desdenhados pelos profissionais que atuam em escritórios de planejamento e de projetos; por vezes acabam por julgar a etapa de produção (execução) como banal ou meramente necessária. Mas não é assim, pelo contrário. O controle da produção nada mais é senão o rigoroso acompanhamento em termos de prazos, custos e mão de obra dos itens e cláusulas previstos em contrato. Em outras palavras, para que o contrato se realize sem prejuízo para nenhuma das partes envolvidas, é necessário que os responsáveis pelo controle da produção façam sua parte. Há peculiaridades sobre como ou a quem cabe a tarefa de controlar a produção. No Brasil, isto costuma ficar nas mãos dos engenheiros de campo e dos técnicos em edificações. Existem obras em que há estes dois personagens; há, entretanto, obras em que apenas um deles se fará presente a maior parte do tempo. Em todo caso, o profissional devidamente habilitado que estiver à frente da obra deverá ter a equipe operacional (pedreiros, carpinteiros, encanadores, eletricistas, ajudantes, serventes, empreiteiros, estagiários etc.) sob seu irrestrito controle. A confecção de alguns gráficos e tabelas de acompanhamento (que veremos mais detalhadamente em outro capítulo) será de grande valia para que este profissional possa traçar relações do tipo “% planejada x % executada”, de modo a ter o controle absoluto sobre quais as partes que estão interferindo no andamento normal da obra, identificando e solucionando com antecedência situações problemáticas. Como todo controle, não haveria de ser diferente com o controle da produção: ele deve permear todo o processo. É bom citar que a escolha de determinados profissionais de nossa confiança e de reconhecida competência nos serviços em que estão alocados não exclui nossa presença e comprometimentos diários na obra, pois ainda assim será nossa a responsabilidade sobre tudo que acontece na obra. Estes profissionais nos 25 auxiliarão muito durante o processo, sendo, portanto, elementos fundamentais em nosso dia a dia na construção civil. 26 11. EQUIPES DE TRABALHO Para a execução das inúmeras atividades que compõem a obra, é lógico que devem existir equipes de trabalho competentes e devidamente dimensionadas para cada atividade. A escolha da equipe de trabalho, todavia, não é tão simples quanto parece. É necessário que selecionemos pessoas tecnicamente capazes e comprometidas com o objetivo final da obra: a entrega do produto previsto em contrato em perfeitas condições de utilização. Vale ressaltar que não há uma regra imutável sobre como selecionar a equipe. Adquirimos essa habilidade com o passar dos anos atuando na área, com a experiência acumulada. Num exemplo hipotético de sermos, no exercício de nossa profissão, mandados para uma cidade distante o suficiente para quaisquer contatos de trabalho (network) que pudéssemos trazer conosco tornarem-se ineficazes, acreditamos que começar pelos mestres de obra e encarregados seja um bom início. De posse dos projetos e de um entendimento global da obra que ergueremos, devemos proceder às entrevistas e análises de currículos dos candidatos a estas vagas. Numa empresa de construção civil, as assinaturas na CTPS (carteira de trabalho e previdência social) têm um grande valor na hora de se decidir pela admissão ou não de determinado funcionário. Isso acontece porque, para determinadas funções, como pedreiros, carpinteiros e encanadores, o histórico de admissões e demissões e por quais empresas o candidato passou chega a ser mais importante que a formação do mesmo. Depois de escolhidos os nossos “braços direitos”, devemos proceder às demais contratações. Estas tendem a ser mais fáceis, visto que os já contratados mestres de obras e encarregados, normalmente, possuem uma vasta lista de operários de sua confiança. Todo o processo funciona como uma rede de contatos confiáveis, onde cada 27 um colabora com a contratação de outros profissionais em que confia. A Figura 07 ilustra bem a divisão comumente adequada da equipe de obras. Figura 07 – Equipe de obras (produção) Fonte: SENAI, 2013. 28 12. DIMENSIONAMENTO Os critérios de dimensionamento variam muito de acordo com alguns parâmetros, como: região geográfica (país, estado, cidades), tipo de materiais, tipo de atividade, prazos globais da obra etc. A questão da região geográfica está ligada também à questão cultural. É fácil entendermos isso quando pensamos nas enormes diferenças culturais que existem entre o nosso país e os países da Ásia, por exemplo. Culinária, religião, relação conjugal, punições sociais, educação, tudo é bem diferente e não poderia deixar de sê- lo também na construção civil. A produtividade da equipe é diferente em cada região do mundo devido a aspectos culturais e também climáticos. O clima que aqui em nosso país costuma ser parceiro da construção civil (claro que, eventualmente, há chuvas e secas que podem impactar negativamente nas obras), mas não é assim em boa parte do mundo. As enormes amplitudes térmicas e climas um tanto hostis costumam inviabilizar a construção civil durante alguns meses em alguns países. Os tipos de materiais e técnicas construtivas utilizadas exigem dimensionamentos de equipes bastante díspares entre si. Ao pensarmos, por exemplo, em atividades como levante de alvenaria de um vão de 10m² e confecção e assentamento de aduelas de 10 portas de madeira maciça, podemos perceber o quão diferentes serão as respectivas equipes, em termos de seus profissionais e quantidade. Como dito no primeiro parágrafo deste capítulo, os critérios de dimensionamento de equipes variam muito. E variam também, dentro de uma mesma área (como edificações residenciais de alto luxo, por exemplo), de empresa para empresa de acordo com os índices de produtividade. Normalmente cada empresa tem seus próprios índices de produtividade, baseados em suas próprias observações ao longo dos anos. Dados quantitativos de serviços e condições idênticas como pintura, assentamento de esquadrias, chapisco etc. são anotados repetidas vezes ao longo de meses ou mesmo anos até que se tenha uma boa média para se montar a tabela de índices de produtividade que normalmente acompanha o caderno de encargos de cada empresa. 29 Esses dados são fundamentais para que possamos responder perguntas como: quantos metros quadrados de alvenaria de blocos cerâmicos com medidas 0,09m x 0,19m x 0,39m e juntas de assentamento da ordem 0,015m um pedreiro acompanhado de um ajudante fazem em um turno de 9h? As respostas a essas perguntas aliadas a um rigoroso processo de medição de serviços previstos em projetos auxiliarão a equipe de planejamento a prever prazos e custos da obra, bem como seu dimensionamento de equipes. Felizmente há no mercado algumas obras bibliográficas que são de grande valia neste sentido, como o TCPO (tabelas de composições de preços para orçamentos) da editora PINI, que nos fornecem alguns parâmetros para a maioria das atividades mais comuns, em termos de produção diária, com o índice Hh (homens-hora).30 13. PERFIL DOS PROFISSIONAIS O perfil profissiográfico profissional (PPP) dos colaboradores envolvidos na construção civil varia em termos de suas expertises e experiências na área, além, é claro, de suas formações educacionais. Em todo caso, o que devemos exigir de cada funcionário que se predisponha em trabalhar conosco numa obra de construção civil é o total empenho e dedicação as suas atividades, com relação a seus prazos e qualidade, e a chamada pró-atividade. O termo pró-atividade contrapõe-se frontalmente com a passividade. Seria algo como estar atento às melhorias contínuas de seus processos e, ao mesmo tempo, estar vigilante com o porvir; ou seja, mostrar-se solícito às demandas futuras e não esperar, passivamente, até que o problema o encontre. Há sempre o que se fazer numa obra e a tentadora ideia de esperar que algo lhe seja solicitado até que possa se mover não deve ter espaço no ambiente de trabalho. Não devemos confundir, entretanto, o fato de sermos pró-ativos com assumir responsabilidades e serviços que não nos competem. Em outras palavras, queremos dizer que não é pelo fato do pedreiro não ter espaço para trabalhar em um determinado momento que ele deve se arriscar em fazer o serviço de outro profissional. Isso pode ser perigoso, pois pode causar um acidente de trabalho. “Cobrindo o sol com uma peneira” João é técnico de edificações e, há cerca de 10 meses, montou uma microempresa para execução de pequenos serviços de reforma e ampliação em sua cidade. A cidade, entretanto, não tinha grande número de pessoas que trabalhassem no ramo da construção civil; tratava-se de uma cidade turística, em que a principal área de empregabilidade era o comércio e a hotelaria. Foi bastante árduo para João encontrar pessoas dispostas a trabalhar como operários 31 (e com capacidade para tal) em sua empresa de construção civil, mas não se compara à dificuldade de João em encontrar alguém que tivesse condições técnicas e perfil para liderá-los. Muitos meses se passaram nessa busca de João por alguém que tivesse essas características de liderança e experiência comprovada na função de mestre de obras ou encarregado, ao passo que também crescia a sua demanda de serviços e atividades que requeriam tais profissionais. No auge de sua busca e ainda sem resultados efetivos, João resolveu escolher um dentre seus pedreiros para promovê- lo ao cargo de encarregado geral de suas obras, mesmo sendo advertido pelo próprio profissional de que ele não teria o perfil nem a carga de conhecimento e experiência exigidos para o cargo. Ao final, o profissional que João resolveu promover a encarregado geral, por não ter o perfil necessário para desempenhar as funções de um encarregado, não apresentou um bom rendimento em suas novas e impostas funções e resolveu pedir demissão e se desvincular da empresa de João, que como resultado continuou sem um encarregado geral e perdeu um bom pedreiro. Cada qual deverá desempenhar as funções que lhe são inerentes, dados sua área de atuação e expertise. Notamos pela figura 07 que há certa hierarquia entre os perfis profissionais normalmente encontrados numa área. Esta subordinação é fundamental para que os acontecimentos transcorram normalmente. A famosa máxima de “quem responde a quem” ajuda-nos a rastrear possíveis inconformidades no processo de construção, bem como cobrar de seus responsáveis as soluções devidas. Percebam que há personagens não aparecidos neste fluxograma por não dizerem respeito ao nosso objeto de estudo aqui, mas que são de fundamental relevância para a obra, como os gerentes de projeto e os gerentes de planejamento. 32 14. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Periodicamente, cada gerente de área, referimo-nos ao gerente de produção, deverá avaliar os colaboradores sob seu comando. A estrutura montada na Figura 07 é fixa em termos dos cargos, mas, como na maioria dos setores da economia, não o é em termos das pessoas que ocupam suas funções. Pelo contrário, a construção civil costuma promover profissionais numa velocidade relativamente alta. Há, entretanto, algumas promoções que não dependem necessariamente do desempenho pessoal nas atividades laborais. Um exemplo claro é o técnico de edificações que almeje tornar-se um engenheiro gerente de produção; outro seria o mestre de obras que deseje se tornar um técnico em edificações. Nestes casos a formação acadêmica é indispensável à promoção. Para os outros casos, normalmente, um bom desempenho de suas funções laborais costuma ser suficiente para se galgar uma ascensão dentro da empresa. E aqui entra a enorme importância da avaliação de desempenho. De maneira sucinta, tais avaliações partem do profissional imediatamente superior a nós. Para exemplificar, basta pensar a quem cabe avaliar o ajudante do pedreiro, ao engenheiro gerente de produção ou ao próprio pedreiro que trabalhou diretamente com ele durante meses? Logicamente, o pedreiro terá mais embasamento para avaliá-lo e para informar à gerência da empresa, através da avaliação de desempenho, se este ajudante merece ser promovido a pedreiro. De forma análoga, caberá ao mestre de obras avaliar quais de seus encarregados já possui bagagem para ser promovido a mestre. De posse dessas informações, o quadro pessoal e o quadro de salários da empresa mudam, e os profissionais promovidos têm uma nova motivação para continuarem a progredir. Uma regular e adequada política de avaliação de desempenho profissional é elementar para um futuro promissor em qualquer empresa. Será de grande valia, também, se o profissional tiver conhecimento dos parâmetros pelos quais será avaliado seus progressos de dentro da empresa desde o início do processo (quando de sua admissão), de modo que possa se preparar adequadamente para isto. 33 15. IDENTIFICAÇÃO DE NECESSIDADES DE APERFEIÇOAMENTO Via de regra, a identificação de necessidades de aperfeiçoamento vem ao longo de observações feitas em diversas obras da mesma empresa. Por definição, percebemos que para que algo se aperfeiçoe, ou seja, melhore, é necessário que já tenha sido desenvolvido, posto em prática e testado com relação à sua eficiência e resultados. De antemão percebemos que para que haja uma necessidade de aperfeiçoamento, o produto ou serviço em questão deverá ter sido falho em algum aspecto num tempo pretérito. Pode inicialmente parecer uma perda de tempo esperar que as coisas deem errado para que possamos melhorá-las, mas, na verdade, é o único modo de fazê-lo realmente. Por mais tempo e empenho de equipe técnica e especializada que tenhamos gasto em pesquisa e/ou desenvolvimento de nossos intentos, por mais testes que tenhamos feito com protótipos e situações semelhantes à realidade, nada disso substituirá completamente o famoso “pôr em prática”. O acompanhamento rigoroso dos procedimentos, bem como tabelas de comparação entre o que era esperado e o que os números reais mostram, será as nossas principais ferramentas para a identificação daquilo que precisa ser aperfeiçoado. Para tornar as coisas mais inteligíveis, tomemos, por exemplo, o serviço de revestimento de 25m² de parede de blocos cerâmicos com massa única composta por cimento, areia lavada fina e arenoso no traço 1:3,5:4 e com um fator água cimento da ordem de 0,45. Para este serviço, uma equipe da empresa resolveu inovar dotando alguns pedreiros com uma colher um tanto fora do habitual, de formato triangular e com 34 o dobro do peso e do tamanho das colheres normais. Outrospedreiros utilizaram a mesma colher para o mesmo serviço. A tabela abaixo mostra a comparação do tempo gasto por dois pedreiros (um com a colher especialmente desenvolvida para análise e um com a colher convencional) quando da execução de 30%, 65% e 100% do revestimento da parede devidamente rebocada, sarrafeada e desempolada. As condições de serviço foram rigorosamente as mesmas. Figura 08 – Tabela comparativa Fonte: SENAI, 2012. Inicialmente se acreditava que pela maior capacidade da colher diferenciada, tal qual seria a produção dos profissionais que estivessem a manuseá-la. E assim o foi, pelo menos até os 60%. Acontece, entretanto, que com o passar do tempo o profissional que estava a manusear a colher maior cansou mais que o outro e isso interferiu negativamente em sua produção nos últimos 40% do serviço. Ao final do processo os números disseram-lhes que, no global, a colher convencional proporciona ao profissional uma performance mais produtiva. Numa análise mais cuidadosa, percebemos que essa diferença na produção dos pedreiros começa grande, mas diminui ao longo do tempo. Perceba que na etapa de 30% - 60% a diferença entre ambos mudou de lado e foi de apenas de 0,2 hora contra 0,7 hora de diferença na primeira etapa. Na última etapa o pedreiro de posse da colher convencional atingiu uma vantagem de 0,8 horas. Neste caso, um aperfeiçoamento eficaz poderia se aplicar na mudança do tipo de material em que será confeccionada a nova colher, de modo a deixá-la mais leve, ou no treinamento adequado do profissional que irá empunhá-la. Vale ressaltar que aspectos de saúde ocupacional não podem deixar de serem levados em consideração. 35 16. PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO O planejamento de longo prazo na construção civil significa planejar sendo acompanhado de diversas incertezas. Tal planejamento deve dar uma ideia geral em termos de prazos e custos macros, sem levar em consideração aspectos mais específicos. Como diversos imprevistos podem acontecer ao longo do empreendimento, as especificidades tornam-se um segundo plano neste planejamento. Este planejamento tem uma grande funcionalidade quando aplicado à observação da alta gerência da empresa, cujo interesse está nos prazos, custos e resultados macros do empreendimento. Ele deve descrever a totalidade de trabalho (serviços, atividades etc.) que deverá ser executado, perpassando por suas metas e prazos globais. Outro ponto importante neste tipo de planejamento é o de permitir o estabelecimento da visualização adequada dos contratos de empreitadas; quando e de que forma eles entrarão em nossa cadeia de planejamento e de execução. O planejamento de longo prazo é conhecido por muitos autores de livros didáticos como plano-mestre e, normalmente, esse planejamento tem como índice de tempo os meses. 36 17. PLANEJAMENTO DE MÉDIO PRAZO O planejamento de médio prazo, também conhecido como lookahead planning, é tido como um segundo patamar de planejamento que procura mesclar o macro do planejamento de longo prazo com as especificidades do planejamento de curto prazo. Neste caso já podemos incluir as semanas como índices medidores de tempo. Os fluxos de trabalho aqui passam a ser analisados de forma mais detalhada e o acompanhamento do que foi feito em contraposição ao que deveria ter sido feito é mais eficaz. Como pontos importantes desse tipo de planejamento, podemos destacar: Facilidade na identificação dos recursos necessários, bem como de eventuais sobrecargas de trabalho; Ajuste dos recursos em nosso alcance ao fluxo de trabalho planejado; Identificação das atividades complementares que podem ser executadas de forma concomitante com outras; Identificações de serviços “plano B”, ou seja, caso algumas das atividades previstas não possa ser desempenhada por qualquer motivo, poderemos, de posse desse tipo de planejamento, facilmente identificar atividades que possam ser executadas neste momento. 37 18. PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO No planejamento de curto prazo, a incerteza, tão presente no de longo prazo e em decadência remota no de médio prazo, não é mais tolerável. Neste nível de planejamento, as ações são planejadas de modo a neutralizar os efeitos da incerteza. O nível de detalhamento e especificidades de recursos e prazos é marca registrada desse planejamento. Tal planejamento, normalmente, é feito semana a semana e tem nos turnos diários seu principal índice de medição de tempo. Os assuntos e prazos tratados neste planejamento costumam fazer parte das reuniões matinais entre gerente de produção, mestre, encarregados e operários, que ficou popularizada de norte a sul em nosso país como D.D.S. Inicialmente a sigla foi feita para designar os diálogos diários de segurança, em que se faz menção aos riscos no ambiente de trabalho e saúde ocupacional, mas hoje, além destes assuntos, a programação semanal (planejamento de curto prazo) é incluída neste diálogo. A principal vantagem do planejamento a curto prazo é o fato de estarmos bem próximo do horizonte de acontecimentos da obra. E, com isso, tornam-se possíveis reajustes de planejamento. Vale ressaltar que dentre os três tipos de planejamentos explanados acima nenhum é soberano sobre os outros, mas os três são fundamentais para o bom andamento da obra. 38 19. INDICADORES E GRÁFICOS PARA ACOMPANHAMENTO DO PLANEJAMENTO Ao longo da execução da atividade planejada faz-se necessário o acompanhamento do planejamento. Um sequenciamento lógico de atividades predecessoras e sucessoras é fundamental para um bom resultado do planejamento. Esta sequência lógica de acontecimentos previstos chama-se precedência. A precedência deve ser objeto de bastante cuidado dos responsáveis pelo planejamento, pois dela dependerá seu produto final: um cronograma com datas e prazos previstos para cada atividade. Ao recobrarmos os significados das palavras predecessoras e sucessoras, encontramos definições que referirem-se às atividades que precedem ou que sucedem outras. Assim, seria trivial entendermos que a relação entre elas é o sucesso de nosso produto. Neste ínterim, devemos associar as relações de dependência que existirão (ou não) entre determinadas atividades, por exemplo: podemos dizer que a atividade de revestimento de alvenaria depende da atividade de levante de alvenaria, mas que as instalações hidrossanitárias independem do assentamento de pastilhas da fachada. Nem toda atividade tem uma atividade predecessora, pois, se esta for atividade inicial do processo, não há de haver alguma sequer que a preceda. Raciocínio análogo podemos fazer quanto às sucessoras, quando não há o que se suceda a algo. Neste último caso, podemos dizer que as atividades de instalações hidrossanitárias e as atividades de assentamento de pastilhas da fachada são independentes, ou seja, uma pode começar independentemente do decorrer da outra, e mais: seus progressos em termos de prazo não impactarão nos progressos da outra. Do outro lado da moeda estão as atividades de levante de alvenaria e revestimento da mesma. Ao 39 considerarmos o item individual de 40 m² de alvenaria, por exemplo, a boa prática manda que as atividades de revestimento só se iniciem quando estiver completa a atividade de levante. Não há, neste caso, concomitância de atividades. Ao pensarmos agora nas atividades de assentamento de piso cerâmico e seu rejuntamento argamassado num pavimento-tipo de um edifício em construção, percebemosque, embora o serviço de rejunte dependa do serviço de assentamento do piso, uma vez que não há sentido em rejuntar algo ainda não assentado, uma vez iniciado e concluso alguma percentagem do serviço de assentamento, já podemos iniciar os serviços de rejuntamento sem prejuízo algum para qualquer uma das partes. Esta prática é conhecida nos canteiros de obra como “ir fazendo e ir fazendo” e, quando bem estruturada e devidamente planejada, pode surtir um efeito bastante positivo em termos de redução de prazo. Quando tivermos, num mesmo ambiente, todas as atividades e serviços complementares da obra como um todo, suas relações entre si (predecessoras, concomitantes, sucessoras) e tudo isso descrito sobre uma abscissa de tempo (em dias, semanas e meses), teremos um cronograma físico, que nada mais é senão um gráfico indicador para o acompanhamento do planejamento. Veja figura abaixo. Figura 09 – Cronograma físico de atividades Fonte: www.ebah.com.br 40 Outro indicador de grande valia quando da composição do planejamento de uma obra é o diagrama de rede utilizando o CPM (Critical Path Method) ou, em português, método do caminho crítico. Tal método consiste em dispormos de todas as atividades em blocos ligados por flechas a suas predecessoras e sucessoras munindo-as de seus prazos de execução. Ao final desse diagrama perceberemos uma sequência de atividades em que um atraso, por menor que seja, em quaisquer de suas atividades componentes implicará num atraso global do produto, no nosso caso, a obra. Este “caminho” é chamado de caminho crítico e deve ser objeto de preocupação das equipes envolvidas na execução da obra. Para finalizarmos este quesito, vale citar o diagrama desenvolvido, em 1917, pelo engenheiro Henry Gantt, conhecido como diagrama ou gráfico de Gantt, que nos provê das informações essenciais de cada atividade: sua duração (início, meio e fim) e sua posição cronológica e de dependência em relação as outras atividades, conforme ilustra a figura 10 abaixo. Figura 10 – Diagrama de Gantt Fonte: SENAI, 2012. 41 20. AVALIAÇÃO E CONTROLE DE ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE Em acordo com o que dissemos anteriormente, os índices de produtividade são ferramentas indispensáveis ao perpetuamento de uma empresa da construção civil. É com ele que podemos traçar estratégias para a melhoria de desempenho e ganho de concorrências públicas ou privadas. Conforme dito anteriormente, via de regra, cada empresa possui seus índices de produtividade baseados em suas próprias observações e anotações ao longo de meses ou até anos. É igualmente verdade que a forma de avaliação e controle deles depende da alta gerência da empresa. Aqui vale o jargão “cada caso é um caso”. Existem variáveis que podem interferir bastante nesta avaliação, como o tipo de obra. É diferente uma obra predial comum com turnos de trabalho comuns de uma obra de reforma num shopping Center movimentado onde o principal turno de trabalho é a madrugada e sem haver barulhos excessivos. É difícil estabelecer os mesmos índices de produtividades em ambos os casos, pois cada qual exige certa demanda e tem suas especificidades. Não obstante, por mais árduo que nos possa parecer, devemos constantemente avaliar e controlar nossos índices de produtividade. Se algo não vai bem, ou se o planejado x executado anda muito aquém do 1 x 1, será hora de, munidos dos nossos dados, gráficos e tabelas elaborados na etapa de planejamento, reunirmos a equipe operacional (mestres, encarregados, operários) e traçarmos metas, limites a serem atingidos. 42 21. RELATÓRIOS DE ACOMPANHAMENTO DA OBRA Ao longo dos dias de trabalho, numa obra de construção civil, muitos acontecimentos e fatos notáveis ocorrem a todo instante. Atividades são finalizadas, outras são iniciadas, acidentes de trabalho podem acontecer, operários ficam doentes e desfalcam o efetivo da obra, o almoço atrasou, a chuva atrapalhou as escavações para as fundações rasas, o caminhão com concreto tombou, a revisão do projeto de armaduras não veio etc. Tais acontecimentos devem ser registrados diariamente pelo responsável técnico da obra. Por vezes, esta função acaba sendo incumbência dos estagiários, mas, em todo caso, o responsável pela obra deverá conferir os dados anotados e assiná-los. Estes relatórios costumam ser referidos como RDO’s – Relatórios Diários de Obra, ou apenas como Diários de Obra. Embora toda empresa o tenha (ou ao menos deveria tê-lo), a sua formatação é inconstante. Cada empresa tem seu próprio modelo de RDO e, a menos que sejamos seus fundadores, devemos nos habituar com o modelo já seguido. Em suma, os RDO’s devem contemplar espaços de fácil identificação das seguintes premissas: Nome da obra; Nome da empresa que a está executando; Nome do órgão que a está fiscalizando; Data atual; Espaço em linhas sequenciais para descrição do ocorrido no canteiro de obras naquele dia, inclusive o horário em que tudo ocorreu; Espaço para informação sobre as condições climáticas, tempo de chuva (se houver) e quais as atividades que foram atrapalhadas por conta disso; Local para assinatura do responsável técnico da obra e seu fiscal (se houver). Tudo isso deve constar em três vias idênticas (uma fica na obra, uma de posse do fiscal e a outra deve ser encaminhada ao escritório, alta gerência da empresa). 43 Algo que, às vezes, costuma passar despercebido nos RDO’s são os relatos das pessoas que visitaram a obra. São muito boas essas anotações, pois nos permitem facilmente identificar qual foi a última vez que o diretor da empresa veio à obra ou quanto tempo faz que o fiscal não põe os pés lá, por exemplo. Quem quer que seja que visite nossas obras deve ter sua presença registrada no RDO do dia, além de sua função e motivo de visita. Sondagem Antônio é técnico, estuda no curso técnico em edificações há 14 meses e estagia numa obra predial perto de sua casa. Em linhas gerais, a obra é um complexo de 4 torres de projetos idênticos dispostas numa área de 1.780m² e conta com alguns itens de lazer como piscina, sauna, salão de jogos, quadra poliesportiva e espaço gourmet. A obra tem prazo total para conclusão de 36 meses e já está em andamento há três meses. Atualmente, a torre em que a equipe que Antônio trabalha encontra-se em estágio de finalização das fundações. Antônio tem, entre outras, a responsabilidade de registrar tudo que ocorre na construção da torre que ele ajuda a coordenar nos RDO’s. Atividades que iniciaram, atividades que foram concluídas, visitas técnicas à obra etc. Ocorre que há apenas algumas semanas houve um problema no nado sul das fundações da torre e a empresa que fizera o estudo de sondagem fora chamada para esclarecer o ocorrido. Ficou constatado um bolsão de argila mole na região sul das fundações que não fora representado nos boletins de sondagem fornecidos pela empresa contratada. Sendo pressionada, a tal empresa disse que houve uma visita dela à obra e que ela havia alertado sobre essa situação, mas Antônio, com a ajuda de suas anotações dos RDO’s ajudou a confirmar como inverídica essa alegação e a empresa contratada pela sondagem acabou por ter que arcar com todos os custos decorrentes dessa falha. 44 22. APLICATIVOS COMPUTACIONAIS PARA PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Como em todas as áreas, os recursos computacionais têm sido de grande valia para o nosso desenvolvimento; não haveria de ser diferente em planejamento e controle da produção.Embora os conhecimentos pessoais sejam essenciais, essas ferramentas, ou softwares, nos auxiliam demais. Vale salientar que os softwares, por mais eficazes e inovadores que sejam, não poderão sozinhos suprir as nossas necessidades. É necessário que existam os gestores de projeto para a correta alimentação dos sistemas. Com poucas entradas de dados, esses softwares já nos permitem uma ampla gama de resultados em termos de prazos, folgas e a confecção de gráficos e tabelas. Os cálculos de dias e horas de cada atividade são efetuados de maneira muito mais rápida e precisa. Dentre os principais softwares de planejamento e controle podemos citar: MS Project; Sienge; Pleo; Volare; Versato; Primavera. Cada um destes softwares tem sua própria interface com o usuário, mas de maneira geral eles se propõem a efetuar os cálculos de prazo e custo, a locação de recursos (materiais e humanos) e a elaborar (segundo estes dados anteriores e as definições de atividades predecessoras e sucessoras) gráficos e tabelas de controle. Não queremos dizer aqui que não é possível se fazer um bom planejamento sem estes recursos computacionais, mas que, ao utilizarmos, além de provermos de uma maior celeridade 45 nosso planejamento, também diminuiremos as chances de incorrermos em erros de cálculo. 46 RECAPITULANDO Nesta unidade curricular, abordamos os conceitos de gestão da produção e de alguns modelos que vigoraram durante algum tempo (taylorismo, fordismo, toyotismo etc.). Vimos a importância do planejamento e controle da obra, que não são estanques, pois permeiam todo o processo até o final da obra, que é um produto único. Perpassamos por programação de resíduos e organização do trabalho como verdadeiros links para o controle da produção. Vimos que dimensionar as equipes de trabalho não é tarefa das mais simples e sugerimos o método de começarmos pelo maior cargo de produção (mestres) e então descermos para os outros operários. Pontuamos sobre as diferenças de comportamento e postura que determinados cargos exigem dos profissionais que irão assumi-los. Há uma diferença na postura que um carpinteiro e um técnico em edificações, por exemplo, devam ter. Vimos que a avaliação de desempenho da equipe é fundamental para que possamos identificar necessidades de aperfeiçoamento e que o planejamento coexiste em três instâncias (longo, médio e curto prazo) e que, embora tenham suas peculiaridades, todos são importantes para o sucesso do empreendimento. Os indicadores e gráficos para acompanhamento do planejamento são ferramentas necessárias ao gerente da obra para localização e solução de situações-problema, bem como para a avaliação de índices de produtividade. E, por último, vimos que os RDO’s são um registro de tudo que ocorre diariamente em nossas obras e o quanto alguns aplicativos computacionais (softwares), como MS Projetc, Volare e Primavera, podem nos auxiliar na tarefa de planejar o produto final: a obra. 47 REFERÊNCIAS LIMMER, C. V. Planejamento, Orçamentação e Controle de Projetos e Obras. Rio de Janeiro: LTC, 1997. BERNARDES, Mauricio Moreira e Silva. Planejamento e Controle da Produção para Empresas de Construção Civil. Editora LTC. 1ª edição. 2003. SHOMA, André Augusto. Como gerenciar contratos com empreiteiros – Manual de gestão de empreiteiros na construção civil. São Paulo: PINI. GEHBAUER, Fritz. Planejamento e gestão de obras. Ed. CEFET-PR 2002; MATTOS, Aldo Dórea. Planejamento e controle de obras. São Paulo: Ed. PINI, 2010. TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de planejamento e controle da produção. São Paulo: Ed. Atlas. 2ª edição. 2000. TCPO, Tabelas de Composição de Preços para Orçamentos. São Paulo: Ed. PINI. 14ª edição. 2012. 48 SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP Rolando Vargas Vallejos Gerente Executivo Felipe Esteves Morgado Gerente Executivo Adjunto Maria Eliane Franco Monteiro Azevedo Coordenação Geral SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA Tatiana G. de Almeida Ferraz Gerência da Área de Construção Civil Ricardo Santos Lima Gerência do Núcleo de Educação a Distância Carla Carvalho Simões Coordenação Técnica Marcelle Rose da Silva Minho Coordenação Educacional André Luiz Lima da Costa Coordenador de Produção Albin Anton Von Kienzel Jursa Camila Rocha de Souza Conteudistas Pollyanna de Carvalho Farias Designer Educacional Leonardo Silveira 49 Vinicius Vidal da Cruz Diagramadores Alex Romano Fabio Passos Karina Santos Leonardo Silveira Ricardo Barreto Thiago Ribeiro Vinícius Vidal da Cruz Ilustradores Joseane Maytê Sousa Santos Sousa Revisão Ortográfica
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