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ENGENHARIA DE MÉTODOS Henrique Martins Rocha Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 E57 Eng enharia de métodos / Altair Flamarion Klippel, Henrique Martins Rocha, Carolina Abbud, Paulo Henrique Caixeta. – 2. ed. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-021-4 1.Sistema de produção - Engenharia. 2. Método de trabalho. 3. Método Troca Rápida de Ferramentas. I. Klippel, Altair Flamarion. II. Rocha, Henrique Martins. III. Abbud, Carolina. IX. Caixeta, Paulo Henrique. CDU 658.5 Processo geral de solução de problemas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Expressar os passos lógicos a serem adotados para a solução de problemas. Construir percursos lógicos para a solução de problemas. Resolver problemas por meio de métodos sistemáticos. Introdução Neste capítulo, você vai aprender um modo lógico e sistemático de buscar soluções para qualquer tipo de problema. Isso é muito útil quando pensamos no desenvolvimento ou na melhoria de processos de trabalho. Definir a melhor forma para se produzir um produto ou prestar um serviço é um desafio complexo, pois precisamos garantir que isso seja feito da melhor forma possível: com boa qualidade, sem falhas e defeitos, no menor tempo possível e a baixo custo. Assim, esse desenvolvimento (ou a melhoria do que já existe) é tratado como um problema a ser resolvido. E, para resolver esse problema de forma adequada, precisamos seguir uma sequência estruturada de passos lógicos na busca e implementação da solução. Passos lógicos a serem adotados para solucionar problemas Você já reparou como os médicos trabalham? Como somos atendidos quando vamos a uma consulta? Tudo começa com ele nos perguntando por que fomos até lá e, então, o médico passa a fazer mais perguntas e, só depois de muitos questionamentos e respostas, ele toma alguma decisão. Por exemplo, se estamos com uma dor no braço, o médico não vai simples- mente nos passar um remédio para dor: ele vai procurar levantar um histórico de quando a dor começou, se você fizer algum esforço recentemente, se já teve essa dor antes, etc. Se julgar necessário, ele vai solicitar alguns exames (ressonância magnética, por exemplo), vai recomendar a visita a um especialista, como um ortopedista. Você pode se questionar: por que ele simplesmente não prescreve um remédio para a dor se foi isso que nos levou a consultá-lo? Porque, sem saber o que está causando a dor, pode-se não atacar o problema de forma adequada e, assim, ao tomarmos um remédio contra a dor, os efeitos do problema podem desaparecer momentaneamente, mas piorar depois, causando algo mais sério. Assim, é importante entender o problema, não se atendo apenas aos sin- tomas, para que, depois disso, possa-se prescrever um tratamento adequado, tomando uma atitude para acabar com o problema. No âmbito dos negócios, a situação é similar: se algum problema ocorre, dar uma solução rápida, sem saber exatamente o que está acontecendo e o que causou o problema, pode piorar as coisas. Imagine, por exemplo, que um cliente de um restaurante reclama por que seu prato chegou frio: devemos simplesmente aumentar a temperatura do forno? E se um cliente que comprou uma geladeira reclamar que ela chegou arranhada: devemos dar uma bronca no pintor da fábrica e julgar que está tudo resolvido e mais clientes não receberão geladeiras arranhadas? Obviamente não. É preciso compreender o problema. Conforme o exemplo do médico do qual falávamos antes, não adianta trabalharmos somente os sintomas, e sim identificarmos as causas e então decidirmos o que fazer. Por exemplo, será que o prato chegou frio porque o garçom demorou a levá-lo para a mesa? Ou porque a bandeja que ele usou tinha sido usada antes para transportar sorvete e, por isso, esfriou o fundo do prato? Ou, ainda, porque o cozinheiro não deixou tempo suficiente para chegar à temperatura ideal? Perceba que, para cada possibilidade dessas, precisaríamos agir de forma diferente para evitar que o problema se repetisse, como orientar o garçom, evitar usar a mesma bandeja, orientar o cozinheiro, etc. Da mesma forma, no caso da geladeira, será que o problema ocorreu mesmo na fábrica? Ou será que foi no transporte, na armazenagem, na loja, na entrega ao cliente? Devemos, então, seguir os seguintes passos: 1. Identificar o problema. 2. Analisar o problema. Engenharia de métodos24 3. Identificar as possíveis soluções. 4. Avaliar as alternativas. 5. Implementar as soluções. 6. Monitorar a situação. Os passos que você vê aqui se assemelham bastante ao ciclo de melhoria contínua PDCA. Saiba mais sobre o PDCA lendo o texto “PDCA: a prática levando sua gestão à perfeição” da Endeavor Brasil (2015). Utilizando a forma de atuação do médico como exemplo, precisamos ini- cialmente identificar o que está ocorrendo: se é ou não um problema de fato, seus impactos e possíveis implicações. Em seguida, estudamos o problema a fim de identificar suas causas e circunstância de ocorrência. Tendo pleno conhecimento do problema, podemos, então, começar a traba- lhar para solucioná-lo: de forma criativa e preferencialmente trabalhando em equipe, é possível identificar que ações podem ser tomadas para solucionar o problema, avaliando-as e então escolhendo qual (ou quais) deve(m) ser implementada(s). A partir daí, iniciamos a implementação, isto é, colocamos em prática o que planejamos para solução do problema e, feito isso, devemos monitorar e acompanhar a evolução da situação para termos certeza de que as ações implementadas foram efetivas, tendo solucionado o problema. Percurso lógico para a solução de problemas O passo “identifi cação do problema” prevê que se identifi que claramente o que precisa ser melhorado, solucionado, resolvido ou refi nado. Com isso, podemos identifi car o que desejamos alcançar com nossos esforços. Por exemplo: Produtos com defeitos Buscamos reduzir os defeitos. Alto custo de manutenção Buscamos reduzir os custos de manutenção. Demora no atendimento Buscamos agilizar o atendimento. 25Processo geral de solução de problemas Não conseguimos atender a demanda Buscamos ampliar a capacidade produtiva etc. No passo “Analisar o problema”, procuramos aprender o máximo possível sobre o problema. Devemos compreender como e quando ele ocorre, o que o causa, sua gravidade etc. Pode ser necessário e conveniente dividir o problema em partes menores para compreender melhor sua dinâmica. Por exemplo, se um empregado res- ponsável por fazer o empacotamento (embalagem) de determinado produto não consegue acompanhar o ritmo da produção e, por conta disso, há acúmulo de material e atraso nas entregas, pode ser interessante estudarmos separadamente o operador, suas ferramentas, o processo de trabalho, o material utilizado etc., pois podem existir múltiplas fontes de problemas. Uma ferramenta que pode auxiliar no levantamento das possíveis causas de um problema é o Diagrama de Ishikawa, também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou, ainda, Diagrama Espinha de Peixe. Nele, a partir da definição do problema, traçamos ramificações (espinhas de peixe) que nos mostram quais são as possíveis causas do problema, conforme você pode ver na Figura 1. Figura 1. Exemplo de Diagrama de causa e efeito (retornos não programados). Fonte: Slack et al. (2013, p. 474). Falha no equipamento Sistema modi�cado pelo cliente Peças defeituosas Adaptadores errados Número de item errado Histórico do cliente incorreto Emitido kit errado Telefonistas pegam informação insu�ciente Engenheiro não veri�cou a folha de chamadas Engenheiro não veri�cou a folha do cliente Retorno não programado Mão de obra Materiais Métodos Dinheiro Maquinário Engenharia de métodos26 Da mesma forma, a ferramenta denominada “5 porquês” pode ser de extrema utilidade para identificar a causa de um problema. Nela perguntamossucessi- vamente a razão da ocorrência do problema e, a cada resposta, perguntamos novamente a razão de sua ocorrência. Por exemplo, se determinado ingrediente utilizado em uma pizzaria es- tragou, podemos perguntar: por que estragou? A resposta pode ser “porque estava fora do freezer”, ao que se seguiria nova pergunta: por que estava fora do freezer? Poderíamos ter como resposta algo do tipo: “porque o ajudante não o colocou no freezer antes de ir embora no dia anterior”. Nova pergunta: por que ele não guardou no freezer? A resposta pode ser “porque ele não sabia que deveria guardar lá”. O que nos levaria a outra pergunta “por que ele não sabia?”. E esta poderia nos indicar a real causa do problema: porque ele não foi instruído para fazer isso. No próximo passo, “Identificar as possíveis soluções”, devemos estabelecer quais ações podem ser tomadas para evitar a ocorrência das causas do problema. Por exemplo, na situação do ajudante que deixou de colocar o ingrediente no freezer, podemos estabelecer um plano formal de treinamento para todos os ajudantes que começarem a trabalhar na pizzaria, de tal forma que haja uma lista de coisas a serem feitas e, consequentemente, eles sejam orientados a guardar todos os ingredientes no freezer no final do expediente de trabalho. No entanto, é importante que não limitemos as possíveis soluções, pelo contrário, é recomendável que se trabalhe em equipe, gerando muitas ideias em um processo de brainstorming. Para saber mais sobre o processo de brainstorming, leia o texto “Como fazer um brainstorming eficiente” (REY, 2013). Se não for possível identificar soluções que evitem a ocorrências das cau- sas, devemos nos esforçar para gerar ideias que aumentem a possibilidade de detecção do problema (por exemplo, alarmes) ou que minimizem o impacto sobre o negócio, caso ocorram e não sejam detectados. Um exemplo interes- sante é a retirada do para-choque nos automóveis: se não conseguimos evitar uma colisão, ao menos, a ausência do para-choque diminui o dano ao veículo. 27Processo geral de solução de problemas Geradas as potenciais soluções, devemos avaliá-las, encolhendo qual (ou quais) implementar. Para tanto, podemos fazer uma análise de investimento necessário entre as alternativas e verificar as que são mais viáveis. Ou, ainda, caso a implementação das soluções exija esforços tecnológicos ou de cons- trução, quais seriam as mais fáceis (desde que atendam às necessidades de solução do problema). Em casos mais sofisticados, podem ser feitas simulações computacionais para auxiliar nessa decisão. A seguir, precisamos estabelecer um plano de implementação das alterna- tivas definidas. Para isso, podemos utilizar a ferramenta denominada 5W3H, a qual consiste em definir O QUÊ (what) será feito, QUANDO (when) será feito, QUEM (who) fará, ONDE (where) será feito, POR QUÊ (why) será feito e COMO (how) será feito, e a quantificação dos recursos ou elementos a serem utilizados, ou seja, QUANTO (how many) e QUANTO CUSTARÁ (how much) (SILVA et al., 2016). É importante que, após a implementação, você continue monitorando a evolução dos resultados, para se certificar que a solução implementada foi efetiva no tratamento do problema, ou seja, se você conseguir, de fato, eliminar as causas e a ocorrência do problema. Para isso, você pode estabelecer um prazo, que pode variar de alguns dias a meses, dependendo da complexidade do problema e das próprias operações. Um problema real: estudo de caso Agora, você vai ver no Quadro 1 como os mesmos passos descritos neste capítulo foram utilizados para resolver um problema de consumo excessivo de produto químico (piro fosfato de cobre) aplicado na fabricação de cabos e aros de uma indústria de pneus, descrito no estudo de Pequeno, Carvalho e Fontes (2015). Engenharia de métodos28 Passo Solução 1. Identificar o problema Verificou-se um aumento no consumo de produto químico sem que houvesse um aumento na produção que o justificasse. 2. Analisar o problema Os inspetores de processos registravam o nível do tanque encontrado no começo de cada turno. Com o diagrama de Ishikawa, identificaram as possíveis causas (enxugadores mal regulados; válvulas danificadas; mau estado de conservação das cubas e do tanque de abastecimento; falha nos instrumentos de medida; banho fora das características; variação na leitura dos níveis quando com máquinas paradas; manobra de válvula errada; tubulação quebrada; transbordamento da cuba; não cumprimento das verificações diárias pelo operador da máquina; não cumprimento das verificações diárias pelo inspetor de processos). 3. Identificar as possíveis soluções Uma sessão de brainstorming com operadores, engenheiros e técnicos gerou as seguintes alternativas: medição nos enxugadores; verificação das válvulas, cubas e tanques; verificação da temperatura do tanque, com termômetro digital; verificação contínua dos parâmetros do banho; cumprimento do modo operatório; registro de volume e perdas; verificação completa das tubulações e verificações diárias pelo operador da máquina. 4. Avaliar as alternativas Analisado o esforço e impacto das alternativas, optou-se pelo cumprimento do modo operatório, tanto pelo inspetor de processo, quanto pelo operador da máquina e pela equipe de manutenção preventiva, junto à alteração do formulário, de forma que fosse registrado o volume, a perda e o motivo da perda. 5. Implementação Utilizado o PDCA e 5W3H 6. Monitoramento Acompanhado por 2 meses, não apresentou problemas de variação no consumo, encerrando o processo e estabelecendo o início do estudo para o setor de trefilagem a óleo. Quadro 1. 29Processo geral de solução de problemas Para você ver mais um exemplo de solução de problemas e melhoria de processos, acesse o artigo “Proposta de melhoria do processo de uma fábrica de polpas por meio da metodologia de análise e solução de problemas” (SOUZA et al., 2015). 1. A empresa x enfrenta um problema nas suas instalações: sua caldeira de vapor, que gera vapor a alta pressão para movimentar todos os seus equipamentos, amanheceu com uma rachadura e, por isso, todo o sistema está perdendo pressão e, consequentemente, suas máquinas estão funcionando mais lentamente, levando à perda de produção. Você é o responsável pela produção e precisa tomar uma decisão. Sua decisão deve ser: a) Pedir ao pessoal de manutenção que estanque rapidamente a rachadura para não perder o ritmo da produção. b) Continuar produzindo assim mesmo até que se a tenha oportunidade de consertar a caldeira. c) Comprar urgentemente uma nova caldeira e substituir a atual. d) Informar aos clientes que haverá atraso nas entregas e continuar produzindo até completar os pedidos. e) Montar imediatamente uma equipe para identificar a causa da rachadura, para, depois disso, tomar as providencias necessárias. 2. As vendas da mercearia Bom Legume caíram fortemente e, por conta disso, seu proprietário está com dificuldades, acumulando sucessivos prejuízos e não tendo condições de saldar seus compromissos. O que ele deve fazer? a) Aumentar os seus preços para que, com mais receita, ele possa ficar em melhores condições. b) Aumentar a diversidade de produtos para que os clientes tenham diversas opções e comprem mais. c) Investir em propaganda para atrair os clientes d) Fazer uma pesquisa de opinião com os clientes e, se possível, uma pesquisa em outros estabelecimentos, Engenharia de métodos30 para descobrir o que está causando a queda nas vendas e) Reduzir os preços para atrair mais clientes e recuperar as vendas. 3. O senhor José, dono de uma pequena fábrica de mini lanternas, está enfrentando dificuldades em seu processo produtivo, em especial no posto de trabalho em que são montados os suportes das baterias no corpo da lanterna: de cada 100 lanternas produzidas, cerca de 30 não funcionam bem porque as baterias ficam frouxas, não permitindo um bom contato, oque causa reclamações sucessivas dos clientes. Ele não sabe mais o que fazer e pediu sua ajuda. O que o senhor José deve fazer? a) Dar treinamento ao operário que faz a montagem dos suportes, pois, se o problema acontece em seu posto de trabalho, ele deve estar fazendo alguma coisa errada. b) Observar o processo produtivo, fase a fase, bem como a armazenagem e despacho das lanternas e verificar onde e como ocorre o problema. c) Incorporar uma estação de inspeção na linha de produção de forma a detectar as lanternas defeituosas. d) Trocar o fornecedor da chapa de aço com que se fabricam os suportes de bateria, pois o defeito está nesse componente. e) Reprojetar a lanterna para evitar esse tipo de problema dali para frente. 4. A resolução de problemas deve seguir um caminho lógico, encadeando passos específicos, de tal forma que se busque soluções efetivas e adequadas à situação. Correlacione a coluna da direita, que contém características de cada um dos passos, de acordo com a numeração da coluna da esquerda, que lista os passos do processo geral de solução de problemas. I. Identificar o problema II. Analisar o problema III. Identificar as possíveis soluções IV. Analisar as alternativas V. Implementação VI. Monitoramento ( ) 5W3H ( ) Acompanhamento ( ) Análise custo-benefício ( ) Brainstorming ( ) Diagrama de Ishikawa ( ) O que deve ser melhorado A alternativa que mostra a sequência correta é: a) (1), (2), (5), (6), (4), (3) b) (2), (5), (3), (1), (6), (4) c) (3), (1), (2), (4), (5), (6) d) (5), (6), (4), (3), (2), (1) e) (6), (4), (1), (2), (3), (5) 5. Slack et al. (2013, p. 474-475) descrevem o diagrama de Pareto como uma ferramenta cuja “[...] finalidade [...] é distinguir entre os poucos vitais e os muitos triviais. Trata-se de uma técnica relativamente fácil que organiza itens de informação [...] em sua ordem de importância (normalmente medida pela frequência ou ocorrência). Ela pode ser usada para destacar áreas em que a tomada de decisão 31Processo geral de solução de problemas ENDEAVOR BRASIL. PDCA: a prática levando sua gestão à perfeição. [S.l.]: Endeavor Brasil, 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/pdca/>. Acesso em: 04 nov. 2016. PEQUENO, C. N.; CARVALHO, M. G. F.; FONTES, V. M. Redução do consumo de produto químico utilizado em uma linha de produção de uma indústria de pneus. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de Produção) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. REY, B. Como fazer um brainstorming eficiente. Exame Carreira, 26 jul. 2013. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/como-fazer-um-brainstorming-eficiente/>. Acesso em: 04 nov. 2016. SILVA, M. D. L. et al. Gestão da produção: estudo sobre a gestão da manutenção na geração de energia e vapor utilizando caldeiras de uma indústria. In: ENCONTRO PARAENSE DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 7., 2016, Belém. Anais... Belém: [s.n.], 2016. SLACK, N. et al. Gerenciamento de operações e de processos: princípios e práticas de impacto estratégico. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SOUZA, T. de J. F. et al. Proposta de melhoria do processo de uma fábrica de polpas por meio da metodologia de análise e solução de problemas. In: ENCONTRO NA- CIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 35., 2015, Fortaleza. Anais... Fortaleza: [s.n.], 2015. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STP_207_228_27341. pdf>. Acesso em: 04 nov. 2016. Leitura recomendada RODRIGUES, S. Crise: perigo, oportunidade e… papo furado. Sobre palavras. Veja. com, 18 set. 2013. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/ lendo-a-lenda/crise-perigo-oportunidade-e-papo-furado/>. Acesso em: 04 nov. 2016. futura será útil [...]. Por exemplo, a maioria das receitas de qualquer empresa provavelmente vem de relativamente poucos clientes. Da mesma forma, relativamente poucos pacientes de um médico provavelmente ocuparão a maior parte do seu tempo.”. Com base no exposto, o diagrama de Pareto é uma ferramenta útil para qual passo do processo de solução do problema? a) Identificar o problema. b) Analisar o problema. c) Identificar as possíveis soluções. d) Avaliar as alternativas. e) Implementar. Engenharia de métodos32 Conteúdo: XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 1 GESTÃO PARTICIPATIVA: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL PARA O SÉCULO XXI Andréa Cardoso dos Santos Universidade Federal de Ouro Preto – Escola de Minas Curso de Graduação em Engenharia de Produção, Administração e Economia Leonardo Ferreira Lopes Universidade Federal de Ouro Preto – Escola de Minas Curso de Graduação em Engenharia de Produção, Administração e Economia Raquel Martins Graça Universidade Federal de Ouro Preto – Escola de Minas Curso de Graduação em Engenharia de Produção, Administração e Economia Silmara das Graças Alberto Universidade Federal de Ouro Preto – Escola de Minas Curso de Graduação em Engenharia de Produção, Administração e Economia Thalles de Castro Nunes Universidade Federal de Ouro Preto – Escola de Minas Curso de Graduação em Engenharia de Produção, Administração e Economia Profª Jacqueline Rutkowski Universidade Federal de Ouro Preto – Escola de Minas Orientadora Abstract: The work presented has for objective the study from many different forms of participative management, your grow inside the theories work organization and the main problems that block your implementation; besides to define this kind of management as capable alternative to the enterprises to stabilish in this competitive and unbearable scenary. It´s also shown a case study of this kind of gesture in Nutrimental enterprise. Key words: Team; Autonomy; Comunication. 1 - Introdução: O comportamento das empresas no século XXI é explicado através do processo de evolução das organizações a partir da Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, onde o desenvolvimento da manufatura levou ao surgimento da fábrica e provocou grandes modificações econômicas, políticas e sociais. Quando as fábricas surgiram o trabalho era realizado em péssimas condições. Só havia preocupação com fatores de produtividade. Sendo que entendia-se por produtividade XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 2 a fabricação em larga escala sem preocupação com qualidade, meio ambiente e fator humano. Não havia nenhum estudo sobre as formas de organização. Algumas teorias apareceram ao longo do tempo destacando os principais nomes da Administração Clássica: Taylor, Ford e Fayol. Esses autores utilizaram uma lógica de racionalização do trabalho, esquecendo do elemento chave - o homem. Max Weber, principal estudioso da burocracia, estabelece a dominação/submissão de alguns indivíduos sobre outros. Caracterizando a separação entre os que executam e os que planejam, organizam, dirigem, gerenciam e controlam, o que foi adotado pela Administração Clássica. Após a 2ª Guerra Mundial os japoneses decidiram refazer seu país investindo em suas empresas, principalmente as de base tecnológica, surgindo a Abordagem Japonesa, que se caracterizou na evolução da prática da produção, num gradual processo de aprendizagem, despertando a curiosidade dos ocidentais, pois seus mercados foram invadidos por produtos japoneses. Um dos pontos mais importantes da diferenciação entre a forma japonesa e a forma ocidental de trabalhar é a orientação e propensão para as mudanças nos processos de produção. A abordagem japonesa ganhou fama mundial e vários aspectos de sua forma de trabalho são utilizados em empresas atuais. A Gestão Participativa foi adotada primeiramente na abordagem japonesa, se opondo à Administração Clássica, onde obteve resultados satisfatórios, portanto será abordada como nova forma de organização do trabalho, uma vez queas formas de organização atuais possuem características ou a utilizam como ferramenta para sustentar outro tipo de gestão. 2 - A Gestão Participativa A idéia de participação existe desde a Antigüidade, com o nome de democracia. A partir da 2ª Guerra Mundial passou a assumir forma concreta e despertar o interesse das organizações. Data dessa época o estabelecimento ou reestabelecimento da participação dos comitês ou conselhos, com objetivo básico de garantir a harmonia social e a mutação da sociedade através da empresa. (NETO, 2000) A Gestão Participativa corresponde a um conjunto de princípios e processos que defendem e permitem o envolvimento regular e significativo dos trabalhadores na definição de metas e objetivos, na resolução de problemas, no processo de tomada de decisão, no acesso à informação e no controle da execução. Dentre os modelos de gestão participativa, (LEITE, 2000), destaca as gestões Japonesa, Empreendedora, Holística e Virtual. A gestão Japonesa é baseada na qualidade total e no trabalho em equipe. Com esta gestão conseguiu-se reerguer o Japão e tornar seus produtos competitivos, inclusive no mercado americano. Diante desta situação, as empresas ocidentais viram-se obrigadas a reagir para recuperar sua competitividade frente às empresas japonesas. Surgiu então a gestão Empreendedora que buscou a inovação orientada para resultados (visão do cliente), através de unidades independentes de negócios com equipes empreendedoras. A gestão Holística se preocupa com a interação da organização como um todo e não com a soma das partes isoladas e para isso depende em especial das pessoas que organizam o trabalho sob a forma de células autogerenciadas. Já a gestão Virtual além de trabalhar com base nas relações de parcerias internas utiliza também parcerias externas, formando redes virtuais de negócios. A rápida evolução dos conhecimentos, a crescente complexidade dos problemas e a extraordinária elevação dos níveis de produtividade que tem sido conseguida por esquemas participativos de gestão no mundo inteiro são algumas das diversas razões que têm XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 3 impulsionado empresas a adotarem gestão participativa. Também há o fortalecimento da consciência de que as pessoas próximas à ação estão melhor capacitadas a opinar sobre o assunto e participar das decisões relacionadas, gerando uma maior consciência dos direitos próprios que têm levado as pessoas a valorizar a participação em todas as dimensões de suas vidas. Para a administração participativa ser eficiente, o processo decisorial deve ser totalmente delegado e descentralizado, as informações totalmente compartilhadas, sendo que a comunicação deve observar os princípios de clareza, coerência e adequação e os sistemas de recompensas materiais e salariais devem ser freqüentes, com punições raras e definidas pelo grupo. A implantação de uma administração participativa necessita de coerência em três fundamentos organizacionais: - Estrutura: As organizações mais enxutas e descentralizadas viabilizam o contato entre os níveis decisorial e operacional o que acarreta a melhoria no sistema de comunicação, agilização das decisões, redução de custos, definição clara de objetivos e das responsabilidades, além da transformação da burocracia em uma empresa dinâmica. - Cultura: O modo de vida, o sistema de crenças e valores sociais da organização devem ser cultivados de forma a desenvolver o envolvimento, a contribuição e a responsabilidade que são aspectos indispensáveis à participação. - Clima: A estrutura e a cultura organizacional geram uma atmosfera psicológica e características próprias que devem ser orgânicas e dinâmicas, influenciando de forma benéfica o desempenho humano e a participação. O gestor é o impulsor fundamental do processo participativo, portanto espera-se que ele tenha atitude interativa perante as questões estratégicas da organização, saiba tomar decisões estabelecendo prioridades, esteja voltado para o processo de inovação, além de saber delegar. A delegação é uma ferramenta gerencial fundamental para o desenvolvimento de uma equipe de trabalho. Em primeiro lugar, porque desenvolve a co-responsabilidade, o primeiro passo para o desenvolvimento da autonomia da equipe. Em segundo lugar, porque, quando feita adequadamente, estimula a iniciativa e a criatividade. Dentre as formas de participação na gestão, pode-se distinguir a pseudoparticipação, a participação parcial e a participação plena, além delas serem direta ou indireta. Na pseudoparticipação os funcionários são persuadidos a aceitarem as decisões tomadas pela administração, enquanto que na participação parcial o trabalhador pode influenciar o resultado do que é deliberado, mas não possui igual poder de decisão como na participação plena. A participação é direta quando o trabalhador tem a possibilidade de comunicar-se pessoalmente com as chefias, sem a necessidade de representantes como acontece na participação indireta, sobre as questões referentes às suas tarefas. (ERDMANN, 1998) destaca algumas das formas de participação que podem ser desenvolvidas nas organizações, para os empregados contribuírem nas decisões: − Caixa de Sugestão ou Banco de Idéias: planos que objetivam incentivar os empregados da organização a adotar uma atitude construtiva e a criar uma consciência de economia e eficiência em seus trabalhos. − Concurso de Idéias: diferenciando-se da ‘caixa de sugestões’ em virtude da competição entre as idéias, havendo a escolha da melhor; − Grupo de Produtividade: formados por pessoas com potencial de contribuição para redução de custos/ aumento da produtividade. A participação deve ser voluntária admitindo-se, porém o convite, quando não houver manifestação espontânea. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 4 − Círculos de Controle de Qualidade: os CCQ’s constituem uma forma de participação inicialmente difundida no Japão para resolver problemas de qualidade. São pequenos grupos de pessoas que se reúnem voluntariamente para identificar, analisar e solucionar problemas relacionados à qualidade, produtividade, custos, ambiente de trabalho e outros assuntos. Os CCQ’s podem despertar maior identidade e interesse pelo trabalho, desenvolvem a capacidade de trabalho em grupo, melhoram a comunicação dentro da organização, promovem o desenvolvimento pessoal e executam a administração participativa. − Co-Gestão: é a participação através de institucionalização da representação dos empregados, através de comissões ou indivíduos na direção efetiva da organização. No conceito de co-gestão se insere a co-decisão, ou seja, a tomada de decisão com a concordância das partes dirigentes e dirigidas. No plano ideológico a co-gestão é definida como a busca de equilíbrio e harmonização de forças naturalmente antagônicas. Favorece a identificação do empregado com a organização através da coesão e do consenso; − Conselho de Fábrica: organismos permanentes (comitês) criados em organizações, constituídos de empregados eleitos e presidido pelos chefes da organização. Tem funções de caráter social, administrando ou promovendo iniciativas da organização neste campo. Quanto ao andamento e vida econômica da empresa seu papel se restringe ao aconselhamento. As condições coletivas de trabalho são focalizadas numa atuação semelhante aos sindicatos; − Autogestão: sua interpretação é muito variada e se caracteriza pela autonomia dos empregados nas decisões empresariais, desde a formulação de diretrizes até a distribuição de renda. As influências são radicais tanto a nível econômico operacional como político. Os estudiosos do assunto concordam que uma organização, para ser considerada autogerida, tem seu capital controlado majoritariamente, pelo menos 51%, pela maioria dos trabalhadores.O aumento da confiança dos empregados nas intenções e objetivos da organização, a melhoria das comunicações, o desenvolvimento da capacidade dos subordinados, a resolução de situações problemáticas, o maior rendimento e a maior satisfação são alguns benefícios advindos da gestão participativa. O mundo virou um grande mercado unificado e as economias mundiais estão conectadas e as mudanças em uma economia afetam outras. Diante dessa economia totalmente orientada para o mercado, os consumidores tomam as decisões de produção econômica da sociedade quando fazem suas escolhas no mercado. Com este cenário cada vez mais será preciso usar a gestão participativa para melhor atingir os objetivos empresariais. Para atingir o objetivo da empresa, todas as áreas são importantes. Desde a mercadológica, passando pelos recursos humanos, produção, organizacional, chegando até a área financeira. Todavia, esta última é da mais alta importância estratégica para a sobrevivência dos negócios. Entretanto o segmento financeiro das empresas têm sido reduto de poucos especialistas, quase sempre há duras resistências à penetração da gestão participativa. Uma estratégia para superar essas barreiras tem sido o campo de treinamento em recursos humanos, através da apresentação de modelos financeiros mais acessíveis e de mais fácil compreensão por parte do pessoal de base. A área de recursos humanos assume portanto, uma responsabilidade maior no desenvolvimento da participação, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento e preparação dos dirigentes e demais empregados. Pode-se dizer que a implantação da gestão participativa beneficia muito a área financeira, uma vez que existe a redução dos custos de controle, redução dos desperdícios, melhoria da produtividade e tomada de decisão com qualidade e racionalidade. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 5 A gestão participativa pode e deve ser tanto endógena como exógena à empresa ou a uma organização em geral. Na parceria empresarial, a participação deve existir desde o início das conversações para se formar a parceria, na determinação de seus objetivos, de sua missão e nas responsabilidades e direitos de todos os parceiros. Tudo o que se aplica em termos de participação em uma empresa pode e deve ser aplicado no funcionamento da parceria empresarial, sobretudo no que se relaciona com as decisões referentes à informação, à comunicação, aos recursos financeiros, deveres e direitos dos recursos humanos. As principais dificuldades encontradas durante a implantação da gestão participativa são principalmente de origem cultural, segundo (JOHANN, 1996) a participação é um exercício infinitamente mais complexo na prática do que aparenta, da mesma maneira que o exercício da democracia é tão mais trabalhoso do que a ditadura. Incongruência entre objetivos estabelecidos e ações, incapacidade de compreender a complexa dinâmica emocional das pessoas confrontadas com mudanças e dificuldades do líder em reconhecer que ele também precisa mudar são alguns dos entraves mais comuns da transformação organizacional. Além disso, para as pessoas praticarem novos modelos de comportamento, precisam de tempo para aprender e de espaço para exercitar, muitos programas promissores são suspensos justamente quando começam a compensar, pois a administração acha que eles não estão funcionando ou, o que é pior, encontram outro modismo ou programa e apegam-se a ele. O fator-chave para uma mudança bem sucedida é a persistência numa determinada direção, com prudência e correções de rota ao longo do caminho. Toda mudança é assustadora e por isso a organização precisa oferecer alguma espécie de apoio psicológico, isso não significa garantia de emprego, mas informações claras a respeito de locomover-se ao longo das fases de transição. Precisa-se ressaltar que para conseguir uma gestão participativa eficiente o importante é ter sempre presente os pontos básicos – aprender a aprender, para inovar, criar visão compartilhada, planejar a transição, a análise organizacional, a colaboração ambiental e potencialização de si e de outros, para que a gestão seja uma soma de esforços individuais e grupais em busca do aperfeiçoamento permanente da organização e de seus recursos humanos. (DRUMOND, 1991) 3 - Estudo de Caso: Nutrimental A Nutrimental é uma empresa do setor alimentício que foi fundada em 1968. Possui atualmente 2 unidades industriais e 1 centro de distribuição, além de laboratórios de Controle de Qualidade equipados para realizar todas as análises necessárias. Trabalhando com alimentos prontos e desidratados a empresa chegou a exibir um faturamento de R$ 210 milhões, fornecendo insumos de merenda escolar para o governo federal. O fim do monopólio no governo Collor, em 1992, fez com que o faturamento caísse pela metade e suas dívidas chegassem à US$ 35 milhões. Neste período foi necessário fechar duas da três fábricas que possuíam e cerca de 1000 funcionários foram demitidos. Com este cenário a empresa viu-se obrigada a buscar novos mercados. Alguns produtos foram retirados de linha e decidiu-se focar em nichos de mercado. O produto Nutry atende à geração saúde e os sucos Nutrinho servem às crianças. Duas novas unidades de negócio foram criadas para ampliar o raio de atuação: a Provime atende o segmento cães e gatos e a Vitagre fornece alimentos para a pecuária. O grande destaque foi a barra de cereal Nutry que com apenas três anos de lançamento virou um fenômeno de vendas. O sucesso atraiu a concorrência e hoje a empresa disputa com GranMills, Nestlé e Kellogg’s um mercado de R$ 80 milhões, mas ainda detém 50% da participação deste mercado. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 6 Essa transformação é resultado da implementação de uma metodologia criada na década de 80 pelo consultor americano David Cooperrider, conhecida pelo nome de Appreciative Inquiry (Entrevista Apreciativa), muito usada em organizações sem fins lucrativos. De forma simplificada, consiste em promover o diálogo interno para descobrir as qualidades da organização. No Appreciative o foco não é o problema, mas a construção de um futuro com base no que se tem de fortalezas. Os princípios desta metodologia são: Princípio Construcionista: As organizações são percebidas como construções humanas. Princípio da Simultaneidade: a pergunta e a mudança acontecem simultaneamente. Princípio Poético: Assim como uma obra de arte pode ter inúmeras interpretações, as organizações humanas podem ser vistas como livros abertos em que as pessoas são co- autoras. Passado, presente e futuro podem ter inúmeras interpretações, e podemos encontrar o que desejamos nas organizações. Princípio da Antecipação: as pessoas caminham para onde se questionam (sonhos), assim como as organizações. Princípio Positivo: A abordagem positiva tem o poder de agregar, de realimentar. A implantação desta metodologia passa por 4 fases, conhecidas como Ciclo dos Quatro D's: Descoberta: fase em que a organização aprecia o que tem de melhor. Exemplos: liderança, relacionamentos, tecnologia, métodos de planejamento, etc. Nesta fase, as pessoas compartilham histórias de sucesso, percebendo a história organizacional como uma possibilidade positiva. Sonho e Planejamento: A fase do sonho envolve desafiar o status quo, criando visão dos resultados que o mundo está querendo. A fase de planejamento é a criação da arquitetura social e tecnológica da organização. Tanto a fase de sonho quanto a de planejamento envolvem a construção coletiva de imagens positivas de futuro. Um aspecto que diferencia o Appreciative Inquiry das outras metodologias de planejamento é que as imagens de futuro emergem de exemplos positivos ocorridos no passado. Estas imagens se tornam possíveis porque estão baseadas em momentos extraordinários da vidaorganizacional. Destino: A fase de destino é aquela em que as imagens positivas de futuro são sustentadas. É um tempo de aprendizado contínuo, ajustamento e improvisação - tudo a serviço dos ideais compartilhados. É o momento de construir o "olhar apreciativo" na organização em todos os seus sistemas, procedimentos e métodos de trabalho. Com a transferência da gestão e do espírito empreendedor do topo para as bases, em 1997, ano da introdução da Entrevista Apreciativa, a empresa faturou R$ 102 milhões, segundo (BARBOSA, 2001). No ano seguinte, as vendas aumentaram quase 25%. No mesmo período o lucro passou de R$ 4,7 milhões para mais de R$ 7 milhões. Isso tudo trabalhando com praticamente o mesmo quadro de funcionários e com a mesma estrutura e sem grandes investimentos. O crescimento se manteve nos anos seguintes, mas em ritmo menos acelerado. Em 2000 o faturamento foi de quase R$ 140 milhões. Hoje a Nutrimental tem três níveis de funcionários. O estratégico, responsável pelo planejamento de longo prazo, é formado pelos cinco patrocinadores executivos. O operacional inclui a maioria dos 750 funcionários, que formam equipes com tarefas de curto prazo. Entre os dois está o nível de crescimento, em que trabalham 17 ‘facilitadores’, a maioria deles ex-gerentes. Eles deixaram as tradicionais funções de controle dos subordinados para dar apoio às equipes operacionais. O controle dos processos produtivos cabe às próprias equipes, num sistema de autogestão. Segundo (PEIXOTO, 2001), o presidente da empresa reconhece que alguns funcionários antigos tiveram dificuldade para se adaptar e acabaram saindo da empresa e que ainda há pessoas que não conseguiram se adaptar totalmente aos novos tempos. Para XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 7 ambientá-los existem consultores ‘facilitadores’ da área de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Observa-se que a reestruturação da empresa se deve ao fato de ter acreditado no potencial humano. Isso pode ser observado hoje nos Valores da empresa, tabela 2 anexo, e também nos princípios da ação organizacional. 4 - CONCLUSÃO O mundo passa por uma transformação radical. Toda a sociedade deve estar preparada para a mudança, nota-se que as empresas também acompanham esta evolução. Agora mais do que nunca o individualismo está perdendo o sentido para dar lugar à participação. No âmbito empresarial, portanto, pouco interessa a gestão participativa em si, mas apenas o que ela pode trazer para a empresa. Interessa que ela funcione e que dê resultados. (JOHANN, 1996) Com isto pode-se dizer que a uma alternativa viável para que as empresas se mantenham no mercado é a participação. A gestão participativa precisa fundamentalmente de mudança de comportamento e não iremos conseguir esta mudança se não existir um ambiente propício. No caso das organizações empresariais precisa-se de uma mudança estrutural porque nenhuma organização conseguirá implantar eficientemente a gestão participativa se não permitir um mínimo de autonomia. A principal diferença em relação ao sistema taylorista/fordista é a participação do homem que não é mais considerado uma extensão da máquina e, portanto, pensa e decide. Observa-se maiores diferenças na tabela 1, anexa. O poder nas novas organizações provém das relações e não das estruturas. A confiança sendo o principal meio de controle torna as pessoas mais eficazes, criativas e capazes de atuar em um ambiente dinâmico. (NETO, 2000). A tendência é que a gestão participativa seja adotada em todos os setores da vida como, por exemplo, pode-se citar que várias cidades já implantam o orçamento participativo e os moradores definem prioridades e como serão direcionados os recursos. A administração participativa possui características capazes de funcionar tão bem em nossa época como as organizações mecanicistas funcionaram há cem anos, gerando resultados satisfatórios. 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS − DRUMOND, Regina. Qualidade Total – O Homem – Fator de Sucesso. Belo Horizonte: Mazza, 1991. − ERDMANN, Rolf Hermann. Organização de Sistemas de Produção. Florianópolis: INSULAR, 1998. − JOHANN, Sílvio Luiz. O Modelo Brasileiro de Gestão Organizacional – Análise das Idéias – Semler. São Leopoldo: UNISINOS, 1996. − LEITE, Francisco Tarciso & outros – Por uma Teoria da Gestão Participativa: Novo Paradigma de Administração Para o Século XXI. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2000. − MATOS, Francisco Gomes / WAUTERS, Luc & SOUZA, Nelson Melo e. A Empresa Hoje. Rio de Janeiro: Ed. Do Inst. Euvaldo Lodi e pelo Núcleo Editorial da UERJ, 1981. − NETO, Mário Sacomano & FILHO, Edmundo Escrivão. Estrutura Organizacional e Equipes de Trabalho: Estudo da Mudança Organizacional em Quatro Empresas Industriais. Agosto de 2000. − BARBOSA, Mariana. Revista IstoÉDinheiro. Negócios. Edição 224. 07 de dezembro de 2001. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 ENEGEP 2002 ABEPRO 8 − PEIXOTO, Fábio. Revista Exame. Gestão. Edição 748. 05 de setembro de 2001. − Nutrimental. Disponível em <www.nutrimental.com.br>, 2000. Acesso em março 2002. 6 – ANEXO Taylorismo/Fordismo Gestão Participativa Centralização Descentralização Eficácia Criatividade Estrutura Flexibilidade Liberdade Disciplina Planejamento Intuição Chefia Liderança Controles Valores Indivíduo Equipe Paciência Agilidade Orientação Participação Visão interna Visão externa Tabela 1: Diferenças Taylorismo/Fordismo Horizontalidade: significa abertura de altura de idéias, liberdade com responsabilidade, de acordo com as habilidades de cada um. Para tanto, parte do princípio de que todas as pessoas da organização são partes relevantes do processo de decisão. Mexe, portanto, com estruturas e exige reeducação, visão de equipe e delegação. Aprendizado Contínuo: possibilita a realização, o desenvolvimento humano e a capacitação contínua para mudança. Inovação: atendendo ás necessidades de evolução, exige criatividade, que aflora naturalmente quando há um clima de confiança, liberdade para manifestações individuais e grupais. Integridade: provendo coerência e ética, gera condições para que os demais valores possam se desenvolver. Tabela 2: Valores da Empresa Nutrimental http://www.boticario.com/ ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Henrique Martins Rocha Projeto e organização do trabalho Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Expressar os aspectos e fatores relevantes no projeto e organi- zação do trabalho. � Comparar os efeitos das decisões sobre o projeto e organização do trabalho frente à empresa e ao trabalhador. � Resolver problemas envolvendo padrões de desempenho no processo produtivo. Introdução Neste texto, você vai estudar como o trabalho é planejado, ou seja, como se desenvolve o projeto do trabalho, tomando por base as- pectos diversos como máquinas e equipamentos, ferramentas e, principalmente, o ser humano. Você verá quais são os principais fa- tores considerados e como as decisões nesse sentido influenciam o processo produtivo e as pessoas envolvidas. E, por fim, você estudará como calcular os elementos envolvidos, em especial, o tempo das atividades do trabalho no processo produtivo. Aspectos e fatores relevantes no projeto e organização do trabalho Para que você possa iniciar a produção de determinado produto ou a prestação de qualquer tipo e serviço, precisa ter um sistema produtivo estabelecido, com suas máquinas, equipamentos, ferramentas, espaço, instalações e infraestru- tura definidos e prontos para uso. Precisa, também, ter as pessoas envolvidas no sistema produtivo disponíveis e aptas para executarem seu trabalho como parte de tal sistema. O PMI define “projeto” como “[...] um conjunto de atividades temporárias, realizadas em grupo, destinadas a produzirum produto, serviço ou resultado únicos.” (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, c2016), tendo um início e fim bem definidos. Assim, precisamos projetar tal sistema produtivo, em es- pecial, projetar e organizar o trabalho voltado à produção de bens e serviços. O Project Management Institute (PMI, Instituto de Gerenciamento de Projetos) é uma das maiores associações para profissionais de gerenciamento de projetos. Você pode saber mais sobre eles e sobre projetos em geral acessando o link https://brasil.pmi.org/. A partir do momento em que há o interesse ou a necessidade de iniciar determinado processo produtivo, você precisa iniciar o projeto, ou seja, de- senvolver todas as atividades até que o processo esteja em funcionamento, produzindo bens e serviços. Assim, você precisa definir o que produzir, em que quantidade e como. O “como” engloba a definição de que máquinas, equipamentos, ferramentas e processos em si. Definir, também, como será a atuação humana nesse pro- cesso, ou seja, o que o trabalhador vai fazer, onde e como. A Figura 1 mostra tais fatores e como eles se relacionam. Figura 1. Fatores do projeto do trabalho. Fonte: Davis, Aquilano e Chase (2001, p. 328). Esse não é um processo simples, pois há inúmeros fatores a serem consi- derados e muitas vezes eles são conflitantes. Por exemplo: Administração da produção140 � Usar um sistema manual, semiautomático ou totalmente automatizado para a produção? � Produzir em grande quantidade em um único local ou dividir os vo- lumes a serem produzidos em diferentes unidades? � Produzir em um, dois ou três turnos? Ou, ainda, em escala de 24 horas/ dia, sete dias na semana? � A rotina de trabalho prevista é atrativa e interessante para os trabalha- dores? � Vamos produzir tudo o que necessitamos, ou vamos comprar alguma coisa de terceiros? Etc. Grande parte do que hoje é feito para definir o projeto e organização do trabalho tem seu fundamento nos estudos de Frederick Winslow Taylor (1856- 1915). Taylor estudou o trabalho, identificando que seria possível aumentar o volume produzido sem aumentar custos: faria isso pelo aumento da produti- vidade dos trabalhadores. A denominada Administração Científica, desenvolvida por Taylor, se cal- cava em quatro princípios fundamentais (FARIA, 2016?): � Princípio de planejamento – substituição de métodos empíricos por procedimentos científicos – sai de cena o improviso e o julgamento individual, o trabalho deve ser planejado e testado, seus movimentos decompostos a fim de reduzir e racionalizar sua execução. � Princípio de preparo dos trabalhadores – selecionar os operários de acordo com as suas aptidões e então prepará-los e treiná-los para pro- duzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado para que atinjam a meta estabelecida. � Princípio de controle – controlar o desenvolvimento do trabalho para se certificar de que está sendo realizado de acordo com a metodologia estabelecida e dentro da meta. � Princípio da execução – distribuir as atribuições e responsabilidades para que o trabalho seja o mais disciplinado possível. Ou seja, haveria uma forma ideal de se desempenhar o trabalho, nos quais tempos e movimentos seriam otimizados. Em seguida, compreendido o tra- balho e definido como deveria ser executado, deveríamos escolher os traba- lhadores com o perfil ideal para as funções. Por exemplo, para um trabalho que exigisse esforço físico, escolheríamos um trabalhador mais forte; para 141Projeto e organização do trabalho um trabalho que exigisse acurácia e precisão, alguém com boa visão, mãos pequenas e finas, etc. Os trabalhadores seriam, então, orientados a executarem seu trabalho con- forme as instruções, visto que elas representariam a forma mais eficiente de trabalhar e, consequentemente, maximizaria a produção. Haveria, então, a supervisão, para garantir que os trabalhadores seguissem rigorosamente os passos definidos para execução do trabalho, garantindo, dessa forma, a má- xima produção. A administração científica, apesar de todos os benefícios trazidos em termos de pro- dutividade e aumento da disponibilidade de produtos e serviços para a sociedade, encontra severas críticas, devido, principalmente, à minimização do trabalhador como pessoa, ou seja, utilizá-lo, tão somente, para o esforço braçal, sem utilizar plenamente sua capacidade mental. E, de fato, ocorreram muitas queixas por desmotivação, monotonia, desgaste físico, etc. Periard (2012) lista as principais críticas à administração científica. São elas: � o mecanicismo da abordagem (teoria da máquina); � a superespecialização que robotiza o operário; � a visão microscópica do homem; � ausência de comprovação científica; � limitação do campo de aplicação à fábrica; � abordagem de sistema fechado (limitada). O ser humano é, então, elemento chave nesse processo. Jacobs e Chase (2012), estabeleceram nove tendências no projeto do trabalho que busquem atender aos requisitos da organização e de sua tecnologia, satisfazendo os requisitos pessoais de seu ocupante. São elas: 1. controle de qualidade como parte do trabalho; 2. cross-training (treinamento multifuncional) de funcionários para de- sempenho de múltiplas funções; Administração da produção142 3. envolvimento do funcionário e trabalho em equipe no projeto e organização do trabalho; 4. “informatização” de funcionários não especializados por intermédio do e-mail e da internet, expandindo a natureza de seu trabalho e sua habilidade de desempenhá-lo; 5. uso extensivo de temporários; 6. criação de “locais de trabalho” alternativos, como escritórios compar- tilhados, telecommuting (trabalho à distância) e escritórios virtuais para complementar ou substituir o ambiente tradicional de trabalho; 7. automação de trabalho manual pesado; 8. compromisso da organização em oferecer cargos significativos e re- compensadores para todos os funcionários; 9. desenvolvimento do ambiente de trabalho sustentável. Leia mais sobre essas tendências em Administração de operações e da cadeia de supri- mentos (JACOBS; CHASE, 2012). Efeitos das decisões sobre o projeto e organização do trabalho frente à empresa e ao trabalhador O estudo do trabalho e a definição de uma forma “ideal” de sua execução implica em outros aspectos: redução de perdas e improdutividades, facilidade para automação (quando economicamente interessante) e aprendizado mais rápido, trazendo consigo, também, a especialização do trabalhador. Sobre a especialização, ela é percebida de formas diferentes pela empresa e pelo trabalhador e, em ambos os casos, há vantagens e desvantagens, como mostra o Quadro 1. 143Projeto e organização do trabalho Fonte: Davis, Aquilano e Chase (2001, p. 329). Vantagens da especialização Para a administração Para a mão de obra 1. Treinamento rápido da força de trabalho. 2. Facilidade no recrutamento dos novos trabalhadores. 3. Alta produtividade, devido ao trabalho simples e repetitivo. 4. Baixos salários, devido à facilidade de substituição da mão de obra. 5. Controle preciso do fluxo e da carga de trabalho. 1. Pouco ou nenhuma instrução neces- sária para conseguir trabalho. 2. Facilidade no aprendizado das tarefas. Desvantagens da especialização Para a administração Para a mão de obra 1. Dificuldade em controlar a qualidade, pois nenhuma pessoa tem responsabilidade por todo o produto. 2. Os custos “ocultos” referentes à insatisfação dos trabalhadores originam-se de: a) Rotação de empregados b) Absenteísmo c) Atrasos d) Agravos e) Interrupção intencional do processo produtivo 3. Redução da probabilidade de ob- tenção de melhorias nos proces- sos, devido à perspectiva limitada dos trabalhadores 1. Aborrecimento resultante da natureza repetitiva do trabalho. 2. Pequena gratificação resultante de seu trabalho, em função de sua pequena contribuição. 3. Pouco ou nenhum controle sobre o ritmo do trabalho, levando à frustra- ção e à fadiga (em situações de linhas de montagem).4. Pouca oportunidade de evoluir para um trabalho melhor, pois é muito difí- cil obter um aprendizado significativo em trabalhos fracionados. 5. Poucas oportunidades de mostrar iniciativa, através do desenvolvimento de melhores métodos ou ferramentas. 6. Fadiga muscular local, ocasionada pela utilização dos mesmos músculos para o desenvolvimento das tarefas. 7. Pouca oportunidade de comunicação com os colegas, devido ao layout da área de trabalho. Quadro 1. Vantagens e desvantagens da especialização. Administração da produção144 Curiosamente, para a empresa, a especialização de seus processos traz, também, vantagens e desvantagens: se por um lado ela se torna altamente eficiente e competitiva em sua área de atuação, por outro lado, ela corre o risco de ter dificuldades em se adaptar a mudanças tecnológicas em áreas que ela não tenha domínio, tornando a gestão de competências, capacidade e conhecimento um grande desafio na era moderna, tanto na área industrial, como comércio e serviços. Para saber mais sobre a gestão do conhecimento nas organizações leia O desenvol- vimento de uma prática de Gestão do Conhecimento em um Hospital Geral de Belo Horizonte, Brasil (CASSINI; TOMASI, 2010), Gestão do conhecimento e sistemas de informação: uma análise sob a ótica da teoria de criação do conhecimento (CRIZ; NAGANO, 2008) e Aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento: pautas para a gestão de pessoas (SCORSOLINI-COMIN; INOCENTE; MIURA, 2011). Padrões de desempenho no processo produtivo Para que você consiga acompanhar os passos de um processo produtivo, é ne- cessário saber o que é feito e como, para, em seguida, definir a melhor forma de se fazer (ou seja, melhorar o processo existente) e medir os resultados da execução. Ou seja, estabelecer padrões. Esses padrões, conforme Jacobs e Chase (2012), são necessários por quatro razões: � para programar o trabalho e alocar a capacidade; � para proporcionar um objetivo que sirva de motivação à força de tra- balho e possa medir o desempenho dos trabalhadores; � para participar de licitações em novos contratos e avaliar o desem- penho dos existentes; e � para proporcionar benchmarks para melhorias. 145Projeto e organização do trabalho Nesse sentido, uma das ferramentas utilizadas para a compreensão do mé- todo (e, também, para redesenho de um novo método) é a de fazer um fluxo- grama do processo, como mostra a Figura 2. Figura 2. Exemplo de fluxograma de processo. Fonte: Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 115). Inserir moeda de $ I no caça-níquel Puxa o braço do caça-níquel Atividades do jogados Atividades internas do caça-níquel Ganha Perde Sim Sim Não Não Ativa o pagamento Movimente a moeda para o balde de pagamento Balde de pagamento Balde de ganhosMovimente a moeda para o balde de ganhos Paga os ganhos Pára Joga novamente Tarefas ou operações Pontos de decisão Áreas de armazenagem ou fi las (fi las de espera) Fluxos de materiais ou clientes Ganha ou perde O balde de pagamento está cheio Administração da produção146 Outra ferramenta importante é o gráfico do processo, no qual são mos- tradas não somente as etapas do processo, mas sua classificação de acordo com simbologia própria. Veja, na Figura 3, as distâncias percorridas e o tempo de cada etapa. Figura 3. Simbologia utilizada no gráfico do processo. Fonte: Davis, Aquilano e Chase (2001, p. 339). Com essa ferramenta, acompanhamos todo o processo de um item, seja um produto, um serviço ou uma pessoa envolvida na atividade. Podemos, assim, identificar todo o tipo de perdas e improdutividades, como movimen- tação excessiva, esperas, etc., como você pode ver na Figura 4, que mostra operações em um escritório. 147Projeto e organização do trabalho Figura 4. Exemplo de gráfico de processo em escritório. Fonte: Davis, Aquilano e Chase (2001, p. 338). Administração da produção148 Estudo de tempos Para definição e monitoramento do processo produtivo, o estudo dos tempos envolvidos é de extrema relevância, pois todas as medições estarão relacio- nadas ao tempo de execução das atividades. Por exemplo, tempo de atendi- mento ao cliente, tempo para usinar uma peça, tempo para pagamento do pedágio, etc. Os métodos comumente utilizados para definição dos tempos são: � Amostragem do trabalho são tomadas medidas intercaladas de tempo e, com as mesmas, são feitas projeções sobre o tempo de operação. Por exemplo, fazemos 100 observações e em 80 delas, determinada máquina estava produzindo. Inferimos, então, que só conseguimos utilizar a máquina por 80% do tempo e, dessa forma, se temos uma jornada de trabalho de oito horas diárias, só deveremos considerar 6,4 horas como sendo produtivas (80% de 8 horas); � Tempos históricos se uma empresa já tem uma base de dados sobre tempos de operação nos processos produtivos de seus produtos, ao ter de desenvolver um novo produto, se ele for similar aos já produzidos, não há necessidade de recalcular todos os tempos, podendo ser aprovei- tadas as informações existentes. Caso o novo produto tenha algum de- talhe diferente dos demais produtos, a análise de tempo seria somente nesse detalhe diferente; � Tempos sintéticos tempos pré-determinados referentes aos movi- mentos básicos. Ou seja, se, por exemplo, para fazer uma determinada operação no processo produtivo, o operador precisa alcançar uma peça, agarrá-la, trazê-la para perto, posicioná-la sobre outra, há tabelas que definem esses denominados “movimentos básicos” (ou micromovi- mentos) e, desta forma, é uma questão de identificá-los e fazer a soma dos tempos, para determinar o tempo da operação; � Cronometragem são medidos os tempos em que determinada operação é executada, de forma a ter-se um padrão estabelecido para a operação no processo produtivo. Os tempos medidos pela cronometragem, são ajustados para gerarem os tempos-padrão de operação. 149Projeto e organização do trabalho Sobre os tempos sintéticos, há um método muito utilizado denominado MTM (Me- thod-Time Measurement). Para saber mais sobre ele, acesse o artigo Utilização do MTM para o diagnóstico e projeto de células de produção (SUGAI et al., 2003). Tipos de tempos Ao cronometrar uma atividade, você não pode utilizar diretamente tal me- dida como padrão para as operações. Isso acontece por duas razões: (I) o ritmo de trabalho durante a cronometragem pode não ser mantido ao longo da operação; e (II) é necessário incluir tolerâncias para necessidades pessoais e fadiga do operador. Assim, o tempo cronometrado é chamado de tempo real (TR) e o ajus- tamos com base na eficiência (Ef) observada durante a cronometragem, ou seja, o ritmo em que o operador trabalhava quando sua atividade foi cronome- trada. Calculamos, então, o tempo normal (TN), pela seguinte fórmula: TN = TR x Ef Por exemplo, se cronometramos uma atividade com o tempo de 2 minutos, mas percebemos que o ritmo imposto pelo operador era muito lento (por exemplo, ele estava trabalhando a 80% do que seria o seu normal), calculamos o que seria o tempo normal nessa atividade: TN = 2 x 0,8 = 1,6 minuto. Observe que como ele trabalhava muito lentamente, o tempo cronome- trado estava muito alto e foi ajustado para um tempo mais baixo. Depois disso, incorporamos as tolerâncias (T): normalmente 9% para tempo pessoal a fa- diga básica e, se for o caso, 2 a 7% por cada um dos seguintes fatores: postura inadequada, iluminação deficiente, ambiente com muitos ruídos e monotonia na atividade. Além disso, um esforço muscular excessivo pode acrescentar até mais 20% de tolerância. Para nosso exemplo, suponha que nenhum desses fatores existe e, por conta disso, a tolerância seria de 9%. Calculamos, então, a tempo padrão (TP) pela seguinte fórmula: TP = TN / (1 – T) Ou seja, nosso tempo padrão seria de 1,6/0,91 ≈ 1,76 minuto. Administração da produção150 Como você pode perceber, as tolerâncias impactam significativamente o tempo pa- drão da operação. Assim,é sempre recomendável tentar eliminá-las, modificando o local, a posição ou o processo de trabalho. 1. Você acorda de manhã, vai ao banheiro, escova os dentes, vai até a cozinha, toma o café da manhã e volta ao quarto para trocar de roupa. Fica, então, esperando seu irmão se aprontar. A alternativa que mostra os símbolos que representam esses passos é: a) O O D O b) D O O c) O O O D d) D O e) O D D 2. Você está analisando determinada operação de um processo produ- tivo de um produto. Ao longo da semana, você fez 248 observações e constatou que, em 31 delas, a máquina estudada estava parada. Considerando que essa máquina trabalha em 2 turnos de 8 horas cada, quanto tempo podemos supor que ela estará disponível para atender ao nosso processo produtivo? a) 8 b) 14 c) 16 d) 26 e) 31 3. Você cronometrou o trabalho de um operador durante sua execução, encontrando o tempo médio de 3,6 minutos. Verificou os registros da empresa e contatou que o tempo padrão da operação era exatamente esse. Supondo não haver qualquer erro, a conclusão que você chega é que: a) Está tudo certo, pois os valores estão idênticos. b) O trabalho foi muito bem pro- jetado, pois não tem qualquer tolerância. c) O ritmo do operador durante a cronometragem foi superior a 100%. d) O tempo real é superior a 3,6 minutos. e) O tempo normal é igual ao tempo real. 4. O tempo normal de uma operação em um sistema produtivo é de 6,8 minutos. Sabemos que não há es- forço físico por parte do operador. No entanto, sua postura não é adequada para executar o trabalho, há grande monotonia e o ambiente é ruidoso e mal iluminado. Podemos afirmar que o tempo padrão em minutos é: a) Menor que 6,8. b) Entre 6,8 e 8,0. c) Entre 8,1 e 10,5. 151Projeto e organização do trabalho d) Entre 10,6 e 12,0. e) Maior que 12,0. 5. Calcule o tempo padrão de uma operação com as seguintes caracte- rísticas: • tempo cronometrado: 8,17 minutos; • ritmo estimado durante a cronome- tragem: 85%; • tolerância por postura: 2%; • tolerância por iluminação: 5%; • tolerância por ruído: 2%; • tolerância por monotonia: 4%; • tolerância por esforço muscular: 11%. O tempo padrão, em minutos, é: a) 6,94. b) 9,14. c) 9,23. d) 10,36. e) 12,19. CASSINI, M. R.; TOMASI, A. O desenvolvimento de uma prática de Gestão do Conhe- cimento em um Hospital Geral de Belo Horizonte, Brasil. Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, Lisboa, v. 9, n. 3, p. 61-71, set. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.mec. pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-44642010000200007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 04 set. 2016. CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Administração da produção para a vantagem competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CRUZ, C. A.; NAGANO, M. S. Gestão do conhecimento e sistemas de informação: uma análise sob a ótica da teoria de criação do conhecimento. Perspectiva em Ciência da In- formação, Belo Horizonte, v. 13, n. 2, p. 88-106, maio/ago. 2008. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-99362008000200008&lng=en &nrm=iso>. Acesso em: 04 set. 2016. DAVIS, M. M.; AQUILANO, N. J.; CHASE, R. B. Fundamentos da administração da produção. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. FARIA, C. Administração científica. InfoEscola, [2016?]. Disponível em: <http://www.info- escola.com/administracao_/administracao-cientifica/>. Acesso em: 04 set. 2016. JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. 13. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. PERIARD, G. Tudo sobre a administração científica de Taylor. Sobre Administração, abr. 2012. Disponível em: <http://www.sobreadministracao.com/tudo-sobre-a-administra- cao-cientifica-de-taylor/>. Acesso em: 04 set. 2016. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. O que é gerenciamento de projetos? [S.l.]: PMI, c2016. Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatIsProjectManagement.aspx>. Acesso em 04 set. 2016. Administração da produção152 SCORSOLINI-COMIN, F.; INOCENTE, D. F.; MIURA, I. K. Aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento: pautas para a gestão de pessoas. Revista Brasileira de Orien- tação Profissional, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 227-240, dez. 2011. Disponível em: <http:// pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902011000200010&lng =pt&nrm=iso>. Acesso em: 04 set. 2016. SUGAI, M. et al. Utilização do MTM (Methods-Time Measurement) para o diagnóstico e pro- jeto de células de produção. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO, 2., 2003, Uberlândia. Anais... Uberlândia: ABCM, 2003. Disponível em: <http://www.abcm. org.br/app/webroot/anais/cobef/2003/artigos/COF03_0317.pdf>. Acesso em: 11 set. 2016. Leitura recomendada TRINDADE, F. E. Administração científica de Taylor e as “novas formas” de organização do trabalho: possibilidades de coexistência? Um estudo de caso na indústria têxtil catari- nense. 2004. 216 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-Gra- duação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/86767/211221. pdf?sequence=1>. Acesso em: 04 set. 2016. 153Projeto e organização do trabalho Conteúdo: ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Roberto Guedes de Nonohay Papel estratégico e objetivo da Produção Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o papel estratégico da Produção. � Identificar o objetivo da Produção. � Relacionar o papel estratégico e o objetivo da Produção com a realidade prática. Introdução A função Produção pode ter um papel estratégico muito importan- te para a empresa. Pode ser ela que faça a empresa ter um grande diferencial no mercado ou simplesmente siga a estratégia da organi- zação. Neste texto, você vai estudar o papel estratégico e o objetivo da Produção. O papel estratégico da Produção A Administração da Produção e Operações pode desempenhar diversos papéis estratégicos para uma organização. Desde apenas ser uma área sem qualquer influência no processo, que está lá apenas para desempenhar o seu papel com a menor incidência de erros possível, até o ponto onde a produção/operação ser o grande diferencial estratégico e competitivo da empresa. Talvez ela se torne o grande diferencial da empresa diante de seus concorrentes. Existem três possibilidades de papéis estratégicos que a Produção pode desempenhar para a organização. Ela pode ser: seguidora da estratégia, executora da estra- tégia ou líder da estratégia. Figura 1. Os três principais papéis estratégicos. Fonte: Adaptada de Slack, Chambers e Johnston (2009). O modelo de quatro estágios de Hayes e Wheelwright Esse modelo mostra os quatro estágios onde a Função Produção pode contribuir para a diferenciação estratégica da empresa. Os quatro estágios propostos por Hayes e Wheelwright são, de acordo com a Figura 2: 1) neu- tralidade interna; 2) neutralidade externa; 3) apoio interno; e 4) apoio externo (CAMPANA; FARO; GONZALEZ, 2009). Figura 2. Modelo de quatro estágios de Hayes e Wheelwright. Fonte: Campana, Faro e Gonzalez (2009, p. 297). Evolução na contribuição da Área de Produção para a organização Neutralidade interna Neutralidade externa Apoio interno Apoio externo Tempo 17Papel estratégico e objetivo da Produção O primeiro estágio, chamado de neutralidade interna, pressupõe que a produção tem contribuição neutra dentro da organização. Isso significa que o processo produtivo não tem um papel significativo para a estratégia da em- presa. Está em um estágio inicial ou não tem capacidade para que ela se des- taque e consiga ser fator determinar para a empresa na busca de vantagens competitivas. Seu principal foco é realizar o processo produtivo com o menor nível de erros possível. Se deixada sem um controle apropriado, nesse estágio, a produção pode, inclusive, serum fator prejudicial para a empresa. Altos índices de erros, produtos/serviços fora do padrão, entre outros problemas, podem acarretar problemas de vendas e de imagem para a organização. O segundo estágio prevê a neutralidade externa. Nesse caso, a produção passa a ter um papel estratégico mais relevante para a empresa. Ela está em condições de disputar no mercado com outros concorrentes e passa a ter a possibilidade de ser comparada com essas concorrentes. Ela visa estar entre as melhores do mercado, já que seus processos estão de tal forma organizados e funcionando em nível de qualidade que permitem essa comparação. Nesse estágio, a produção trabalha com a intenção de se tornar a melhor no seu mercado. O terceiro estágio quebra a barreira interna da contribuição da produção para a empresa. Aqui a organização está figurando entre as melhores do setor. A Função Produção demonstra força e qualidade suficiente ao ponto de ser reconhecida como fator importante para a decisão de compra dos clientes. Os consumidores sabem e confiam que os produtos ou serviços oferecidos pela empresa irão atingir não só os patamares mínimos esperados, mas também ultrapassam alguns quesitos, o que é decisivo para a compra desse produto. O quarto e último estágio é o do apoio externo. Nesse estágio, a em- presa é a melhor do seu setor. A produção é um dos principais fatores de diferencial competitivo que a organização apresenta. Os produtos, serviços e processos realizados são de extrema qualidade e confiança. A empresa apresenta altos níveis de excelência e de inovação. É capaz de lançar e an- tecipar novas tendências e a função produção passa a ser fator que alavanca as vendas da empresa. A subida da função produção ao longo dos estágios depende unicamente da estratégia da organização e de objetivos claro delimitados pela área de pro- dução, que deve ter por aspiração máxima chegar ao estágio de apoio externo. Mas, para que isso aconteça, é importante que a função produção atinja seus principais objetivos. Administração da produção18 Hayes e Wheelwright criaram esse modelo em 1984 (CAMPANA; FARO; GONZALEZ, 2009). O objetivo da Administração da Produção O objetivo da Função Produção é produzir os produtos ou operacionalizar os serviços com o maior nível de qualidade e no menor custo possível. Parece simples, certo? Mas esse objetivo depende de inúmeras variáveis, algumas que podem ser controladas pela empresa, outras não. O controle deve ser exercido desde a compra dos insumos, que devem obedecer a todos os critérios de es- pecificações técnicas e de qualidade determinados pela organização. Devem ser comprados em quantidade suficiente para garantir a previsão de demanda de produção e que justifique o custo empregado. Na chegada à empresa, os insumos devem ser armazenados de forma correta e segura, proporcionando o menor custo de armazenagem ao mesmo tempo em que garante a qualidade da matéria-prima para que ela possa resultar em produtos corretos. Ao entrar na linha de produção, os produtos em processo devem seguir um caminho que deve ser o mais racional possível, pensado em todos os estágios, desde o layout da linha (organização das máquinas no espaço físico), passando pelo modo como os produtos em processo serão transportados entre uma máquina e outra, até a armazenagem de produtos acabados e sua consequente distribuição. Nesse caminho do processo de transformação, o controle de tamanho de lote ou quais produtos devem ser produzidos a cada momento deve ser feito. Pontos de controle de qualidade devem ser criados para que, em momentos críticos do processo produtivo, os produtos possam ser avaliados e ações cor- retivas tomadas, caso seja necessário. As manutenções nas máquinas também devem ser pensadas, assim como o abastecimento de materiais que fazem as máquinas funcionarem em níveis adequados. A própria previsão de demanda deve ser considerada e analisada pela área de produção. Em conjunto com a área de marketing, a quantidade de produtos que devem ser vendidos em um dado horizonte de tempo deve ser pensada de modo a verificar se o estoque atual pode comportar tais pedidos, se é neces- sário realizar compra de novos insumos (e qual a quantidade dessa compra) e se há disponibilidade de capacidade instalada para realizar a produção no 19Papel estratégico e objetivo da Produção nível previsto, entre outros. A sinergia da produção com outras áreas não acaba somente nessa questão da demanda. O marketing pode trazer opiniões e ideias dos clientes para melhorar aspectos físicos e funcionais dos produtos, a área de recursos humanos trabalha para o treinamento e disponibilidade dos trabalhadores que fazem parte da área de produção. A área de finanças deve trabalhar em conjunto para verificar se a empresa terá os recursos suficientes para compra, produção e manutenção dadas as previsões de demanda. Esses são apenas alguns exemplos do tamanho do trabalho que a Função Produção tem dentro de uma empresa. Ao longo de todas essas tarefas, um dos principais objetivos perseguidos pela produção é o da produtividade, con- forme pode ser visto na Figura 3. Figura 3. Equação da produtividade. Fonte: Jacobs e Chase (2009). Produtividade = Saída / Entradas (ou insumos utilizado) A produtividade, quando atingida nos patamares determinados pela orga- nização, garante que o capital investido pela empresa na compra de insumos e na produção está em melhores condições de ser remunerado, ou seja, a fábrica está operando dentro de suas capacidades, com estoque controlado e a taxa de produtos prontos dentro do planejado. Atingir altos níveis de produtividade pode ser difícil. O papel estratégico e o objetivo da produção na realidade O papel estratégico e os objetivos da função produção podem ser determi- nantes para o sucesso de uma organização. Souza (2001) realizou uma pes- quisa com 10 empresas de construção no Rio de Janeiro sobre a importância da construção enxuta, uma técnica que qualifica a produção e eleve seu papel estratégico na organização. Abaixo segue a conclusão do estudo de Souza (2001, p. 7-8) mostrando justamente essa importância: Administração da produção20 O envolvimento dos empregados no processo de aperfeiçoa- mento das operações de manufatura, identificando problemas e soluções alternativas, participando da implantação de melhorias e do estabelecimento de objetivos é a pedra fundamental da cons- trução enxuta. Entretanto, pelo que foi observado, esta é, provavel- mente, a mais difícil mudança cultural a ser realizada, pois consiste em mudar algumas crenças e valores básicos profundamente ar- raigados no modo de administrar dos líderes das empresas cons- trutoras. Assim, em vez de tomar todas as decisões relacionadas ao melhoramento do processo e simplesmente passá-las aos funcio- nários para que as executem, por exemplo, estes devem tornar-se facilitadores de um processo que permita que a criatividade seja utilizada ao máximo na busca da eficiência e eficácia do processo construtivo. No que tange aos processos de produção, verificou- -se que a não internalização de conceitos específicos da produção em série representa um entrave à aderência de práticas e técnicas direcionadas ao modelo de manufatura de classe mundial. O baixo nível de aplicação e a ausência de registros formais de tais pro- cedimentos revelam que a maioria das empresas do setor ainda não absorveu práticas modernas de gestão, amplamente dissemi- nadas na indústria de manufatura, que poderiam trazer vantagens competitivas duradouras, mesmo para um setor produtivo tão particular. Exemplos de empresas bem-sucedidas nos permitem concluir que existe uma forte correlação entre a manufatura e as vantagens competitivas alcançadas. Afinal de contas, as empresas altamente competitivas têm qualidade no processo, adquirem in- sumos de boa qualidade, trabalham com estoque reduzido, têm rapidez na produção e desfrutam de flexibilidade e agilidade para lançar novos
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