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AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal! Vamos começar a nossa quinta aula, pessoal... Prof. César Frade FEVEREIRO/2014 AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 2 21. Sociedades Seguradoras As Sociedades Seguradoras não poderão explorar qualquer outro ramo de comércio ou indústria. A autorização para funcionamento será concedida através de Portaria do Ministro da Indústria e do Comércio, mediante requerimento firmado pelos incorporadores, dirigido ao CNSP e apresentado por intermédio da SUSEP. Concedida a autorização para funcionamento, a Sociedade terá o prazo de noventa dias para comprovar perante a SUSEP, o cumprimento de todas as formalidades legais ou exigências feitas no ato da autorização. As Sociedades Seguradoras só poderão operar em seguros para os quais tenham a necessária autorização, segundo os planos, tarifas e normas aprovadas pelo CNSP. É vedado às Sociedades Seguradoras reter responsabilidades cujo valor ultrapasse os limites técnicos, fixados pela SUSEP de acordo com as normas aprovadas pelo CNSP, e que levarão em conta: a) a situação econômico-financeira das Sociedades Seguradoras; b) as condições técnicas das respectivas carteiras; c) o resultado de suas operações com o IRB. As Sociedades Seguradoras são obrigadas a ressegurar as responsabilidades excedentes de seu limite técnico em cada ramo de operações e, em caso de cosseguro, a cota que for fixada pelo CNSP. Não haverá cobertura de resseguro para as responsabilidades assumidas pelas Sociedades Seguradoras em desacordo com as normas e instruções em vigor. As operações de cosseguro obedecerão a critérios fixados pelo CNSP, quanto à obrigatoriedade e normas técnicas. A colocação de seguro e resseguro no estrangeiro era feita exclusivamente por intermédio do IRB. Atualmente, qualquer resseguradora instalada no País está apta a prestar tal serviço. As reservas de garantia correspondentes aos AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 3 seguros e resseguros efetuados no exterior ficarão integralmente retidas no País. As apólices, certificados e bilhetes de seguro mencionarão a responsabilidade máxima da Sociedade Seguradora, expressa em moeda nacional, para cobertura dos riscos neles descritos e caracterizados. Para garantia de todas as suas obrigações, as Sociedades Seguradoras constituirão reservas técnicas, fundos especiais e provisões. As Sociedades Seguradoras obedecerão às normas e instruções da SUSEP sobre operações de seguro, cosseguro, resseguro e retrocessão, bem como lhes fornecerão dados e informações atinentes a quaisquer aspectos de suas atividades. Os inspetores e funcionários credenciados da SUSEP terão livre acesso às Sociedades Seguradoras, delas podendo requisitar e apreender livros, notas técnicas e documentos, caracterizando-se como embaraço à fiscalização, sujeito às penas da lei, qualquer dificuldade oposta a estes. 22. Resseguro O resseguro é uma prática comum, feita em todo o mundo, como forma de preservar a estabilidade das companhias seguradoras e garantir a liquidação do sinistro ao segurado. Muitas vezes, os valores envolvidos nos contratos de seguro são tão altos que mesmo o resseguro necessita de cobertura. Nesse caso, a pulverização de risco é feita entre resseguradoras internacionais recebendo o nome de retrocessão. Quanto maior o valor do contrato, maior a necessidade de envolvimento de um grupo maior de empresas. Por isso, podemos dizer que o resseguro é uma das atividades econômicas que há mais tempo pratica a globalização. Além de pulverizado entre as resseguradoras, o valor do bem segurado também pode ser dividido entre duas ou mais seguradoras. Essa operação é chamada de cosseguro, onde são emitidas tantas apólices quantas forem as empresas envolvidas, ou apenas uma apólice para uma das companhias, denominada líder. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 4 Dicionário de Seguros da SUSEP dispõe que: “COSSEGURO - É a operação que consiste na repartição de um mesmo risco, de um mesmo segurado, entre duas ou mais seguradoras, podendo ser emitidas tantas apólices quantas forem as seguradoras ou uma única apólice, por uma das seguradoras denominada, neste caso, Seguradora Líder, não se verificando, ainda assim, quebra do vínculo do segurado com cada uma das seguradoras que respondem, isoladamente, perante ele, pela parcela de responsabilidade que assumiram. RESSEGURO - Operação pela qual o segurador, com o fito de diminuir sua responsabilidade na aceitação de um risco considerado excessivo ou perigoso, cede a outro segurador uma parte da responsabilidade e do prêmio recebido. O resseguro é um tipo de pulverização em que o segurador transfere a outrem, total ou parcialmente, o risco assumido, sendo, em resumo, um seguro do seguro. No Brasil essa operação só pode ser feita com o IRB. O ressegurador tanto pode conceder comissões à seguradora cedente, ou retrocedente, acompanhando o padrão tarifário original, como utilizar tarifas próprias, geralmente inferiores àquelas, nos casos de resseguros proporcionais. No que concerne aos resseguros não proporcionais, em que se desconsidera o exposto ao risco de forma isolada, computando-se carteiras ou sinistralidade global, as bases tarifárias são ajustadas por processos diferentes dos utilizados no resseguro proporcional. A principal função do ressegurador é, por conseguinte, a de promover a estabilidade das carteiras das cedentes ou retrocedentes. RETROCESSÃO - Operação feita pelo ressegurador e que consiste na cessão de parte das responsabilidades por ele aceitas a outro, ou outros resseguradores. Em outro enfoque: é o resseguro de um resseguro. Os planos de retrocessão são, basicamente, da mesma natureza dos utilizados em operações de resseguro, deles diferindo apenas na condição dos participantes, pois enquanto o segurador direto faz cessões em resseguro, o ressegurador faz retrocessões a outros resseguradores. Em qualquer caso, tanto nas operações de resseguro quanto nas de retrocessão, o ressegurador e o AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 5 retrocessionário obrigam-se apenas com as entidades que lhes fizeram cessões ou retrocessões, nunca com os segurados.” 23. Entidades Abertas e Fechadas de Previdência Complementar Quando tratamos de previdência complementar devemos fazer a diferenciação entre as empresas de previdência privada aberta e as empresas de previdência privada fechada. Vamos à essa distinção inicial. O regime de previdência complementar é operado por entidades de previdência complementar que têm por objetivo principal instituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário. Estas entidades são classificadas em fechadas e abertas. Dizemos que uma entidade é de Previdência Privada Fechada quando ela está restrita a determinadas pessoas que possuem certas características. Ou seja, quando as pessoas que podem ingressar e participar desses planos são funcionários de uma determinada empresa que nesse caso chamamos de patrocinadora ou filiados a uma determinada instituição que chamamos de instituidora. Por exemplo, a VALIA é o fundo de pensão da Vale (antiga Cia Vale do Rio Doce S.A.)e apenas pessoas ligadas à VALE tem o direito (elas possuem direito e não obrigação) de participar desse fundo de previdência privada fechado1. Nesse caso, chamamos a Vale S.A. de patrocinadora, uma vez que seu funcionário efetuará o pagamento de uma parcela mensal e a empresa complementará os recursos com vistas à aposentadoria. Por outro lado, se a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil instituir um plano para seus associados, a OAB não irá ajudar os participantes nas contribuições mas a participação estará restrita a seus sócios. Nesse caso, dizemos que a OAB é a instituidora do plano de previdência. A todos os seus sócios serão oferecidas as vantagens de participar desse plano de previdência. Já sei que uma pergunta que vocês devem estar se fazendo é porque alguém iria ingressar em um plano como esse se a empresa não irá contribuir com 1 Fundo de Previdência Privado Fechado é o mesmo que Fundo de Pensão. A atual legislação fala em Entidade Fechada de Previdência Complementar e no passado ela se referia como Fundo de Pensão. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 6 nenhum tipo de recurso. Na verdade, a OAB por ser uma instituição com inúmeros associados conseguiria negociar taxas de administração bem mais atrativas do que os seus associados individualmente e assim, a instituidora poderia contribuir com os associados ao criar um plano dessa envergadura. Por outro lado, quando estamos falando de uma Entidade de Previdência Complementar Aberta estamos nos referindo aos planos de previdência que, em geral, são vendidos por seguradoras e oferecidos nas agências dos Bancos Comerciais e que qualquer pessoa possui o direito de participar desde que efetue os devidos depósitos para constituir o plano de previdência. As entidades de previdência complementar somente poderão instituir e operar planos de benefícios para os quais tenham autorização específica, segundo as normas aprovadas pelo órgão regulador e fiscalizador. Os planos de benefícios atenderão a padrões mínimos fixados pelo órgão regulador e fiscalizador, com o objetivo de assegurar transparência, solvência, liquidez e equilíbrio econômico-financeiro e atuarial. A todo pretendente será disponibilizado e a todo participante entregue, quando de sua inscrição no plano de benefícios: I - certificado onde estarão indicados os requisitos que regulam a admissão e a manutenção da qualidade de participante, bem como os requisitos de elegibilidade e forma de cálculo dos benefícios; II - cópia do regulamento atualizado do plano de benefícios e material explicativo que descreva, em linguagem simples e precisa, as características do plano; III - cópia do contrato, no caso de plano coletivo; IV - outros documentos que vierem a ser especificados pelo órgão regulador e fiscalizador. Para assegurar compromissos assumidos junto aos participantes e assistidos de planos de benefícios, as entidades de previdência complementar poderão contratar operações de resseguro, por iniciativa própria ou por determinação AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 7 do órgão regulador e fiscalizador, observados o regulamento do respectivo plano. 23.1. Entidades Fechadas de Previdência Complementar As entidades fechadas são aquelas acessíveis aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes denominados patrocinadores e aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. Elas organizar-se-ão sob a forma de fundação ou sociedade civil sem fins lucrativos. Antes de tudo, é importante definirmos que participante é a pessoa física que aderir aos planos de benefícios e assistido é o participante ou seu beneficiário em gozo de benefício de prestação continuada. Essas entidades dependerão de prévia e expressa autorização do órgão regulador e fiscalizador para a constituição e o funcionamento da entidade fechada, bem como a aplicação dos respectivos estatutos, dos regulamentos dos planos de benefícios e suas alterações; para as operações de fusão, cisão, incorporação ou qualquer outra forma de reorganização societária, relativas às entidades fechadas; para as retiradas de patrocinadores e para as transferências de patrocínio, de grupo de participantes, de planos e de reservas entre entidades fechadas. Os planos de benefícios das entidades fechadas deverão prever os seguintes institutos, observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador: I - benefício proporcional diferido, em razão da cessação do vínculo empregatício com o patrocinador ou associativo com o instituidor antes da aquisição do direito ao benefício pleno; II - portabilidade do direito acumulado pelo participante para outro plano, cabendo ao órgão regulador e fiscalizador estabelecer o período de carência para tal fim; AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 8 III - resgate da totalidade das contribuições feitas ao plano pelo participante, descontadas as parcelas do custeio administrativo, na forma regulamentada; e IV - faculdade de o participante manter o valor de sua contribuição e a do patrocinador, no caso de perda parcial ou total da remuneração recebida, para assegurar a percepção dos benefícios nos níveis correspondentes àquela remuneração ou em outros definidos em normas regulamentares. É importante ressaltar que não será admitida a portabilidade na inexistência de cessação do vínculo empregatício do participante com o patrocinador. A portabilidade de recursos de uma entidade fechada quando efetuado para entidade aberta, somente será admitido quando a integralidade dos recursos financeiros correspondentes ao direito acumulado do participante for utilizada para a contratação de renda mensal vitalícia ou por prazo determinado, cujo prazo mínimo não poderá ser inferior ao período em que a respectiva reserva foi constituída, limitado ao mínimo de quinze anos. É fundamental destacarmos que a portabilidade não caracteriza resgate e que também é vedado que os recursos financeiros correspondentes transitem pelos participantes dos planos de benefícios, sob qualquer forma. Caso os recursos venham a transitar na conta dos participantes, é considerada a existência de saque. O resultado superavitário dos planos de benefícios das entidades fechadas, ao final do exercício, satisfeitas as exigências regulamentares relativas aos mencionados planos, será destinado à constituição de reserva de contingência, para garantia de benefícios, até o limite de vinte e cinco por cento do valor das reservas matemáticas. O resultado deficitário nos planos ou nas entidades fechadas será equacionado por patrocinadores, participantes e assistidos, na proporção existente entre as suas contribuições, sem prejuízo de ação regressiva contra dirigentes ou terceiros que deram causa a dano ou prejuízo à entidade de previdência complementar. 23.2. Entidades Abertas de Previdência Complementar AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 9 As entidades abertas são constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos em forma de renda continuada ou pagamentoúnico, acessíveis a quaisquer pessoas físicas. É importante ressaltar que as sociedades seguradoras autorizadas a operar exclusivamente no ramo vida poderão ser autorizadas a operar nos planos de benefícios citados acima. Compete ao órgão regulador, entre outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, estabelecer: I - os critérios para a investidura e posse em cargos e funções de órgãos estatutários de entidades abertas, observado que o pretendente não poderá ter sofrido condenação criminal transitada em julgado, penalidade administrativa por infração da legislação da seguridade social ou como servidor público; II - as normas gerais de contabilidade, auditoria, atuária e estatística a serem observadas pelas entidades abertas, inclusive quanto à padronização dos planos de contas, balanços gerais, balancetes e outras demonstrações financeiras, critérios sobre sua periodicidade, sobre a publicação desses documentos e sua remessa ao órgão fiscalizador; III - os índices de solvência e liquidez, bem como as relações patrimoniais a serem atendidas pelas entidades abertas, observado que seu patrimônio líquido não poderá ser inferior ao respectivo passivo não operacional; e IV - as condições que assegurem acesso a informações e fornecimento de dados relativos a quaisquer aspectos das atividades das entidades abertas. Dependerão de prévia e expressa aprovação do órgão fiscalizador a constituição e o funcionamento das entidades abertas, bem como as disposições de seus estatutos e as respectivas alterações; a comercialização dos planos de benefícios; os atos relativos à eleição e conseqüente posse de administradores e membros de conselhos estatutários; e as operações relativas à transferência do controle acionário, fusão, cisão, incorporação ou qualquer outra forma de reorganização societária. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 10 Para resguardar os direitos dos participantes e assistidos poderá ser decretada a intervenção na entidade de previdência complementar, desde que se verifique, isolada ou cumulativamente: I - irregularidade ou insuficiência na constituição das reservas técnicas, provisões e fundos, ou na sua cobertura por ativos garantidores; II - aplicação dos recursos das reservas técnicas, provisões e fundos de forma inadequada ou em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos competentes; III - descumprimento de disposições estatutárias ou de obrigações previstas nos regulamentos dos planos de benefícios, convênios de adesão ou contratos dos planos coletivos; IV - situação econômico-financeira insuficiente à preservação da liquidez e solvência de cada um dos planos de benefícios e da entidade no conjunto de suas atividades; V - situação atuarial desequilibrada; VI - outras anormalidades definidas em regulamento. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser: I - individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas; ou II - coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. O vínculo indireto dos planos coletivos refere-se aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. Esses grupos de pessoas poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, e por membros de associações AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 11 legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos. A implantação de um plano coletivo será celebrada mediante contrato, na forma, nos critérios, nas condições e nos requisitos mínimos a serem estabelecidos pelo órgão regulador. Observados os conceitos, a forma, as condições e os critérios fixados pelo órgão regulador, é assegurado aos participantes o direito à portabilidade, inclusive para plano de benefício de entidade fechada, e ao resgate de recursos das reservas técnicas, provisões e fundos, total ou parcialmente, sendo vedado, no caso de portabilidade, que os recursos financeiros transitem pelos participantes e a transferência de recursos entre os participantes. 24. Planos de Aposentadoria e Pensão Privados A previdência privada é uma forma de poupança de longo prazo para evitar que a pessoa na aposentadoria sofra uma redução muito grande de sua renda Tecnicamente falando, o processo de poupança consiste de duas fases. Na primeira, o poupador acumula um capital. Durante todo esse processo, este capital receberá rendimentos. Na segunda fase, que coincide com a aposentadoria para a maioria das pessoas - mas não necessariamente -, é o momento de receber os benefícios. Regra geral, nesta fase, o poupador não faz novas acumulações, embora continue se beneficiando do rendimento sobre o capital acumulado. Naturalmente, o valor dos benefícios deve ter uma relação de proporção com o capital acumulado. Quanto maior o capital, maior será o benefício. A forma de fazer este cálculo é bastante complexa, mas, de uma forma simples, é fácil entender que os saques mensais, aqui chamados de benefícios, devem ter uma relação com o capital acumulado. Não é possível fazer saques expressivos sobre o capital sem correr o risco de o dinheiro poupado acabar muito rápido. Há tipos básicos de produtos de previdência privada no Brasil: PGBL e VGBL, para quem for comprar agora um produto com o objetivo de obter renda futura AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 12 - vitalícia, por prazo determinado ou na forma de um capital recebido uma única vez. 24.1. PBGL – Plano Gerador de Benefício Livre A legislação não exige depósitos periódicos no caso dos PGBLs, tipo contribuições mensais. Os depósitos podem ser feitos à medida que haja recursos disponíveis, dentro do que for contratado com o administrador. O participante deve verificar se tem renda para garantir o fluxo de pagamentos acertado no contrato. O período de contribuição para os planos depende do prazo existente entre a decisão de poupar e a idade que o contribuinte deseja receber o benefício. Quanto mais rápido começar um plano de previdência privada, mais fácil fica de se formar uma poupança. Isso não é tão complicado de entender. Primeiro, porque o volume de dinheiro que será poupado será distribuído por um número maior de meses. Segundo, porque o efeito da parte dos juros no capital final é maior quanto maior o tempo de contribuição. A poupança que vai garantir o pagamento dos benefícios é formada por dois valores básicos. O primeiro advém da soma das contribuições feitas, retirando daí todos os custos. O outro é o rendimento obtido ao longo dos anos. Quanto maior o número de anos, maior a contribuição do rendimento na formação do capital. O participante do PGBL tem dois custos básicos: a taxa de carregamento sobre as contribuições mensais e aportes e a taxa de administração. Importante ressaltar que a taxa de carregamento é um valor que a instituição “carrega” do seu capital e é cobrada apenas no aporte. Enquanto que a taxa de administração é cobrada de forma anual e incidirá sobre a totalidade do capital, ou seja, capital e rendimentos. 24.2.VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre O VGBL - Vida Gerador de Benefícios Livres dá ao cliente o direito de resgatar em vida, após o período de carência, uma parte ou a totalidade do montante aplicado, acrescido do rendimento durante esse período. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 13 O VGBL é bastante parecido com o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres). Isso porque o investidor também tem seus recursos aplicados em um FIF exclusivo, sendo cobrada taxa de carregamento, e ainda pode optar pelo perfil do fundo em que aportará suas reservas. Conforme exposto, o PGBL e o VGBL são produtos com características bastante semelhantes. A grande diferença está no tratamento fiscal. No PGBL, o investidor conta com o incentivo fiscal concedido aos planos de previdência, que permite ao poupador deduzir de sua base de cálculo do Imposto de Renda contribuições feitas a estes planos, até o limite de 12% de sua renda bruta anual. A utilização desse produto dá ao participante o direito de optar pela tabela regressiva de tributação que poderá ir de 35% até o limite mínimo de 10%. Já o VGBL não conta com esse incentivo, mas, em compensação, o investidor não é tributado com base na tabela progressiva no momento do resgate ou do recebimento do benefício, como ocorre no PGBL. Sua tributação acontece apenas em relação ao ganho de capital - ou seja, o lucro. Sendo assim, o VGBL torna-se um produto ideal para as pessoas que atuam na economia informal, que estão isentas do Imposto de Renda ou que efetuam a Declaração de Ajuste Anual de forma simplificada pois elas não podem contar com a vantagem fiscal do PGBL e dos planos de previdência em geral. Os planos previdenciários podem ser contratados de forma individual ou coletiva (averbados ou instituídos); e podem oferecer, juntos ou separadamente, os seguintes tipos básicos de benefício: * RENDA POR SOBREVIVÊNCIA: renda a ser paga ao participante do plano que sobreviver ao prazo de diferimento contratado, geralmente denominada de aposentadoria. * RENDA POR INVALIDEZ: renda a ser paga ao participante, em decorrência de sua invalidez total e permanente ocorrida durante o período de cobertura e após cumprido o período de carência estabelecido no Plano. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 14 * PENSÃO POR MORTE: renda a ser paga ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na proposta de inscrição, em decorrência da morte do Participante ocorrida durante o período de cobertura e após cumprido o período de carência estabelecido no Plano. * PECÚLIO POR MORTE: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao(s) beneficiário(s) indicado(s) na proposta de inscrição, em decorrência da morte do participante ocorrida durante o período de cobertura e após cumprido o período de carência estabelecido no Plano. * PECÚLIO POR INVALIDEZ: importância em dinheiro, pagável de uma só vez ao próprio participante, em decorrência de sua invalidez total e permanente ocorrida durante o período de cobertura e após cumprido o período de carência estabelecido no Plano. Os planos PGBL aprovados pela SUSEP antes de 26/08/2002 são: renda mensal vitalícia, renda mensal temporária, renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido e renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado. A renda mensal vitalícia consiste em uma renda paga vitaliciamente ao Participante a partir da data de concessão do benefício. A renda mensal temporária consiste na renda paga temporária e exclusivamente ao participante. O benefício cessa com o seu falecimento ou o fim da temporariedade contratada, o que ocorrer primeiro. A renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido consiste em uma renda paga vitaliciamente ao Participante a partir da data da concessão do benefício. Existe ainda uma garantia que é dada aos beneficiários. No momento da inscrição, o Participante escolherá um prazo mínimo de garantia que será indicado na Proposta de Inscrição. O prazo mínimo da garantia é contado a partir da data do início do recebimento do benefício pelo Participante. Se durante o período de percepção do benefício ocorrer o falecimento do participante, antes de ter completado o prazo mínimo de garantia escolhido, o benefício será pago aos beneficiários conforme os percentuais indicados na Proposta de Inscrição, pelo período restante do prazo mínimo de garantia. No caso de falecimento do participante, após o prazo mínimo garantido escolhido, o Benefício ficará automaticamente cancelado sem que seja devida qualquer AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 15 devolução, indenização ou compensação de qualquer espécie ou natureza aos beneficiários. No caso de um dos Beneficiários falecer antes de ter sido completado o prazo mínimo de garantia, o valor da renda será rateado entre os beneficiários remanescentes até o vencimento do prazo mínimo garantido. Não havendo qualquer beneficiário remanescente, a renda será paga aos sucessores legítimos do Participante, pelo prazo restante da garantia. A renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data de concessão do benefício escolhida. - Ocorrendo o falecimento do participante, durante a percepção desta renda, o percentual do seu valor estabelecido na proposta de inscrição será revertido vitaliciamente ao beneficiário indicado. Na hipótese de falecimento do beneficiário, antes do participante e durante o período de percepção da renda, a reversibilidade do benefício estará extinta sem direito a compensações ou devoluções dos valores pagos. No caso do beneficiário falecer, após já ter iniciado o recebimento da renda, o benefício estará extinto. Para os planos PGBL aprovados após 26/08/2002, além das modalidades acima mencionadas foi acrescida mais uma opção, a renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos menores que consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data de concessão do benefício escolhida. Ocorrendo o falecimento do participante, durante a percepção desta renda, o percentual do seu valor estabelecido na proposta de inscrição será revertido vitaliciamente ao cônjuge e na falta deste, reversível temporariamente ao(s) menor(es) até que completem uma idade para maioridade estabelecida no Regulamento e conforme o percentual de reversão estabelecido. 25. Corretora de Seguros A Corretora de Seguros é a pessoa autorizada a realizar a corretagem, isto é, analisar o risco, determinar as coberturas e as importâncias seguradas, elaborar a proposta de seguros e de protocolar a proposta em uma seguradora. No Brasil, nenhuma operação de seguro pode ser contratada sem que haja um Corretor de Seguro. A Corretora de Seguros pode ser uma pessoa física ou jurídica. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 16 Para que uma pessoa seja um corretor é necessário que tenha prestado o Exame Nacional de Corretor de Seguros. Após a aprovação no exame ou no curso específico e o recebimento do certificado, o interessado deverá entregar determinados documentos em seu estado que, após analisados pela Federação Nacional dos Corretores – FENACOR – será submetido à aprovação da SUSEP. Posteriormente a SUSEP efetuará a checagem dos processos remetidos pela FENACOR e, no caso de não haver pendências, a SUSEP emitirá aCarteira de Habilitação do Corretor. O registro do Corretor de Seguros de Vida e Capitalização se fará por indicação das Sociedades Seguradoras e de Capitalização dentre os candidatos aprovados em: I - Exame Nacional de Habilitação Técnica - Profissional para corretores de seguro vida e capitalização, promovido pela Funenseg, ou, II - Provas específicas de Avaliação, por disciplina, aplicadas a participantes do Curso de Habilitação Técnico Profissional para corretores de seguros de vida e capitalização, realizado pela Funenseg. Aos Corretores de Previdência aplicam-se as normas de registro e habilitação previstas para os corretores de seguros de vida e capitalização e seu registro se fará por indicação da Seguradora ou Entidade Aberta de Previdência Complementar. 26. Sociedades de Capitalização Objetivando proporcionar auxílio financeiro aos sócios através de suas próprias poupanças, Paul Viget, diretor de uma cooperativa de minérios da França, idealizou, em 1850, a Capitalização. O sistema era baseado em contribuições mensais, visando à constituição de um capital garantido, pago no final de prazo previamente estipulado ou, antecipadamente, através de sorteio. No início do século XX, a Capitalização tomou um grande impulso na França e de lá se difundiu através dos países de origem latina. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 17 As atividades no setor de Capitalização surgiram no Brasil em 1929, tomando grande impulso na década de 30. Em 1947, o número de companhias de Capitalização operando no país já ascendia a dezesseis, sediadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Salvador. Na década de 50, entretanto, o processo inflacionário acelerou-se de tal forma, que o sistema de Capitalização se tornou desinteressante para a clientela, pois o Capital inicialmente contratado era corroído pela incessante desvalorização da moeda. Com a instituição da correção monetária em 1964, criaram-se as premissas básicas para o ressurgimento da Capitalização, embora esse processo só tenha deslanchado mesmo dez anos depois, quando surgiram no Brasil muitas novas empresas. Consideram-se sociedades de capitalização as empresas que tiverem por objetivo fornecer ao público, de acordo com planos aprovados pelo Governo Federal, a constituição de um capital mínimo perfeitamente determinado em cada plano, e pago em moeda corrente em um prazo máximo indicado no mesmo plano, à pessoa que possuir um título segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas no próprio título. O Sistema Nacional de Capitalização é composto pelo Conselho Nacional de Seguros Privados, pela Superintendência de Seguros Privados e pelas sociedades autorizadas a operar capitalização. Compete privativamente ao CNSP fixar as diretrizes e normas da política de capitalização e regulamentar as operações das sociedades do ramo, relativamente às quais exercerá atribuições idênticas às estabelecidas para as sociedades de seguros. A SUSEP é o órgão executor da política de capitalização traçada pelo CNSP, cabendo-lhe fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operações das sociedades do ramo, relativamente às quais exercerá atribuições idênticas às estabelecidas para as sociedades de seguros. 26.1. Títulos de Capitalização Do ponto de vista das finanças, CAPITALIZAÇÃO é o processo de aplicação de uma importância a uma determinada taxa de juros e de seu crescimento por força da incorporação desses mesmos juros à quantia inicialmente aplicada. No sentido particular do termo, CAPITALIZAÇÃO é uma combinação de economia programada e sorteio, sendo que o conceito financeiro acima exposto aplica-se AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 18 apenas ao componente "economia programada", cabendo ao componente lotérico o papel de poder antecipar, a qualquer tempo, o recebimento da quantia que se pretende economizar ou de um múltiplo dela de conformidade com o plano. Para a venda de um título de Capitalização é necessário uma série de formalidades que visam a garantia do consumidor. A Sociedade de Capitalização deve submeter o seu plano ao órgão fiscalizador do Sistema Nacional de Capitalização – SUSEP. Plano de Capitalização – é o conjunto de elementos que dão forma ao título, são as Condições que caracterizam um produto e os diferenciam entre si. Os planos são representados pelas Condições Gerais, Nota Técnica Atuarial e Material de Comercialização. O título de capitalização é um papel do mercado mobiliário, nominativo, que pode ser adquirido a prazo ou à vista. A SUSEP define título de capitalização como sendo uma aplicação pela qual o Subscritor constitui um capital, segundo cláusulas e regras aprovadas e mencionadas no próprio título (Condições Gerais do Título) e que será pago em moeda corrente num prazo máximo estabelecido. O título de capitalização só pode ser comercializado pelas Sociedades de Capitalização devidamente autorizadas a funcionar. Eles são considerados, para todos os fins legais, títulos de crédito. A contratação de um título é realizada através do preenchimento e da assinatura da proposta. O envio (a entrega) da proposta devidamente assinada representa a concretização da subscrição do Título, sendo proibida a cobrança de qualquer taxa a título de inscrição. Importante destacar que as Condições Gerais do título devem estar disponíveis ao subscritor no ato da contratação. A disponibilização das Condições Gerais em momento posterior ao da contratação constitui violação às normas, sendo a Sociedade, portanto, passível de multa. As Condições Gerais, além de determinarem os direitos e as obrigações do Subscritor/Titular e da Sociedade de Capitalização, estabelecem também todas AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 19 as normas referentes ao título de capitalização. Os itens que deverão constar nas Condições Gerais são : Glossário, objetivo, natureza do título, início de vigência, pagamentos, cancelamentos, sorteios, dentre outros. O título de capitalização pode ser adquirido para outra pessoa. O subscritor, que é a pessoa que adquire o título e assume o dever de efetuar os pagamentos, pode, desde que comunique por escrito à Sociedade, a qualquer momento, e não somente no ato da contratação, definir quem será o titular, isto é, quem assumirá os direitos relativos ao título, tais como o resgate e o sorteio. É claro que subscritor e titular podem ser a mesma pessoa, isto é, a pessoa que paga o título é a que detém os direito atinentes a ele. 27. FUNDOS DE INVESTIMENTOS Os Fundos de Investimentos são normatizados pela Comissão de Valores Mobiliários por meio de suas Instruções. O Normativo padronizado para Fundos de Investimento é a Instrução 4092 e suas modificações posteriores. No entanto, existem fundos específicos, com características específicas que são normatizados por outro instrumento. A regra é idêntica às leis. No Direito, temos uma Lei geral que define determinado assunto. Se houver uma Lei específica que trata daquele mesmo assunto, não há a necessidade de se revogar a Lei geral, mas para esse assunto em questão deverá ser observada a Lei específica. Aqui funciona da mesma forma. Há um instrumento geral para os Fundos de Investimento e estes deverão ser observados. No entanto, quando houver algum instrumento específico para algum tipo especial de fundo, este deverá ser considerado na tratativa daquele instrumento, sobrepondo ao instrumento geral naquiloque for diferente. A Instrução CVM 409, de início, define o que é um fundo de investimento. Veja a definição abaixo: 2 Nesta aula, apresentarei a Instrução 409. Todos os outros tipos, quando apresentados, serão por meio da solução de exercícios. Seriam muitas normas e mais iria confundir e atrapalhar do que ajudar. Portanto, nas normas que os examinadores já tiverem cobrado em prova com algum exercício, irei resolvê-la citando o normativo. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 20 “Art. 2º - O fundo de investimento é uma comunhão de recursos, constituída sob a forma de condomínio, destinado à aplicação em títulos e valores mobiliários, bem como em quaisquer outros ativos disponíveis no mercado financeiro e de capitais, observadas as disposições desta Instrução.” Podemos dizer que um fundo de investimento é uma empresa (possui um CNPJ próprio) de propriedade de seus cotistas e administrada, em geral, por uma instituição financeira ou corretora ou distribuidora. As pessoas entregam seus recursos para que um administrador efetue as aplicações, sempre obedecendo aquilo que o Regulamento do Fundo determina. Portanto, é importante frisar que os ativos adquiridos pelo Fundo com recurso dos cotistas são de propriedade do próprio Fundo e a Instituição Financeira somente faz a administração. Logo, se a instituição financeira vier a falir, os ativos do Fundo não devem fazer parte daqueles bens que serão vendidos para pagar os eventuais prejuízos. Sempre digo em sala, o seguinte. Imagine que você tenha um apartamento e que deseja alugá-lo. Você poderá entregá-lo a uma corretora de imóveis, uma imobiliária e esta receberá o aluguel e vai te repassar. Se por acaso, essa imobiliária falir, seu apartamento será devolvido a você. De forma análoga, funciona o fundo. Se a instituição que administra o fundo quebrar, o fundo será retirado daquela instituição (com todos os seus ativos) e entregue a outra instituição para que essa segunda faça a administração dos ativos. Exatamente por isso que os ativos de um fundo de investimento NÃO são protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito – FGC. Existem vários fundos que possuem regulamentação específica própria. São eles: • Fundos de Investimento em Participações; • Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Participações; AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 21 • Fundos de Investimento em Direitos Creditórios; • Fundos de Investimento em Direitos Creditórios no Âmbito do Programa de Incentivo à Implementação de Projetos de Interesse Social; • Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios; • Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional; • Fundos Mútuos de Privatização – FGTS; • Fundos Mútuos de Privatização – FGTS – Carteira Livre; • Fundos de Investimento em Empresas Emergentes; • Fundos de Índice, com Cotas Negociáveis em Bolsa de Valores ou Mercado de Balcão Organizado; • Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes - Capital Estrangeiro; • Fundos de Conversão; • Fundos de Investimento Imobiliário; • Fundo de Privatização - Capital Estrangeiro; • Fundos Mútuos de Ações Incentivadas; e • Fundos de Investimento Cultural e Artístico. Desses fundos que possuem regulamentação específica, quatro se destacam pois possuem uma captação bastante significativa nos últimos períodos. São eles: Fundos de Investimento em Participações; Fundos de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento em Participações; Fundos de Investimento em Direitos Creditórios; e Fundos de Investimento Imobiliário. A denominação que as instituições podem dar a um Fundo de Investimento é normatizada pela CVM. Quando uma instituição financeira cria um fundo, ele recebe um nome. Parte deste nome é obrigatório e parte é nome fantasia. Por exemplo, o Banco do Brasil tem o BB Renda Fixa LP 50 mil. Uma parcela desta nomenclatura é obrigatória e informa como o fundo é classificado em relação à composição de seu patrimônio. Ou seja, esse é um Fundo de Renda Fixa. Outra parcela da nomenclatura é optativa e diz que esse é um fundo LP, ou seja, um fundo de Longo Prazo. Essa classificação mostra que o fundo tem um tratamento tributário de longo prazo, ou seja, a tributação é feita por alíquota decrescente que varia de 22,5% a 15% conforme o prazo em que o recurso fica aplicado. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 22 Se o fundo for de Curto Prazo, ele teá uma alíquota fixa de 20% de Imposto de Renda, mas também terá um prazo médio menor e, portanto, será menos arriscado. Além disto, a instituição pode inventar qualquer outra nomenclatura para o Fundo. Esta parte seria o nome fantasia do Fundo. No entanto, nenhuma informação que seja passada nesta nomenclatura poderá ser falsa. Essas são as regras básicas acerca da nomenclatura, conforme disposto na Instrução CVM 409. Observe trechos importantes da Instrução CVM 409 acerca desse assunto: “Art. 4° - Da denominação do fundo constará a expressão "Fundo de Investimento", acrescida da referência à classe de fundo, segundo a classificação estabelecida na seção II do Capítulo VIII. § 1º À denominação do fundo não poderão ser acrescidos termos ou expressões que induzam interpretação indevida quanto a seus objetivos, sua política de investimento, ou seu público alvo. § 2º Poderão ser acrescidas à denominação do fundo, expressões que indiquem o eventual tratamento tributário específico a que estejam sujeitos o fundo ou seus cotistas. Art. 923 - Os fundos de investimento e os fundos de investimento em cotas, conforme a composição de seu patrimônio, classificam-se em: • Fundo de Curto Prazo; • Fundo Referenciado; • Fundo de Renda Fixa; • Fundo de Ações; • Fundo Cambial; • Fundo de Dívida Externa; e • Fundo Multimercado. 3 Esse é o artigo da seção II do Capítulo VIII que o artigo 4º cita. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 23 Parágrafo único. Os fundos classificados como "Referenciado", "Renda Fixa", "Cambial", "Dívida Externa" e "Multimercado" poderão ser adicionalmente classificados como "Longo Prazo" quando o prazo médio de sua carteira supere 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias e seja composta por títulos privados ou públicos federais, pré-fixados ou indexados à taxa SELIC ou a outra taxa de juros, a índices de preço ou à variação cambial, ou, ainda, por operações compromissadas lastreadas nos títulos públicos federais referidos neste parágrafo, sempre observado o disposto no § 3º do art. 91. Art. 93 - Os fundos classificados como "Curto Prazo" deverão aplicar seus recursos exclusivamente em títulos públicos federais ou privados pré-fixados ou indexados à taxa SELIC ou a outra taxa de juros, ou títulos indexados a índices de preços, com prazo máximo a decorrer de 375 (trezentos e setenta e cinco) dias, e prazo médio da carteira do fundo inferior a 60 (sessenta) dias, sendo permitida a utilização de derivativos somente para proteção da carteira e a realização de operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais.” Os fundos podem ser divididos em duas grandes classes: fundo abertos e fundos fechados. Os fundos abertos são aqueles em que os seuscotistas podem solicitar o resgate dos recursos aportados a qualquer momento. Em geral, quando aplicamos nos Bancos estamos acostumados com esse tipo de fundo, um fundo no qual podemos solicitar o resgate dos recursos e a instituição efetua prontamente. Por outro lado, os fundos fechados são aqueles em que os cotistas só podem resgatar os recursos quando houver o fim do fundo. Explico melhor. Existem fundos que são, por exemplo, destinados para a compra/construção de imóveis. Como sabemos, imóveis são bens bem menos líquidos do que os títulos, ações, valores mobiliários em geral. Dessa forma, os fundos imobiliários são fundos fechados. Quando ele se inicia, os investidores são convidados a aportar recursos, a comprar cotas. No entanto, como esses recursos são colocados em bens bastante ilíquidos, os investidores só podem sacar os seus recursos no fim deste fundo, que pode ter 5 anos, 7 anos e este prazo deve ser determinado em regulamento. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 24 Vocês devem estar querendo saber se alguém que coloca dinheiro em um fundo fechado é obrigado a ficar com os recursos durante todo esse período. A resposta é, talvez. Esses fundos podem ser listados na Bolsa de Valores como as ações e, caso sejam, os investidores podem aliená-los de forma análoga como fazem com as ações. As cotas dos fundos são vendidas, negociadas na Bolsa. Qual a vantagem?? Nos fundos de investimento imobiliário – FII, por exemplo, não há pagamento de imposto de renda pessoa física para os rendimentos. Existem vários tipos de fundos fechados. Alguns fundos são obrigatoriamente fechados, mas em outros, cabe à instituição administradora definir, no Regulamento, qual a característica do fundo. É importante observar que enquanto é lícita a alienação de um fundo fechado, exatamente pelo fato de não poder haver o saque, não pode existir alienação de fundo aberto. Na verdade, o fundo aberto deverá ter o saque do recurso efetuado. Veja o que a Instrução 409 diz a respeito desse assunto: “Art. 5º - O fundo pode ser constituído sob a forma de condomínio aberto, em que os cotistas podem solicitar o resgate de suas cotas a qualquer tempo, ou fechado, em que as cotas somente são resgatadas ao término do prazo de duração do fundo. Art. 12 - A cota de fundo aberto não pode ser objeto de cessão ou transferência, salvo por decisão judicial, execução de garantia ou sucessão universal. § 1º A cota de fundo fechado pode ser transferida, mediante termo de cessão e transferência, assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou através de bolsa de valores ou entidade de balcão organizado em que as cotas do fundo sejam admitidas à negociação. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 25 § 2º A transferência de titularidade das cotas de fundo fechado fica condicionada à verificação pelo administrador do atendimento das formalidades estabelecidas no regulamento e na presente Instrução.” Um fundo, antes de funcionar, deverá ser registrado na CVM. Ou seja, deverá ocorrer o registro prévio do fundo, PRÉVIO. No entanto, o simples fato de enviar os documentos solicitando a autorização para funcionamento do fundo, faz com que a autorização seja concedida. “Art. 7º - O funcionamento do fundo depende do prévio registro na CVM, o qual será procedido através do envio, pelo administrador, dos documentos previstos no art. 8º, através do Sistema de Envio de Documentos disponível na página da CVM na rede mundial de computadores, e considerar-se-á automaticamente concedido na data constante do respectivo protocolo de envio. (grifo meu) Art. 8º - O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos e informações: • regulamento do fundo, elaborado de acordo com as disposições desta Instrução; • os dados relativos ao registro do regulamento em cartório de títulos e documentos; • prospecto, elaborado em conformidade com disposto na Seção V, Capítulo III, ressalvado o disposto nos art. 110, inciso II; • declaração do administrador do fundo de que firmou os contratos mencionados no art. 57, se for o caso, e de que os mesmos se encontram à disposição da CVM; • nome do auditor independente; • inscrição do fundo no CNPJ; e • formulário padronizado com as informações básicas do fundo, conforme modelo disponível na página da CVM na rede mundial de computadores, devidamente preenchido.” A CVM cancelará o registro dos fundos abertos que, após 90 dias de sua abertura, mantiverem o patrimônio líquido médio diário inferior a R$300.000,00 pelo prazo de 90 dias consecutivos. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 26 A CVM cancelará o registro dos fundos fechados quando não for subscrito o número mínimo de cotas representativas do seu patrimônio inicial, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias. Nesse caso específico dos fundos fechados, se a CVM receber uma solicitação fundamentada poderá prorrogar o registro do fundo, uma única vez e por prazo não superior a 180 dias. O valor das cotas será dado pelo patrimônio líquido do fundo dividido pelo número de cotas. A precificação dos ativos será feita com base nos preços de fechamento. Entretanto, a regra diz que não há a necessidade de marcar a mercado os ativos, podendo, portanto, carregá-los pela curva. Calma, calma, calma, não vá ao fórum me perguntar...vou explicar o que é isso... Marcar a mercado um ativo é precificá-lo por seu preço verdadeiro. Ou seja, verificar qual foi o preço de fechamento e dizer que aquele valor é o preço do ativo para calcular o patrimônio líquido. Carregar pela curva seria, por exemplo, comprar um título que paga uma taxa de 12% ao ano e que vence daqui 800 dias. Logo, se você ficar com esse título por todo o tempo receberá o equivalente a 12% ao ano por 800 dias. Mas se você negociá-lo antes do prazo poderá ganhar mais do que 12% se a taxa de juros desse título cair e menos de 12% se subir. Portanto, quando carregamos pela curva estamos dando como preço do título amanhã, o preço dele hoje mais o proporcional de 12% ao ano para um dia. Outro fato importante é que se o fundo passar a ter um patrimônio líquido negativo, os cotistas deverão responder por essa perda. Ou seja, se você aplicar seus recursos em um fundo e esse fundo efetuar aplicações erradas e for necessário o aporte de recursos para saldar os prejuízos, você pode ser chamado a integralizar mais recursos. No entanto, isso somente é possível se o administrador e o gestor tiverem cumprido a política de investimentos e a política de concentração que consta no regulamento do fundo. Sobre a precificação das cotas a Instrução diz: “Art. 10 - As cotas do fundo correspondem a frações ideais de seu patrimônio, e serão escriturais e nominativas. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 27 § 1º O valor da cota do dia é resultante da divisão do valor do patrimônio líquido pelo número de cotas do fundo, apurados, ambos, no encerramento do dia, assim entendido, para os efeitos desta Instrução, o horário de fechamento dos mercados em que o fundo atue. § 2º As cotas do fundo conferirão iguais direitos e obrigações aos cotistas.” O regulamento do fundo pode prever um prazo de carência para resgate, com ou sem rendimento. Em geral, tal fato ocorre em fundos que possuem estratégias bem definidas e que necessitam de um tempopara escolher o melhor momento para desfazer a estratégia. Por exemplo, um fundo pode solicitar que o saque seja programado com 30, 60 e 904 dias de antecedência. O administrador de um fundo pode, a qualquer momento, suspender novas aplicações dos clientes. Isso, em geral, ocorre quando o fundo tem uma estratégia e que o grande volume de aplicações pode dificultar a manutenção desta com os ganhos obtidos. Logo, o administrador passa a não aceitar novos recursos, nem dos cotistas existentes nem de possíveis novos cotistas. O assunto é tratado da seguinte forma na Instrução CVM 409: “Art. 17 - É facultado ao administrador suspender, a qualquer momento, novas aplicações no fundo, desde que tal suspensão se aplique indistintamente a novos investidores e cotistas atuais. § 1º A suspensão do recebimento de novas aplicações em um dia não impede a reabertura posterior do fundo para aplicações. § 2º O administrador deve comunicar imediatamente aos intermediários sobre a eventual existência de fundos que não estejam admitindo captação. § 3º O fundo deve permanecer fechado para aplicações enquanto perdurar o período de suspensão de resgates.” 4 Eu, particularmente, já vi esses prazos de carência para fundos. No entanto, a Instrução diz que pode haver carência mas não define prazo nem máximo nem mínimo para a carência. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 28 Com relação a subscrição e distribuição de cotas, a Instrução informa: “Art. 19 - A distribuição de cotas de fundo aberto independe de prévio registro na CVM e será realizada por instituições intermediárias integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários. (grifo meu) Art. 20 - A distribuição de cotas de fundo fechado depende de prévio registro na CVM, na forma da Seção II deste Capítulo, e somente poderá ser realizada por instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários. (grifo meu) Art. 39 - O prospecto deve conter todas as informações relevantes para o investidor relativas à política de investimento do fundo e aos riscos envolvidos. § 1º O prospecto atualizado deve estar à disposição dos investidores potenciais durante o período de distribuição, nos locais em que esta for realizada, em número suficiente de exemplares. § 2º O administrador do fundo deverá encaminhar à CVM, em meio eletrônico através do Sistema de Envio de Documentos disponível na página da CVM na rede mundial de computadores, no prazo de 1 (um) dia útil, quaisquer alterações realizadas no prospecto, as quais serão colocadas à disposição para consulta pública.” A respeito do Regulamento do Fundo, alguns itens são obrigatórios. São eles: “Art. 41 - O regulamento deve, obrigatoriamente, dispor sobre: • qualificação do administrador do fundo; • quando for o caso, referência à qualificação do gestor da carteira do fundo; • qualificação do custodiante; • espécie do fundo, se aberto ou fechado; • prazo de duração, se determinado ou indeterminado; • política de investimento, de forma a caracterizar a classe do fundo; AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 29 • taxa de administração, fixa e expressa em percentual anual do patrimônio líquido (base 252 dias); • taxa de performance, de ingresso e de saída; • demais despesas do fundo; • condições para a aplicação e o resgate de cotas; • distribuição de resultados; • público alvo; • referência ao estabelecimento de intervalo para a atualização do valor da cota, quando for o caso; • exercício social do fundo; • política de divulgação de informações a interessados, inclusive as relativas à composição de carteira; • política relativa ao exercício de direito do voto do fundo, pelo administrador ou por seus representantes legalmente constituídos, em assembléias gerais das companhias nas quais o fundo detenha participação; e • informação sobre a tributação aplicável ao fundo e a seus cotistas.” Cabe ressaltar ainda que os Fundos deverão ter Assembléia Geral que será convocada pelo Administrador, com no mínimo, dez dias de antecedência e cada investidor terá o número de votos idêntico ao número das cotas que possui. O Administrador deve contratar obrigatoriamente uma auditoria independente para auditor o fundo de investimento e além disso, terá o direito de efetuar outras contratações que julgue necessárias. Quando uma instituição efetua a compra de ativos financeiros para seus fundos, em geral, eles colocam os recursos em um fundo e os fundos que nós temos acesso compram desse fundo. Em geral, é assim que funciona. Entretanto, a regra determina que haja uma identificação precisa do fundo que está adquirindo o ativo. O Regulamento do Fundo deverá estabelecer a taxa de administração a ser cobrada e o valor da taxa de performance, caso exista. Duas explicações são importantes nesse caso. A taxa de administração deverá incidir sobre o principal e rendimento e, não apenas sobre o rendimento como a grande maioria pensa. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 30 Sobre a Administração do Fundo, a Instrução dispõe que: “Art. 56 - A administração do fundo compreende o conjunto de serviços relacionados direta ou indiretamente ao funcionamento e à manutenção do fundo, que podem ser prestados pelo próprio administrador ou por terceiros por ele contratados, por escrito, em nome do fundo. § 1º Além do serviço obrigatório de auditoria independente (art. 84), o administrador poderá contratar, em nome do fundo, com terceiros devidamente habilitados e autorizados, os seguintes serviços, com a exclusão de quaisquer outros não listados: • a gestão da carteira do fundo; • a consultoria de investimentos; • as atividades de tesouraria, de controle e processamento dos títulos e valores mobiliários; • a distribuição de cotas; • a escrituração da emissão e resgate de cotas; • custódia de títulos e valores mobiliários e demais ativos financeiros; e • classificação de risco por agência especializada constituída no País. Art. 60 - As ordens de compra e venda de títulos e valores mobiliários e outros ativos disponíveis no âmbito do mercado financeiro e de capitais devem sempre ser expedidas com a identificação precisa do fundo de investimento em nome do qual elas devem ser executadas. Parágrafo único. Quando uma mesma pessoa jurídica administrar diversos fundos, será admitido o grupamento de ordens, desde que o administrador tenha implantado sistema que possibilite o rateio, entre os fundos, das compras e vendas feitas, através de critérios eqüitativos e preestabelecidos, devendo o registro de tal repartição ser mantido à disposição da CVM pelo período mínimo de 5 (cinco) anos. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 31 Art. 61 - O regulamento deve dispor sobre a taxa de administração, que remunerará todos os serviços indicados nos incisos I a V do § 1º do art. 56, podendo haver remuneração baseada no resultado do fundo (taxa de performance) nos termos desta Instrução, bem como taxa de ingresso e saída.” A taxa de performance é uma remuneração adicional que o administrador poderá ter direito caso venha a obter uma rentabilidade acima de um patamar previamente estabelecido. Suponha que uma empresa administre um fundo de ações. Se a rentabilidade superaro rendimento do IBOVESPA, o administrador poderá auferir parte do lucro que supera o IBOVESPA. Essa parcela que ele irá cobrar é a taxa de performance. Imagine que o IBOVESPA tenha rendido 10% em um período e que o fundo tenha rendido 14% nesse mesmo período. Se a taxa de performance for de 25%, caberá ao administrador receber 1% do patrimônio líquido do fundo. Com relação à taxa de performance, a Instrução dispõe que: “Art. 62 - O regulamento poderá estabelecer a cobrança da taxa de performance, ressalvada a vedação de que tratam os arts. 93, 94 e 95. § 1º A cobrança da taxa de performance deve atender aos seguintes critérios: • vinculação a um parâmetro de referência compatível com a política de investimento do fundo e com os títulos que efetivamente a componham; • vedação da vinculação da taxa de performance a percentuais inferiores a 100% do parâmetro de referência; • cobrança por período, no mínimo, semestral; e • cobrança após a dedução de todas as despesas, inclusive da taxa de administração. § 2º Ressalvado o disposto no parágrafo 4º deste artigo, é vedada a cobrança de taxa de performance quando o valor da cota do fundo for inferior ao seu valor por ocasião da última cobrança efetuada. § 3º É permitida a cobrança de ajuste sobre a performance individual do cotista que aplicar recursos no fundo posteriormente à data da AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 32 última cobrança, exclusivamente nos casos em que o valor da cota adquirida for inferior ao valor da mesma na data da última cobrança de performance efetuada. § 4º Os fundos destinados exclusivamente a investidores qualificados podem cobrar taxa de performance de acordo com o que dispuser o seu regulamento, estando dispensados de observar o disposto neste artigo.” Com relação à administração, a Instrução determina: Art. 66 - O administrador e o gestor da carteira do fundo devem ser substituídos nas hipóteses de: • descredenciamento para o exercício da atividade de administração de carteira, por decisão da CVM; • renúncia; ou • destituição, por deliberação da assembléia geral.” A CVM obriga que os administradores enviem para a sua base de dados, diariamente, o valor da quota do fundo em até dois dias úteis depois. Além disso, até o dia dez do mês subseqüente, o administrador deverá enviar os dados de toda a sua carteira. No entanto, esses dados serão mantidos em segredo no site da Instituição, pelo prazo de 90 dias. Tal fato é importante com o intuito de manter segredo sobre a estratégia utilizada pelo administrador. A respeito da divulgação dos dados do fundo, a Instrução CVM determina: “Art. 68 - O administrador do fundo está obrigado a: divulgar, diariamente, o valor da cota e do patrimônio líquido do fundo aberto; • remeter mensalmente aos cotistas extrato de conta contendo: • nome do fundo e o número de seu registro no CNPJ; • nome, endereço e número de registro do administrador no CNPJ; • nome do cotista; • saldo e valor das cotas no início e no final do período e a movimentação ocorrida ao longo do mesmo; AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 33 • rentabilidade do fundo auferida entre o último dia útil do mês anterior e o última dia útil do mês de referência do extrato; • data de emissão do extrato da conta; e • o telefone, o correio eletrônico e o endereço para correspondência. • disponibilizar as informações do fundo, inclusive as relativas à composição da carteira, no mínimo nos termos do art. 71 no tocante a peridiocidade, prazo e teor das informações, de forma equânime entre todos os cotistas. Art. 71 - O administrador deve remeter, através do Sistema de Envio de Documentos disponível na página da CVM na rede mundial de computadores, os seguintes documentos, conforme modelos disponíveis na referida página: • informe diário, no prazo de 2 (dois) dias úteis; • mensalmente, até 10 (dez) dias após o encerramento do mês a que se referirem: • balancete; • demonstrativo da composição e diversificação de carteira; e • perfil mensal. • anualmente, no prazo de 90 (noventa) dias, contados a partir do encerramento do exercício a que se referirem, as demonstrações contábeis acompanhadas do parecer do auditor independente. • formulário padronizado com as informações básicas do fundo, sempre que houver alteração do regulamento, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da assembléia que deliberar a alteração. § 1º O prazo de retificação das informações é de 3 (três) dias úteis, contados do fim do prazo estabelecido para a apresentação dos documentos.” A Instrução 409 tenta separar aqueles investidores que possuem algum tipo de entendimento maior sobre o mercado. É claro que isso não é algo simples, criar uma regra, em poucas linhas, que consegue separar aqueles que entendem daqueles que não entendem sobre o mercado. Isso é importante porque dessa forma, os administradores conseguem criar fundos mais arriscados e que serão “comprados” apenas por investidores que AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 34 possuem algum tipo de compreensão maior do mercado e tal fato poderá dar uma maior estabilidade ao fundo, principalmente em momentos de queda no mercado. Entretanto, a CVM definiu que são considerados qualificados os investidores que tiverem mais de R$300.000,00 aplicados e que se declararem qualificados. É óbvio que o fato de a pessoa ter mais do que esse valor em recursos no mercado não faz com que ela tenha compreensão do mesmo e nem que as pessoas que não possuam não entendam do mercado. Mas essa foi a regra utilizada para tentar fazer esse tipo de separação entre os investidores. Sobre investidores qualificados, a Instrução informa: “Art. 108 - Pode ser constituído fundo de investimento destinado, exclusivamente, a investidores qualificados. Art. 109 - Para efeito do disposto no artigo anterior, são considerados investidores qualificados: • instituições financeiras; • companhias seguradoras e sociedades de capitalização; • entidades abertas e fechadas de previdência complementar; • pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio, de acordo com o Anexo I; • fundos de investimento destinados exclusivamente a investidores qualificados; e • administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios. § 1º Poderão ser admitidos, como cotistas de um fundo para investidores qualificados, os empregados e/ou sócios das instituições administradoras ou gestoras deste fundo, expressamente autorizados pelo diretor responsável da instituição perante a CVM. § 2º É permitida a permanência, em fundos para investidores qualificados, de cotistas que não se enquadrem nos incisos deste artigo, desde que tais cotistas tenham ingressado até a data de AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 35 vigência desta Instrução e em concordância com os critérios de admissão e permanência anteriormente vigentes. § 3º Os requisitos a que se refere o "caput" deverão ser verificados, pelo administrador ou pelo intermediário, no ato de cada aplicação em fundo de investimento de que o investidornão seja cotista, sendo certo que a perda da condição de investidor qualificado não implica a exclusão do cotista do fundo de investimentos.” Existem fundos de investimentos que são feitos com o intuito de adquirir cotas de outros fundos. Esses fundos possuem algumas poucas regras adicionais e são chamados de Fundo de Investimento em cotas de Fundos de Investimentos. Sobre os Fundos de Investimento em cotas de Fundos de Investimentos, dispõe que: “Art. 112 - O fundo de investimento em cotas de fundos de investimento deverá manter, no mínimo, 95% (noventa e cinco por cento) de seu patrimônio investido em cotas de fundos de investimento de uma mesma classe, exceto os fundos de investimento em cotas classificados como "Multimercado", que podem investir em cotas de fundos de classes distintas. § 1º Os restantes 5% (cinco por cento) do patrimônio do fundo poderão ser mantidos em depósitos à vista ou aplicados em: • títulos públicos federais; • títulos de renda fixa de emissão de instituição financeira; • operações compromissadas, de acordo com a regulação específica do Conselho Monetário Nacional - CMN. § 2º Deverá constar da denominação do fundo a expressão "Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento" acrescida da classe dos fundos investidos de acordo com regulamentação específica. AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 36 § 3º Os percentuais referidos neste artigo deverão ser cumpridos diariamente, com base no patrimônio líquido do fundo do dia imediatamente anterior.” Há um especial interesse sobre os fundos, principalmente se você puder definir qual o investimento que determinado fundo possuirá e isso se deve a aspectos tributários. Sempre que você efetuar um investimento e precisar trocar esse investimento ou sacar seus recursos, você deverá pagar o imposto. Para isto serve um Fundo Exclusivo. Se você compra uma ação da VALE e no dia seguinte ela sobe e você deseja trocar essas ações por ações da PETROBRÁS, você deverá vender as ações da VALE e comprar as ações da PETROBRÁS. Caso esteja operando por conta própria, será apurado o lucro e cobrado um imposto de 15% sobre o lucro. Se essa operação ocorrer dentro de um Fundo qualquer, a mesma pessoa não precisará pagar o imposto pois não foi efetuada a retirada, o saque do fundo. Para isso, pessoas mais abastadas costumam construir Fundos Exclusivos pois podem definir os critérios de aplicação dos recursos. Sobre Fundos Exclusivos, a Instrução CVM 409, determina: “Art. 116 - Os fundos classificados como "Exclusivos" são aqueles constituídos para receber aplicações exclusivamente de um único cotista. § 1º Somente investidores qualificados poderão ser cotistas de fundos exclusivos. § 2º Os fundos classificados como "Previdenciários" são os fundos exclusivos constituídos para receber aplicações exclusivamente de Fundos de Investimentos e Fundos de Aposentadoria Programada Individual – FAPI, planos de previdência complementar aberta, de seguros de vida com cobertura por sobrevivência e de entidades fechadas de previdência privada.” AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 37 28. Clubes de Investimento O Clube de Investimento é um condomínio formado por pessoas físicas5 com o objetivo de aplicar seus recursos em títulos e valores mobiliários. Devem estar vinculados a um Banco de Investimento, Corretora ou Distribuidora. Estes agentes serão os administradores do Clube. O Clube de Investimento possui CNPJ próprio, tem em sua nomenclatura, obrigatoriamente, o termo “Clube de Investimento”, deverá registrar na Bolsa de Valores, previamente, seu estatuto por meio da instituição a que estiver vinculado. Há a possibilidade de se aplicar no mercado de Derivativos utilizando-se de um Clube de Investimento. No entanto, existem restrições para essas aplicações. A vantagem de se aplicar em um Clube de Investimento é, preponderantemente, tributária. Quando você efetua uma aplicação direta na Bolsa, se houver uma alienação mensal superior a R$ 20.000,00 no mercado de ações ou de qualquer valor no mercado de derivativos, deverão ser apurados os lucros obtidos e pago um Imposto de Renda com alíquota de 15% sobre o lucro. Se for utilizado um Clube de Investimentos, o pagamento do Imposto de Renda ocorrerá apenas no saque dos recursos. Sendo assim, seu gestor6 poderá realocar as aplicações nos mais diferentes ativos sem que haja um pagamento de imposto sobre o lucro obtido na operação anterior. Se você abrir uma conta em uma corretora e comprar ações da VALE5 por R$ 40,00 e, posteriormente, vendê-las por R$ 49,90 poderá ter que pagar imposto. Poderá porque se o valor arrecadado com as vendas das ações, naquele mês, for inferior a R$ 20.000,00, não será devido nenhum imposto a 5 Pessoas jurídicas não podem participar de Clubes de Investimento. 6 Gestor de um Clube é, geralmente, um dos cotista e é a pessoa responsável por dar as ordens de compra e venda de ativos. Enquanto isso, administrador é o agente responsável perante o fisco e são aqueles agentes aos quais os Clubes estão vinculados (corretoras, distribuidoras ou bancos de investimento). AULA 04 CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – CEF - 2014 PROFESSORES CÉSAR FRADE Prof. César de Oliveira Frade www.pontodosconcursos.com.br 38 menos que sejam operações Day-trade7. Se o valor superar R$ 20.000,00 será paga a alíquota de 15% sobre o lucro total. Caso a mesma operação seja veiculada em um Clube de Investimento, o gestor poderá vender as ações da VALE5 com lucro e, posteriormente, comprar qualquer outro ativo sem que seja necessário efetuar o pagamento de Imposto de Renda. Essa pagamento será feito apenas quando algum dos cotistas solicitar o resgate de suas cotas e na alíquota de 15% sobre o lucro obtido desde que efetuou o aporte de recursos. Eram admitidas até 150 pessoas em um Clube de Investimento. No entanto, como esses veículos possuem regras bem mais simples e baratas do que os Fundos de Investimento, vários administradores estavam montando seus Clubes, sendo seus gestores e alienando cotas. Com isso, a CVM optou por reduzir esse número para, no máximo, 50 pessoas. Entretanto, se um Clube de Investimento for integrado exclusivamente por empregados ou servidores de uma mesma empresa, não precisará observar o limite máximo de 50 cotistas. Haverá, anualmente, uma Assembléia Geral convocada pelo Administrador do Clube em que serão discutidos aspectos relevantes ao Clube de Investimento. Poderão ser gestores, isoladamente ou em conjunto, entidade integrante do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários, pessoas físicas ou jurídicas, contratadas pelo Clube ou representante dos condôminos. O Clube de Investimento deverá fornecer à Bolsa de Valores em que seja registrado, pelo menos, as seguintes informações: • o número de participantes, bem como o de adesões e retiradas ocorridas em cada mês; • valor do patrimônio líquido e da cota, ao final de cada mês8; • tipo de administração da carteira; • distribuição das aplicações - ações, debêntures conversíveis em ações, mercado a futuro, de opções, a termo e outros valores. 7 Operações em que a compra e a venda dos ativos ocorrem no mesmo dia. 8 Observe que as informações do Clube são enviadas à Bolsa mensalmente, enquanto que nos Fundos há o envio diário, mesmo que com dois dias de atraso, no máximo. AULA 04 CONHECIMENTOS
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