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Aula 00 Direito Empresarial p/ DPU (Defensor Público da União) - Com videoaulas Professor: Paulo Guimarães DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares AULA 00 FUNDAMENTOS DO DIREITO EMPRESARIAL. TEORIA DA EMPRESA. REGISTRO DE EMPRESA. Sumrio Sumrio ................................................................................................. 1 1 Ð Consideraes Iniciais ......................................................................... 2 2 Ð Fundamentos do Direito Empresarial ..................................................... 3 2.1. Origens do Direito Comercial ............................................................ 3 2.2. Nomenclatura ................................................................................ 4 2.3. Princpios do Direito Empresarial ...................................................... 5 2.4. Fontes do Direito Empresarial .......................................................... 7 3 Ð Teoria da Empresa ............................................................................. 8 3.1. Teoria dos Atos de Comrcio e Teoria da Empresa .............................. 8 3.2. Empresa e Empresrio ................................................................... 10 3.3. Empresrio individual e sociedade empresria ................................... 12 3.4. Capacidade .................................................................................. 14 3.5. Impedimentos .............................................................................. 16 3.6. Excludos do conceito ..................................................................... 19 4 Ð Obrigaes do Empresrio .................................................................. 24 4.1. Registro de Empresa ...................................................................... 24 4.2. Escriturao Contbil ..................................................................... 30 4.3. Sigilo empresarial .......................................................................... 33 5 Ð Questes ......................................................................................... 34 5.1. Questes sem comentrios ............................................................. 34 5.2. Gabarito ...................................................................................... 41 5.3. Questes comentadas .................................................................... 42 6 - Resumo da Aula ................................................................................ 55 7 Ð Jurisprudncia Aplicvel ..................................................................... 60 8 - Consideraes Finais .......................................................................... 61 DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares AULA 00 - FUNDAMENTOS DO DIREITO EMPRESARIAL. TEORIA DA EMPRESA. REGISTRO DE EMPRESA. 1 Ð Consideraes Iniciais Ol, futuro defensor pblico federal! um prazer estar com voc nesta aula inicial do nosso curso de Direito Empresarial para o concurso da Defensoria Pblica da Unio. Meu nome Paulo Guimares, sou Auditor Federal de Finanas e Controle da Controladoria-Geral da Unio, e professor de Direito Empresarial no Estratgia. Ao longo do nosso curso estudaremos juntos a matria de Direito Empresarial com foco no seu concurso, por meio da explanao direta e objetiva da legislao, da doutrina e da jurisprudncia aplicveis. Alm disso, resolveremos centenas de questes que nos ajudaro a solidificar os conhecimentos adquiridos no seu estudo. Desde j quero deixar claro que voc no precisa de nenhum outro material alm das nossas aulas para estudar. Isso mesmo! Aqui voc encontra tudo aquilo que precisa para acertar as questes da prova, e, alm disso, se voc tiver alguma dvida estarei sua disposio no nosso frum e tambm no e- mail e nas redes sociais. Nossas aulas em PDF esto distribudas de acordo com o cronograma a seguir, que buscarei seguir risca. Aula 0 O empresrio. 14/7 Aula 1 Nome empresarial. Estabelecimento empresarial. 24/7 Aula 2 Sociedades de fato e de direito. A responsabilidade dos scios. A personalidade jurdica. A desconsiderao da personalidade jurdica. Fim da personalidade jurdica. Empresa individual de responsabilidade limitada. Liquidao das sociedades. Da transformao. Da incorporao. Da fuso. Da ciso das sociedades. 5/8 Aula 3 Sociedade Limitada 12/8 Aula 4 Sociedade Annima. Lei n. 6.404/1976 e suas alteraes (Lei das sociedades por aes). 19/8 Aula 5 Efeitos da falncia sobre os scios. 26/8 DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Aula 6 Teoria geral dos ttulos de crditos. Letra de cmbio. Cheque. Nota promissria. Duplicata. Aceite. Aval. Endosso. Protesto. Prescrio. Aes cambiais. 5/9 2 Ð Fundamentos do Direito Empresarial 2.1. Origens do Direito Comercial O comrcio muito mais antigo que o prprio Direito Comercial. A atividade mercantil surgiu na Antiguidade, e fez parte da realidade de inmeras civilizaes ao longo da Histria da humanidade. Na Idade Antiga, porm, apesar de at termos notcia de normas esparsas aplicveis atividade, no podemos dizer que existia um Direito Comercial, ao menos no no sentido de regime jurdico sistematizado com regras e princpios prprios. Em Roma havia normas aplicveis mercancia, mas estas faziam parte do direito privado comum, ou seja, do direito civil. Por outro lado, durante a Idade Mdia o comrcio atingiu um estgio mais avanado, e a podemos apontar a origem de um regime jurdico prprio das relaes mercantis, em especial a partir do ressurgimento das cidades (burgos) e do chamado Renascimento Mercantil. A realidade, porm, era bastante peculiar, pois a Idade Mdia, como voc j deve saber, foi marcada pela descentralizao poltica, e por isso no era vivel o surgimento de um regime jurdico aplicvel em muitas localidades ao mesmo tempo, j que cada local contava com seu prprio poder poltico. Tal fenmeno levou ao surgimento de regramentos derivados dos usos e costumes mercantis, preenchendo assim o vcuo normativo diante da efervescncia da atividade comercial. nesse perodo inicial que surgem institutos prprios do Direito Comercial, como os ttulos de crdito (letras de cmbio), as sociedades (comendas), os contratos mercantis (contratos de seguro) e os bancos. O Direito Comercial surgiu, portanto, com carter marcadamente subjetivista. Era o Direito dos membros das corporaes, sempre a servio do comerciante, ou, em outras palavras, como um arcabouo jurdico que se aplicada aos mercadores filiados a determinada corporao. Como voc pode perceber, era um direito feito pelos comerciantes para os comerciantes. Cada corporao elegia seus cnsules, responsveis pela aplicao do regime adotado. Aps o Renascimento Mercantil, o comrcio foi se intensificando e esse sistema de jurisdio especial se difundiu das cidades italianas para toda a Europa, chegando Frana, Inglaterra, Espanha e Alemanha. Esse fenmeno levou tambm ampliao da competncia dos tribunais consulares, alcanando negcios realizados entre comerciantes matriculados e no comerciantes, por exemplo. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Na medida em que a Idade Mdia ia chegando ao fim, foram surgindo os grandes Estados Nacionais monrquicos, cada um sob o poder de um monarca absoluto, que centralizava em si todaa ordem jurdica qual estavam submetidos seus sditos, fossem eles comerciantes ou no. As corporaes de ofcio foram, pouco a pouco, perdendo o monoplio da jurisdio mercantil, que foi sendo reivindicada pelos Estados. Os tribunais de comrcio, portanto, passaram, ao longo do tempo, a ser atribuio do poder estatal. Em 1804 foi editado na Frana o Cdigo Civil, e, logo em seguida, em 1808, o Cdigo Comercial. Podemos dizer que, a partir da o Direito Comercial passou a ser definitivamente considerado um sistema jurdico estatal, substituindo o antigo Direito Comercial de carter profissional e corporativista. 2.2. Nomenclatura A atividade precursora do ramo do Direito que estamos estudando foi o comrcio, e por isso a nomenclatura Direito Comercial consagrada e tradicionalmente aceita no meio acadmico e profissional. Hoje, porm, h outras atividades negociais que vo alm do comrcio e que tambm devem ser disciplinadas, como a indstria, os bancos, a prestao de servios, entre outras. O tradicional Direito Comercial, portanto, passou a no se ocupar apenas do comrcio, mas de praticamente qualquer atividade econmica exercida com profissionalismo, intuito lucrativo e finalidade de produzir ou fazer circular bens ou servios. Por isso muitos sustentam que, diante dessa nova realidade, seria mais adequado utilizar a expresso Direito Empresarial. Este caminho j vem sendo h alguns anos acolhido pela Doutrina, de forma que boa parte das obras hoje j tratam do Direito Empresarial, assim como as faculdades de Direito, que, em muitos lugares, promoveram alteraes na nomenclatura de suas disciplinas. No se pode dizer, porm, que a adoo da nova nomenclatura unnime, tanto que autores importantes, a exemplo de Fbio Ulhoa Coelho e Waldo Fazzio Junior, at hoje atualizam seus manuais utilizando a nomenclatura Direito Comercial. No mundo dos concursos pblicos a nomenclatura Direito Empresarial j adotada quase unanimemente. muito raro que apaream editais de concurso cobrando a disciplina chamando-a de Direito Comercial. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares 2.3. Princpios do Direito Empresarial O Direito Empresarial nada mais do que o ramo do Direito Privado que disciplina o exerccio de atividade econmica organizada. Como ramo autnomo do Direito, esta disciplina tambm conta com principiologia prpria, que estudaremos agora. Ateno, aqui, pois, como voc sabe, no mundo jurdico h uma notvel proliferao de princpios, e por isso no possvel e nem desejvel que abarquemos absolutamente todos os princpios aplicveis ao Direito Empresarial. Nossa misso estudar os mais consagrados. A livre iniciativa um dos valores bsicos do capitalismo e considerada por muitos como o princpio fundamental do Direito Empresarial, j que a atividade econmica organizada em geral surge da iniciativa de um particular. Alm disso, a prpria Constituio Federal de 1988 elege a livre iniciativa como um dos fundamentos da ordem econmica brasileira. Segundo Fbio Ulhoa Coelho, o princpio da livre iniciativa se desdobra em quatro condies fundamentais para o funcionamento eficiente do modo de produo capitalista: a)! Imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade tenha acesso aos bens e servios de que necessita; b)!Busca do lucro como principal motivao dos empresrios; c)! Necessidade jurdica de proteo do investimento privado; e PRINCêPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL Liberdade de iniciativa Liberdade de concorrncia Garantia de defesa da propriedade privada Preservao da empresa DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares d)!Reconhecimento da empresa privada como polo gerador de empregos e de riquezas para a sociedade. A liberdade de concorrncia tambm um princpio previsto na Constituio Federal, em seu art. 170. Art. 170. A ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social, observados os seguintes princpios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - funo social da propriedade; IV - livre concorrncia; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servios e de seus processos de elaborao e prestao; VII - reduo das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administrao no Pas. Pargrafo nico. assegurado a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica, independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos previstos em lei. H no Brasil uma srie de rgos pblico que tm por objeto a defesa da concorrncia. Estamos falando principalmente do Conselho Administrativo de Defesa Econmica (CADE), que tem a misso de assegurar a liberdade nos mercados, evitando que haja domnio excessivo por parte de um ou poucos players. Trabalho semelhante tambm feito por algumas agncias reguladoras, que tambm se ocupam da proteo do consumidor e do mercado. A propriedade privada tambm est elencada pelo art. 170 da Constituio como um princpio da ordem econmica, e sua defesa pressuposto do regime capitalista de livre mercado. O princpio da preservao da empresa, por sua vez, um dos mais alardeados pela doutrina especializada na atualidade. A difuso desse princpio levou a relevantes alteraes legislativas nos ltimos anos, como o caso da Lei n. 11.101/2005, a famosa Lei de Falncia e Recuperao de Empresas. Basicamente tal princpio se fundamenta na funo social da empresa, considerando que h interesse social em sua preservao. A circulao de bens e servios interessante para a sociedade como um todo, pois movimenta a economia do pas, gerando emprego e renda e, por isso, mesmo diante de situaes de crise, como a falncia, deve-se buscar ao mximo preservar a empresa. por isso que a Lei n. 11.101/2005 d preferncia, por exemplo, DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares alienao do estabelecimento empresarial por completo, de forma a possibilitar a continuidade do negcio sob nova administrao. 2.4. Fontes do Direito Empresarial As fontes materiais do Direito Empresarial, ou seja, os fatores que influenciam e determinam a criao de normas jurdicas, so notadamente os fatores econmicos. Como ramo prprio da atividade organizada de circulao de bens e servios, nada mais natural do que imaginar que os fatores econmicos devem, em muito, influenciar a criao de normas de natureza empresarial. As fontes formais, que so a forma pela qual as normas jurdicas se manifestam, so principalmente os dispositivos legais aplicveis ao Direito Empresarial. Tradicionalmente, as principais normas deste tipo esto previstas no Cdigo Comercial, mas aps a edio do Cdigo Civil de 2002, o Cdigo Comercial passou a conter apenas as normas que regulamentam o comrcio martimo. Hoje, portanto, as principais normas que regem a atividade empresarial esto no Cdigo Civil, mais precisamente do art. 966 ao art. 1.195. Alm do Cdigo Civil e do que sobrou do antigo Cdigo Comercial, temos ainda algumas importantes leis que regulamentam aspectos fundamentais da matria empresarial, a exemplo da Lei n. 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Aes), Lei n. 8.934/1996 (Leido Registro de Empresa), Lei Complementar n. 123/2006 (trata das microempresas e empresas de pequeno porte), Lei n. 11.101/2005 (Lei de Falncias e Recuperao de Empresas). H ainda um nmero relevante de tratados internacionais que tratam de matria empresarial, como a Conveno da Unio de Paris e os Acordos TRIPS, que orientam nossa Lei de Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/1996), bem como a Lei Uniforme de Genebra, incorporada ao nosso ordenamento pelos Decretos n. 57.595/1966 e n. 57.663/1966. Como fontes formais subsidirias podemos citar ainda os usos e costumes mercantis. Essas fontes tm especial importncia em razo da origem histrica do Direito Empresarial, e surgem quando so preenchidos alguns requisitos bsicos. Normalmente se exige que a prtica seja uniforme, constante, observada por certo perodo de tempo, exercida de boa-f e no contrria lei. Por fim, podemos dizer que as normas civis so fontes subsidirias do Direito Empresarial. O Direito Civil o ramo residual por excelncia no Direito Privado, e por isso, na falta de norma especificamente aplicvel atividade empresarial, natural que se tente encontrar soluo nas normas civis. Isso acontece notadamente nos campos das obrigaes e dos contratos. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares 3 Ð Teoria da Empresa 3.1. Teoria dos Atos de Comrcio e Teoria da Empresa A codificao napolenica dividiu claramente o Direito Civil do Direito Comercial, colocando de um lado os interesses da nobreza fundiria, com foco na propriedade privada, e do outro os interesses da burguesia, valorizando a riqueza mobiliria. Como o Direito Comercial surgiu na condio de ramo especializado do Direito Privado, podemos dizer que havia a necessidade de delimitar seu objeto, ao qual seria aplicado o regime jurdico especial destinado a regulamentar as atividades mercantis. Para resolver esse problema os doutrinadores franceses criaram a chamada Teoria dos Atos de Comrcio. Basicamente a teoria buscava delimitar a atividade comercial com base numa lista de atos que seriam considerados de natureza comercial. Se as relaes no envolvessem esses atos, seriam regidas pelo Direito Civil. Em alguns pases esses atos foram descritos em suas caractersticas bsicas, e em outros foram exaustivamente tipificados, mas devemos identificar nessa mudana histrica uma evoluo importante: a atividade mercantil deixou de ser vinculada apenas a pessoas, passando a ganhar contornos fticos prprios. Com a codificao napolenica e o desenvolvimento da Teoria dos Atos de Comrcio, o Direito Comercial deixou de ser ligado pessoalmente dos membros das corporaes de ofcio, passando por um processo de objetivao. Obviamente esse sistema enfrentou uma srie de dificuldades ao longo do tempo, seja em razo das atividades que foram surgindo sem enquadramento nos atos de comrcio, seja em razo das definies legais que no se amoldavam a uma realidade em constante mudana, como o caso da atividade mercantil. Outro problema se relacionada aos atos unilateralmente comerciais, ou seja, os atos praticados entre duas partes, no qual apenas uma delas comerciante, como a venda de produtos a consumidores, por exemplo. Nesses casos costumava-se dizer que deveriam ser aplicadas as regras do Direito Comercial, que gozava de vis atractiva. Mesmo diante dessas crticas, a Teoria dos Atos de Comrcio foi adotada por quase todas as codificaes ocidentais do Sculo XIX, inclusive pelo Cdigo Comercial brasileiro de 1850. O Cdigo Comercial definiu comerciante como aquele que exercia a mercancia de forma habitual, como sua profisso. Embora o prprio Cdigo no dissesse exatamente o que era considerado mercancia, isso foi feito pelo Regulamento n. 737, tambm de 1850, posteriormente seguido por outras normas ordinrias que contriburam para a criao do confuso sistema brasileiro. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Em 1942, com a aprovao de um novo Cdigo Civil na Itlia, surgiu a Teoria da Empresa. O referido Cdigo promoveu a unificao formal do Direito Privado, no definindo, a priori, o que seria empresa. Para essa teoria, o Direito Comercial no se limitaria apenas a regular as relaes jurdicas em que ocorra a prtica de determinado ato definido em lei, mas sim uma forma especfica de exercer atividade econmica: a forma empresarial. Qualquer atividade, portanto, desde que exercida empresarialmente, estaria submetida aos regulamentos do Direito Empresarial. O Cdigo Civil italiano de 1942 deriva dos escritos de Alberto Asquini, segundo o qual a empresa deveria ser encarada como um fenmeno econmico polidrico, com quatro perfis distintos: a)!Perfil subjetivo. A empresa seria uma pessoa (fsica ou jurdica), ou seja, o prprio empresrio; b)!Perfil funcional. A empresa seria uma Òparticular fora em movimento que a atividade empresarial dirigida a um determinada escopo produtivoÓ; c)! Perfil objetivo. A empresa seria um conjunto de bens afetados ao exerccio da atividade econmica desempenhada, ou seja, o estabelecimento empresarial; d)!Perfil corporativo. A empresa seria uma comunidade laboral, uma instituio que rene o empresrio e seus auxiliares ou colaboradores, ou seja, um Òncleo social organizado em funo de um fim econmico comumÓ. Teoria da Empresa de Alberto Asquini PERFIL SUBJETIVO A empresa é o empresário PERFIL FUNCIONAL A empresa é uma atividade PERFIL OBJETIVO A empresa é um conjunto de bens PERFIL CORPORATIVO A empresa é uma comunidade laboral DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Essa ltima acepo s fazia sentido no regime fascista em que vivia a Itlia poca de Asquini1, mas os trs perfis (subjetivo, funcional e objetivo) se referem, respectivamente, a trs realidades distintas, mas perfeitamente relacionadas: o empresrio, a atividade empresarial e o estabelecimento empresarial. Aqui vale ainda mencionar a Teoria do Feixe de Contratos, do autor britnico Ronald Coase, segundo o qual a empresa se revelaria num verdadeiro feixe de contratos, por meio do qual o empresrio tem a segurana necessria para organizar os fatores de produo e buscar a reduo dos custos de transao. O fato que a definio de empresa tarefa complexa, at hoje no resolvida satisfatoriamente por nosso ordenamento. O prprio legislador por vezes faz confuses, ora utilizando o termo ÒempresaÓ para referir-se ao prprio empresrio, ora para referir-se atividade por ele desempenhada e, em outros momentos, referindo-se ao estabelecimento empresarial. Fato que o fenmeno empresarial complexo, envolvendo a articulao dos fatores de produo (natureza, trabalho, capital e tecnologia) para atendimento das necessidades do mercado (produo e circulao de bens e servios). A partir da superao da Teoria dos Atos de Comrcio e da adoo da Teoria da Empresa como critrio delimitador do mbito de incidncia do regime jurdico empresarial, o fenmeno empresa termina sendo absorvido com o sentido tcnico jurdico de atividade econmica organizada. A partir da vai ficar mais fcil entender o que o empresrio (aquele que exerce profissionalmente atividade econmica organizada) e o que o estabelecimento empresarial (complexo de bens usado par ao exerccio de uma atividade econmica organizada). 3.2. Empresa e Empresrio O Cdigo Civil de 2002, a partir da ideia de unificao do Direito Privado, adotou a moderna teoria da empresa, em substituio antiga teoria dos atos de comrcio,e por isso em seus dispositivos percebemos claramente o uso das expresses empresa e empresrio, em vez de atos de comrcio e comerciante, como ocorria na legislao anterior. Caso esse contedo ainda esteja meio ÒnebulosoÓ para voc, relembro que, segundo a teoria dos atos de comrcio, estariam submetidas s regras do Cdigo Comercial todos os que praticassem atividades que o ordenamento jurdico classificasse como atos de comrcio. Em outras palavras, podemos dizer que o Cdigo Comercial trazia uma lista de atividades que eram consideradas comrcio. 1 Isso o que diz o professor Andr Luiz Santa Cruz Ramos, em sua obra Direito Empresarial Esquematizado (p. 11). DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares A partir do novo Cdigo Civil, porm, nosso ordenamento adotou a teoria da empresa, segundo a qual a empresa seria um fenmeno econmico polidrico, correspondendo atividade econmica organizada para a produo ou para a circulao de bens ou de servios. O Cdigo Civil de 2002 adotou a teoria da empresa, e no a teoria dos atos de comrcio. Quero ainda deixar claro que muito comum que faamos uso da palavra ÒempresaÓ nos referindo ao estabelecimento empresarial, mas, apesar de a prpria legislao nacional causar essa confuso em diversas ocasies, do ponto de vista tcnico este um uso inadequado do termo. Na realidade, empresa atividade, e quem a exerce empresrio, seja uma pessoa natural ou um conjunto de pessoas. O Cdigo Civil no define especificamente o que empresa. Por outro lado, podemos definir o que empresa a partir do conceito de empresrio, este sim presente no Cdigo Civil de 2002. Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Podemos dizer, portanto, que empresrio (pessoa) aquele que exerce empresa (atividade). Decompondo o conceito do Cdigo Civil, podemos identificar trs principais elementos. S ser empresrio aquele que exercer atividade econmica de forma profissional, fazendo dessa atividade sua profisso habitual. Quem no EMPRESÁRIO Produção ou circulação de bens ou serviços Profissio- nalmente Atividade econmica organizada DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares exerce atividade econmica de forma habitual, portanto, no alcanado pelo regime jurdico empresarial. Alguns autores mencionam ainda a necessidade de essa atividade ser composta por uma sucesso contnua de aes no sentido da realizao do objeto, e no por apenas um ou alguns atos. O fato de a atividade empresarial se constituir em atividade econmica revela sua natureza relacionada obteno de riquezas apropriveis. O intuito do empresrio obter lucro. Caso contrrio, ele estar exercendo atividade de outra natureza. Alguns autores chamam ateno ainda para o carter oneroso da atividade empresarial: alm do intuito lucrativo, o empresrio tambm assume os riscos tcnicos e econmicos da atividade. Segundo Requio, caracteriza-se como o sujeito da atividade aquele que detm a iniciativa e o risco do seu exerccio2. Por fim, falamos na produo ou circulao de bens e servios. Isso significa que o empresrio articula fatores de produo (capital, mo de obra, insumos e tecnologia), organizando pessoas e meios para buscar os objetivos de seu empreendimento. Por outro lado, apesar de haver alguns autores que discordam, importante deixar claro que tambm possvel ser empresrio sozinho. No Brasil a figura do empresrio individual inclusive legalmente protegida. Fbio Ulhoa Coelho d interpretao mais especfica necessidade de organizao dos fatores de produo para o exerccio de atividade empresarial. Segundo o autor, o empresrio deve articular quatro diferentes fatores de produo: capital, mo de obra, insumos e tecnologia. Se no houver essa organizao, no poderemos falar no exerccio de atividade empresarial. 3.3. Empresrio individual e sociedade empresria J aprendemos que empresa a atividade econmica organizada, e essa atividade pode ser exercida tanto pela pessoa natural (tambm chamada de pessoa fsica) quanto pela pessoa jurdica. Nos dois casos estamos falando de empresrios: no caso da pessoa fsica temos o empresrio individual, enquanto a pessoa jurdica chamada de sociedade empresria. Na realidade a expresso Òempresrio individualÓ criticada pelos doutrinadores por ser redundante, mas para ns ser bastante til para ajudar a diferenciao dessas duas modalidades de empresa. Apenas para evitar confuso, quero deixar claro desde j que os scios que compem a sociedade empresria no so empresrios (ao menos no no sentido tcnico). O empresrio, neste caso, a prpria sociedade. A sociedade tem personalidade jurdica e, diante do ordenamento jurdico, capaz de ser titular de direitos e obrigaes. Para concluir a questo, podemos afirmar que empresrio gnero, do qual so espcies o empresrio individual e a sociedade empresria. 2 REQUIÌO, Rubens. Curso de direito comercial. 24. Ed. So Paulo: Saraiva, 2000, v. 1, p. 75. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Apenas para reforar a ideia, trago julgado do Superior Tribunal de Justia que reconhece a condio de no empresrios aos scios de sociedade empresria. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. INSOLVæNCIA CIVIL. OFENSA AOS ARTS. 458, II, E 515, 1¼, DO CPC. ALEGAAO GENRICA. INCIDæNCIA DA SòMULA 284/STF. OMISSAO. NAO-OCORRæNCIA. MANIFESTAAO DIRETA DO TRIBUNAL ACERCA DO PONTO PRETENSAMENTE OMISSO. JULGAMENTO DA CAUSA MADURA. APLICAAO EXTENSIVA DO ART. 515, 3¼, DO CPC. PEDIDO DE INSOLVæNCIA CIVIL MANEJADO CONTRA SîCIO DE EMPRESA. POSSIBILIDADE. AUSæNCIA DA FIGURA DO COMERCIANTE. RECURSO ESPECIAL NAO CONHECIDO. 1. A circunstncia de as razes recursais no declinarem com preciso em que consistiria a alegada ofensa legislao federal atrai a incidncia da Smula n¼ 284/STF. 2. De outra parte, no h no acrdo recorrido qualquer omisso apta a ensejar a sua nulidade, porquanto o Tribunal a quo se manifestou expressamente acerca do ponto pretensamente omisso. 3. No obstante o art. 515, 3¼, do CPC, utilize a expresso "exclusivamente de direito", na verdade no excluiu a possibilidade de julgamento da causa quando no houver necessidade de outras provas. O mencionado dispositivo deve ser interpretado em conjunto com o art. 330, o qual permite ao magistrado julgar antecipadamente a lide se esta versar unicamente sobre questes de direito ou, "sendo de direito e de fato, no houver necessidade de produzir prova em audincia". Assim, firmada a concluso adotada pelo Tribunal a quo na suficincia de elementos para julgar o mrito da causa, no pode esta Corte rev-la sem incursionar nas provas dos autos, o que vedado pela Smula 07/STJ. 5. A pessoa fsica, por meio de quem o ente jurdico pratica a mercancia, por bvio, no adquire a personalidade desta. Nesse caso, comerciante somente a pessoa jurdica, mas no o civil, scio ou preposto, que a representa em suas relaes comerciais. Em suma, no se h confundir a pessoa, fsica ou jurdica, que pratica objetiva e habitualmente atos de comrcio, com aquela em nome da qual estes so praticados. O scio de sociedade empresarial no comerciante, uma vez que a prtica de atos nessa qualidade so imputados pessoa jurdica qual est vinculada, esta sim, detentora de personalidade jurdica prpria.Com efeito, dever aquele sujeitar-se ao Direito Civil comum e no ao Direito Comercial, sendo possvel, portanto, a decretao de sua insolvncia civil. 6. Recurso especial no conhecido. Como a sociedade empresria conta com personalidade jurdica, tambm goza de patrimnio prprios, distinto do patrimnio dos scios que a integram. O empresrio individual, por sua vez, no goza dessa separao patrimonial, pois exerce a atividade empresarial diretamente. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Aqui vale mencionar tambm a Lei n. 12.441/2011, por meio da qual foi criada no Brasil a figura da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Essa modalidade empresarial veio atender a uma demanda histrica pela possibilidade de limitao patrimonial da entidade empresria que conte com apenas uma pessoa em seu quadro constitutivo. At ento havia previso legal apenas do exerccio de empresa individual, em que o patrimnio pessoal do empresrio se confundia com aquele destinado ao desempenho da atividade econmica. Com o advento da EIRELI, possvel a criao de entidade com patrimnio prprio, por meio do qual se desenvolve a atividade empresarial, independente do patrimnio pessoal do titular da empresa. 3.4. Capacidade Art. 972. Podem exercer a atividade de empresrio os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e no forem legalmente impedidos. EMPRESçRIO INDIVIDUAL Pessoa fsica No h separao entre o patrimnio da pessoa e o da empresa A pessoa fsica responde pessoalmente pelos direitos e obrigaes SOCIEDADE EMPRESçRIA Pessoa jurdica diferente das pessoas dos scios A sociedade conta com patrimnio prprio, diferente do dos scios A pessoa jurdica responde pelos direitos e obrigaes. A responsabilidade dos scios depende da modalidade de sociedade DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Em regra, a atividade empresarial pode ser exercida pessoalmente por quem for civilmente capaz. A capacidade civil, como normalmente considerada, est relacionada capacidade de exercer pessoalmente os direitos e deveres da ordem jurdica. Aquele que civilmente capaz pode praticar atos sem assistncia, como abrir uma conta num banco, contratar um servio, adquirir bens, etc. Os absoluta e relativamente incapazes podem praticar atos por meio da representao ou da assistncia. O exerccio da atividade empresarial, porm, pressupe a plena capacidade do empresrio. Por outro lado, o prprio Cdigo Civil prev a hiptese de emancipao do menor pbere (maior de 16 e menor de 18 anos) que possuir estabelecimento comercial, desde que este lhe fornea economia prpria, entendida como o conjunto de recursos resultantes dos esforos prprios ou das iniciativas tidas por uma pessoa sem a participao de outros. Este, apesar de menor de idade, ser considerado plenamente capaz perante a lei. Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada prtica de todos os atos da vida civil. Pargrafo nico. Cessar, para os menores, a incapacidade: I - pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento pblico, independentemente de homologao judicial, ou por sentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exerccio de emprego pblico efetivo; IV - pela colao de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existncia de relao de emprego, desde que, em funo deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia prpria. H ainda a previso legal de continuidade da atividade empresarial previamente existe pelo relativa ou absolutamente incapaz. Veja bem, o Cdigo Civil no autoriza que o menor de idade d incio atividade empresarial, mas apenas que, sob certas circunstncias, desenvolva uma empresa anteriormente existente. Art. 974. Poder o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herana. O incapaz, portanto, pode continuar empresa exercida por ele prprio quando era capaz (nos casos em que a incapacidade resultante de doena ou senilidade, por exemplo), por seus pais ou pelo autor de herana. Em qualquer desses casos, porm, a continuidade da empresa depende de autorizao judicial, e o incapaz dever ser representado ou assistido. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Em razo dos riscos envolvidos, os bens do incapaz que j existam antes que ele assuma a continuidade da empresa ficam protegidos em relao aos seus resultados. Perceba que tanto os casos de impedimento quanto a incapacidade civil no impedem que essas pessoas figurem como scios em sociedades empresrias. O raciocnio aqui muito simples: a sociedade empresria, e no o scio. necessrio, porm, assegurar-se de que o incapaz no tenha poderes de administrao, e que o capital esteja completamente integralizado. 3.5. Impedimentos Embora sejam plenamente capazes, algumas pessoas no podem exercer atividade empresarial em razo de outras circunstncias. o caso do falido, que no pode exercer empresa desde a falncia at a sentena que extingue suas obrigaes. Caso seja condenado por crime falimentar, o falido fica impedido at 5 anos aps a extino da punibilidade ou reabilitao penal. Vejamos o que dizem os dispositivos da Lei n. 11.101/2005, conhecida como Lei de Falncias. Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretao da falncia e at a sentena que extingue suas obrigaes, respeitado o disposto no ¤ 1o do art. 181 desta Lei. Pargrafo nico. Findo o perodo de inabilitao, o falido poder requerer ao juiz da falncia que proceda respectiva anotao em seu registro. [...] Art. 181. So efeitos da condenao por crime previsto nesta Lei: I Ð a inabilitao para o exerccio de atividade empresarial; II Ð o impedimento para o exerccio de cargo ou funo em conselho de administrao, diretoria ou gerncia das sociedades sujeitas a esta Lei; III Ð a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gesto de negcio. Os magistrados e membros do Ministrio Pblico tambm so impedidos de exercer atividade empresarial, nos termos da Constituio Federal. Art. 95, pargrafo nico. Aos juzes vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou funo, salvo uma de magistrio; II - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participao em processo; III - dedicar-se atividade poltico-partidria. IV receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei; (Includo pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares V exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao. [...] Art. 128, ¤ 5¼ Leis complementares da Unio e dos Estados, cuja iniciativa facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecero a organizao, as atribuies e o estatuto de cada Ministrio Pblico, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: a) vitaliciedade, aps dois anos de exerccio, nopodendo perder o cargo seno por sentena judicial transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse pblico, mediante deciso do rgo colegiado competente do Ministrio Pblico, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; c) irredutibilidade de subsdio, fixado na forma do art. 39, ¤ 4¼, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, ¤ 2¼, I; II - as seguintes vedaes: a) receber, a qualquer ttulo e sob qualquer pretexto, honorrios, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra funo pblica, salvo uma de magistrio; e) exercer atividade poltico-partidria; f) receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei. Os deputados e senadores no podem ser proprietrios, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurdica de direito pblico, ou nela exercer funo remunerada, conforme Constituio Federal. Art. 54. Os Deputados e Senadores no podero: I - desde a expedio do diploma: a) firmar ou manter contrato com pessoa jurdica de direito pblico, autarquia, empresa pblica, sociedade de economia mista ou empresa concessionria de servio pblico, salvo quando o contrato obedecer a clusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, funo ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissveis "ad nutum", nas entidades constantes da alnea anterior; II - desde a posse: a) ser proprietrios, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurdica de direito pblico, ou nela exercer funo remunerada; b) ocupar cargo ou funo de que sejam demissveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a"; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pblico eletivo. Alm disso, os servidores pblicos da Unio so proibidos de exercer o comrcio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditrio. Essas trs condies so justamente as dos componentes de sociedades empresrias que no se envolvem diretamente em seus negcios. Esta proibio se encontra na Lei n. 8.112/1990, conhecida como Estatuto dos Servidores Pblicos Civis da Unio. Art. 117. Ao servidor proibido: [...] X - participar de gerncia ou administrao de sociedade privada, personificada ou no personificada, exercer o comrcio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditrio; Para encerrarmos este tema, importante ainda que voc tenha em mente que o fato de algum ter exercido atividade empresarial irregularmente no a isenta das obrigaes contradas, alm de eventuais sanes administrativas cabveis. No h proibio no ordenamento ao exerccio de atividade empresarial por parte do analfabeto, mas obviamente ele precisar de procurador alfabetizado, que deve ter poderes constitudos por instrumento pblico. E se o impedido, ainda assim, exercer a atividade empresarial? Obviamente ele estar sujeito a sanes de natureza disciplinar e judicial, mas, nos termos do art. 973 do Cdigo Civil, dever responder pelas obrigaes contradas. Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade prpria de empresrio, se a exercer, responder pelas obrigaes contradas. Aquele que, mesmo impedido, exerce atividade empresarial, responder pelas obrigaes contradas. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares 3.6. Excludos do conceito 3.6.1. Profissionais Liberais e Artistas O critrio material previsto pelo art. 966 do Cdigo Civil de 2002 no se aplica a um conjunto de agentes econmicos, por fora do prprio dispositivo, que os exclui expressamente da atividade empresarial. Vamos relembrar!? Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios. Pargrafo nico. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. Alguns dos agentes mencionados pelo pargrafo nico exercem, na prtica, atividade econmica, mas mesmo assim no so considerados empresrios pelo legislador. Basicamente estamos falando do profissional liberal (profissional intelectual), da sociedade simples, de quem exerce atividade rural e da sociedade cooperativa3. No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com a ajuda de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. Apesar de produzirem produtos e servios, os profissionais liberais e artistas terminaram sendo excludos do conceito de empresrio porque suas atividades, ao menos em regra, no envolvem a organizao dos diversos fatores de produo. Em outras palavras, a atividade desenvolvida pelo prprio agente, que individualmente realiza todo o processo criativo. Por outro lado, o profissional liberal ou artista ser considerado empresrio se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. Estamos diante de um posicionamento doutrinrio bastante controverso, mas se o profissional, mesmo exercendo atividade intelectual, organizar os meios de produo, como capital, equipamentos e a prestao de terceiros, sua atividade perder o carter puramente pessoal. Sylvio Marcondes4 nos traz como exemplo um mdico que, ao realizar um diagnstico ou uma cirurgia, desenvolve atividade intelectual e, portanto, no 3 RAMOS, Andr Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 6. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 57. 4 MARCONDES, Sylvio. Questes de direito mercantil. So Paulo: Saraiva, 1977, p. 11. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares deveria ser considerado empresrio. Por outro lado, se este mesmo mdico incorpora sua prestao a organizao dos fatores de produo, como capital, trabalho e equipamentos num hospital, sua prestao perde o carter de pessoalidade, a ponto de o hospital ou a pessoa fsica que o organiza ser considerada como empresria. As sociedades simples, tambm chamadas de sociedades uniprofissionais, so aquelas constitudas por profissionais intelectuais cujo objeto justamente a explorao de suas profisses. o caso de uma sociedade de mdicos para prestao de servios mdicos, ou de uma sociedade de arquitetos para prestar servios de arquitetura. por essa unidade de propsito que elas so chamadas uniprofissionais, e no porque sejam constitudas por apenas uma pessoa, ok!? Muito cuidado aqui! No Cdigo Civil anterior essas eram chamadas de sociedades civis, justamente para diferencia-las das sociedades comerciais, mas o Cdigo Civil de 2002 as chama de sociedades simples. Vejamos como o Cdigo Civil as define em seu art. 982. Art. 982. Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Pargrafo nico. Independentementede seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa. O que define uma sociedade como simples ou empresria, portanto, o seu objeto social, que nada mais do que o conjunto das atividades s quais a sociedade se dedica. Essa regra, porm, tem duas excees, que so justamente a sociedade por aes (que sempre empresria) e a cooperativa (que sempre sociedade simples). 3.6.2. Peculiaridades das Sociedades de Advogados Importante tambm ressaltar que os advogados, ainda que organizem os fatores de produo para o desempenho de sua atividade, no exercem empresa, por fora do art. 5o do Cdigo de tica Profissional da Ordem dos Advogados do Brasil. Art. 5¼ O exerccio da advocacia incompatvel com qualquer procedimento de mercantilizao. A constituio de sociedade de advogados, que sempre uma sociedade simples, obedece a normas especficas, com o arquivamento dos seus atos constitutivos na Ordem dos Advogados do Brasil, conforme previso especfica DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares da Lei n. 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil). Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestao de servios de advocaciaou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. ¤ 1o A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurdica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. ¤ 2o Aplica-se sociedade de advogados e sociedade unipessoal de advocacia o Cdigo de tica e Disciplina, no que couber. ¤ 3¼ As procuraes devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que faam parte. ¤ 4o Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma rea territorial do respectivo Conselho Seccional. ¤ 5o O ato de constituio de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os scios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados inscrio suplementar. ¤ 6¼ Os advogados scios de uma mesma sociedade profissional no podem representar em juzo clientes de interesses opostos. ¤ 7o A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentrao por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razes que motivaram tal concentrao. A partir da Lei n. 13.247/2016 tambm possvel a criao de sociedade unipessoal de advocacia. um instituto que obedece mesma lgica bsica da EIRELI, mas obviamente sem o elemento empresarial, contando com apenas um titular para o exerccio da atividade. Esse instituto veio possibilitar que o advogado que atua sozinho tambm possa usufruir dos benefcios do regime Simples Nacional, regulamentado pela Lei Complementar n. 123/2006. At ento apenas as sociedades de advogados poderiam ser enquadradas no Simples, o que deixava muitos advogados de fora simplesmente porque preferiam atuar sozinhos. Mais uma vez chamo sua ateno para as peculiaridades das sociedades simples de advogados, objeto dos arts. 15 a 17 da Lei n. 8.906/1994. Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestao de servios de advocaciaou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. ¤ 1o A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurdica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. ¤ 2o Aplica-se sociedade de advogados e sociedade unipessoal de advocacia o Cdigo de tica e Disciplina, no que couber. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares ¤ 3¼ As procuraes devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que faam parte. ¤ 4o Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma rea territorial do respectivo Conselho Seccional. ¤ 5o O ato de constituio de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os scios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados inscrio suplementar. ¤ 6¼ Os advogados scios de uma mesma sociedade profissional no podem representar em juzo clientes de interesses opostos. ¤ 7o A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentrao por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razes que motivaram tal concentrao. Art. 16. No so admitidas a registro nem podem funcionar todas as espcies de sociedades de advogados que apresentem forma ou caractersticas de sociedade empresria, que adotem denominao de fantasia, que realizem atividades estranhas advocacia, que incluam como scio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa no inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. ¤ 1¼ A razo social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado responsvel pela sociedade, podendo permanecer o de scio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo. ¤ 2¼ O licenciamento do scio para exercer atividade incompatvel com a advocacia em carter temporrio deve ser averbado no registro da sociedade, no alterando sua constituio. ¤ 3¼ proibido o registro, nos cartrios de registro civil de pessoas jurdicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia. ¤ 4o A denominao da sociedade unipessoal de advocacia deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expresso ÔSociedade Individual de AdvocaciaÕ. Art. 17. Alm da sociedade, o scio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiria e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ao ou omisso no exerccio da advocacia, sem prejuzo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer. Em primeiro lugar voc deve lembrar que as sociedades de advogados devem ter seus atos constitutivos registrados no Conselho Seccional da OAB de onde tiver sede a sociedade. Alm disso, a sociedade no pode exercer a advocacia por conta prpria, devendo a procurao ser outorgada a advogado especfico, mencionando a sociedade da qual ele faz parte. Um mesmo advogado no pode compor mais de uma sociedade de advogados. Em outras palavras, um mesmo advogado s pode fazer parte de uma sociedade ou titularizar ou sociedade unipessoal. No possvel estar em mais de uma sociedade ou fazer parte de uma sociedade e titularizar uma sociedade unipessoal ao mesmo tempo. Essas vedaes, porm, esto restritas sede ou filial que se encontre na rea territorial do mesmo Conselho Seccional da OAB. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Por fim, temos as regras do art. 16, segundo o qual no pode haver registro de sociedades de advogados que apresentem formas ou caractersticas de sociedades empresrias, que adotem denominao de fantasia (denominao social ou nomede fantasia), que realizem atividades estranhas advocacia ou que icluam como scio ou titular pessoa no inscrita como advogado ou proibida de exercer a advocacia. O nome utilizado pela sociedade unipessoal de advocacia necessariamente o nome do titular, completo ou parcial, seguido da expresso ÒSociedade Individual de AdvocaciaÓ. 3.6.3. Atividade Rural O Cdigo Civil tambm exclui do conceito de empresrio os produtores rurais no registros no Registro Pblico de Empresas Mercantis. O legislador, atento diversidade terrotorial do pas, que comporta desde o produtor rural organizado em economia familiar e cuja atividade no possui qualquer organizao, at o SOCIEDADES DE ADVOGADOS Regulamentada pela Lei n. 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB) Sempre sociedade simples, e por isso no podem ter forma ou caractersticas de empresa No podem ter denominao de fantasia No podem realizar atividades estranhas advocacia Atos constitutivos registrados junto ao Conselho Seccional da OAB Procuraes devem ser outorgadas individualmente aos advogados, mencionando a sociedade O advogado no pode integrar mais de uma sociedade (unipessoal ou no) na rea do mesmo Conselho Seccional Os scios de uma mesma sociedade profissional no podem representar clientes de interesses opostos Denominao da sociedade unipessoal = nome do titular (completo ou parcial) + ÔSociedade Individual de AdvocaciaÕ. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares grande produtor rurcola, cuja produo desempenhada por diversos empregados, facultou ao ruralista optar pelo tratamento empresrio. Art. 971. O empresrio, cuja atividade rural constitua sua principal profisso, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus pargrafos, requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado, para todos os efeitos, ao empresrio sujeito a registro. 3.6.4. Cooperativas Como voc j sabe, a cooperativa nunca ser considerada empresria, independentemente de seu objeto. Isso ocorre basicamente porque a cooperativa no tem o intuito lucrativo, sendo constituda para prestar servios aos associados, nos termos do art. 4o da Lei n. 5.764/1971. A atividade econmica desenvolvida pela cooperativa, portanto, visa ao proveito comum dos cooperados. Se houver lucro, este ser dividido entre todos os cooperados. O produtor rural pode submeter-se ao regime jurdico empresarial, registrando-se no Registro Pblico de Empresas Mercantis, mas a cooperativa nunca ser considerada empresria, seja qual for seu objeto. 4 Ð Obrigaes do Empresrio 4.1. Registro de Empresa A primeira e elementar obrigao imposta pela lei ao empresrio (seja empresrio individual ou sociedade empresria) a inscrio no Registro Mercantil. Esse registro regulado pelos arts. 967 e 970 do Cdigo Civil. Art. 967. obrigatria a inscrio do empresrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do incio de sua atividade. A finalidade do registro dar garantia, publicidade, autenticidade, segurana e eficcia aos atos jurdicos das empresas, cadastrando aquelas que estejam em funcionamento no pas, nacionais e estrangeiras, e mantendo as informaes pertinentes. O registro uma obrigao legal imposta, como regra, a todos os empresrios, mas tome cuidado, pois essa regra conta com excees, das quais trataremos mais adiante. Alm dos empresrios, so tambm obrigados se registrarem DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares nas Juntas Comerciais os chamados agentes auxiliares do comrcio, profissionais diretamente ligadas ao meio empresarial, a exemplo dos leiloeiros, tradutores pblicos, administradores de armazns gerais e responsveis por armazns porturios (normalmente conhecidos como trapicheiros). Perceba que a obrigao deve ser cumprida antes do incio da atividade empresarial, apesar de no Brasil ser comum que o empresrio comece a negociar e somente depois busque ÒformalizarÓ seu negcio. Pois bem, devemos ainda salientar que, embora o registro seja uma formalidade legal obrigatria e necessria, no se trata de requisito para caracterizao da atividade empresarial. O empresrio obrigado a inscrever-se no Registro Pblico de Empresas Mercantis, mas a falta da inscrio no lhe retira a condio de empresrio e sua submisso ao regime jurdico empresarial. O empresrio irregular continua sendo empresrio, mas perde uma srie de privilgios decorrentes do regime jurdico empresarial, como a possibilidade de requerer a falncia de outro empresrio ou de beneficiar-se da recuperao de empresas. A sociedade empresarial no registrada ser considerada como sociedade em comum, e os scios respondero solidria e ilimitadamente pelas obrigaes da sociedade. H uma Junta Comercial em cada Estado e no Distrito Federal. Estes rgos so tecnicamente subordinados ao antigo Departamento Nacional de Registro do Comrcio (DNRC), hoje chamado de Departamento de Registro Empresarial e Integrao (DREI), mas fazem parte da Administrao Pblica estadual, com exceo da Junta Comercial do Distrito Federal, que tcnica e administrativa subordinada ao DREI. Os detalhes acerca da composio das Juntas Comerciais e dos procedimentos de registro constam na Lei n. 8.934/1994. Ainda quanto obrigao de inscrever-se, o Cdigo Civil a considera apenas uma faculdade para aquele cuja principal profisso a atividade rural. Este pode requerer inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficar equiparado ao empresrio sujeito a registro. Art. 968. A inscrio do empresrio far-se- mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domiclio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autgrafa que poder ser substituda pela assinatura autenticada com certificao digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do ¤ 1o do art. 4o da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; III - o capital; DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares IV - o objeto e a sede da empresa. Para fazer a inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis o empresrio individual precisa preencher os requisitos do art. 968. No caso da sociedade empresria, ser levado a registro seu ato constitutivo, que conter as informaes necessrias. A inscrio ser registrada em livro prprio, obedecendo nmero de ordem contnuo para todos os empresrios inscritos. Eventuais modificaes no registro sero averbadas margem da inscrio, com as mesmas formalidades. Art. 969. O empresrio que instituir sucursal, filial ou agncia, em lugar sujeito jurisdio de outro Registro Pblico de Empresas Mercantis, neste dever tambm inscrev-la, com a prova da inscrio originria. Filial o nome dado sociedade empresria que atua sob a direo e administrao de outra, chamada de matriz, mas mantm sua personalidade jurdica e seu patrimnio. Agncia, por sua vez, a empresa especializada em prestao de servios, que atua como intermediria no negcio. Por fim, a sucursal o ponto de negcio acessrio, responsvel por tratar dos negcios naquela localidade, e administrativamente subordinado ao ponto principal. Nos trs casos deve haver novo registro no local onde a filial, agncia ou sucursalfor estabelecida. Cabe aqui mencionar tambm a questo do domiclio do empresrio, que definido por seus atos constitutivos, por ocasio do registro na Junta Comercial. Por outro lado, voc tambm deve saber que a Smula 363 do STF determina que a pessoa jurdica de direito privado pode ser demandada no domiclio da agncia ou estabelecimento em que se praticou o ato. Se uma empresa com sede em So Paulo e filial em Pernambuco acionada judicialmente por um cliente, nada mais natural do que esse cliente buscar o Poder Judicirio no local onde se deu o negcio objeto da controvrsia, no mesmo? No seria razovel imaginar que ele seria obrigado a deslocar-se at So Paulo para mover ao judicial na sede da empresa. Smula 363 do STF A pessoa jurdica de direito privado pode ser demandada no domiclio da agncia, ou estabelecimento, em que se praticou o ato. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares 4.1.1. Lei de Registro Pblico de Empresas Mercantis (Lei n. 8.934/1994) Apesasr de o Cdigo Civil trazer algumas normas especficas sobre o registro empresarial, h uma lei especial que trata especificamente sobre o tema. Vremos agora alguns dos principais dispositivos da Lei n. 8.934/1994. Art. 1¼ O Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins, subordinado s normas gerais prescritas nesta lei, ser exercido em todo o territrio nacional, de forma sistmica, por rgos federais e estaduais, com as seguintes finalidades: I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurana e eficcia aos atos jurdicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no Pas e manter atualizadas as informaes pertinentes; III - proceder matrcula dos agentes auxiliares do comrcio, bem como ao seu cancelamento. [...] Art. 3¼ Os servios do Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins sero exercidos, em todo o territrio nacional, de maneira uniforme, harmnica e interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes rgos: I - o Departamento Nacional de Registro do Comrcio, rgo central Sinrem, com funes supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano tcnico; e supletiva, no plano administrativo; II - as Juntas Comerciais, como rgos locais, com funes executora e administradora dos servios de registro. O art. 3o criou o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), responsvel pela regulamentao do registro de empresa no Brasil. Esse sistema composto pelo Departamento Nacinoal de Registro do Comrcio (DNRC), na qualidade de rgo central do sistema, e pelas Juntas Comerciais, que so rgos estaduais, responsveis pela execuo dos servios. Atualmente as funes que eram conferidas ao DNRC cabem ao Departamento de Registro Empresarial e Integrao (DREI), que integra a estrutura da Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Apesar de serem rgos estaduais, as Juntas Comerciais esto tecnicamente vinculadas ao DREI. Apenas a Junta Comercial do Distrito Federal est submetida tcnica e administrativamente ao rgo central. interessante compreender essas vinculaes por diversas razoes, mas aqui chamo sua ateno para posicionamentos reiteradamente adotados pelo Superior Tribunal de Justia acerca da competncia para apreciar a impugnao de atos praticados pelas Juntas Comerciais. Se estivermos falando de matria administrativa, a competncia para processar julgar aes em que a Junta esteja no polo ativo ou passivo a Justia comum estadual. Por outro lado, se DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares tratar-se de matria tcnica relativa ao registro de empresa, a competncia passa a ser da Justia Federal, j que surge o interesse do DREI na causa. CONFLITO DE COMPETæNCIA. REGISTRO DE COMRCIO. As juntas comerciais esto, administrativamente, subordinadas aos Estados, mas as funes por elas exercidas so de natureza federal. Conflito conhecido para declarar competente o Juzo Federal da 3» Vara de Londrina - SJ/SP. STJ, 2a Seo, CC 43.225/PR, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 26.10.2005, DJ 01.02.2006, p. 425. JUNTAS COMERCIAIS. îrgos administrativamente subordinados ao Estado, mas tecnicamente autoridade federal, como elementos do sistema nacional dos Servios de Registro do Comrcio. Conseqente competncia da Justia Federal para o julgamento de mandado de segurana contra ato do Presidente da Junta, compreendido em sua atividade fim. STF - RE: 199793 RS, Relator: OCTAVIO GALLOTTI, Data de Julgamento: 04/04/2000, Primeira Turma, Data de Publicao: DJ 18-08-2000 PP-00093 EMENT VOL-02000-04 PP- 00954. Por outro lado, aparentemente o STJ vem alterando um pouco esse posicionamento, passando a entender que a Justia Federal competente para julgar esses processos somente nos casos em que a discusso diz respeito lisura do ato praticado pela Junta ou nos casos de mandado de segurana impetrado contra ato de seu presidente. RECURSO ESPECIAL. LITêGIO ENTRE SîCIOS. ANULAÌO DE REGISTRO PERANTE A JUNTA COMERCIAL. CONTRATO SOCIAL. INTERESSE DA ADMINISTRAÌO FEDERAL. INEXISTæNCIA. AÌO DE PROCEDIMENTO ORDINçRIO. COMPETæNCIA DA JUSTIA ESTADUAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÌO. 1. A jurisprudncia deste Superior Tribunal de Justia tem decidido pela competncia da Justia Federal, nos processos em que figuram como parte a Junta Comercial do Estado, somente nos casos em que se discute a lisura do ato praticado pelo rgo, bem como nos mandados de segurana impetrados contra seu presidente, por aplicao do artigo 109, VIII, da Constituio Federal, em razo de sua atuao delegada. 2. Em casos em que particulares litigam acerca de registros de alteraes societrias perante a Junta Comercial, esta Corte vem reconhecendo a competncia da justia comum estadual, posto que uma eventual deciso judicial de anulao dos registros societrios, almejada pelos scios litigantes, produziria apenas efeitos secundrios para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente no revela questo afeta validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administrao e, conseqentemente, a competncia da Justia Federal para julgamento da causa. Precedentes. Recurso especial no conhecido. STJ - REsp: 678405 RJ 2004/0081659-5, Relator: Ministro CASTRO FILHO, Data de Julgamento: 16/03/2006, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicao: DJ 10.04.2006 p. 179. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Art. 32. O registro compreende: I - a matrcula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores pblicos e intrpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazns-gerais; II - O arquivamento: a) dos documentos relativos constituio, alterao, dissoluo e extino de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; b) dos atos relativos a consrcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; d) das declaraes de microempresa; e) de atos ou documentos que, por determinao legal, sejam atribudos ao Registro Pblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresrio e s empresas mercantis; III - a autenticao dos instrumentos de escriturao das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comrcio, na forma de lei prpria. Deacordo com o art. 32, as Juntas Comerciais praticam trs atos de registro: a matrcula, o arquivamento e autenticao. A matrcula se refere a alguns profissionais especficos, conhecidos como auxiliares do comrcio. o caso dos leiloeiros, tradutores pblicos, intrpretes, trapicheiros e administradores de armazns-gerais. Nesses casos, de forma geral, podemos dizer que a Junta funciona de forma muito semelhante a um rgo regulador da profisso. O arquivamento diz respeito aos atos constitutivos da sociedade empresria, da EIRELI ou do empresrio individual. Voc deve ter percebido que a alne ÒaÓ estranhamente menciona o arquivamento dos atos constitutivos das cooperativas. Previso semelhante trazida pela Lei n. 5.764/1971, que trata especificamente das cooperativas e determina o arquivamento de seus atos constitutivos na Junta Comercial. Na prtica esse tipo de registro continua acontecendo, ainda que as cooperativas sejam, por expressa determinao do Cdigo Civil, sociedades simples. A autenticao, por sua vez, refere-se aos instrumentos de escriturao contbil do empresrio (livros empresariais) e dos agentes auxiliares do comrcio. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poder consultar os assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certides, mediante pagamento do preo devido. Na condio de rgos pblicos de registro, as Juntas Comerciais tm justamente a funo de tornar pblicos os atos relativos aos empresrios e sociedades empresrias. Da porque esses atos so essencialmente pblicos, acessveis a qualquer pessoa, sem necessidade de demonstrao de interesse especfico. Esse entendimento ainda reforado pelo art. 1.152 do Cdigo Civil. Art. 1.152. Cabe ao rgo incumbido do registro verificar a regularidade das publicaes determinadas em lei, de acordo com o disposto nos pargrafos deste artigo. ¤ 1o Salvo exceo expressa, as publicaes ordenadas neste Livro sero feitas no rgo oficial da Unio ou do Estado, conforme o local da sede do empresrio ou da sociedade, e em jornal de grande circulao. ¤ 2o As publicaes das sociedades estrangeiras sero feitas nos rgos oficiais da Unio e do Estado onde tiverem sucursais, filiais ou agncias. ¤ 3o O anncio de convocao da assemblia de scios ser publicado por trs vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira insero e a da realizao da assemblia, o prazo mnimo de oito dias, para a primeira convocao, e de cinco dias, para as posteriores. 4.2. Escriturao Contbil Outra obrigao legal imposta ao empresrio a escriturao contbil. Art. 1.179. O empresrio e a sociedade empresria so obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com base na escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia com a documentao respectiva, e a levantar anualmente o balano patrimonial e o de resultado econmico. ATOS DE REGISTRO Matrcula Inscrio dos profissionais auxiliares do comrcio (leiloeiros, tradutores pblicos, intrpretes, etc). Arquivamento Inscrio de empresrios individuais, EIRELI e sociedades empresrias Autenticao Registro de instrumentos de escriturao (livros empresariais e fichas escriturais) DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares No vou entrar nos detalhes contbeis acerca da natureza desses documentos, mas voc deve saber que o empresrio deve manter um sistema de registro dos atos e fatos contbeis, e, anualmente, elaborar duas demonstraes: o balano patrimonial e o de resultado econmico. Os livros comerciais so equiparados, para fins penais, a documento pblico, constituindo crime a falsificao da escriturao comercial, no todo ou em parte (art. 297 do Cdigo Penal). A atividade de escriturao contbil cabe ao contabilista, profissional que deve ser legalmente habilitado para exercer a funo, com inscrio ativa no rgo regulador da profisso. A legislao prev uma grande quantidade de livros, mas apenas o Dirio considerado como obrigatrio para todos os empresrios. Alm dele, h certos livros obrigatrios para empresrios que exercem atividades especficas. Os livros empresariais possuem eficcia probatria. Em outras palavras, eles podem ser utilizados como prova em processos judiciais ou de qualquer outra natureza. O exame desses livros pode ser muito til para resolver diversas questes relacionadas ao exerccio da atividade empresarial. possvel LIVROS COMERCIAIS OBRIGATîRIOS Comuns a todos os empresrios Dirio (ou fichas ou Balancetes Dirios e Balanos) Especiais a alguns empresrios (exemplos) Registro de duplicatas, para quem as emite Entrada e sada de mercadorias de armazm- geral Registro de aes nominativas, para as S/A FACULTATIVOS Caixa Estoque Razo Borrador Conta-corrente DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares verificar, por exemplo, a existncia de relaes contratuais, o adimplemento ou inadimplemento de obrigaes, aspectos contbeis, entre outros. O prprio Cdigo de Processo Civil reconhece em seus arts. 417 e 418 a fora probatria dos livros empresariais. Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lcito ao empresrio, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lanamentos no correspondem verdade dos fatos. Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor de seu autor no litgio entre empresrios. Contra o empresrio, o livro empresarial faz prova mesmo que no esteja corretamente escriturado. Por outro lado, para fazer prova a favor do empresrio, o Novo Cdigo de Processo Civil exige a escriturao correta. Essa escriturao correta deve obedecer aos requisitos do art. 1.183 do Cdigo Civil, segundo o qual Òa escriturao ser feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contbil, por ordem cronolgica de dia, ms e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borres, rasuras, emendas ou transportes para as margensÓ. O ltimo ponto que quero enfatizar que a fora probatria dos livros empresariais relativa, sendo possvel que sua veracidade seja questionada por outros meios de prova. A fora probante dos livros empresariais relativa, podendo ser afastada por fora de documentos que contradigam seu contedo. Art. 970. A lei assegurar tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresrio rural e ao pequeno empresrio, quanto inscrio e aos efeitos da decorrentes. Como desdobramento da ideia geral da regra de favorecimento do pequeno empresrio, o ¤2o do art. 1.179 do Cdigo Civil o dispensou das exigncias de escriturao. A redao do art. 970, entretanto, foi infeliz, pois utilizou a expresso Òpequeno empresrioÓ, enquanto a prpria Constituio e a legislao posterior utilizam os termos Microempresa (ME) e Empresrio de Pequeno Porte (EPP). A maior parte dos doutrinadores vinha entendendo que a regra do Cdigo Civil era abrangente, atingindo tanto os microempresrios quanto os empresrios de pequeno porte. Em 2006, porm, o art. 68 da Lei Complementar n. 123 veio estabelecer o que seria o pequeno empresrio para fins de aplicao da regra do art. 970 do Cdigo Civil. DIREITO EMPRESARIAL Ð DPU (DEFENSOR) Teoria e Questes Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimares Art. 68. Considera-se pequeno empresrio, para efeito de aplicao
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