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Reforma Trabalhista: Mudanças no Processo do Trabalho

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O que muda no Processo do Trabalho com a Lei nº 13.467/17 (reforma trabalhista)? 
A legislação trabalhista sofreu grandes modificações. Saiba como conduzir seus estudos diante das 
mudanças e confira as principais novidades no âmbito processual. 
 
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Olá, leitores! Espero que estejam todos bem. 
Como vocês sabem, em 13 de julho de 2017, foi sancionada a Lei nº 13.467, que ficou conhecida como 
“lei da reforma trabalhista”. Em razão da dimensão das mudanças, muitos alunos questionam sobre como 
conduzir os estudos. Por isso, no post de hoje, vou abordar a provável forma de cobrança das alterações 
e comentar os principais impactos no Processo do Trabalho. 
Note-se, que as alterações ainda não estão em vigor, uma vez que a vigência da Lei nº 13.467/2017 se 
dá em 120 dias a contar da data da publicação oficial (14.07.2017). Sem embargo, tal fato, por si só, não 
impede sua cobrança em provas ocorridas durante a vacatio, desde que, é claro, o edital preveja tal 
possibilidade. 
Aos alunos que se submeterão ao concurso da PGF (AGU), devo dizer que a referida lei certamente será 
cobrada, sendo imprescindível o domínio de suas disposições. Nada obstante, não basta o conhecimento 
da redação conferida aos dispositivos pela Lei nº 13.467/17, é preciso saber o que foi modificado, na 
medida em que, usualmente, são cobradas contraposições entre normas revogadas e revogadoras. 
Assim, busque estudar de modo comparativo as modificações e, em hipótese alguma, “jogue fora” o 
que você aprendeu até aqui. 
Bom, devidamente delineadas as instruções iniciais, passo agora a tratar sobre as principais modificações 
no Processo do Trabalho decorrentes da reforma trabalhista, fazendo comentários comparativos em 
relação à sistemática adotada antes da reforma e ao NCPC. 
Registro, desde já, que vou me limitar a traçar uma espécie de roteiro, a fim de informá-los sobre quais 
pontos foram objeto de alteração e, assim, auxiliá-los no direcionamento dos estudos. Não há pretensão 
de aprofundar ou esgotar as alterações. 
(1) Competência 
Foi acrescida a alínea “f” ao art. 652 da CLT, a qual prevê a competência da Justiça do Trabalho para 
homologar acordo extrajudicial trabalhista. Com efeito, a fim de disciplinar o procedimento a ser 
observado no processo de jurisdição voluntária de homologação de acordo extrajudicial, foram inseridos 
os artigos 855-B a 855-E. 
(2) Petição inicial 
Antes da reforma, a legislação trabalhista não exigia a indicação do valor da causa como requisito da 
petição inicial, salvo no procedimento sumaríssimo. Especificamente no que tange às ações 
indenizatórias, o TST entendia aplicável o inc. V do art. 292 do CPC/15, que impõe ao autor da ação a 
indicação do valor pretendido na ação indenizatória (art. 3º, IV, IN 39/16, TST). 
Com a reforma trabalhista, o pedido contido na exordial deve ser certo, determinado e líquido, exigindo-
se do reclamante a indicação do valor referente a cada pedido, tal como no procedimento 
sumaríssimo. 
No que diz respeito à sanção aplicada pela ausência de cumprimento dos requisitos, previu o legislador, 
no §3º do art. 840 da CLT, a imediata extinção, sem resolução do mérito, de modo distinto do que 
dispõe o CPC/15, que, em observância ao princípio da primazia do exame do mérito, prescreve, no art. 
321, que, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos ou que apresenta defeitos capazes 
de dificultar o julgamento de mérito, deve conceder prazo para emenda, indicando com precisão o que 
deve ser corrigido ou completado. 
(3) Resposta do reclamado 
Foi acrescido o §3º ao art. 841 da CLT, com redação similar à do §4º do art. 485 do CPC/15, consoante o 
qual, após a contestação, não pode o reclamante desistir da ação sem o consentimento do 
reclamado. 
No que diz respeito à incompetência relativa, enquanto o CPC/15 prevê a alegação em preliminar de 
contestação, foi mantida, no âmbito do processo do trabalho, a exceção de incompetência, no art. 
800 da CLT. A apresentação de exceção de incompetência territorial deve se dar no prazo de cinco dias a 
contar da notificação, ensejando a suspensão do feito. 
Ademais, perde a aplicabilidade a súmula 377 do TST, que exige a qualidade de empregado do preposto, 
na medida em que é inserido o §3º ao art. 843 da CLT, o qual prevê que o prepostoNÃOprecisa ser 
empregado da reclamada. 
Quanto à ausência do reclamado à audiência, prevê o §5º do art. 844 da CLT, que, caso a revelia se dê 
com a presença do advogado em audiência, será aceita a contestação, bem como os documentos 
eventualmente apresentados. 
 (4) Prazos 
Na IN 39/2016, o TST previu a inaplicabilidade do art. 219 do CPC/15 no âmbito da Justiça do Trabalho. 
Contudo, com a reforma trabalhista, o processo do trabalho passa acompanhar o processo civil, com 
a contagem dos prazos em dias úteis, conforme redação conferida ao art. 775 da CLT. 
 (5) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
O art. 855-A da CLT passa a prever a aplicação ao processo do trabalho do incidente de desconsideração 
da personalidade jurídica (art. 133 a 137, CPC/15), o qual se faz cabível na fase cognitiva e executiva, 
perante juízo ou tribunal. 
(6) Litigância de má-fé 
Em seus artigos 793-B a 793-D, a CLT passa a prever a litigância de má-fé no processo trabalho e 
penalidades cabíveis, as quais se aplicam não apenas às partes, mas também às testemunhas que 
intencionalmente alterarem a verdade dos fatos ou omitirem fatos essenciais ao julgamento da causa. 
(7) Despesas processuais 
Com a reforma, as custas, que possuíam apenas valor mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e 
quatro centavos), passam a observar também o limite máximo correspondente a quatro vezes o maior 
benefício do Regime Geral de Previdência Social (art. 789, CLT). 
Quanto ao depósito recursal, foram dispensadas do recolhimento a empresa em recuperação e as 
entidades filantrópicas, bem como reduzido pela metade o valor a ser recolhido pelas entidades sem fins 
lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de 
pequeno porte (art. 899, § § 9º e 10º).Além disso, passa a ser possível realizar o depósito por meio 
de fiança bancária ou seguro garantia judicial, conforme §11 do art. 899. 
No que concerne ao benefício da justiça gratuita, houve alteração do critério para concessão. Não mais 
fazem jus ao deferimentoaqueles com salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou que declarem, 
sob as penas da lei, a ausência de condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento 
próprio ou de sua família. 
Com a vigência da Lei nº 13.467/17, o benefício se torna restrito àqueles que perceberem salário igual 
ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de 
Previdência Social, havendo que ser comprovada a insuficiência de recursos para o pagamento das 
custas do processo (art. 790, § § 3º e 4º, CLT). 
Portanto, em provas, fique atento às questões relativas a Processo do Trabalho que tragam a redação do 
§3º do art. 99 do CPC/15, o qual prevê a presunção de veracidade da declaração de hipossuficiência, na 
medida em quea CLT passa a dispor em sentido diverso. 
No que diz respeito à prova pericial, mantém-se a regra de que a responsabilidade pelo pagamento dos 
honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia. Sem embargo, a norma 
revogadaressalva a parte beneficiária da justiça gratuita, incumbindo à União a responsabilidade pelo 
pagamento em tal caso. 
Com a Lei nº 13.467/17, o beneficiário da justiça gratuita pode ser responsabilizado pelos 
honorários periciais caso sucumbente no objeto da prova técnica. Para tanto, basta que tenha obtido 
em juízo créditos capazes de suportar a despesa, ainda que em outro processo (art. 790-B, caput e § 4º, 
CLT). 
Além disso, o beneficiário da justiça gratuita teráque arcar com o pagamento das custas processuais na 
hipótese de ausência à audiência inaugural, conforme redação conferida ao §2º ao art. 844 da CLT. 
Excepciona-se, contudo, o pagamento, caso comprovado, no prazo de quinze dias, que a ausência 
ocorreu por motivo legalmente justificável. 
(8) Honorários 
 Até a reforma trabalhista, os honorários no processo do trabalho não decorriam da mera sucumbência, 
sendo devidos, na relação de emprego, diante do preenchimento de duas condições pelo empregado: (i) 
ser beneficiário da assistência justiça gratuita; (ii) estar assistido por sindicato da categoria. 
Com a Lei nº 13.467/17, a situação muda substancialmente. A verba honorária passa a decorrer da 
simples sucumbência, sendo devidos honoráriostambém nas ações contra a Fazenda Pública e 
naquelas em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria. 
Não obstante, fique atento, pois, enquanto o CPC/15 prevê honorários entre 10% e 20%, no processo 
do trabalho, a referida verba deverá ser fixada entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor 
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, 
sobre o valor atualizado da causa. 
Além disso, o art. 791-A da CLT prevê, tal como no processo civil, a suspensão da exigibilidade da 
verba honorária, por 02 anos, vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha 
condições de suportar a despesa. 
(9) Execução 
 Com a reforma trabalhista, mitiga-se uma das singularidades da execução trabalhista, a possibilidade de 
ser promovida de ofício pelo magistrado. Isso porque, o art. 878 da CLT passa a dispor que a execução 
será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do 
Tribunal apenas nos casos em que os litigantes não estiverem representados por advogado. 
Ademais, o art. 11-A da Consolidação dispõe ser aplicável, no âmbito da Justiça Laboral, a prescrição 
intercorrente, no prazo de 02 anos, tornando inaplicável a súmula 114 do TST, em sentido contrário. 
A fim de facilitar a visualização das alterações abordadas, confira-se quadro esquemático: 
 
Competência 
 
Competência da Justiça do Trabalho para homologar, mediante procedimento de 
jurisdição voluntária, acordo extrajudicial trabalhista. 
Petição Inicial Exigência de indicação do valor referente a cada pedido na petição inicial, sob pena 
de imediata extinção, sem resolução do mérito. 
 Resposta do reclamado – Após a contestação, não pode o reclamante desistir da sem o consentimento do 
reclamado. 
– Mantidaa exceção de incompetência, no prazo de cinco dias a contar da notificação, 
ensejando a suspensão do feito. 
– Preposto nãoprecisa ser empregado da reclamada. 
-Em caso de revelia com a presença do advogado em audiência, será aceita a 
contestação, bem como os documentos eventualmente apresentados. 
 Prazos Contagem dos prazos em dias úteis. 
 Incidente de desconsideração da PJ Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica (art. 133 a 137, CPC/15). 
 Despesas processuais – As custas, que possuíam apenas valor mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e 
quatro centavos), passam a observar também o teto correspondente a quatro vezes o 
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. 
– Depósito recursal: (i) dispensadas do recolhimento a empresa em recuperação e as 
entidades filantrópicas; (ii) reduzido pela metade o valor a ser recolhido pelas 
entidades sem fins lucrativos, empregadores domésticos, microempreendedores 
individuais, microempresas e empresas de pequeno porte; (iii) fiança bancária ou 
seguro garantia judicial. 
– Benefício da justiça gratuita restrito àqueles que perceberem salário igual ou inferior 
a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral d
Previdência Social, havendo que ser comprovada a insuficiência de recursos para o 
pagamento das custas do processo. 
– O beneficiário da justiça gratuita pode ser responsabilizado pelo pagamento dos 
honorários periciais caso sucumbente no objeto da perícia. Para tanto, basta que tenha 
obtido em juízo créditos capazes de suportar a despesa, ainda que em outro processo.
– O beneficiário da justiça gratuita terá que arcar com o pagamento das custa 
processuais na hipótese de ausência à audiência inaugural. 
 Litigância de má-fé Passa a ser previstaa litigância de má-fé no processo trabalho. 
 Honorários 
 
 
– A verba honorária passa a decorrer da simples sucumbência, devendo ser fixada 
entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre 
o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não 
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. 
– Suspensão da exigibilidade da verba honorária, por 02 anos, vencido o beneficiário 
da justiça gratuita, desde que não tenha condições de suportar a despesa. 
Execução 
 
– Execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em 
que as partes não estiverem representadas por advogado. 
– Aplicação da prescrição intercorrente, no prazo de 02 anos. 
À evidência, as disposições aqui abordadas não esgotam as mudanças no Processo do Trabalho, as 
quais, certamente, serão objeto de maiores debates. Espero, todavia, ter cumprido meu propósito de 
pontuar as principais alterações, facilitando os estudos. 
Até a próxima!

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