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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO II Aluna: Larissa Oliveira Alves Questões do primeiro estágio ● Organização da Justiça do Trabalho na CRFB e 1. Como se dá a organização da Justiça do Trabalho da CRFB? O STF faz parte da organização da Justiça do Trabalho? O Judiciário trabalhista é um dos três ramos da Justiça Federal da União especializada, com os artigos da Constituição Federal presentes no Capítulo III, Seção V. A ela compete julgar conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e patrões, incluindo aqueles que envolvam entes de direito público externo e a administração pública direta e indireta da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. É dividida em três graus de jurisdição, quais são: TST (terceiro grau de jurisdição), TRTs (segundo grau de jurisdição) e os juízes do trabalho (primeiro grau de jurisdição, que exercem a jurisdição nas Varas do Trabalho). O TST surgiu em 1946 e é o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, com sede em Brasília e jurisdição em todo o território nacional. É composto por 27 ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação da maioria absoluta do Senado Federal e se utiliza do quinto constitucional. Os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos de sete juízes, recrutados e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo que um quinto (quinto constitucional) dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, os demais, são mediante uma promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento. Já Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. O STF não faz parte da organização da Justiça do Trabalho e como é a corte suprema, está acima hierarquicamente das demais justiças. Rito sumaríssimo trabalhista 2. Quais são as características do rito sumaríssimo trabalhista? Apresente pelo menos três distinções em relação ao rito ordinário. O rito sumaríssimo tem como característica a necessidade de uma única audiência, cuja ata registra, resumidamente, os atos mais importantes. Vale ressaltar que nesse rito, as ações coletivas não são abrangidas; a sentença é proferida na própria audiência e não há necessidade da emissão de relatório No procedimento sumaríssimo se admite a interposição de embargos declaratórios. Como também, todas as provas são expostas na própria audiência mesmo que não ocorra um prévio requerimento delas. No rito sumaríssimo não há a possibilidade de haver a citação por edital, diferente do que ocorre no rito ordinário; possui, também, o máximo de duas testemunhas por parte, enquanto no ordinário, a quantidade é de três por parte. O tempo de apreciação no sumaríssimo é de 15 dias, enquanto no ordinário não há prazo; No sumaríssimo, o valor da causa a ser julgada é de até 40 salários, enquanto no ordinário é de mais de 40 salários. Procedimentos especiais trabalhistas 3. Qual é a finalidade do dissídio coletivo trabalhista? Quais são as espécies de dissídio coletivo? O dissídio tem a finalidade de solucionar os conflitos coletivos de trabalho. É por meio dele, que o Poder Judiciário resolve os conflitos entre os empregadores e os representantes de grupo dos trabalhadores. Dessa forma, ele existe para conceder à Justiça do Trabalho a responsabilidade de resolver um conflito ao criar normas e condições de trabalho que regularão a relação trabalhista entre as partes. Os dissídios coletivos podem ter natureza jurídica ou econômica. Os que possuem natureza jurídica, tem como objetivo a interpretação de uma norma legal já existente, seja ela legal ou proveniente de acordo ou sentença normativa. Já os dissídios de natureza econômica são aqueles que criam regras que irão regulamentar os contratos de trabalho. Ao contrário do dissídio jurídico, o dissídio econômico cria, altera ou extingue uma situação. Tem outro tipo de dissídio coletivo: que ocorre em uma situação de greve, e que foi ajuizado pelo Ministério Público do Trabalho, que está previsto no artigo 114, §3º da Constituição Federal: “Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito”. 4. Ainda é cabível o inquérito judicial de apuração de falta grave? Quais são as características desse procedimento? Exemplifique. Sim, ainda é cabível e será utilizado sempre que o empregador quiser dispensar um trabalhador que possui estabilidade garantida na forma da lei. O inquérito que ser feito em até 30 dias contados da data da suspensão. Ações constitucionais na Justiça do Trabalho 5. A Justiça do Trabalho julga habeas corpus? Exemplifique, caso a resposta seja positiva. Sim, com a promulgação da EC n. 45/2004, que inseriu o inciso IV ao art. 114 da CF, é de competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar habeas corpus “quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição”, independentemente do ato em questão ser do Juiz do Trabalho de primeiro ou segundo grau, ou até mesmo de ministro do TST. O TST admite o habeas corpus nas hipóteses em que o paciente não assina o termo de depósito ou do depositário de penhora sobre coisa futura, como é o caso de penhora sobre faturamento da empresa 6. Cite exemplos de cabimento do mandado de segurança na Justiça do Trabalho, diferenciando, em sua resposta, casos de primeira instância de casos dos TRTs. Os exemplos da Justiça do Trabalho são: contra auditor fiscal do trabalho ou de delegado do trabalho em decorrência de aplicação da multa em fiscalizações das relações de trabalho; ou contra casos de interdição de estabelecimento ou setor, de máquina ou equipamento no embargo da obra. Vale citar, também, os casos contra procuradores do trabalho em inquéritos civis públicos ou em outros procedimentos administrativos. Já no caso dos TRTs, poderiam ser atos de juízes do Trabalho ou juízes substitutos da Vara do Trabalho, bem como juízes de direito acometido na jurisdição trabalhista, em discordância com o próprio tribunal ou outros órgãos colegiados. Ações civis cabíveis na Justiça do Trabalho 7. A ação de consignação em pagamento é cabível no processo do trabalho? Exemplifique. Sim, o artigo 114, IX da CF/88 dispõe que é de competência da justiça do trabalho processar outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Por exemplo, quando o credor falece e o devedor não tem conhecimento a quem pagar ou quando um empregado pratica alguma falta grave e acaba sendo dispensado por justa causa, porém não reconhece a autoria do delito contratual e receber a quantia que a empresa entende devida. 8. A Justiça do Trabalho pode julgar ações possessórias? Justifique. Sim, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ações possessórias que tenham origem na relação de emprego. É o que ocorre quando o empregador reivindica a posse do imóvel oferecido ao empregado como salário-utilidade (CLT, art. 458, §§ 3º e 4º). O empregado também pode ajuizar na Justiça do Trabalho ação possessória em face do empregador na hipótese em que este vier a reter a posse de instrumentos ou equipamentos de propriedade daquele. De acordo com a súmula 23 do STF “a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.” 9. Cabe embargos de terceiros na Justiça do Trabalho? Exemplifique. Tendo em vista a omissão da CLT acerca dos embargos de terceiro, impõe-se a aplicação subsidiária das normas do CPC com as devidas adaptações no que concerne ao iter procedimentalis. Assim, por força do art. 674 do CPC, é legitimado ativo aquele que, não sendo parte no processo, sofrer constriçãoou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, podendo requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. 10. Exemplifique casos de ação de exigir contas na cabível na Justiça do Trabalho. A ação de exigir contas é cabível nos casos em que o autor exige uma prestação de contas por parte do réu. Decorre de uma controvérsia entre o empregador e o empregado em decorrência de alguma prestação. O autor José Alberto Maciel Dantas dispõe um exemplo da ação de contas “A empresa que exige a prestação de contas do empregado viajante ou do empregado comissionista, de modo a verificar se a comissão recebida pelo empregado corresponde ao montante de vendas efetuadas no período (isso só será necessário, evidentemente, se a empresa não tiver um controle detalhado e se o empregado se recusar a prestar as contas espontaneamente); e também na hipótese do vendedor comissionista não recebeu as comissões das vendas, e a empresa se recusa a fornecer as copias dos pedidos de vendas, para que o vendedor possa ter controle do que vendeu, e assim calcular corretamente suas comissões. Em tal situação, também seria cabível a ação de exigir contas, o que não impede, no entanto, de o empregado ajuizar diretamente uma reclamação trabalhista, requerendo, dentre outras coisas, que o empregador exija os pedidos de vendas e pague a diferença das comissões recebidas.” 11. Existe procedimento de jurisdição voluntária na Justiça do Trabalho? Exemplifique. Sim, existe esse procedimento, logo é possível a celebração de um acordo extrajudicial entre as partes, permitindo que estas possam transacionar direitos e valores, precisando pedir apenas a homologação na justiça do trabalho, não precisando mais que o acordo seja firmado em juízo para gerar segurança jurídica entre as partes. Arbitragem trabalhista 12. Há alguma limitação para o cabimento da arbitragem em litígios trabalhistas? E nos litígios individuais? O art. 507-A confundiu “convenção de arbitragem” com “compromisso arbitral”? É possível estabelecer, para fins de anulação do pacto arbitral, uma presunção de consentimento viciado pelo empregado, quando firmada no momento da contratação (posição de vulnerabilidade no momento da contratação)? É possível anular uma decisão arbitral pelo fato de o árbitro não seguir um precedente do TST? Justifique. Quando inicia o prazo da eventual ação anulatória de arbitragem perante a Justiça do Trabalho? Não há vedação legal para o cabimento da arbitragem na seara dos litígios trabalhistas, pois a arbitragem é autorizada de forma infraconstitucional. Quanto a litígios individuais, a legislação impõe dois requisitos cumulativos: a) a remuneração do empregado tem que ser duas vezes superior que o limite máximo que é estabelecido nos benefícios do RGPS, isso varia em torno de onze mil reais; b) a arbitragem deve ser por iniciativa do empregado ou se ele concordar expressamente. O art. 507-A deixou de definir o procedimento, logo usa-se os termos gerais da Lei de Arbitragem que no art. 5º dispõe que há uma possibilidade das partes estabelecerem as suas próprias regras. No contrato de trabalho deve ter ou sugerir a cláusula arbitral ou se o empregado concordar expressamente com ela. Sim, é possível anular a decisão arbitral, pois se o árbitro julgar contrariamente ao precedente, ele estaria julgando por equidade, ou seja, contrariando a vontade das partes que escolheram a arbitragem de direito. Caso o arbitro for chamado a se manifestar sobre o precedente e não fazer nada, a sentença será passível de anulação por falta de fundamentação, segundo o artigo 32, II C/C 26, II da LArb. Honorários advocatícios na Justiça do Trabalho e assistência judiciária gratuita 13. Considerando o § 4° do art. 791-A da CLT, o que você entende por “outro processo”? Qual é o momento de aferir a existência desses créditos em outro processo? Incumbe ao juiz pesquisar de ofício a existência desses possíveis outros créditos existentes em outro processo? Esse “outro processo” é qualquer outro processo que esteja em andamento. O momento de aferir a existência desses créditos é no momento da propositura da ação. Não incube ao juiz a pesquisa e sim ao administrador judicial. Esse irá verificar com base nos livros de contabilidade e nos documentos fiscais do devedor. 14. Ainda considerando o § 4° do art. 791-A da CLT, qual seria o momento de aferir a existência desses créditos em outro processo? Imagine-se a seguinte situação hipotética: a) o reclamante — apesar de beneficiário da justiça gratuita — restou condenado no pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais na Justiça do Trabalho, com decisão transitada em julgado; b) ele, reclamante, logo após o trânsito em julgado desse seu processo trabalhista, sagrou-se vencedor em sentença condenatória proferida contra a União na Justiça Federal, ainda em vias de apelação perante o TRF. Nesse caso, o seu processo trabalhista já pode ser enviado ao arquivo? Aguardar-se-á, por quanto tempo, o trâmite desse hipotético processo perante a Justiça Federal? Segundo o §4, vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e só poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado, o credor mostrar que a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, deixou de existir. Então, os honorários advocatícios passaram a ser devidos pela sucumbência por qualquer uma das partes do processo trabalhista. Ou seja, o trabalhador que teve pedidos negados na ação, dever arcar com honorários do advogado da empresa, relativos aos pedidos não aceitos. A exigibilidade de pagamento fica suspensa mesmo se o reclamante tiver obtido créditos capazes de suportar a despesa, levando em consideração é inconstitucional o trecho citado do parágrafo 4º do artigo 791-A da CLT. Segundo o artigo, já mencionado, o prazo será de 2 anos. 15. Se o reclamante for vencedor em um capítulo de sentença que verse sobre “crédito alimentar”, mas perder no objeto da perícia, ainda assim é possível o “abatimento” do seu crédito alimentar para pagar os honorários periciais? Segundo o Artigo 790-B da CLT, a responsabilidade é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia. Nesse sentido, o entendimento da 4ª turma do TST, mesmo em se tratando de crédito alimentar, ainda vai ter a possibilidade de abater o valor para que o Reclamante possa arcar com os honorários periciais. 16. Na questão do custeio de verbas sucumbenciais pelo reclamante beneficiário da assistência judiciária gratuita, colocou-se no texto complementar a esse curso o seguinte: “[...] Ministro Luís Roberto Barroso, relator da ADI n.º 5.766 —, que tem um voto do Ministro Edson Fachin pela total inconstitucionalidade dos textos normativos questionados —, mediante interpretação sistemática com a tese do “mínimo existencial”, estabeleceu a seguinte distinção: (1) O direito à gratuidade de Justiça pode ser regulado de forma a desincentivar a litigância abusiva, inclusive por meio da cobrança de custas e honorários a seus beneficiários; (2) A cobrança de honorários sucumbenciais poderá incidir (2.1) sobre verbas não alimentares, a exemplos de indenizações por danos morais, em sua integralidade, (2.2) sobre o percentual de até 30% do valor que exceder o teto do regime geral de previdência social, quando pertinentes a verbas remuneratórias.” Indaga-se: esse posicionamento do Min. Luís Roberto Barroso caracteriza-se como “ativismo judicial”? Sim, essa interpretação traz consigo diversas mudanças para o acesso a gratuidade da justiça, dessa maneira, os dispositivos que foram questionados mitigaram em certas situações. dessa forma, ao tentar negar impedir ou dificultar o acesso do cidadão ao judiciáriopor meio de revogação de direitos tidos como fundamentais é agir ao contrário da legalidade, e acabada praticando o ativismo judicial. 17. Em matéria de honorários advocatícios sucumbenciais, o art. 85 do CPC deve ser aplicado à Justiça do Trabalho, ou o art. 791- A da CLT esgota a matéria na Justiça do Trabalho? O art. 85 do CPC pode ser aplicado sim na Justiça do Trabalho no que for omisso no art. 791-A, conforme exposto o art. 769 da CLT por exemplo, o § 1º do CPC, que dispõe “são devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente”. 18. E a tabela estabelecida no art. 85, § 3°, do CPC, relativa à condenação da Fazenda Pública em honorários advocatícios, não seria aplicável ao processo do trabalho, por haver lacuna legislativa? Falso, pois o artigo 15 do CPC e o artigo 769 da CLT preveem que em caso que tenha omissão de uma norma processual trabalhista este procurará uma adaptação na lei processual civil. Contudo, não se encontram lacuna tendo em conta que o §1º do artigo 791 prevê que os honorários também são devidos nas ações que ocorram contra a Fazenda Pública, seguindo os valores a que indica o caput do artigo aludido. 19. Nas condenações trabalhistas envolvendo o pagamento de pensão alimentícia decorrente de acidente de trabalho ou outra obrigação de trato sucessivo, o critério de condenação em honorários sucumbenciais não seria o do art. 85, § 9°, do CPC? Preconiza esse dispositivo o seguinte: “Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas”. Pode sim, ser aplicado. Considerando que a CLT é omissa em relação as condenações trabalhistas que envolvam o pagamento de pensão alimentícia decorrente de acidente de trabalho ou outra obrigação de trato sucessivo, não faz referência aos efeitos sucumbências. Dessa maneira, será aplicado ao processo aquilo que está disposto no art. 769 da CLT de que quando houver omissão, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. 20. E os honorários recursais previstos no art. 85, § 11, do CPC, são cabíveis no processo do trabalho? Sim, no artigo 769 da CLT diz que em casos omissos, o processo comum irá ser utilizado como uma fonte subsidiária. Segundo o Enunciado Administrativo n. 7 do STJ, esses honorários são arbitrados somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016. 21. Como fica a questão dos honorários sucumbenciais diante das regras processuais previstas na legislação esparsa, a exemplo da Lei do Mandado de Segurança e da Lei da Ação Civil Pública? De acordo com a súmula 512 do STF “Não cabe condenação em honorários advocatícios nas ações de mandado de segurança”. Logo na Lei do Mandado de Segurança e da Lei da Ação Civil, não terá honorários sucumbenciais seguindo o artigo 18 da Lei 7.347/85. 22. A sistemática da Súmula n° 326 do STJ — “Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca” — deve ser aplicada aos pedidos formulados na petição inicial trabalhista? Essa súmula não seria incompatível com o CPC/2015? Para fins de pagamento de honorários advocatícios, ressalvada a situação prevista no parágrafo único do art. 86 do CPC, o simples deferimento parcial do pedido já é suficiente para a caracterização da sucumbência recíproca? Não, pois a súmula 326 do STJ surgiu porque os julgadores verificavam a injustiça que ocorria do fato do réu ser condenado por indenização por dano moral; a jurisprudência mantém o entendimento da súmula que acabaria gerando sucumbências recíprocas. Se um pedido for procedente parcialmente, não se pode punir o empregado que não tinha condição de fazer, logo seria incompatível com o ordenamento jurídico. A procedência parcial do pedido que tem como resultado é maior que o montante e que o valor estimado não pode causar o ônus sucumbencial. 23.Qual é a base de cálculo dos honorários advocatícios sucumbenciais? Os valores relativos às contribuições previdenciárias entram no cálculo? E do imposto de renda? E das custas? E os valores relativos aos recolhimentos fundiários liberados por conta da reclamatória trabalhista? E o valor da multa coercitiva (astreintes)? A base de cálculo será o valor resultado da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou do valor atualizado da causa. Segundo a OJ 348 da SDI-1 do TST, tantos as contribuições previdenciárias quanto o imposto de renda não entram na base de cálculos por não serem “valore líquidos”. De acordo com a 3ª Turma do STJ, as astreintes não entram nos honorários advocatícios. 24. Nas demandas ajuizadas pelo sindicato, se vencedor, a condenação dos honorários advocatícios deve necessariamente ser de 15%? Não, segundo o artigo 791- A, os honorários sucumbenciais deverão ser fixados entre 5% e 15%, variando assim de acordo com o valor da causa ou, quando possível, do valor da liquidação da sentença. 25. Com a instituição dos honorários sucumbenciais na Justiça do Trabalho, será cabível a indenização por gastos com advogado (arts. 389, 395 e 404 do CC)? Se a resposta for positiva, há impedimento para a aplicação desse pedido nas hipóteses de sucumbência recíproca? Há uma divergência sobre esse caso, há quem defenda o ressarcimento pela parte vencida dos gastos que a parte vencedora teve com o seu advogado. Entretanto, esse pensamento é minoritário em decorrência do ius postulandi que dispõe que a parte não é obrigada a contratar um advogado para que corra a exigência do ressarcimento. Esse entendimento está previsto na Súmula 425 do TST e no artigo 791 da CLT. Petição inicial trabalhista 26. Considerando o § 1° do art. 840 da CLT, o valor de cada pedido condenatório da petição inicial, com exceção de atualização monetária e juros, será o teto da liquidação pré-executiva de cada capítulo de mérito? Se ultrapassado, pode-se falar em “excesso de execução”? O pedido deve ser líquido e certo, não tendo impedimento ou circunstância para a sua execução. A liquidação depende da juntada dos autos de documentos que se encontram com a parte adversa ou quando os próprios limites de liquidação devam vir a surgir a partir da intepretação da norma que foi aplicada ao caso. A 5ª Turma do STF decidiu sobre o excesso da liquidação, que os valores que forem ser apurados na liquidação de sentença irão se limitar nas quantias que forem indicadas na petição inicial. 27. Como liquidar, com precisão, determinado pedido fixado em ação coletiva em que não se sabe, com antecedência, quem serão os beneficiados pela decisão? A parte reclamante não tem obrigação de liquidar os pedidos, ainda mais se for em ação coletiva. Já que o artigo 840 da CLT dispõe apenas indicação do valor do pedido, e não da sua liquidação. O valor do pedido em ações trabalhistas deve ser indicado como mera estimativa de valores. 28. Dispõe o § 1° do art. 324 do CPC: “I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu”. Esse dispositivo pode ser utilizado, na Justiça do Trabalho, como causas de exceção à quantificação dos pedidos na petição inicial? Você consegue vislumbrar algum exemplo prático? Sim, pode ser utilizado como causas de exceção à qualificação dos pedidos. Pois segundo o artigo 769, em casos omissos, o direito processo comum é quem servirá de fonte subsidiária do processo do trabalho, com exceção aos casos em que for incompatível. Logo, é inevitável a utilização das regras contidas no CPC. Nesse sentido,serve de exemplo, os casos em que o cálculo de diferenças da participação nos lucros for complexo. Audiências trabalhistas e ausência da parte 29. Por força do art. 844, §§ 2° e 3°, da CLT, na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável, e o pagamento dessas custas é condição para a propositura de nova demanda. O Ministro Luís Roberto Barroso, relator da ADI n.º 5.766 — que tem um voto do Ministro Edson Fachin pela total inconstitucionalidade dos textos normativos questionados —, no sentido de que “é legítima a cobrança de custas judiciais em razão da ausência do reclamante à audiência mediante sua prévia intimação pessoal para que tenha a oportunidade de justificar o não comparecimento”. Como vocês estão aplicando essa regra? A ADIn ainda está em conclusão desde 2018. Conforme entendimento do TST que gerou a Resolução 221, no artigo 844 §§ 2º e 3º vai ser aplicado nas ações que forem ajuizadas a partir de 2017, entretanto, nada se diz sobre a sua constitucionalidade. 30. Quais são os efeitos da ausência do reclamante à audiência? E da parte reclamada? Há diferença se a ausência for em audiência de instrução? O não-comparecimento do reclamante para com a audiência gera o arquivamento da reclamação e se o reclamado não aparecer, será declarado com revelia. Segundo a súmula 74, I do TST “Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor”. Caso seja audiência de instrução, será a mesma coisa. Resposta do réu na Justiça do Trabalho 31.Por força do art. 841, § 3°, da CLT, oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação. É possível excepcionar essa regra? Sim, os dispositivos da CLT não podem ser interpretados de forma individual, pois há uma pena de ter a procedência a um contrassenso jurídico. De acordo com o artigo 847 “não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes”. Considerando que o magistrado só irá tomar conhecimento do procedimento na audiência, o autor pode vir a desistir da ação sem o consentimento do reclamado, conforme artigo 841, §3º “Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. §3º. Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação”. 32. Observe-se que, na forma do § 5° do art. 844 da CLT, “ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados”. A pergunta que se impõe, todavia, é a seguinte: esse advogado da reclamada revel tem direito à dilação probatória, ou seja, tem direito à oitiva de testemunhas, por exemplo? Sim, de acordo com a doutrina e Vólia Bonfim. O reclamado terá o direito, previsto no artigo 844, §5º da CLT, de juntar defesa nos autos do processo, mesmo que seja revel. Fazendo com que exista dois tipos de revel: um que é ausente, mas tem o direito de juntar a defesa e outro que é ausente e que não tem essa possibilidade. Judicialmente, entende-se que nos dois casos, a confissão pode ser aplicada e seu direito será decidido pelo Juízo. 33. Quais são os requisitos para o cabimento da reconvenção no processo do trabalho? Exemplifique. Os requisitos são: -na qual o juiz da causa principal não seja absolutamente incompetente para julgar a reconvenção: a reconvenção deve tratar de demandas originárias da relação de emprego ou da relação de trabalho, ou de outras hipóteses destacadas no art. 114 da CF; - existir uma compatibilidade entre os ritos procedimentais da ação reconvencional e da ação principal; - ter um processo inacabado: de acordo com o artigo 847, a reconvenção caberá quando a ação principal ainda estiver em curso, no qual o momento certo para a reconvenção trabalhista ser apresentada é na audiência dita inaugural; - ocorrer uma conexão entre a reconvenção, a ação principal ou algum dos fundamentos da defesa: É inaceitável a reconvenção no cumprimento da sentença ou no processo de execução, pois nestes casos há constrição judicial e não sentença. Provas no Processo do Trabalho 34. A iniciativa probatória do juiz do trabalho necessariamente compromete a sua imparcialidade? Justifique. Não, na apreciação da prova, a lei assegura maior ou menor liberdade ao juiz, logo os dois sistemas jurídicos da prova: o sistema da livre apreciação e o sistema da prova formal. De acordo com esse último sistema, são produzidas e apreciadas as provas segundo as expressas determinações em lei. Já o sistema da livre apreciação da prova é aquele em que a avaliação da prova é por meio do magistrado, seguindo sua própria convicção. 35. A teoria da “distribuição dinâmica do ônus da prova” deve ser aplicada à Justiça do Trabalho? Exemplifique. Sim, pode ser aplicada pois no processo do trabalho, ocorre que há um grande espaço para a adoção da teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, em particular pelo fato de que nas demandas judiciais é o empregador que possui mais facilidade para a produção de provas, razão essa que o acolhimento da teoria da distribuição estática do ônus da prova pode dificultar a prestação da tutela jurisdicional justa, adequada e efetiva. 36.Diante de uma prova testemunhal “dividida”, e não existindo prova documental em favor de alguma das partes, é possível decidir com base na máxima in dubio pro operário? Justifique. Não há um consenso entre a doutrina e a jurisprudência. Para Evaristo de Moraes Filho, a máxima pode ser usada já que no artigo 300 tem a disposição de que em dúvida, o magistrado decidirá em favor do empregado. A Jurisprudência, por sua vez, diz que os princípios que norteiam o direito processual do Trabalho não têm condão de causa influência no ônus da prova. Desse modo, dispõe O TRT DA 3ª Região “PRINCÍPIO IN DUBIO PRO MISERO – APLICABILIDADE NA INTERPRETAÇÃO DE NORMAS – INAPLICABILIDADE QUANTO ÀS PROVAS – DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA – O princípio in dubio pro misero se aplica na interpretação das normas trabalhistas, mas não em matéria probatória, cabendo às partes o ônus de se desincumbir do encargo que lhe compete. A prova constitui o meio, o instrumento, pelo qual o juízo pode aferir as alegações de cada parte, formando seu convencimento a respeito de matérias controvertidas no processo, pelo sistema da persuasão racional ou livre convencimento motivado, adotado em nosso ordenamento jurídico e preconizado no art. 131 do CPC (TRT – 3ª Região, RO 562-58.2011.5.03.0052, rel. Juiz convocado João Bosco Pinto Lara, DJe 21- 12-2011, p. 165)”. 37. Dispõe o art. 793-D da CLT: “aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa”. Na sua opinião esse dispositivo é constitucional? Sim, pois a Justiça do Trabalho já vem aplicando multa para com a testemunha que não fala a verdade ou que fala uma informação falsa. Essa multa, recai sobre as regras penas como consequência do falso testemunho. Vale ressaltar que a sanção pecuniária tende a ser mais eficiente que a sanção penal. 38. O que você entende por contradita de testemunhas? E por acareação? Apresente exemplos envolvendo a possibilidade de acolhimento de contradita de testemunhas nas três hipóteses: suspeição, impedimento e incapacidade. A testemunha que tem processo individual contra a empresaé suspeita para testemunhar pela parte reclamante? E o diretor da empresa, aquele sujeito que pode contratar, punir e dispensar funcionários, pode testemunhar em favor da empresa? Justifique. A contradita de testemunhas é quando há o questionamento a respeito da parcialidade da testemunha da parte contrária. Já a acareação é quando se busca apurar a veracidade do depoimento das testemunhas e das partes, de forma que ocorre o confrontamento frente a frente, buscando chegar às alegações verdadeiras. Na hipótese de suspeição: pode ocorrer, por exemplo, quando a testemunha é inimiga das partes ou seu amigo íntimo; Na hipótese de impedimento: se for parte da causa ou que seja tutor ou representante legal da pessoa jurídica ou tenha assistido as partes; Na hipótese de incapacidade: quando for menor de 16 anos, ou tiver um bloqueio por alguma enfermidade. De acordo com o TST, a testemunha que tenha ação contra a mesma empresa não pode ser considerada suspeita sem uma prova. O fato de a testemunha exercer um direito de ação e tenha uma demanda contra a empresa, não significa que não trabalhará com a verdade quando estiver em juízo. Em relação ao diretor, não tem uma impossibilidade na lei para que não faça o depoimento, já que o rol de suspeição e de impedimento é taxativo. 39. É possível a utilização de provas obtidas por meios ilícitos no processo do trabalho? Justifique. Em regra, não. Esse princípio da licitude da prova se encontra no art. 5º, LVI, da CF que dispõe que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Entretanto, se admite a prova ilícita de acordo com o princípio da proporcionalidade que declara que não se deve chegar ao extremo de negar validade de provas obtida por meios ilícitos, como por exemplo, uma gravação utilizada por empregada que deseja fazer prova de que foi vítima de assédio sexual pelo seu empregador, sem o conhecimento deste. Princípios do Direito Processual do Trabalho 40. O princípio da proteção ao trabalhador deve ser considerado um princípio norteador do Direito Processual do Trabalho? Justifique. Sim, pois o princípio da proteção ao trabalhador está relacionado a interpretar as normas do direito do trabalho de forma mais favorável ao trabalhador. Nesse princípio, é aplicado o in dubio pro operario, que possui a finalidade de proteger o empregado que é a parte mais frágil da relação. Vale ressaltar que esse princípio pode ser usado quando uma das partes estiver ausentes da audiência.
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