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O município de Parués, no Estado Anaguá, fica na margem esquerda do Rio Ituiruaçú e faz divisa com o município de Erolim, que fica no Estado vizinho de Rocilom, na margem direita do mesmo rio. O caudaloso rio sempre foi a principal fonte de peixes para a alimentação das populações locais. Certo dia os moradores são surpreendidos com a notícia de que a empresa HOTEL S/A comprou vários hectares de terra na região para criar um Resort na localidade. Um grande empreendimento imobiliário que inclui, entre outras coisas, o uso do Rio Ituiruaçú como local para prática de esportes radicais aquáticos. As autoridades dos dois Estados iniciaram uma briga para saber de quem era a responsabilidade pela fiscalização, controle e pelas autorizações ambientais para o empreendimento. Considerando a art. 23 parágrafo único da Constituição Federal que diz: "Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem -estar em âmbito nacional." E ainda a Lei complementar n.º 140/2011 que fixa normas para União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas relativas à proteção do meio ambiente, responda: Como solucionar a referida contenda? Considerando que o rio Ituiruaçú representa a divisa entre dois entes federados, nos termos do art. 20, III da Constituição, ele é um bem da União. Logo, ainda que os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e a União detenham competência material comum para a tutela do meio ambiente, sendo o empreendimento localizado às margens de um bem da União caberá a ela, e não aos Estados membros, o licenciamento ambiental. Ademais, ressalte-se ainda que o empreendimento gerará efeitos a mais de um Estado membro, o que, pelo princípio da preponderância do interesse também justifica o licenciamento feito pelo IBAMA. A cidade brasileira de Porumberá do Estado de Maueré faz divisa com a cidade de Cambraio del Sol, no Paraguai. Desta forma, Brasil e Paraguai, naquela localidade, têm como fronteira nacional apenas uma estrada que os separa. O prefeito de Porumberá, sabendo que muitos de seus munícipes trabalham na cidade vizinha, em solo paraguaio, a fim de facilitar a vida de seus naturais, entrou em contato com o prefeito de Cambraio del Sol para assinarem um acordo de cooperação para emissão de vistos de trabalho, o que facilitaria muito a vida dos brasileiros por lá empregados. O prefeito de Cambraio del Sol adorou a ideia e informou que além dele o próprio presidente do Paraguai viria à cidade para a cerimônia de assinatura do referido acordo e fazia questão de assiná-lo também. O governador de Maueré, sabendo da iniciativa do prefeito brasileiro, informou que além de também estar presente à cerimônia e assinar o acordo, iria entrar em contato com a Presidência da República do Brasil e convidaria o Chefe do Executivo brasileiro para o evento e assinatura do documento. Contudo, ficou em dúvida se, ao convidar o chefe do Executivo, ele mesmo o governador, não seria "ofuscado politicamente". Resolve então consultar a Procuradoria do Estado para resolver a questão. Você é o(a) Procurador Geral do Estado de Maueré. Como orientaria o governador neste caso? Como Procurador Geral do Estado de Maueré orientaria ao Governador não participar do evento pelas seguintes razões: a) Competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade, órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões sobre determinada matéria. A competência tem várias classificações, dentre elas, a competência exclusiva, atribuída a um ente, com exclusão dos demais, e a competência privativa, atribuída a um ente, mas com possibilidade de delegação a outro. b) Compete exclusivamente à União, nos termos do art. 21, I da Constituição, manter relações com Estados estrangeiros. Portanto, nem o Governador, nem o Prefeito Municipal poderiam assinar um tratado para o referente acordo de cooperação para emissão de vistos. No caso, caberia ao Presidente da República, nos termos do art. 84, VIII da CF, celebrar tratados, após o Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados que acarretam encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional (CF, art. 49, I). c) Compete ainda privativamente à União legislar sobre direito do trabalho (CF, art. 22, I) e imigração (CF, art. 22, XV). Contudo, nessa hipótese, seria possível a delegação da competência legislativa, através de lei complementar, aos Estados membros (CF, art. 22, parágrafo único). Portanto, uma forma de se viabilizar o acordo seria um tratado prévio, assinado pela União e a posterior delegação legislativa ao Estado de Maueré, para legislar sobre as condições de trabalho e de entrada dos estrangeiros. Aderbal das Couves, deputado distrital, membro da CPI das Multas do DF, em diligência na cidade de Luisiânia/GO, está abarcado pela imunidade parlamentar? Imunidades são exceções ao direito comum outorgadas pela Constituição aos agentes políticos para o livre exercício de suas funções. As imunidades parlamentares tem natureza formal e material. A imunidade material, real ou substantiva implica subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos. Já a imunidade formal refere-se à impossibilidade de prisão do parlamentar, exceto quando preso, em flagrante delito, pela prática de crime inafiançável, bem como a possibilidade de sustação do processo penal por crime praticado após a diplomação, a qualquer tempo, antes da sentença. A imunidade parlamentar tem extensão em todo território nacional, sendo ainda perpétua. Por fim, nos termos da Constituição, as imunidades outorgadas aos parlamentares federais são extensíveis aos parlamentares estaduais e distritais. Logo, Aderbal das Couves, está abarcado por suas imunidades ainda que força da circunscrição do Distrito Federal, mas desde que pratique atos relacionados ao exercício do mandato. José resolveu candidatar-se ao cargo de Deputado Federal. Não se elegeu por 05 votos! Ficou como 1.º suplente do seu partido. Apesar da derrota eleitoral, como teve muitos votos, foi chamado para uma reunião do partido na Câmara dos Deputados. Passeando pelos corredores viu que em uma sala ocorria um debate da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre a constitucionalidade de um Projeto de Lei. Assistia atento ao debate quando observou que um parlamentar do seu partido, que era o referido PL, estava bastante exaltado e gritava ao microfone chamando a vários de seus colegas deputados de “vagabudos”. O parlamentar teve o som do seu microfone cortado e assim foi forçado a parar de argumentar. José, indignado, não pensou duas vezes, dono de uma voz poderosa, começou a argumentar no mesmo sentido que o parlamentar antes fazia. Quando foi solicitado a calar-se, enervou-se mais e disse que era suplente e estava trabalhando enquanto os outros todos ali eram “vagabundos”, “ganhavam sem trabalhar”, “não serviam para nada” e que “deveriam era fechar o congresso”. José e o parlamentar de seu partido foram contidos pela Polícia do Legislativo e indiciados pelos crimes de injúria e desacato. Descreva como ficaria a situação de cada um dos Réus. Imunidades são prerrogativas, em face do direito comum, outorgadas pela Constituição aos agentes políticos, para que estes possam ter bom desempenho de suas funções. Elas estão divididas em imunidades formal e material. A imunidade material, real ou substantiva implica subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos. Já imunidade formal, refere-seà impossibilidade do Congressista ser ou permanecer preso ou, ainda, a possibilidade de sustação do andamento da ação penal por crimes praticados após a diplomação. No caso o deputado federal está abarcado pela imunidade material, tendo em vista que, no exercício de suas atribuições, proferiu opinião e palavras, relacionadas ao mandato. Já José não tem qualquer imunidade, por não exercer o cargo de Deputado. Nesse caso o parlamentar poderá ser denunciado pelos crimes de injúria e desacato, perante o juízo federal de primeira instância. Importante ressaltar que em relação ao crime de desacato, inicialmente o Superior Tribunal de Justiça entendeu que o delito teria perdido efeito em função da garantia da liberdade de expressão, prevista no Pacto de San José da Costa Rica. Contudo, recentemente, o tribunal reviu sua posição, aceitando a manutenção do crime no ordenamento brasileiro. Rosivaldo Becária, em sua campanha para o cargo de Senador Federal, pelo Estado do Tocantins, acusou seu adversário político diversas vezes, de praticar crimes. Após ser eleito ele foi denunciado junto ao STF. Em sua defesa o Senador alegou a nulidade processo em virtude da falta de autorização da Casa para o início da persecução penal. Afirmou ainda que no caso aplica-se a imunidade parlamentar material, pois estava proferindo palavras e ele, durante a campanha, exercia o cargo de deputado estadual. Por fim, afirmou que o Senado Federal deliberaria sobre a sustação do processo nos próximos dias, motivo pelo qual, o STF não deveria dar continuidade ao processo. Considerando essas informações e seus conhecimentos de direito constitucional, como deve o STF se portar em relação aos argumentos do Senador? Imunidades são exceções ao direito comum outorgadas pela Constituição aos agentes políticos para o livre exercício de suas funções. As imunidades parlamentares tem natureza formal e material. A imunidade material, real ou substantiva implica subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos. Já a imunidade formal refere-se à impossibilidade de prisão do parlamentar, exceto quando preso, em flagrante delito, pela prática de crime inafiançável, bem como a possibilidade de sustação do processo penal por crime praticado após a diplomação, a qualquer tempo, antes da sentença. No caso em tela, ainda que a imunidade material dos parlamentares federais seja estendida aos parlamentares estaduais, o ato praticado não teve correlação ao exercício do mandato, e, portanto, inaplicável a imunidade. Ademais, por se tratar de crime anterior à diplomação, não seria possível a sustação do processo. Por fim, não é necessária a autorização do Senado Federal para o início da persecução penal de um parlamentar da casa, não se confundindo com a autorização prévia da Câmara dos Deputados para o recebimento de denúncia contra o Presidente da República, pela prática de crime comum, na vigência do mandato e em razão deste. Governador do Estado de Marués foi citado na delação premiada da empresa LUCH S/A e é acusado de receber vantagens indevidas. A denúncia foi recebida no STJ e a defesa do Governador, invocando o Princípio da Simetria, a Assembleia Legislativa do Estado precisaria autorizar o início do processo contra o Governador no STJ, tal qual o Congresso Nacional precisa autorizar o processo contra a Presidência da República no STF. A defesa está correta? Aplica-se o Princípio da Simetria neste caso? Segundo a jurisprudência do STF, a imunidade processual do Presidente da República, de não ser processado, exceto por infrações penais comuns, por atos praticados durante o mandato e em razão deste, após a admissão da acusação por dois terços da Câmara dos Deputados, não se trata de princípio constitucional extensível e, portanto, não se aplica o princípio da simetria. Assim como não o é a imunidade da prisão, prevista no art. 86, § 3º, da CF, podendo o Governador do Estado ser preso. Por fim, o Supremo decidiu que a suspensão do cargo, prevista no art. 86, § 1º, I da Constituição, também não tem aplicação automática aos governadores estaduais, cabendo o Superior Tribunal de Justiça decidir sobre eventual afastamento do cargo. Joaquim Massaranduba, tenente do exército, foi agredido dentro do quartel, por Maria dos Anjos, esposa de um cabo do exército, durante uma briga conjugal que ele tentou apartar. A agressora foi presa em flagrante. Contudo, o tenente, indignado, pretende ingressar com um processo judicial contra a União, por danos morais, tendo em vista que não houve por parte do Estado o respeito ao dever de cuidado. Considerando esses fatos responda: a) Qual o juízo competente para o julgamento da agressora? b) Qual o juízo competente para o julgamento da ação civil contra a União? A competência jurisdicional é a medida da jurisdição outorgada a um órgão do Poder Judiciário para o conhecimento e julgamento de uma determinada matéria. No caso em tela Maria dos Anjos responderá penalmente junto à Justiça Militar da União, por ter praticado crime em local de administração do Exército e contra um membro das forças armadas. Já a ação civil contra a União tem como juízo competente a justiça federal de primeira instância, nos termos do art. 109 da Constituição. Amélio Souza, juiz de direito, figura como o juiz mais antigo junto ao Tribunal de Justiça da Bahia. Ele pretende ser promovido para uma das varas cíveis da capital. É possível que, mesmo sendo o mais antigo ele seja preterido quando da promoção? Sim, desde que por voto fundamentado de dois terços do tribunal, após procedimento próprio, assegurada a ampla defesa (CF, art. 93, II, d). Iniciativa Deliberativa Complementar Emenda Constitucional 1/3, no mínimo, dos DFs ou SFs. Presidente + de 1/2 das ALs, por voto da maioria absoluta. 2 turnos em cada casa; 3/5 para aprovação. SEM DELIBERAÇÃO EXECUTIVA Promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal Lei ordinária Iniciativa geral; Concorrente; Privativa; Popular; Art. 67. Parlamentar; Extraparlamentar. 1 turno; Maioria simples para aprovação. Sanção ou veto presidencial. Promulgada, de regra, pelo Presidente da República. Lei complementar Iniciativa geral; Concorrente; Privativa; Popular; Art. 67. Parlamentar; Extraparlamentar. 1 turno; Maioria absoluta para aprovação. Sanção ou veto presidencial. Promulgada, de regra, pelo Presidente da República. O Deputado Federal Jairo Saconário apresentou junto à Câmara dos Deputados, projeto de lei que aumenta em 30% o efetivo do exército brasileiro, bem como em 20% os vencimentos dos militares das forças armadas. Após uma tramitação rápida, o projeto de lei foi aprovado, tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado Federal, sem que fosse votado no plenário de ambas as casas, e enviado ao Presidente da República para sua deliberação. Considerando seus conhecimentos de Direito Constitucional elabore um TEXTO DISSERTATIVO que contenha as seguintes respostas: a) O fato do projeto não ter sido votado no plenário das casas legislativa gera sua inconstitucionalidade? Justifique sua resposta. b) Poderá o Presidente da República sancionar o projeto de lei? Quais os efeitos dessa sanção? O processo legislativo é o conjunto de normas atinentes ao procedimento de criação de atos normativos, previstos no art. 59 da Constituição. O processo legislativo é composto por três fases: de iniciativa; deliberativa ou constitutiva; e complementar. A fase de iniciativa diz respeito à atribuição dada pela Constituição para dar início à produçãode uma norma. No caso em tela, o projeto de lei apresentado pelo deputado é inconstitucional, tendo em vista que a iniciativa para iniciar o processo legislativo relativo ao efetivo das forças armadas e também sobre o aumento de servidores públicos do Poder Executivo, é exclusiva do Presidente da República. O fato de o projeto de lei ter sido aprovado nas casas legislativas sem a votação em plenário não o torna inconstitucional se a matéria não estiver prevista no regimento interno da casa como de competência do Plenário e se não houve recurso de um décimo dos membros da Casa (CF, art. 58, § 2º, I). Contudo, mesmo se o Presidente da República sancionar o projeto de lei, o vício de iniciativa não será convalidado, e a lei continuará sendo formalmente inconstitucional. Logo, poderá ser ela objeto de declaração de inconstitucionalidade pelo Poder Judiciário. A Empresa Brasileira de Tecnologia é uma estatal que pesquisa e produz tecnologias de ponta para o Brasil. Grande orgulho nacional, é também grande empregadora, social e ambientalmente responsável, tendo sido classificada como uma das 10 melhores empresas para se trabalhar no mundo. Este ano ela vai completar 10 anos de fundação. Após algum debate sobre a conveniência, ou não, de um evento comemorativo, o Governo Federal decide por realizar uma grande festa pública com shows gratuitos, emissão de selo comemorativo pela ETC (Correios), criação e entrega de um prêmio ¿mentes pensantes¿ para pessoas que se destacaram na área na última década. Ocorre que o debate sobre a realização do evento deixou pouco tempo para organizar tudo. Assim, como a situação era urgente e a causa relevante, o Governo Federal decide emitir uma Medida Provisória para dispensar as licitações da empresa de produção dos shows, da festa de premiação e ainda para permitir empenho de despesas mesmo sem comprovação prévia. Um parlamentar a oposição considera absurdo a contratação sem licitação e chama seu escritório de advocacia para ajudar. É cabível a edição de MP neste caso? Exceto a matéria que versa sobre a permissão de empenho de despesa, sem comprovação prévia, que por sua natureza orçamentária, tem vedação expressa na Constituição (CF, art. 62, § 1º, d), as demais matérias elencadas na medida provisória não estão previstas no rol de matérias que não podem ser objeto de medida provisória (CF, art. 62). Contudo, a festa de aniversário de uma empresa pública não pode ser considerada urgente. Logo, cabe ao Plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional afastar o requisito, nos termos do art. 62, § 5º da CF. Judicialmente é possível o ingresso de uma ADI, junto ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102, I, a da Constituição, tendo em vista que a jurisprudência do tribunal admite, em casos excepcionalíssimos, o controle dos requisitos de relevância e urgência e um dos pontos da MP ser vedado expressamente pela Constituição. Quais as principais características das medidas provisórias: Precariedade: após editada tem sua validade condicionada à aprovação do Congresso Nacional; Excepcionalidade: só pode ser editada quando houver relevância e urgência; Efemeridade: têm duração máxima de 60 dias prorrogáveis uma única vez.