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RAMOS, Ramon Henrique Lira Os Escravos da Lei

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“OS ESCRAVOS DA LEI”: DOGMÁTICA CONTEMPORÂNEA DO NON LIQUET 
NO DIREITO BRASILEIRO 
 
 
Pamella de Souza Nascimento1 
Ramon Henrique Lira Ramos2 
 
 
O presente trabalho visa demonstrar a existência de motivos outros que não o 
paradigma da razoável duração do processo enquanto fatores que embasam a 
existência do instituto da improcedência prima facie na processualística brasileira. 
Parte-se, aqui, da análise de dois fenômenos que tem moldado a prática legiferante 
no tocante ao normativo processual pátrio: o primeiro remete a criação do princípio 
da eficiência da Administração Pública, incluído na Carta Política com a Emenda 
Constitucional nº 19/1998 e suas implicações quanto à formação do paradigma da 
celeridade processual; o segundo, contido no artigo 93, “X” da Constituição Federal, 
diz respeito à formação cognitiva do magistrado. Por meio da Resolução nº 
106/2010 do Conselho Nacional de Justiça, há o incentivo ao arquivamento dos 
autos em detrimento da resolução final da lide, em virtude da pontuação classificada 
como critério de merecimento à promoção dos Juízes. A prática de tal conduta, 
notoriamente equivocada e antiética, torna-se útil por instituir publicidade à máscara 
da eficiência do Judiciário, que se locupleta dos quantitativos numéricos para 
estabelecer ao público resposta que agrade. A conveniência, por sua vez, tem 
ganhado cada vez mais incentivo, inclusive formal. Basta que se observe, por 
exemplo, a vinculação das possibilidades de improcedência prima facie trazidas pela 
Lei Federal nº 13.105/2015, que instituiu o novo Código de Processo Civil Brasileiro. 
A presente tendência, agora imperativa, de uniformização de precedentes, tende a 
vincular a primeira instância aos pareceres de Tribunais Superiores e, obviamente, 
serve enquanto mecanismo de “encoste” ao juízo de origem, significando em seu 
núcleo verdadeiro ato sinônimo à escusa de julgamento outrora permitida em Roma. 
O non liquet contemporâneo não se consubstancia na original premissa do 
jurisconsulto romano Aulo Gélio, mas sim na própria hierarquia funcional que 
estabelece à furtiva com relação ao julgamento de mérito. Frauda-se o interesse 
comum pela efemeridade dos acontecimentos e a midiatização do conteúdo público, 
alegada a celeridade processual enquanto horizonte final. Esquece-se, em 
detrimento, o ideal de Justiça. Metodologicamente, constitui-se tal pesquisa em 
revisão bibliográfica e investigação documental, além da análise dogmática acerca 
do instituto da improcedência prima facie, já consagrado na processualística 
brasileira. 
 
Palavras-chave: Ética. Processualística. Magistratura. Improcedência. 
 
1
 Graduada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual da Paraíba 
– UEPB. Acadêmica do curso de Direito pela Faculdade Maurício de Nassau – Unidade Campina 
Grande/PB. Endereço de Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/1289767364170153. 
2
 Acadêmico do curso de Direito pela Faculdade Maurício de Nassau – Unidade Campina Grande/PB. 
Endereço de Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/5829210283043263.

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