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UNIDADE 2 LINGUA DE SINAIS

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Língua Brasileira de Sinais
História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Juliana Sanros da Silva
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone
5
• História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
• O Surdo na Antiguidade
• Idade Média
Atente-se para a evolução dos fatos, que revelam diferentes concepções presentes nessa trajetória. 
Dessa forma, você poderá compreender melhor o momento atual em que vivemos e, ainda mais, 
você irá valorizá-lo, pois perceberá que muitas de nossas conquistas atuais estão centradas na 
superação de muitos homens e mulheres determinados a intervir em uma sociedade excludente, 
para torná-la mais humana e inclusiva. 
Nesta unidade, a atividade de aprofundamento a ser realizada será um fórum de discussão. 
Participe da discussão, colocando seu ponto de vista de maneira clara e objetiva, favorecendo a 
interação e contribuindo para a aprendizagem coletiva.
Na atividade de sistematização do conhecimento, tire proveito da autocorreção. Ela será 
importante para apreensão dos conteúdos da disciplina.
 · faremos uma breve visita à história das pessoas com surdez ao 
longo dos tempos. Dessa forma poderemos compreender com 
mais propriedade o momento atual que vivemos. Ao longo da 
disciplina, veremos como essa história tem sido marcada por 
uma trajetória de lutas e conquistas. 
História da pessoa com surdez ao 
longo dos tempos
• Idade Moderna
• Idade Contemporânea
• Um pouco da história dos Surdos nos Estados Unidos
• História dos surdos no Brasil
6
Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Contextualização
Atualmente a LIBRAS é reconhecida como a segunda língua oficial de nosso país através 
da Lei 10.436/02. Os surdos possuem direito a uma educação bilíngue que atenda a suas 
especificidades. Porém nem sempre foi assim. Durante séculos de nossa história, os surdos não 
tinham direitos como: 
• utilizar a língua de sinais;
• frequentar os mesmos locais que os ouvintes;
• casar-se;
• testamento, entre outros.
A história da pessoa com surdez tem sido marcada por grandes lutas e conquistas. Convido 
você a assistir um emocionante vídeo que retrata um pouco dessa história e das dificuldades 
enfrentadas por muitos surdos. 
 LINK: http://www.youtube.com/watch?v=XVp6Qh6ZXlo
7
História da pessoa com surdez ao longo dos tempos: 
um percurso de lutas e conquistas 
A partir da oficialização da Lei de LIBRAS 10.436, em 2002, muitos direitos das pessoas 
com surdez foram conquistados e consolidados. Hoje os surdos possuem uma língua que é 
reconhecida, em todo o território nacional, como a segunda língua oficial de nosso país. O uso 
e a difusão da LIBRAS são garantidos legalmente.
Porém não foi sempre assim. Por longos períodos, os surdos foram proibidos de usar a Língua 
de Sinais e, em algumas épocas, eram até mesmo mortos; não tinham direito à vida. Para que 
você compreenda um pouco dessas lutas e conquistas da comunidade surda, nesta unidade 
faremos um breve panorama histórico desse percurso ao longo dos tempos. 
O Surdo na Antiguidade
De acordo com Márcia Honora (2009), para os gregos e os 
romanos, em linhas gerais, os surdos não eram considerados 
humanos, não tinham direito à vida. A surdez era considerada 
uma maldição dos deuses e, por isso, muitos surdos eram 
lançados em precipícios e outros eram lançados nos rios. Nessa 
época, os surdos que não eram mortos viviam miseravelmente 
como escravos ou eram abandonados. 
Para o filósofo Aristóteles, nesse período, o sentido mais importante para o desenvolvimento 
do pensamento era a audição; assim, os nascidos surdos não poderiam jamais desenvolver o 
pensamento, estavam reduzidos ao mesmo patamar que os animais. 
De acordo com Éden Veloso e Valdeci Maia (2009), na China, os surdos eram lançados ao 
mar ou sacrificados a “Teutates”, por ocasião da festa do Agárico. Nesse período, os surdos 
eram vistos como miseráveis, doentes, amaldiçoados e incapazes de desenvolver o pensamento. 
Idade Média
Neste período, muitos relatos sobre a pessoa com 
surdez foram perdidos, pois muitos surdos ainda estavam 
sendo banidos da sociedade. A concepção de que os 
surdos eram incapazes e limitados prevalecia. 
Thinkstock.com
Thinkstock.com
8
Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Conforme Márcia Honora e Mary Frizanco (2009), na Idade Média, os surdos eram 
privados do casamento para não gerarem outros “imperfeitos”. Também não tinham direito à 
escolarização, não era permitido que frequentassem os mesmos locais que os ouvintes e, ainda, 
não tinham direito ao testamento, pois não possuíam uma língua inteligível. No entanto, nessa 
época, os nobres, para não dividirem suas heranças com outras famílias, casavam-se entre si, o 
que gerava grande número de surdos entre eles. 
Os surdos também não possuíam acesso à religião, pois, por não terem uma língua inteligível 
(segundo a sociedade da época), suas almas eram consideradas mortais. A partir da análise desse 
contexto, a Igreja iniciou uma tentativa de educar e doutrinar os surdos, conforme o relato a seguir: 
Os monges que estavam em clausura e haviam feito o Voto do Silêncio para 
não passar os conhecimentos adquiridos pelo contato com os livros sagrados 
foram convidados pela Igreja Católica a se tornarem preceptores dos Surdos 
(HONORA, 2009, p. 19).
Conforme podemos observar através desse relato, uma das primeiras tentativas de educação 
dos surdos foi mediada por monges, porém, muitas vezes, a base dessa educação estava centrada 
em interesses econômicos e religiosos. Vale ressaltar, ainda, que, embora os monges utilizassem 
uma linguagem gestual, seu foco de trabalho era voltado para oralização dos surdos.
Idade Moderna
Neste período, os estudos sobre a pessoa com surdez tornaram-
se mais disponíveis. Muitos estudiosos renomados começaram 
a investigar a surdez e traziam diferentes concepções sobre os 
surdos. Alguns começaram a apontar a importância da Língua de 
Sinais para o desenvolvimento das pessoas com surdez, porém 
a maior parte desses estudos ainda trazia a língua oral auditiva 
como sendo a única capaz de libertar os surdos de seu isolamento 
e possibilitar-lhes uma forma de comunicação. Muitos filósofos, 
professores, médicos e pesquisadores da época recomendavam 
a imposição da língua oral para a educação e comunicação dos 
surdos, em detrimento da Língua de Sinais. 
De acordo com Moura (2000), a primeira alusão à possibilidade de o surdo aprender por 
meio da Língua de Sinais ou da língua oral é encontrada em Bartolo della Marca d’Ancona, 
escritor e advogado do século XIV.
Neste período, uma importante declaração foi realizada por Girolamo 
Cardano (1501-1576), médico e filosofo que reconheceu que a surdez 
não era um impedimento para a razão e a instrução. Afirma que “... a 
surdez e mudez não é o impedimento para desenvolver a aprendizagem e 
que o meio melhor dos surdos aprenderem é através da escrita... e que era 
um crime não instruir um surdo”, conforme cita Éden Veloso (2009).
commons.wikimedia.org
Girolamo Cardano (1501-1576) 
commons.wikimedia.org
9
O interesse nos estudos direcionados aos surdos, 
por parte de Girolamo Cardano, teve início porque seu 
primeiro filho nasceu surdo. 
Moura (2000) relata que o verdadeiro início da 
educação do surdo surgiu com o monge beneditino 
Pedro Ponce de León (1520-1584), que se dedicou 
a educar e ensinar os sacramentos sagrados a surdos de 
famílias nobres. Ele ensinava-os a falar, ler, escrever e 
rezar. Alguns aprenderam filosofia natural e astrologia e, 
através de suas faculdades intelectuais, demonstravam 
que eram capazes de aprender, o que, anteriormente, 
foi negado por Aristóteles. 
León utilizava uma metodologia pautada na escrita, datilologia(alfabeto manual) e oralização. 
Inicialmente ensinou dois irmãos surdos de uma importante família aristocrata. Na época, havia 
uma grande preocupação em oralizar os surdos, em especial os primogênitos, pois, legalmente, 
se estes não aprendessem a falar não teriam direito à herança da família. 
Conforme Honora (2009), o padre Juan Pablo Bonet (1579-1623) publicou, em 1620, 
em Madrid, o tratado de ensino de surdos chamado: “Redação das Letras e Artes de Ensinar 
os Mudos a Falar”. Esse tratado previa a escrita sistematizada do alfabeto como facilitador da 
oralização. Bonet acreditava que seria mais fácil para os surdos aprenderem a falar e ler se cada 
letra do alfabeto fosse substituída por uma forma visual. 
Reducción de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos (Bonet, 1620)
commons.wikimedia.org
Porém há relatos de que já havia sido publicada uma representação do alfabeto manual pelo 
monge Melchor de Yebra (1526-1586) aproximadamente trinta anos antes da publicação de 
Bonet em 1620. É difícil determinar uma época e um nome preciso para a criação do alfabeto 
manual, uma vez que, como vimos anteriormente, os monges em clausura na Idade Média já 
utilizam uma forma de linguagem gestual que representava as letras do alfabeto para que não 
ficassem totalmente incomunicáveis.
Não obstante uma das formas mais antigas do alfabeto manual de que se tem notícia era 
bimanual e utilizava as duas mãos para representá-lo. É utilizado, atualmente pelos surdos 
no Reino Unido, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e algumas zonas do Canadá. Veja 
ilustração a seguir: 
Pedro Ponce de León ensinando um aluno
commons.wikimedia.org
10
Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Alfabeto bimanual
commons.wikimedia.org
Essa representação do alfabeto é muito distinta da utilizada 
hoje em nosso país. Em LIBRAS, o alfabeto manual é unimanual, 
ou seja, é realizado apenas com uma das mãos. 
Em Éden Veloso e Valdeci Maia (2009), encontramos o nome do 
medico britânico John Bulwer (1614-1684), pouco divulgado 
na história das pessoas com surdez. Ele, ao observar dois surdos 
conversando, compreendeu a importância da língua gestual para 
a educação da pessoa com surdez. Bulwer foi o primeiro inglês 
a desenvolver e defender um método de comunicação entre 
ouvintes e surdos.
Em 1644, publicou o livro A Língua natural da mão e a arte da retórica manual, 
que defendia o uso do alfabeto manual, da língua de sinais e da leitura labial. Jhon Bulwer 
acreditava que a Língua de Sinais era capaz de expressar os mesmos conceitos que a língua 
oral. Tentou criar uma academia de surdos sem ter sido bem sucedido, pois seus estudos, na 
época, não foram bem vistos por seus contemporâneos, que defendiam a oralização e a língua 
oral auditiva. 
John Bulwer (1614-1684)
commons.wikimedia.org
11
De acordo com Moura (2000), outro importante personagem inglês na história dos surdos foi 
John Wallis (1616-1703), seguidor do método de Bonet. Ele trabalhava com um pequeno grupo 
de surdos na tentativa de ensiná-los a falar, porém declarou que essa fala se deteriorava, pois o 
surdo necessitava constantemente de um retorno externo para monitorá-lo. Após abandonar o 
ensino da fala para os surdos, passou a utilizar a Língua de Sinais para ensiná-los e considerou 
a língua visual gestual fundamental para o ensino da pessoa com surdez. É muito curioso que, 
embora Wallis tenha desistido de ensinar os surdos a falar, ele é considerado o fundador do 
oralismo na Inglaterra. 
Ainda conforme Moura (2000), um século mais tarde, Thomas Braidwood (1715-1806) 
leu o trabalho de Wallis e seguiu sua linha de trabalho, defendendo e divulgando a oralização dos 
surdos. Infelizmente Braidwood considerou apenas a fase oralista das pesquisas de Wallis, não 
atentando para o fato de que o próprio Wallis, no final de sua vida, desistiu de ensinar os surdos 
a falarem, rendendo-se à Língua de Sinais e declarando sua importância no desenvolvimento 
da pessoa com surdez.
Braidwood fundou uma escola para surdos em Edimburgo, onde trabalhava com surdos 
e outras crianças com problema de fala. Suas técnicas incluíam o uso do alfabeto manual, 
pronúncia e leitura orofacial. Essa escola tornou-se referência na correção dos distúrbios da fala 
na Europa. Muitas outras escolas foram fundadas com base nas técnicas de Braidwood. Todas 
elas eram organizadas e dirigidas por membros de sua família, que mantinham suas técnicas em 
segredo, não dividiam seus métodos, pois não queriam dividir o monopólio financeiro adquirido 
através de suas técnicas. 
Moura (2000) conta-nos que Charles Green foi a primeira criança americana a frequentar a 
escola e obter sucesso no desenvolvimento orofacial. Seu pai, Francis Green, ficou tão motivado 
com o sucesso do filho que decidiu lutar pela abertura de novas escolas para surdos baseadas 
nas técnicas de Braidwood. Obviamente não obteve apoio deste, que não desejava divulgar seu 
método nem dividir seus lucros.
Apesar do sucesso obtido no desenvolvimento da fala, quando Charles Green voltou para 
os Estados Unidos, sua fala regrediu muito e Green passou a defender a Língua de Sinais e a 
criticar as técnicas de Braidwood. 
No final da Idade Moderna, um grande nome apareceu: Charles Michel L’Epée (1712 – 
1789). Muitos atribuem a ele a criação da Língua de Sinais, porém, como vimos anteriormente, 
muitos de seus antecessores já acreditavam e divulgavam a Língua de Sinais como sendo uma 
forma real de desenvolvimento para os surdos. 
Trocando Ideias
É importante ressaltar que não podemos atribuir uma data ou um nome específico para a criação da 
Língua de Sinais, pois ela existe deste que existem surdos, ou seja, desde o início da humanidade. 
 
12
Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Porém, conforme aponta Moura (2000), um dos grandes diferenciais de L’Epée foi ter a 
humildade de aprender a Língua de Sinais com os surdos e de considerar o que eles já traziam, 
além de reconhecer os sinais como uma língua que podia, efetivamente, expressar conceitos 
concretos e abstratos.
Éden Veloso e Valdeci Maia (2009) contam que L’Epée manteve contato com surdos carentes 
que perambulavam pela cidade de Paris (nesse período não era permitido o extermínio dos 
surdos como na Antiguidade, porém muitos surdos de origem humilde eram abandonados 
por suas famílias), procurando aprender sua forma de comunicação e sistematizar seus estudos 
sobre a Língua de Sinais.
Seu método combinava os sinais utilizados por seus alunos com a gramática da língua 
francesa e foram denominados “Sinais Metódicos”, e utilizados até1830. Moura, em seu livro 
O Surdo: caminhos para uma nova identidade, aponta:
A importância de L’Epée não está somente no fato dele ter desenvolvido 
um método novo na educação dos Surdos, mas de ter tido a humildade 
de aprender a Língua de Sinais com os Surdos para poder, através desta 
língua, montar o seu próprio sistema para educá-los. Ele foi o primeiro a 
considerar que os Surdos tinham uma língua, ainda que a considerasse falha 
para ser usada como método de ensino. Através desta visão, em que a língua 
dos Surdos era reconhecida, ele colocou os Surdos na categoria humana. 
(MOURA, 2000, p. 23). 
Outra importante e desafiadora descoberta feita por L’Epée foi que:
O treinamento em fala tomava tempo demais dos alunos, tempo este 
que deveria ser gasto em educação. Além disto considerava que, mesmo 
para aqueles que poderiam aprender a falar, isto teria pouco utilidade, 
considerando-se o tempo despendido e a utilidade real desta fala 
(MOURA, 2000, p. 24). 
L’Epée fundou a primeira escola pública para surdos em Paris 
, o Instituto Nacional para Surdos-Mudos, em 1760. Ele fazia 
demonstrações, em praça pública, de seus alunos com perguntas e 
respostas através da Língua de Sinais e da escrita para provarque 
seu método funcionava e que os surdos eram capazes de aprender. 
Dessa forma também arrecadava dinheiro para manter seu trabalho. 
L’Epée morreu em 1789 quando já havia fundado 21 escolas para 
surdos na França e em outras partes da Europa. 
 
Charles Michel L’Epée (1712 – 1789)
commons.wikimedia.org
13
 Idade Contemporânea 
Você se recorda do Instituto de Surdos-Mudos de Paris fundado por L’Epée? Esse Instituto foi 
um marco na história dos surdos e no reconhecimento da Língua de Sinais. Mas, após a morte 
de seu fundador L’Epée, o que aconteceu? A Língua de Sinais foi adotada também por outros 
professores, médicos e estudiosos? O que você acha? Veremos, agora, o que aconteceu com o 
renomado Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris. 
 
 Importante
Não se esqueça de que a concepção de surdez da época era diferente da atual e o termo Surdo-Mu-
do, atualmente, não deve ser utilizado, conforme vimos na unidade anterior. 
Moura (2000) relata que, em 1790, Abbé Sicard (1742-1822) assumiu a direção do Instituto 
Nacional de Surdos-Mudos no lugar de L’Epée. Sicard publicou dois livros: um de gramática 
geral e outro com um relato de como ensinou Jean Massieu (surdo).
Jean Massieu tornou-se um renomado professor surdo da época e, após a morte de Sicard, 
foi o nome mais indicado para, naturalmente, assumir a direção do Instituto. Porém isso não 
aconteceu. Ele foi afastado por Jean-Marc Itard e Baron Joseph Marie de Gérando, que eram 
grandes opositores da Língua de Sinais.
Jean-Marc Itard (1775-1838) tornou-se médico residente do Instituto Nacional de Surdos-
Mudos de Paris; buscava entender qual a causa da surdez e constatou que sua origem não era 
visível. Assim, realizava experiências com os surdos buscando erradicar a surdez. Muitos de seus 
procedimentos eram desumanos e invasivos e, entre eles, podemos citar: 
• uso de sanguessugas para perfurar as membranas timpânicas de alunos surdos;
• uso de descargas elétricas nos ouvidos dos surdos;
• perfuração de membrana timpânica (levando um aluno à morte por esse motivo).
Após anos de trabalho e pesquisa, Itard reconheceu que a melhor forma para o ensino dos 
surdos era a Língua de Sinais.
O próprio Itard, após dezesseis anos de tentativas e experiências frustradas 
de oralização e remediação da surdez, sem conseguir atingir os objetivos 
desejados, rendeu-se ao fato de que o Surdo só pode ser educado através da 
Língua de Sinais. Ele continuaria defendendo a tese de que alguns poucos 
poderiam se beneficiar do treinamento de fala, mas mesmo para estes ele 
passou a considerar que a única forma possível de comunicação e de ensino 
deveria ser a Língua de Sinais (MOURA, 2000, p. 27). 
14
Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Um pouco da história dos Surdos nos Estados Unidos
Conforme Moura (2000), Thomas Gallaudet (1787-1851) começou a interessar-se pela 
surdez após conhecer Alice Cogswell, uma menina surda que era sua vizinha e com a qual 
tentou estabelecer algum tipo de comunicação através de gestos e apontado objetos. Ao longo 
do tempo, seu interesse pela surdez só aumentou e ele uniu esforços com outras pessoas para 
criar uma escola pública para surdos nos Estados Unidos. Gallaudet não conhecia nada sobre a 
surdez e, por isso, foi para à Europa aprender o método utilizado por Braidwood (que utilizava 
o método oralista, como vimos anteriormente), porém Braidwood, por interesse financeiro, não 
quis revelar seu método. 
Por essa razão Gallaudet foi para França para conhecer o método 
de L’Epée, que utilizava a Língua de Sinais para o ensino dos surdos, 
como já vimos. No Instituto Nacional para Surdos-Mudos, ele 
realizou um estágio e começou a aprender a Língua de Sinais e 
o sistema de Sinais Metódicos. Seu instrutor foi o Laurent Clerc 
(1785-1869), surdo educado no Instituto desde os doze anos de 
idade que, posteriormente, se tornou um brilhante e conhecido 
professor de surdos. 
Para fundar a primeira escola pública para 
surdos. Inicialmente eles utilizavam a Língua 
de Sinais francesa e, gradativamente, foram 
adaptando e formando a Língua de Sinais 
Americana. Essa escola recebeu o nome de 
Hartford School. Muitos surdos de outros estados 
estudavam nessa escola e depois voltavam para 
suas cidades de origem. A escola possuía o 
regime de internato. Em 1869, já existiam trinta 
escolas para surdos nos Estados Unidos. 
Em 1864, foi autorizado o funcionamento 
da primeira faculdade para surdos, localizada 
em Washington (National Deaf-Mute College, 
atual Gallaudet University), fundada por 
Edward Gallaudet, filho de Thomas Gallaudet.
Atualmente a Gallaudet University, localizada 
em Washington, é a única Universidade de 
artes liberais para surdos no mundo que utiliza 
a Língua de Sinais como primeira língua. 
Explore
Para conhecer mais sobre a Gallaudet University, indico a visita ao site oficial em: 
http://www.gallaudet.edu/
Laurent Clerc (1785-1869)
commons.wikimedia.org
Gallaudet University 
Andrew Kuchiling - commons.wikimedia.org
15
Não podemos deixar de comentar que um dos mais conhecidos defensores do oralismo da 
época que foi Alexander Graham Bell (1847-1922), cientista e inventor do telefone. Ele 
julgava que a Língua de Sinais era inferior à língua oral e que a surdez era um desvio e, ainda, que 
o casamento entre surdos era um perigo para a sociedade, embora sua própria mãe fosse surda.
 Éden Veloso (2009) conta que, em 1873, Alexander Graham Bell ministrava aulas de 
fisiologia da voz para surdos na Universidade de Boston quando conheceu a surda Mabel 
Gardiner Hulbard, com quem se casou em 1877. Mabel era oralizada e não gostava de estar na 
presença de outros surdos; para ela os surdos deveriam se passar por ouvintes encaixados no 
mundo. Graham Bell criou o telefone em 1876, tentando criar um acessório para surdos. 
Honora (2009) também relata um importante acontecimento nesse período: o I Congresso 
Internacional de Surdos-Mudos no ano de 1878 em Paris. Nesse evento foi definido que o 
melhor método para educar os surdos era a oralização e a utilização de gestos nas séries iniciais. 
Porém dois anos mais tarde, em 1880, aconteceu, em Milão, o II Congresso Mundial de Surdos-
Mudos, em que foi promovida uma votação para decidir entre a oralização e a Língua de 
Sinais. O questionamento em pauta era saber qual seria o melhor método para a educação 
dos surdos. Após a votação, a oralização venceu e a recomendação oficializada foi do oralismo 
puro, proibindo-se totalmente o uso de sinais. Honora ainda ressalta que apenas um surdo 
esteve presente ao congresso, mas não teve o direito a voto, sendo convidado a se retirar da 
sala de votação. 
Podemos perceber que esse período foi marcado por lutas e conquistas entre surdos e ouvintes. 
Muitos dos estudiosos, professores e médicos da época que defendiam a oralização, após anos 
de trabalho, compreenderam que apenas através da Língua de Sinais o surdo poderia sair de 
seu isolamento e, realmente, estabelecer um processo comunicativo integral.
Infelizmente, na história das pessoas com surdez não foi dado o protagonismo ou a liberdade 
de escolha para os próprios surdos. Podemos perceber que, durante muito tempo, não foi dada 
“voz” aos surdos, foi lhes negado o direito de escolha, de decidir sobre sua própria vida. 
Vimos um pequeno relato do percurso histórico dos surdos ao longo dos tempos em diferentes 
países. Mas ... como foi esse cenário de lutas e conquistas em nosso país? Vejamos, agora, um 
pouco da história dos surdos no Brasil. 
História dos surdos no Brasil
A educação de surdos no Brasil difere da de outros países, pois um 
de seus idealizadores foi Hernest Huet, ex-aluno surdo do Instituto de 
Paris. Conforme vimos anteriormente, em outros países a maior parte dos 
pesquisadores e professores eram ouvintes. Entendemosque ninguém 
melhor que um surdo para compreender sua realidade e protagonizar sua 
história. 
Thinkstock.com
16
Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Conforme Honora (2009), Hernest Huet trouxe documentos 
importantes referentes à Língua de Sinais Francesa e o alfabeto 
manual para o nosso país. Dessa forma, ajudou a sistematizar 
nossa Língua de Sinais, que sofreu grande influência da Língua 
de Sinais Francesa. 
Huet notou que, em nosso país, não havia uma escola pública 
para surdos e, então, solicitou ao Imperador Dom Pedro II um 
prédio para fundar o Instituto dos Surdos-Mudos do Rio de 
Janeiro em 26 de Setembro de 1857, atual Instituto Nacional de 
Educação de Surdos. Atualmente, nessa data, é comemorado o 
Dia Nacional do Surdo.
Explore
Para conhecer mais sobre o “Dia Nacional do Surdo”, veja a reportagem realizada pela 
NBR Noticias publicada no site a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=gW7rIE3OL1s
Dessa forma nossa Língua de Sinais começou a ser sistematizada, Não se esqueça de que, 
conforme vimos anteriormente, a Língua de Sinais sempre existiu; Huet apenas auxiliou a 
organização dessa língua através de sua experiência e de importantes documentos trazidos de 
Paris. Em 1861, Huet deixou a direção do Instituto por problemas pessoais e foi para o México, 
onde fundou uma escola para surdos. 
Após a saída de Huet, muitos diretores com diferentes concepções passaram pelo Instituto, 
conforme Moura (2000) e Honora (2009). Podemos citar alguns, como:
Nome Ano Características
Dr. Manoel de 
Magalhães Couto 1862
Não era especialista em surdez; realizou apenas um curso de 
habilitação na França
Dr. Tobias Leite 1873
Regulamentou a educação profissional no Instituto e o ensino da 
linguagem articulada e leitura labial. Após sete anos de trabalho, ele 
considerou que os alunos não haviam obtido nenhum rendimento 
com esse método.
Dr. João Paulo de 
Carvalho 1897
Deu continuidade ao ensino da linguagem articulada, conforme as 
determinações do Congresso de Milão. 
Dr. Custódio José 
Ferreira Martins 1911
Adotou como método para o Instituto o oralismo puro em todas as 
disciplinas. Após três anos de trabalho percebeu o resultado negativo 
apresentado pelos alunos e justificou o insucesso pela a entrada tardia 
dos alunos no Instituto (alunos entre 9 e 14 anos). Assim, solicitou ao 
governo que as crianças fossem admitidas mais cedo, com 6 anos, 
porém seu pedido não foi aceito. 
Instituto Nacional de Educação de Surdos
nes.gov.br
17
Dr. Armando Paiva de 
Lacerda 1930
Realizava testes de inteligência nos alunos e relacionava os resultados 
com a aptidão para a oralização. Após esses testes, os alunos eram 
separados de acordo com a seguinte classificação: surdos-mudos 
completos, surdos incompletos, semissurdos propriamente ditos e 
semissurdos. Seu objetivo era que as salas de aulas fossem o mais 
homogênea possível para facilitar o trabalho de oralização realizado 
pelo professor. Nomeou esse método de Pedagogia Emendativa do 
Surdo-Mudo. Ele considerava que o trabalho dos professores com 
crianças surdas era difícil e ingrato.
Profª Ana Rímoli de 
Faria Dória 1951
Implantou o Curso Normal de Formação de Professores para Surdos. 
A metodologia utilizada era o Oralismo. 
Atualmente, o trabalho do INES foi reformulado e sua concepção de surdez é bilíngue, 
priorizando o desenvolvimento do surdo por meio da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. O 
INES, hoje, é um centro de referência nacional na área da surdez e atende alunos surdos desde 
a Educação Infantil até o Ensino Médio. 
 
 Explore
Para conhecer melhor o Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES – e o trabalho realizado atu-
almente, acesse esta bela reportagem disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=8L0zKJAdRTs
Como você pode perceber, a história das pessoas com surdez foi e ainda continua sendo 
marcada por lutas e conquistas. Esta visita à história dos surdos ajuda-nos a entender o momento 
atual em que vivemos. Também podemos perceber que muitos mitos associados ao surdo, 
que estudamos na unidade anterior, estão alicerçados em sua própria história e também em 
concepções equivocadas que, ao longo do tempo, foram construídas.
Durante muitos anos, a educação de surdos foi essencialmente pautada em uma Concepção 
Oralista, com foco no treino orofacial e desenvolvimento da fala, proibindo-se o uso de sinais. 
O objetivo primordial era a busca da “normalidade” e, infelizmente, muitos professores, 
pesquisadores e cientistas acreditaram que apenas a fala poderia conferir o acesso dos surdos à 
sociedade. Durante séculos a Língua de Sinais foi considerada inferior à Língua Oral. 
Conforme Honora (2009), a concepção oralista em nosso país perdeu força em meados de 
1970, com os estudos de Ivete Vasconcelos, educadora surda da Universidade de Gallaudet, 
que trouxe para o Brasil a Concepção da Comunicação Total. Nessa abordagem, os sinais, 
mímicas, gestos e expressões faciais são permitidos, porém concomitantemente ao uso da 
Língua Portuguesa; o objetivo principal ainda era fazer com que o surdo desenvolvesse a fala.
Apenas a partir de 1980, em nosso país, começou a ser pensada uma Concepção Bilíngue de 
educação para surdos. Nessa abordagem, a Língua de Sinais passou a ser considerada a língua 
materna dos surdos congênitos e seu aprendizado, realizado de forma natural. Saiu de cena o 
discurso clínico e o surdo passou a ser visto como diferente. A LIBRAS foi reconhecida como a 
segunda língua oficial de nosso país por decreto federal. 
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Ser surdo não é apenas uma condição audiológica, mas sim condição de pertencimento a uma 
cultura diferenciada; é conceber o mundo através de uma língua visual, que hoje é garantida como 
meio legal de comunicação e expressão, denotando ao surdo o pertencimento a uma minoria 
linguística que deve ser respeitada e considerada. Para finalizarmos esta unidade, gostaria de 
compartilhar com você o seguinte pensamento da professora e neurologista Maria Amim:
O próprio Itard, após dezesseis anos de tentativas e experiências frustradas 
de oralização e remediação da surdez, sem conseguir atingir os objetivos 
desejados, rendeu-se ao fato de que o Surdo só pode ser educado através da 
Língua de Sinais. Ele continuaria defendendo a tese de que alguns poucos 
poderiam se beneficiar do treinamento de fala, mas mesmo para estes ele 
passou a considerar que a única forma possível de comunicação e de ensino 
deveria ser a Língua de Sinais (MOURA, 2000, p. 27). 
 
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Material Complementar
Neste espaço, você encontrará sugestões de material complementar ao conteúdo desenvolvido 
na unidade II. Aproveite para aprofundar seu conhecimento sobre a pessoa com surdez e sua 
história. Tenho certeza de que você vai gostar. 
• Assista à entrevista da Vanessa Vidal, Miss Ceará, surda. Com seu exemplo, ela demonstra 
que uma história de superação é construída por cada um de nós, independentemente dos 
obstáculos que a vida apresente. 
Programa Derrubando Barreiras na rádio Eldorado com Mara Gabrilli: 
http://www.youtube.com/watch?v=QBXR6DtvIfI
• Assista, ainda, a este depoimento emocionante de um pai de aluno surdo, reivindicando 
uma educação de qualidade para seu filho. 
 http://www.youtube.com/watch?v=uR8Zu9sB4KA
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Unidade: História da pessoa com surdez ao longo dos tempos
Referências
AMIM, Maria. O que significa ser surdo? Conhecendo um pouco do que significa ser surdo 
através da discussão do filme “Seu nome é Jonas”. In: Revista virtual de cultura surda e 
diversidade. Ed. 5. Ano, 2009. Disponível em: http://www.editora-azul-arara . araral.com.br/
revista/relato.php. Acesso em 06/12/2011
Honora, M; Frizanco, M. Livro ilustrado de Língua Brasileira de Sinais: desvendandoa 
comunicação usada pelas pessoas com surdez. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.
MOURA, M. C. O Surdo – caminhos para uma Nova Identidade. Editora Revinter - 
FAPESP, 2000. 
VELOSO, E; MAIA, V. Aprenda LIBRAS com eficiência e rapidez. Curitiba: Ed. MãoSinais, 
2012. 6ª edição.
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Anotações
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CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000

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