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Universidade Nove de Julho – Santo Amaro
ESCRAVIDÃO, LEIS PARA ABOLIÇÃO E MOVIMENTOS ABOLICIONISTAS.
Índice
Introdução
Contexto Histórico
Contexto Sociológico 
Leis Abolicionistas
Movimentos Abolicionistas
Cultura e Influencias
Conclusão
Referências
INTRODUÇÃO
A escravidão no Brasil teve início por volta da metade do século XVI, juntamente com a produção de açúcar. Usados com mão-de-obra na produção, vieram de suas colônias na África para o Nordeste Brasileiro, depois utilizados também nas minas de ouro, por volta do século XVIII.
Mesmo proibidos de exercer suas religiões e tradições, essas heranças culturais fazem parte da história e presente do Brasil, inclusive interferindo diretamente nas leis que foram regidas na época, e nas mudanças nas mesmas que vieram a seguir.
Algumas leis tiveram um papel importante na abolição da escravidão no Brasil, como a Lei do Ventre Livre, Lei dos Sexagenários e Lei Eusébio de Queiróz, mesmo com essas leis, a batalha até a total abolição foi dura, movimentos e pressão estrangeira e interna, forçaram ao fim da escravidão, porém seus efeitos duram até os dias atuais, acorrentados a pré-conceitos enraizados a uma triste história de nosso povo.
O Início da Escravidão
A escravidão é um instrumento de controle usado, desde o mundo antigo, como no império babilônico, egípcio, grego e romano. Em Roma podemos ver, que essa foi fundamental para a construção, desenvolvimento e expansão do império, nessa sociedade os escravos e servos que eram aqueles que tinha liberdade, tinham lugar de destaque ao lado dos seus senhores e seus próprios objetivos dentro de suas possibilidades.
Mas do que mercadoria ou simples propriedade eles tinham grande importância para aqueles a quem serviam, que quando contentes e satisfeitos os recompensavam. No mundo antigo a discussão de Cicero, Tácito e Sêneca, sugerem que eles são incapazes de conduzirem sua própria vida ou qualquer outra coisa, não há a eles nada reservado, a não ser aquilo que já exercem. Aqui no Brasil, aqueles que defendiam, conhecidos como escravagistas, afirmavam que sem eles não haveria sociedade, que eram as mãos e os pés dos senhores do engenho. Por esse motivo foi o maior importador das Américas, alguns estudos estimam em quase 3.650.000 o número negros enviados para nosso país, entre os séculos XV e XIX. 
 
O Ciclo do Açúcar 
No período colonial, a economia foi se desenvolvendo de acordo, com o interesses mercantis, estes por sua vez determinavam que, a sociedade deveria satisfazer os desejos da metrópole, empregando a mão de obra excedente e consumindo o que era vendido por ela. Havendo também a subordinação política, o Pacto Colonial, por meio do qual a coroa detinha o monopólio comercial. Percebendo que a exportação do pau- brasil obteve uma queda, devido a exploração em demasia, foi necessário desenvolver uma nova atividade econômica que trouxesse lucros e atraísse os colonizadores lusitanos, o produto escolhido foi o açúcar, dentre os vários motivos para essa escolha, estavam o clima e terra propícios, a experiência anterior no cultivo e a certeza de mercado, o negócio obteve sucesso, começando em São Paulo e expandindo- se pela costa nordestina no ano de 1.610. 
Com o grande mercado externo, foi necessário a criação das monoculturas, estas ganharam espaço, tomando conta de grandes extensões de terra ao longo do Brasil, a mão de obra foi exclusivamente indígena, até o século XV quando começaram a chegar os primeiros escravos negros na região. As unidades de produção se chamavam engenhos e tinham uma estrutura complexa e organizada, dentro dela estavam os escravos que trabalhavam em quase todos os setores, os empregados livres com o feitor- mor que era encarregado de cuidar e observar o trabalho, os mestres açucareiros e especialistas na produção.
Estes ficavam dentro das fazendas, junto com as plantações, construções como a casa grande e a senzala. Este tipo de instalação requeria um grande recurso financeiro, por isso poucos colonos tinham condições de manter ou estabelecer uma estrutura desse porte, por isso levavam aquilo que produziam para serem transformados em açúcar nos grandes engenhos, outro custo que impossibilitava a independência desses pequenos produtores era o custo da mão de obra ou seja escravos. Na pirâmide social estava o senhor do engenho, na base os escravizados e indígenas. Este como grandes proprietários de fazendas de gado, refinarias de açúcar e escravos, formavam uma aristocracia rural, onde era o patriarca, detentor do poder político e econômico, controlando assim sua família, empregados e agregados. Nas classes intermediarias estavam os colonos menos abastados, mercadores e os trabalhadores assalariados, e por último os libertos. Haviam também os criadores de gado, os religiosos, os funcionários públicos e os comerciantes.
Os Trabalhadores Escravos
Os escravos negros, foram a principal mão de obra utilizada pelos senhores de engenhos, trazidos de seu país para servir sem quase nenhum direito que os amparasse e sobre castigos e tratamentos cruéis. No início da colonização a mão de obra utilizada foi indígena, mas percebendo o lucro que teriam com a importação, com a resistência a doenças contagiosas trazidas da Europa, e que o número de fugas diminuiria, já que elas não conheceriam o território tão bem como os nativos, a troca ocorreu rapidamente. Sem contar com a experiência que eles já tinham com trabalhos agrícolas e metalúrgicos.
 Em 1570, eles já realizavam atividades produtivas no Brasil, foram empregados em várias áreas da sociedade, criação de animais, agricultura e trabalhos domésticos. No século XIX foram empregados nas primeiras fabricas do nosso país, surgindo também os de ganho e os de aluguel, os primeiros buscavam serviços nas ruas, trabalhando como ambulantes por exemplo, com a condição de dividir o lucro com seus senhores, os outros eram alugados para terceiros para a prestação de serviços variados. Na alta das colheitas, era comum que eles trabalhassem de quatorze a dezesseis horas por dia, alimentando-se e vestindo-se mal, e se expondo ao clima, viviam em senzalas com a necessidade de cuidados médicos, vítimas de doenças endêmicas como tuberculose, disenteria, tifo, sífilis, verminoses e malária, o tempo de vida útil era de sete a dez anos.
As mulheres escravas vinham em menor número, essa foi uma estratégia para evitar a formação de casais, por isso até quase o final da escravidão no ano de 1850 era comum que os senhores de engenho forçassem a relação de uma mulher com vários homens. Tinham funções domesticas e de cuidar da terra, existiam também as mucamas, escravas que acompanhavam suas patroas nas tarefas cotidianas como banho, troca de roupa e cuidados com o cabelo, cozinheiras, babás e amas de leite para o filho dos seus senhores, ou seja, cuidavam e muitas vezes amamentavam essa criança. Elas também se destacavam como ganhadeiras, essa era a função de venda de alguns produtos no comercio local de sua cidade, dividindo o lucro das vendas com seus proprietários.
Os castigos eram aplicados caso eles não cumprissem ou contrariassem seu dono, estes eram aplicados em público para servir de exemplo para os demais, eram variados como por exemplo açoites, marcas de ferros, imobilização em troncos e alguns outros, além do trabalho eles deviam obediência e respeito, fidelidade, humildade e aceitação dos valores brancos como a religião católica que era predominante na época e deveriam aprender a língua portuguesa, eram os dois únicos valores morais que recebiam dos brancos, logo que chegavam ao Brasil eram batizados e recebiam nomes cristões. Em geral eram perseguidos caso fossem pegos praticando cultos africanos.
O Tráfico de EscravosO tráfico de escravos para o Brasil começou no século XV, aproveitando que já havia o comercio na África os europeus enxergaram uma grande e lucrativa oportunidade de conseguir mão de obra para seus engenhos. Essa foi a maior migração forçada da história, no início eles mesmos os capturavam depois conseguiram apoio dos chefes africanos oferecendo mercadorias como tabaco, cachaça e armas, com autorização destes construíam fortes nas costas africanas, principalmente na África Ocidental, os cativos eram levados até os senhores de escravos, para embarcarem nos navios negreiros como eram conhecidos as embarcações que faziam o transporte deles para o chamado Novo Mundo, dentro delas os mercadores costumavam trazer mais escravos do que o barco realmente comportava, o número de mortes era gigantesco, já que ali dentro não haviam condições básicas de higiene e nem uma alimentação boa, já que as viagens até os portos onde seriam deixados levavam muitos dias, o Atlântico servia como rota para o transporte .
 Há sempre a pergunta de como, os portugueses conseguiram escravizar uma quantidade tão grande de pessoas, dados indicam que cerca de doze milhões foram levados de sua terra, isto se deu devido guerras internas dentro das tribos africanas, aqueles que venciam a mais fraca fica com seus nativos e os vendia aos escravagistas. As crianças também eram escravizadas, estavam entre os mil que eram enviados para diversos destinados todos os dias, algumas mulheres eram vendidas para se tornarem esposa de mulçumanos entre outras raças. Alguns documentários que relatam estes acontecimentos afirmam que uma escrava era vendida ao preço de dois escravos, já que trabalhava na plantação durante o dia e a noite servia como reprodutora para o seu senhor aumentando assim seu número de posses.
Os poderosos africanos consideravam os europeus seus subordinados, aqueles que eram administradores dos fortes instalados dentro do território eram vistos pelo rei como oficiais de seu reino, quando eles o deixavam zangado ou contrariado, ele os deportava ou decapitava-os, quando havia guerra na Europa faziam assinar tratados que garantiam que isto não iria prejudicar o comercio em seu reino, existiam cerimonias em que eles deveriam comparecer e presenteá-los. Os novos capitães que chegavam interessados no tráfico, tinham regras a seguir, não poderiam começar sem autorização dos que detinham o poder, eles tinha que falar com o vice-rei, denominados Yovogan chefe dos brancos, este só permitia o comercio se todos desde o rei até a camareira do forte onde ficavam os portugueses estivessem sido pagos. Este negócio envolvia muitas pessoas, mesmo aqueles que não vendiam os escravos pessoalmente contribuíam com ele, como os que forneciam alimentos, carregadores, entre outras.
Os mercadores de escravo não consideravam nada além do lucro que aquele negócio os proporcionava, com o passar dos anos eles e os poderosos africanos mantinham um relacionamento amigável, cordial visando o interesse próprio, mas com o fim do tráfico a África sofreu com a devastação, que seus grandes chefes proporcionaram ao seu continente, enquanto as demais sociedades evoluíam com o começo das industrias e novas formas de educação, eles não tinham nenhum bem durável já que as trocas realizadas no período escravagista, eram por armas para recrutarem mais escravos e bens consumíveis. Causando assim um retrocesso na sociedade algo que vemos até os dias atuais.
O Fim do Tráfico Negreiro e os Movimentos Abolicionistas
O Fim do Tráfico Negreiro
Motivos humanitários não faltavam para que o fim do tráfico de escravos acontecesse, o número de mortos pelas longas viagens, assim como aqueles que morreriam pelos maus tratos de seus senhores. Mas um dos principais motivos para isso foi novamente o interesse econômico, com a Revolução Industrial a Europa, fez com que o acumulo de riquezas passasse a ser feito através de produção, com a modernização de industrias e propriedades rurais, então entenderam que o trabalho escravo se tornaria obsoleto.
Assim em 1807, o governo inglês, apesar dos protestos dos escravagistas aboliu o tráfico de escravos em suas colônias, em 1833 todas elas já não faziam mais esta pratica.
A pressão sobre o Brasil, sendo essas ideológicas, diplomáticas, econômicas e militares, iniciou em 1810 com o Tratado de Aliança e Amizade assinado por D.João VI, em troca de apoio a dinastia portuguesa de Bragança, o governo inglês conseguiu várias concessões políticas entre elas, a primeira promessa de abolição gradual do trabalho escravo e a limitação do tráfico as colônias portuguesas na África. Em 1815, as autoridades do reino de Portugal e do Brasil, concordaram em proibir o comercio ao norte da linha do Equador, e comprometeu-se de emitir um tratado com a Inglaterra, onde seria determinada uma data para sua abolição. Dois anos depois vieram mais mudanças, foi criada a Comissão Mista que fiscalizaria os navios portugueses e buscas a navios ilícitos.
Em 1822 a Inglaterra passou a pressionar diretamente o Brasil, aproveitando a necessidade do reconhecimento de sua independência, a diplomacia inglesa proporcionou a assinatura, em 1825, do Tratado de Paz e Amizade entre Brasil e Portugal. No ano seguinte firmaria uma Convenção reconhecendo-o como independente, mas estipulando um prazo de 3 anos, para o encerramento do tráfico, uma artigo previa uma condição de 15 anos permitindo que fiscalizassem os navios brasileiros, apreendendo aqueles que tivessem qualquer sinal de escravos.
Em 1831, no início do período regencial o governo liberal-moderado aprovou uma lei proibindo o tráfico no Brasil, aqueles escravos que chegassem aos portos brasileiros após esta data deveriam ser libertados. Mas isto provocou um descontrole social, com o preço dos escravos em baixa na África, mas superfaturados em nosso país, muitos conservadores enviavam projetos para que a lei fosse revogada, com a justificativa de que ela era uma ameaça a riqueza e aos mais ricos cidadãos do Império, pois segundo alegavam não era possível substitui-los.
Em 1845, foi criado o Bill Aberdeen, a Inglaterra legalizava para si o direito de aprisionar os navios brasileiros pegos em tráfico e julgar seus responsáveis. O governo não tinha mais como adiar essa decisão, então no dia 4 de setembro de 1850, transforma-se em lei o projeto do Ministro da Justiça, Eusébio de Queirós, extinguindo assim o tráfico de escravos.
Os Movimentos e Leis Abolicionistas
O movimento abolicionista, pode ser considerado uma das mais marcantes discussões políticas em nossa país, de um lado estavam os abolicionistas com seus pensamentos revolucionários, que condenavam o fato do Brasil ser ainda o único a utilizar o trabalho escravo, do outro estavam os conservadores, donos de grandes plantações que enxergavam o fim da escravidão como um boicote a sociedade econômica brasileira. Com o fim do tráfico de escravos em 1850, os abolicionistas ganharam esperanças de que aquilo que era sonhado por eles estava muito perto de acontecer. Dentre eles estavam pessoas com várias funções dentro da sociedade como médicos, advogados, políticos, jornalistas, entre outros. Começou no ano de 1880, haviam vários projetos de emancipação da mão de obra e assim gradualmente extingui-la, mas eles queriam a extinção total do trabalho escravo.
Existiam vários movimentos pro abolição como, como as Sociedades Caifazes, de São Paulo, um movimento radical que incentivava e organizava fugas pelas ferrovias. Uma das principais figuras desse movimento é Joaquim Nabuco, diplomata, político e historiador, entres os anos de 1878 e 1888, era um grande representante parlamentar e escreveu várias emendas abolicionistas.

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