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Resumo ECA

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI 8.069/90
Aspectos gerais
Para o ECA, criança é quem até 12 anos incompletos. Já o adolescente é quem tem 12 e 18 anos. Como regra, se aplica somente a estas pessoas. Porém, como exceção, pode ser aplicado para quem tem entre 18 e 21 anos. Aplica-se o ECA majoritariamente, o Código Civil e de Processo Civil de maneira subsidiária.
 O ECA prever uma série de direitos fundamentais, entre esses direitos está a ideia do “estado de filiação”, onde eles possuem direito imprescritível e personalíssimo. Outro direito é o de investigação de paternidade, que faz jus a criança e o adolescente. Outra ação que decorre é a “negatória de paternidade”, desde que preenchidos os requisitos legais.
Sobre a investigação de paternidade, o suposto pai não é obrigado a fazer o exame, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si. Porém, o Código Civil e a Jurisprudência entende que quando houver a negatória de paternidade, há a inversão do ônus da prova, tendo o suposto pai de provar que não é o pai.
Toda criança e adolescente merece e faz jus a proteção integral, sendo sempre levado em consideração o que é melhor para estes.
Adolescente não precisa de autorização para fazer viagem nacional, só criança que precisa. Já para viagem internacional tanto a criança quanto o adolescente precisam de autorização judicial.
O adolescente só pode se hospedar em hotel e demais com autorização dos pais (art. 82)
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida.
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
Princípios que norteiam o ECA
No ECA há 4 princípios, arts. 1º a 6º do ECA.
No art. 3º temos o princípio da proteção integral. Os direitos fundamentais do ECA são moldados para a figura do ser humano em desenvolvimento. São ampliados e adaptados à condição de ser humano em desenvolvimento.
O art. 4º traz o Princípio da prioridade absoluta diz que a criança e o adolescente devem ser tratados como prioridade sempre. As necessidades deles devem ser atendidas com brevidade sempre.
O art. 6º traz dois princípios, são eles: princípio da condição peculiar de ser humano em desenvolvimento e o princípio do melhor atendimento à criança e ao adolescente. O princípio da condição peculiar de ser humano em desenvolvimento diz que o ECA é benevolente porque a criança e o adolescente são seres humanos em desenvolvimento, por isso aplica medidas protetivas ou socioeducativas. O princípio do melhor atendimento à criança e ao adolescente diz respeito à diretrizes interpretativas, onde o juiz irá buscar o melhor ao interesse da criança e do adolescente.
Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Art. 6º. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Outros destaques
Os arts. 7º a 14º falam do direito a vida e a saúde, que dizem respeito ao proteção à vida e ter uma vida digna. Inclusive, sendo assegurada toda assessoria médica e psicológica na fase pré-natal e pós-gestação.
Caso a criança ou adolescente precise ser internado, tem direito à presença dos pais ou representante legal. Bem como tem prioridade no atendimento.
Caso a mãe deseje entregar o filho para adoção, será encaminhada a Vara da Infância e Juventude para realização de todos os trâmites. 
Cometimento de atos infracionais – Medidas protetivas e socioeducativas
Quando a criança (até 12 anos incompletos) praticar um ato infracional (art. 103, ECA), estará sujeita à uma medida protetiva (art. 101, ECA). Quando um adolescente (de 12 à 18 anos), esse estará sujeito à uma medida protetiva (art. 101, ECA) ou socioeducativa (art. 112, ECA).
O juiz da Vara da Infância e Juventude tem discricionariedade para aplicar a melhor medida, tanto à criança ou adolescente.
As medidas socioeducativas são aplicadas aos adolescentes que cometerem um ato infracional. Assim, qualquer conduta classificada como crime ou contravenção penal, cometida por criança ou adolescente. Lembrando que somente os adolescentes estão sujeitos às medidas socioeducativas.
Quando um adolescente cometer um homicídio, por exemplo, não se imputa crime, mas sim um ato infracional. O juiz irá escolher qual a melhor medida socioeducativa a ser aplicada para com adolescente. Ressaltasse que não se aplica para cada conduta uma medida socioeducativa pré-determinada, mas sim de acordo com o que fora cometido.
A primeira das medidas é a advertência (art. 115, ECA). Nada mais é que uma repreensão verbal feita pelo juiz. A segunda medida é a reparação do dano (art. 116). O bem deve ser reparado, restituição do bem ou a vítima terá de ser recompensada pelo dano que o adolescente causou.
A terceira medida é a prestação de serviços à comunidade (art. 117). O juiz não pode impor ao adolescente, mas sim ele tem que concordar com a ideia. Tem, portanto, duração máxima de 6 meses, não podendo ser maior que 8 horas semanais. Sempre levando em conta as aptidões do adolescente, não podendo prejudicar seus estudos e nem pode ser noturno. O trabalho como aprendiz, só pode ser fixado para adolescentes a partir dos 14 anos.
A quarta medida é a liberdade assistida (art. 118 e 119, ECA). Tem o prazo mínimo de 6 meses. Pressupõe a presença de um orientador, que irá fiscalizar o menor e sua família, orientando na escola e socialmente. Este orientador irá apresentar relatório do que fora feito.
A quinta medida é a inserção em regime de semi-liberdade (art. 120). Não comporta um tempo de duração, porém pode ser aplicada logo de início ou como transição da internação para a liberdade assistida. Durante esse período, o adolescente deve continuarestudando e buscando uma profissionalização.
A sexta medida é a internação (art. 121 a 125, ECA). É medida excepcional, o juiz deve buscar sempre outras medidas. Mas está sujeito a discricionariedade do juiz. O ato infracional deverá ter sido aplicado com violência ou grave ameaça. Existe uma exceção, que é quando há o caso de descumprimento de outras socioeducativas de forma reiterada ou injustificada, poderá ser aplicada a internação, com tempo máximo de duração de 3 (três) meses.
Não há tempo prefixado de duração na sentença pelo juiz, mas deve durar no máximo 3 (três) anos. A cada 6 meses deve-se avaliar se deverá manter, substituir ou revogar ou a internação. Com 21 anos, haverá a liberdade compulsória.
A remissão (art. 126) é a possibilidade de aplicação de qualquer socioeducativa (exceto semi-liberdade e internação), não gerando reincidência ou confissão. Assim, pode-se aplicar a advertência, reparação do dano, prestação de serviço à comunidade e a liberdade assistida. É para evitar o desgaste do procedimento, sendo oferecida pelo Ministério Público para o adolescente. Poderá ser revista a qualquer tempo.
No ECA, a figura que se usa para iniciar o procedimento judicial é a representação (não é queixa e nem denúncia). Representação no ECA é a inicial do procedimento para apuração do cometimento de ato infracional por criança ou adolescente. 
A defesa no procedimento com criança terá o prazo de 10 dias, depois da defesa teremos a audiência de instrução, debates e julgamento. No procedimento para apuração do cometimento de ato infracional por adolescente, a defesa é chamada de “defesa prévia”, tendo o prazo de 3 dias.
Há direito ao contraditório e a ampla defesa.
Não falamos em prisão, mas sim em apreensão, devendo serem avisados os pais ou responsável, bem como o juiz da Vara da Infância e Juventude. O art. 231 do ECA fala do crime de autoridade policial que deixa de comunicar os pais ou responsável e ao juiz.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional; 
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
IX - colocação em família substituta.
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi-liberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Família substituta
O ideal é que a criança e o adolescente cresçam no seio de sua família. Assim, de maneira excepcional, serão colocados em família substituta. Quando o ambiente em que a criança ou adolescente vive não é saudável para seu desenvolvimento e formação, será feito isto. 
São de três formas a colocação em família substituta: guarda, tutela e adoção. Lembrando, são medidas excepcionais. Para o estrangeiro, só cabe ser colocado em família substituta por meio de adoção.
A GUARDA (art. 33 a 35, ECA) é a posse jurídica da criança e adolescente, dando direitos e deveres ao guardião. Inclusive, podendo se opor aos pais. O que difere da TUTELA (art. 36 a 38, ECA) é que, embora também seja conceituada como posse jurídica da criança e do adolescente, porém ocorre nos casos de: falecimento dos pais, suspensão do poder familiar e de destituição do poder familiar.
 As causas que ensejam em suspensão do poder familiar estão no art. 1637 do Código Civil. As causa de destituição do poder familiar estão no art. 1638 do CC. Os pais devem ser ouvidos, desde que estejam em local conhecido ou que sejam identificados. Os interessados são o MP ou quem tiver interesse (art. 155, ECA).
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
Sobre a ADOÇÃO (art. 39 a 52-D, ECA), podemos afirmar que é uma forma de colocação em família substituta. Possui algumas regras definidas pelo Código Civil e pelo ECA. Adoção é a relação de filiação, geralmente com quem não tem laços consanguíneos. Mas, por exemplo, tio pode adotar.
A partir dos 12 anos, o menor poderá dar sua opinião, sendo esta considerada. A partir dos 16 anos, o adotante (quem adota) deverá ser 16 anos mais velho do que o adotado. O pedido de adoção deve estar com, no máximo 18 anos na data do pedido de adoção. Salvo, se já estiver sob a guarda ou tutela do adotante.
Quem pode adotar? O ECA colocava como idade mínima para adoção 21 anos, mas o Código Civil mudou para 18 anos, independentemente do estado civil. No caso de um casal onde um deles seja menor de 18 anos, pode haver adoção também, desde que comprovada a estabilidade da família. Se no curso do processo de adoção, se o casal se separar, nada obstará para adoção, desde que se acertem quanto a guarda, visita e alimentos.
Na adoção nacional, o estágio de convivência será aquele que o juiz fixar. Podendo, portanto, dispensar esse prazo se a criança tiver menos de 1 ano ou se a criança ou adolescente estiver junto do casal à tempo suficiente que o juiz considere não ser mais necessário estágio de convivência. Se for adoção internacional, o prazo mínimo de estágio de convivência será de 30 (trinta) dias aqui no Brasil.
Se os pais adotivos falecerem, não será estabelecido vinculo com os pais biológicos. Porque quando se estabelece a adoção, corta-se os laços biológicos.
Há também a figura da adoção unilateral. Onde a adoção é feita de forma individual. Ex.: Adotar o filho do companheiro(a). Também que se pode haver a adoção por casal homoafetivo.
Outra hipótese é de adoção internacional, sendo à exceção da exceção. É mais rigoroso ainda que se faça. Quando se tem um casal nacional e um casal estrangeiro, tem-se a prioridade do casal nacional.
O consentimento dos pais para adoção pode ser retirado até a publicação da sentença de adoção. Em todas as hipóteses de adoção, tem-se que levar em consideração a proteçãointegral da criança.
Profissionalização do menor – art. 60 a 69, ECA.
O menor de 14 anos não pode trabalhar, é proibido. A exceção é para os trabalhos artísticos, por meio de alvará judicial.
É possível trabalhar a partir dos 14 anos como aprendiz. Porém, nessa condição, o trabalho tem que ser pedagógico, desenvolvendo alguma habilidade para o menor como fator fundamental.
A partir dos 16 anos, o menor pode trabalhar como empregado. Tendo, porém, todas as verbas trabalhistas.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
Obs.: Ler art. 131 a 140, do ECA, sobre Conselho Tutelar.
Do Conselho Tutelar
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Art. 132.  Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha. 
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
III - residir no município.
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o direito a:
 I - cobertura previdenciária; 
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; 
III - licença-maternidade; 
IV - licença-paternidade; 
V - gratificação natalina. 
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continuada dos conselheiros tutelares.
Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral. 
Capítulo II
Das Atribuições do Conselho
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural 
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. 
Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. 
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
Capítulo III
Da Competência
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do art. 147.
Capítulo IV
Da Escolha dos Conselheiros
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. 
§ 1o  O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. 
§ 2o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. 
§ 3o  No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor. 
Capítulo V
Dos Impedimentos
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro,na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.
Ler dos artigos 15 à 32, 171 a 190, 206 a 208, 228 à 244.

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