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Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 11 1. INTRODUÇÃO CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE O art. 2° do ECA dispõe que criança a pessoa de é até 12 anos incompletos e adolescente a pessoa entre 12 e 18 anos de idade. Destaca-se que as convenções internacionais das quais o Brasil é signatário referem-se à criança como a pessoa com menos 18 anos de idade. No entanto, o ECA é aplicável excepcionalmente às pessoas entre 18 e 21 anos de idade, quando o adolescente pratica ato infracional ficando sujeito à medida socioeducativa que perdura após completar 18 anos, ocorrendo sua liberação compulsória apenas aos 21 anos. DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR X DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL Vejamos as principais diferenças entre as doutrinas: DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL Código de Menores de 1979. Estatuto da Criança e do Adolescente. Cultura assistencialista: preocupava-se com criança e o adolescente encontrados em “situação irregular”. Criança e o adolescente assumem a condição de sujeitos de direito, que necessitam de proteção especial. Considerava-se “situação irregular” quando o menor de 18 anos fosse encontrado em certas situações (ex.: privado de condições essenciais à sua subsistência, vítima de maus tratos, autor de infração penal, etc.). A criança e o adolescente são sujeitos de direito independentemente de situação de risco ou de infringência à lei, sendo aplicada pelo simples fato de se reconhecer que merecem atenção especial do ordenamento jurídico. PRINCIPAIS DISPOSITIVOS SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Competência: para legislar sobre a proteção aos direitos da criança e do adolescente é, conforme art. 24, XV, da CF/88, concorrente entre a União (estabelece normal geral), Estados (normas específicas) e Municípios (interesse local). Proteção à infância: por se tratar de direito social (direito fundamental de segunda geração), exige uma postura ativa por parte do Estado, principalmente por meio de adoção de políticas públicas em prol das crianças e adolescentes (art. 6º da CF/88). Trabalho: para que o trabalho não lhe seja prejudicial, o art. 7º, XXXIII, da CF/88, impõe as seguintes restrições ao trabalho do menor de 18 anos: TRABALHO DA CRIANÇA (ATÉ 12 ANOS) TRABALHO DO ADOLESCENTE (DE 12 A 18 ANOS) Expressamente vedado pela Constituição Federal de 1988 Vedado o trabalho noturno, perigoso ou insalubre para menores de 18 anos. Vedado qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. Inimputabilidade: A inimputabilidade penal dos menores de 18 anos se baseia no critério biológico, sendo considerados inimputáveis ainda que tenham discernimento sobre as consequências do crime. Jovem: a nova redação do art. 227 da CF/88 (EC n. 65/2010) dispõe que o também é destinatário jovem da absoluta prioridade. De acordo com o Estatuto da Juventude (Lei n. 12.852/2013), são consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos. 2. DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITO À VIDA E À SAÚDE A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (art. 7° do ECA). Destacam-se, nesse sentido, as principais regras previstas no ECA: a) acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo, nutrição adequada das gestantes e atenção humanizada à gravidez; b) direito de que a gestante possa contar com o médico que lhe atendeu nos últimos meses de gestação também na hora do parto; c) proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal; d) acompanhante, da preferência da gestante, durante o trabalho de parto e do pós-parto imediato, além de outras normas que devem ser observadas por hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares; e) permanência, em tempo integral, de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente; f) apoio às gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção; g) assistência médica e odontológica, pelo SUS, para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil; e h) vacinação obrigatória das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE Para garantir o saudável desenvolvimento da criança e do adolescente, o art. 15 do ECA lhes garante o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas. Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 22 LIBERDADE (ART. 16) I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação RESPEITO (ART. 17) Inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais DIGNIDADE (ART. 18) A criança e o adolescente devem estar a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor, sendo vedado o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer pretexto, por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar ou educar a criança ou adolescente Castigo físico ou tratamento cruel ou degradante: a pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes que utilizar castigo físico ou tratamento cruel ou degradante estará sujeita, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, a medida aplicáveis pelo Conselho Tutelar de acordo com a gravidade do caso, tais como, advertência, encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família, a tratamento psicológico ou psiquiátrico, participação em cursos ou programas de orientação, obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado. TABELA COMPARATIVA CASTIGO FÍSICO TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE Natureza disciplinar ou punitiva; Aplicado com uso de força física sobre a criança ou o adolescente; Resultam em: a) sofrimento físico ou b) lesão. Forma cruel de tratamento que: a) humilhe, b) ameace gravemente ou c) ridicularize a criança ou o adolescente. DIREITO DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê 3 tipos de entidades familiares: FAMÍLIA NATURAL (ART. 25 DO ECA) FAMÍLIA EXTENSA (ART. 25, PU, DO ECA) FAMÍLIA SUBSTITUTA (ART. 28 DO ECA) Pais biológicos ou qualquer deles e seus descendentes. Em regra, é onde a criança/ adolescente deve ser criada. Além da unidade do casal, é formada por parentes com os quais a criança/ adolescente convivee mantem vínculo de afinidade e afetividade. Formada nos casos de guarda, tutela adoção ou . Deve ser adotada apenas em casos excepcionais. Poder familiar: engloba deveres de sustento, guarda e educação dos filhos menores, bem como o dever de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Mãe, pai ou responsáveis têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança. Não há qualquer distinção entre filhos concebidos na constância ou fora do casamento (art. 20 do ECA). Perda do poder familiar: I - castigar imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637 (abuso de autoridade reiterado, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos). Importante: a) do pai ou da mãe condenação criminal não implicará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente; b) a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar; c) a existência de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes, por si só, não é causa de suspensão do poder familiar. Acolhimento institucional e familiar: visam proteger a criança e o adolescente, garantindo abrigo e orientação, além de retirar o menor da situação de risco social e pessoal em que se encontre. O programa de acolhimento destina-se a menores de 18 anos de idade. O acolhimento familiar (famílias acolhedoras) deve ter preferência em relação ao institucional (abrigo, casa lar e casa de passagem). O acolhimento institucional não pode durar mais de 18 meses, salvo necessidade devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. O prazo de 18 meses não se aplica ao acolhimento familiar. FAMÍLIA NATURAL Conceito: família natural é a comunidade formada pelos pais biológicos ou qualquer deles e seus descendentes, não se confundido com a família extensa ou ampliada, considerada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (art. 25 do ECA). Filiação: o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível (art. 27 do ECA). Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 33 FAMÍLIA SUBSTITUTA Conceito: família substitua é aquela que substitui a entidade familiar biológica em determinados casos específicos, podendo ser por meio de um dos seguintes institutos: guarda, tutela ou adoção. Trata-se de medida excepcional, exigindo a observância de regras previstas no ECA, com destaque para as seguintes: a) sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional; b) os grupos de irmãos serão colocados, em regra, sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta; c) a medida será precedida de preparação gradativa e acompanhamento posterior; d) a colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção (art. 31). Criança ou adolescente indígena: a colocação em família substituta de criança ou adolescente indígena exige um procedimento diferenciado, com a participação do órgão federal responsável pela política indigenista (FUNAI) e de um antropólogo. Vejamos agora cada uma das modalidades da família substituta. Guarda: modalidade que objetiva regularizar a situação de fato da criança ou adolescente, sendo concedida de forma provisória e transferindo ao seu detentor o dever de prestar assistência à criança ou adolescente. Características: a) a guarda pode ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público; b) a guarda não suspende nem destitui o poder familiar, mantendo-se o dever de prestar alimentos e o direito de visita (salvo no caso de guarda incidental em processo de adoção ou por expressa determinação judicial nesse sentido). Tutela: conferida a pessoa até 18 anos incompletos, pressupõe a e perda ou suspensão do poder familiar implica necessariamente o dever de guarda. O Direito de nomear tutor incumbe aos pais, em conjunto, sendo que a nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documento autêntico. Na falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela aos parentes consanguíneos do menor, na ordem prevista no art. 1.731 do CC. Adoção: é considerada medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. A mãe a que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, deverá ser encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude para que seja ouvida por uma equipe interprofissional, que apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal (art. 19-A ao ECA). Antes de se decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob guarda provisória, a prioridade é tentar que o genitor assuma a guarda da criança e, caso isso não seja possível, deve-se tentar ainda, no prazo máximo de 90 dias, acolher a criança em sua “família extensa”. ATENÇÃO: a) recebida a guarda da criança, inicia-se o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção; b) o prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 dias, prorrogável uma única vez por igual período. Os laços advindos da adoção são eternos, ou seja, não são rompidos nem com a morte dos pais adotivos, caso em que o poder familiar dos pais biológicos não é reestabelecido. ADOÇÃO UNILATERAL ADOÇÃO BILATERAL O rompimento do vínculo ocorre em relação a apenas um dos genitores, devendo ser verificado o interesse do adotando (ex.: adoção pleiteada pelo padrasto ou em relação ao filho da esposa ou companheira). Rompem-se os vínculos familiares tanto do pai quanto da mãe. Principais regras sobre a adoção: a) o adotando deve contar com, no máximo, 18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes (a adoção de pessoas maiores de 18 anos não é regida pelo ECA e sim pelo Código Civil); b) podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil (o adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais velho do que o adotando ão podem adotar os ascendentes e os , c) n irmãos do adotando (nesses casos, poderá ser deferida a tutela); d) a adoção exige prévio estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 dias, acompanhado pela equipe interprofissional, que apresentará relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida; e) a adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando (salvo em caso de pais desconhecidos ou que tenham sido destituídos do poder familiar); f) adotando maior de 12 anos de idade: necessário o seu consentimento; adotando menor de 12 anos: recomenda- se que sua opinião seja devidamente considerada; g) para adoção conjunta é indispensável, em regra, que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável (os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, desde que observadas algumas peculiaridades).Prioridade de Cadastro: deve ser assegurada prioridade no cadastro de pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, doença crônica ou necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos. Adoção internacional: destacam-se as seguintes regras: a) em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 dias e, no máximo, 45 dias, prorrogável por até igual período, uma única vez; b) o estágio de convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou adolescente; c) a adoção internacional só será deferida se, após consulta aos cadastros relativos à adoção, não for encontrado interessado com residência permanente no Brasil. Na adoção internacional, além da prioridade de casal brasileiro, residente no brasil, também terão preferência os brasileiros residentes no exterior, conforme art. 51, §2º, do ECA; d) o pedido de habilitação à adoção deve ser feito perante a Autoridade Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 44 Central do país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada a residência habitual do interessado; e) antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional. DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA AO ESPORTE E AO LAZER Regras mais importantes: a) os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino; b) é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais; c) a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, assegurados, dentre outros direitos, acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Além disso, devem ser garantidas vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica (art. 53 do ECA). Acesso ao ensino: a) o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, sendo que o não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente; b) os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar casos de maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar e elevados níveis de repetência. O Conselho Tutelar deve ser notificado quando a quantidade de falta do aluno for superior a 30% do percentual permitido em lei (Lei n. 13.803/2019). DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO Em razão da condição peculiar de desenvolvimento da pessoa menor de 18 anos de idade, para que o trabalho não lhe seja prejudicial, a Constituição Federal veda expressamente o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. Aprendizagem: formação técnico-profissional do adolescente a partir dos 14 anos de idade, devendo observar os seguintes princípios: I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; III - horário especial para o exercício das atividades. Vedações: atividades que não garantam o desenvolvimento do adolescente, como aquelas repetitivas e sem aprendizado efetivo (corte da cana, carga e descarga de caminhões, limpeza em geral, ensacamento de mercadorias) são incompatíveis com a aprendizagem. 3. PREVENÇÃO Conceito: é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente (art. 70 do ECA). Atuação: União, Estados, Distrito Federal e os Municípios devem atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes (artigos 70-A e 70-B do ECA, acrescentados pela Lei n. 13.010/14, conhecida como Lei do Menino Bernardo). Prevenção Especial: o ECA estabelece regras de proteção especial relacionadas aos seguintes temas: a) informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos; b) produtos e serviços; c) autorização para viajar. Informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos: a maior preocupação do ECA é vedar a publicação de conteúdo impróprio para crianças e adolescentes, estabelecendo, dentre outras regras, que: a) divulgação sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação; b) crianças menores de 10 anos só poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição de espetáculos quando acompanhadas dos pais ou responsável; c) as emissoras de rádio e televisão exibirão, no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; d) revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado deverão ser comercializadas em embalagem lacrada. Produtos e serviços: o art. 81 do ECA estabelece que é proibida a venda à criança ou ao adolescente de: I - armas, munições e explosivos; II - bebidas alcoólicas; III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida; IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; V - revistas e publicações a que alude o art. 78 (conteúdo impróprio); VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. Importante: o art. 82 do ECA proíbe a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. No que tange ao tema , o autorização para viajar ECA estabelece que: a) nenhuma criança ou adolescente menor de 16 anos (Lei n. 13.812/2019) poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial, salvo algumas exceções (comarca contígua, mesma região metropolitana ou criança acompanhada de ascendente ou colateral maior, ou de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável); b) quando se tratar de viagem ao exterior, haverá necessidade de autorização judicial ou dos pais, com firma reconhecida, salvo se os pais estiverem presentes no embarque (Lei n. 13.726/2018), ou se a criança ou adolescente: I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida. Importante: sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior. 4. POLÍTICA DE ATENDIMENTO Entre as diretrizes da política de atendimento, destacam-se a municipalização do atendimento, bem Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMOPARA A PROVA DA OAB/FGV 55 como a criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas. Contato com pais e parentes: salvo determinação em contrário da autoridade judiciária competente, as entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes (§ 4º do art. 92 do ECA). Requisitos para o registro: para que a entidade recebe o registro e tenha sua renovação, deverá observar os seguintes requisitos: a) estar regulamente constituída; b) com pessoas idôneas em seus quadros; c) oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; d) apresentar plano de trabalho compatível com os princípios do ECA. 5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO DISPOSIÇÕES GERAIS Conceito: as medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados, podendo ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. MEDIDAS DE PROTEÇÃO I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; IX - colocação em família substituta. Prioridade: a inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar (pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar) deve ter preferência em relação ao acolhimento institucional (abrigo, casa lar ou casa de passagem), observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da medida. O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido (§ 7º do art. 101 do ECA). Importante: as entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, ou seja, sem a expedição de guia de acolhimento, fazendo comunicação do fato em até 24 horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade. Programa de apadrinhamento: visa permitir que a criança e o adolescente mantenham vínculos externos, fora do acolhimento institucional ou familiar, com os denominados “padrinhos”, pessoas físicas ou jurídicas, que se disponibilizam a dar amor e carinho a essas crianças e adolescentes, levando-os para passear, comemorar datas especiais, visitar suas casas, etc. O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS Quando a criança ou adolescente estiver em situação de risco em razão de conduta de seus pais ou responsável, o ECA prevê, em seu art. 129, medidas especiais que devem ser aplicadas: I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; VII - advertência; VIII - perda da guarda; IX - destituição da tutela, e X - suspensão ou destituição do poder familiar. 6. PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Conforme previsto no art. 228 da CF/88, os menores de 18 anos de idade são penalmente inimputáveis, ou seja, não praticam crime nem contravenção penal e sim atos infracionais, conforme art. 103 do ECA. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Advertência Obrigação de reparar o dano Prestação de serviços à comunidade Liberdade assistida Inserção em regime de semiliberdade Internação em estabelecimento educacional Medidas de proteção previstas no art. 101, I a VI, do ECA Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 66 TABELA COMPARATIVA MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO Aplicadas ao adolescente infrator Previstas no art. 112 do ECA Podem ser aplicadas apenas pelo Juiz Podem ser aplicadas a crianças ou adolescentes Previstas no art. 101 do ECA Podem ser aplicadas pelo juiz ou pelo Conselho Tutelar, salvo os casos de acolhimento familiar e colocação em família substituta, que são de competência exclusiva do juiz. Importante: a criança que pratica ato infracional está sujeita às medidas de proteção previstas no art. 101 do ECA, enquanto que o adolescente que pratica ato infracional estará sujeito às medidas socioeducativas. DIREITOS INDIVIDUAIS E GARANTIAS PROCESSUAIS DIREITOS INDIVIDUAIS GARANTIAS PROCESSUAIS Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada. Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal. Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias: I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente; II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa; III - defesa técnica por advogado; IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsávelem qualquer fase do procedimento. PROCEDIMENTO PARA A APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL Apreensão: o adolescente pode ser apreendido em duas situações diferentes: por ordem judicial ou em razão de flagrante de ato infracional. Violência ou grave ameaça: se o ato infracional for cometido com violência ou grave ameaça, será necessário lavrar auto de apreensão, com a oitiva de testemunhas e do adolescente, apreensão dos produtos e instrumentos da infração e requisição de exames e perícias. Nos demais casos, a lavratura de auto de apreensão pode ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciado. Oitiva: apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas (art. 179, caput, do ECA). Atuação do MP: após a formação do seu convencimento, o representante do Ministério Público, poderá adotar uma das seguintes medidas: 1) promover o arquivamento dos autos, 2) conceder a remissão e 3) representar à autoridade judiciária para a aplicação de medida socioeducativa. Representação: oferecida a representação, se o juiz entender adequada a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão. Caso não seja dada a remissão pelo juiz, o advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão. Sentença: na sentença o juiz poderá: a) não aplicar qualquer medida socioeducativa nos casos de estar provada a inexistência do fato; não haver prova da existência do fato; não constituir o fato ato infracional; não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional (art. 189), ou c) aplicar medida socioeducativa (art. 112). 7. CONSELHO TUTELAR Conceito: órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente previstos no ECA. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral (art. 135 do ECA). Impedimentos: são impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Além disso, estende-se o impedimento do conselheiro em Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 77 relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital. Atribuições do Conselho Tutelar: a) atender as crianças e adolescentes em situação de risco, criança que pratica ato infracional; b) atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; c) promover a execução de suas decisões; d) requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário; e) assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; f) representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. Importante: a) se o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará imediatamente o fato ao Ministério Público; b) as decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse. 8. TUTELA JURISDICIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Garantias: de acordo com o art. 141 do ECA, é garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado, sendo que as ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. Curador especial: a autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que eventual. Sigilo: é vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional (art. 143 do ECA). Além disso, qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE Varas Especializadas: dispõe o art. 145 do ECA que os Estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões. Competência territorial: o art. 147 do ECA traz importantes regras sobre a competência territorial da Vara da Infância e Juventude, disciplinando que a competência territorial será determinada: a) pelo domicílio dos pais ou responsável; b) pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou responsável, c) nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção. Competência material: o do art. 148 do ECA, caput por sua vez, elenca as hipóteses de competência material da Vara da Infância e da Juventude, independentemente da existência de situação de risco, estabelecendo sua competência para: I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo; III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209; V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente; VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. Situação de risco: o parágrafo único do art. 148 do ECA estabelece as hipóteses em que a Vara da Infância e Juventude é competente para situações em que a criança ou adolescente são encontrados em situação de risco (art. 98do ECA), dispondo que ela será competente para: a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; g) conhecer de ações de alimentos; h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito. Autorização: o art. 149 do ECA estabelece que compete à autoridade judiciária autorizar mediante alvará ou disciplinar por meio de portaria a entrada e permanência de criança ou adolescente em determinados locais, desacompanhados de pais ou responsável, bem como sua participação em espetáculos públicos e concursos de beleza. Vejamos: Recurso: contra as decisões proferidas com base no art. 149 (portaria e alvará) cabe apelação (art. 199 do ECA). PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Perda e suspensão do poder familiar: de acordo com o art. 155 do ECA, o procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar poderá ter início por provocação do Ministério Público (como na hipótese em que a criança sofreu abuso dos pais e está abrigada em entidade) ou de quem tenha legítimo interesse, a exemplo do particular que pretende pleitear a tutela ou a adoção. Alteração Legislativa: quando o procedimento de destituição de poder familiar for iniciado pelo Ministério Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 88 Público, não haverá necessidade de nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente (§ 4º do art. 162 do ECA, acrescentado pela Lei n. 13.509/2017). Ação: a ação deve ser proposta observando-se os requisitos do art. 156 do ECA, sendo que, se for ajuizada por particular, o Ministério Público deve atuar como fiscal do ordenamento jurídico. Motivo grave: ao receber a petição inicial o juiz determinará a citação do requerido para resposta em 10 (dez dias), mas, havendo motivo grave, o juiz poderá, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade (art. 157 do ECA). Audiência de contestação: não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo (art. 161 do ECA). Mesmo sem a apresentação de contestação, o juiz deve determinar a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar. Contestação: apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designará, desde logo, audiência de instrução e julgamento e poderá, a requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, ou de ofício, determinar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe interprofissional. Audiência: na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. Prazo máximo: o prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente (art. 163 do ECA). Custas e emolumentos: o procedimento de perda ou suspensão do poder familiar, assim como todas as ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé, conforme art. 141, § 2º, do ECA. Colocação em família substituta: conforme já estudado, existem três modalidades de família substituta: a) guarda; b) tutela e c) adoção. Guarda e tutela: o procedimento da guarda e da tutela será de competência da Vara da Infância e da Juventude apenas se existir situação de risco, enquanto que, na adoção, embora a competência seja como regra geral da Vara da infância e da juventude, tratando-se de adoção de adultos, a competência será da Vara de Família. Além disso, a colocação em família substituta poderá ocorrer sob a modalidade de jurisdição voluntária ou contenciosa. Jurisdição Voluntária (art. 166 do ECA): não existe propriamente uma lide e ocorre quando: a) houver concordância dos pais; b) os pais forem desconhecidos e c) já ocorreu a destituição do poder familiar. Nestes casos, o pedido de colocação em família substituta poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. Jurisdição contenciosa: Existe uma lide, e a petição inicial deve ser assinada por advogado. Além disso, nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, aplica-se subsidiariamente o procedimento de suspensão ou perda do poder familiar, com todas as consequências que já foram vistas. Adoção Internacional: na adoção Internacional existe uma fase prévia que tramita perante as autoridades centrais, sendo que haverá a expedição de um laudo de habilitação que será requisito da petição inicial do processo judicial de adoção. Adoção Nacional: na adoção nacional os adotantes devem providenciar sua habilitação no cadastro de adoção existente na Vara da Infância e Juventude. O prévio cadastramento não será necessário nos casos de adoção: a) Unilateral b) Por parentes c) Por quem tem a guarda legal. Sistema recursal: a sistemática recursal prevista nos artigos 198 e 199 do ECA adota como regra geral as regras do Código de Processo Civil. Há, entretanto, algumas adaptações: a) os recursos serão interpostos independentemente de preparo; b) em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10 (dez) dias; c) os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor; d) antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias; e) mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação. Sentença que defere a adoção: o art. 199-A do ECA estabelece que a sentença que deferira adoção produz efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando. Sentença de destituição do poder familiar: o art. 199- B, da mesma forma, dispõe que sentença que destituir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 99 Recursos: os recursos nos procedimentos de adoção e de destituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. O relator deverá colocar o processo em mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua conclusão, sendo que o Ministério Público será intimado da data do julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresentar oralmente seu parecer (arts. 199-C e 199-D). MINISTÉRIO PÚBLICO Intervenção: a intervenção do Ministério Público é obrigatória em todos os processos de competência da Justiça da Infância e Juventude, sendo que o rol de atribuições previstos no art. 201 do ECA é meramente exemplificativo. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente e a falta de sua intervenção acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. Ação Civil Pública: um dos principais mecanismos de atuação do Ministério Público para garantir os direitos previstos no ECA é o ajuizamento de ação civil pública, utilizada para tratar de interesses difusos, coletivos e também individuais indisponíveis. Prazo em dobro: o membro do Ministério Púbico terá prazo em dobro para se manifestar nos autos, conforme previsto no art. 180 do CPC/2015. ADVOGADO Dispõe o art. 133 da CF/88 que o “o advogado é indispensável à administração da justiça”. No plano infraconstitucional, o ECA prevê que a criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide terão o direito de ser assistidos por advogado, sendo garantida ainda a assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem. O Advogado será intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. O art. 2017 do ECA, por sua vez, garante que nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor. Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência. A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS Estabelece o art. 208 do ECA que haverá responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular de: I - ensino obrigatório; II - de atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência; III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino fundamental; VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; VII - de acesso às ações e serviços de saúde; VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade. IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do direito à convivência familiar por crianças e adolescentes; X - de programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. Tipos de ação: são admissíveis todos os tipos de ação para a defesa dos interesses previstos no estatuto, sem dúvida alguma, para a defesa dos interesses transindividuais, a ação mais importante é a ação civil pública. Legitimidade concorrente: possuem legitimidade concorrentemente para o ajuizamento de ação que vida a proteção de interesse transindividuais o Ministério Público; todos os entes federados e as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos pelo ECA, dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia autorização estatutária. Regras aplicáveis: no processo que envolver os interesses tratados neste tópico, aplicam-se subsidiariamente as regras da lei de Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/85), de modo que, apesar de não prevista expressamente no ECA, entendemos que a defensoria pública também possui legitimidade para ingressar com ação civil pública (art. 5, II, da LEI n. 7.347/95). Interesses: além de interesses difusos e coletivos, a ação civil pública movida pelo Ministério Público pode tratar também de interesses individuais indisponíveis da criança ou adolescente (art. 127 da CF/88 c/c art. 201, V e 208, VII, do ECA), objetivando impor ao Poder Público obrigações de fazer e não fazer para garantir os direitos previstos no ECA. A título de exemplo, se uma criança precisa de um tratamento médico e um hospital público se recusa a prestá-lo, o membro do Ministério Público poderá ingressar com ação civil pública para garantir o direito à saúde (que é indisponível) da criança prejudicada, obrigando o hospital a realizar o tratamento. 9. CRIMES PRATICADOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Ação penal pública incondicionada: todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada, ou seja, cabe ao Ministério Público a propositura da ação penal, independentemente da representação da vítima. Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:45:41 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1010 CRIMES PREVISTOS NO ECA Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato. Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasiãodo parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei. Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente. Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento. Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão. Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade. Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei. Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto. Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa. Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente. § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la; II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. ATENÇÃO: De acordo com o art. 241-E do ECA, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. § 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. ATENÇÃO: Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241- A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: I – agente público no exercício de suas funções; II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo; III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual. ATENÇÃO: Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material pornográfico. Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA: A Lei n. 13.441/2017 acrescentou o art. 190-A ao ECA, prevendo a possibilidade de infiltração policial na internet com o fim de investigar os crimes dos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D no ECA e dos arts. 154-A (invasão de dispositivo informático), 217-A (estupro de vulnerável), 218 (corrupção de menores), 218-A (Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente) e 218-B (Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável) do CP. Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:46:23 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1111 Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo. Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica. Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual. Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação. § 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. ATENÇÃO: Entendemos que o art. 244-A do ECA foi tacitamente revogado pelo art. 218-B do Código Penal, introduzido pela Lei 12.015/2009, que,além de abranger a redação do art. 244-A do ECA, prevendo como crime a exploração da prostituição de pessoas menores de dezoito anos, pune também quem pratica a conjunção carnal ou outro ato libidinoso com adolescente menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação de exploração sexual. Lembramos ainda que a conjunção carnal ou prática de outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos de idade configura o crime de estupro de vulnerável, conforme art. 217- A do CP. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la. § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. 10. INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional. Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente. § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação. ATENÇÃO: O § 2º previa a possibilidade de suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números, mas essas penalidades foram consideradas inconstitucionais pelo STF (ADIN 869-2). Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar. Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere. Pena – multa. § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada. ATENÇÃO: Para se permitir a hospedagem de criança ou adolescente desacompanhada dos pais é necessária a autorização escrita dos pais ou responsável ou da autoridade judiciária, mesmo que a criança esteja acompanhada de outra pessoa maior de 18 anos de idade, como namorado (a), amigo, tio, etc. Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei (viagem para fora da comarca e para o exterior) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação: Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Impresso por Jenifer Cassia da Silva, CPF 101.854.489-50 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 08/03/2021 15:46:23 O A B N A M ED ID A | E S TA TU TO D A C R IA N Ç A E D O A D O LE S C EN TE | R ES U M O P A R A A P R O V A D A O A B /F G V ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV 1212 Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem. Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias. Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente: Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 (revistas e publicações com material impróprio devem ser lacradas) e 79 (as publicações destinadas ao público infanto- juvenil não poderão fazer referência a bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições) desta Lei. Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação. Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81 (Venda a criança ou adolescente de bebida alcoólica. Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento da multa aplicada.
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