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ProJ'Jufio C"ar O. Natar, Enfermeiro COR£N'RJ 81330 'R R ENHRMRGEM .m antipsicóticos erlfermeiro. Rev. de Avaliação do de Enfermagem , CRPITUlO litIJição de com- ola de Enferma- Nery Revista de ,uiátrica: valida- l,2007. la enfermagem 42(2): 233-41. !v. Brasileira de pacto. Caderno Ie psiquiátrica m suas dimen- idado nos ser- 287-95. ldamentos em , • PSICOfRRMRCOS FERNANDA GALANTE 20.1 Introdução A dasse de psicofármacos faz parte da categoria de medicamentos controlados, com receitas específicas e que devem ficar retidas na farmácia no ato de sua compra. A prescrição de tais fárma- cos deve ser feita por médico es- pecialista, de preferência com formação em psiquiatria, e o P?- ciente deve ter acompanhamen- to médico e, em casos específi- cos, bioquímica (dosagem dos fármacos na corrente sanguí- nea), ao longo do tratamento, ga- rantindo assim que os efeitos te- rapêuticos possam ser maiores do que os efeitos colaterais. 20.2 Tópicos de farmacocinética e farmacodinâmica A ação de medicamentos depende primeiramente da escolha certa com relação à via de administração e à forma farmacêutica. Após tal escolha, deve-se considerar o estado fisiológico do paciente, que irá contribuir ou influenciar nos processos far- macocinéticos e farmacodinâmicos. , PSiIlUlRTRIR PARA A ENfERMRGEM CRPiTUlI Com relação à farmacocinétíc3, a divisão é feita em quatro etapas: 1. Absorção: passagem do fármaco do local de administração para a corrente sanguínea. Essa etapa pode ser influenciada pela interação fármaco-fármaco, fár- maco-nutrientes, idade, integridade das mucosas e pH do local de administração. Após a absorção, o fármaco se torna biodisponível para atuação no organismo. 2. Distribuição: circulação do tármaco pelo organismo, feita pelo fluxc sanguíneo e na forma de fármaco livre e ligado às proteínas plasmáticas. Essa eta:J8 é direta- mente influenciada pelo estado nutricional do paciente, pois a desnutrição ou má ali- mentaçâo pode acarretar a diminuição de proteínas plasmáticas, como a albumina. 3. Biotransformação: corresponde à inativação do fármaco. Esse processo ocor- re particularmente no fígado e envolve_ duas fases, sendo a primeira mediada pela enzima citocromo P-450, que transforma o fármaco em molécula hidrosso- lúvel para facilitar sua eliminação, passando a ser o metabólito. Alguns fármacos, após serem transformados em hidrossolúveis, devem seguir para a fase 2, cha- "mada de conjugação, a qual, por meio da ação de várias enzimas hepáticas, pos- sibilita a conjugação da molécula hidrossofúvel às partículas excretáveis. Esse processo é fundamental para que o ciclo terapêutico do fármaco possa aconte- cer até ser eliminado; porém, falhas hepáticas podem ocorrer e propiciar um au- mento das respostas toxicológicas das medicações. 4. Excreção: eliminação do fármaco após sua biotransformação. As vias utiliza- das pelo organismo para a excreção do metabálito são urina, fezes, suor e leite materno. Esse processo pode ser diminuído se o paciente apresentar insuficiên- cia renal ou alterações na filtração glomerular. A farmacodinâmica corresponde à ação do fármaco no organismo em seu sítio de ação e efeitos colaterais. Os sítios de ação dos fármacos são enzimas ou proteínas de membrana (re- ceptores). Com relação à ação sobre as enzimas, normalmente ocorrerá uma ini- bição desta pelo fármaco, por exemplo, a ação dos antidepressivos inibidores de monoaminaoxidase (MAO) metaboliza as catecolaminas cerebrais, de modo rever- . sível ou irreversível. O fármaco se ligará ao sítio ativo da enzima, impedindo sua ação sobre o substrato. No caso do fármaco com ação reversível, sua atuação aca- ba com seu tempo de vida fisiológica; porém, se a ligação do fármaco à enzima se dá de modo irreversível, o organismo necessitará sintetizar uma nova enzima, o que pode levar 96 horas. Os receptores de fármacos estão na membrana plasmática das células-alvo. No caso dos psicofármacos, na sua maioria, estão na região pás-sináptica do local de conexão entre os neurônios. Esses receptores podem ser canais iôni- cos, complexos proteínas G/segundos mensageiros e complexos prot;;;ínas G/ canais iônicos. A, seu rec chave-f de resp Ag' ta semE antipar~ dopamil Ant. de subs. geno. p( gião me Ou! exemplc neurotra sua açã( Cab pêuticos E. ainda, tecer em 2u: A ar derado n entre a n muscular racterizal Ose último, cc tensos, Ci pânico e tas vezes ao isolam A bu: sensaçõe faz dos ar forma de i tema nerl Os ar tranquilize: ses de im ..••~,---~.~" ENFERMRGEM miTUlO 10 - PSICOFÁRMACOS I a corrente ármaco, fár- ministração. "ganismo. ) sanguíneo Ipa é direta- ia ou má ali- a albumina cesso ocor- ira mediada la hidrosso- 1$ fármacos, fase 2, eha- láticas, pos- táveis. Esse ssa aconte- iciar um au- vias utiliza- suor e leite r insuficiên- :;rn seu sítio 'llbrana (re- ~ráuma in;- libidore's de nodo rever- ledindo sua tuaçao aca. à enzima se lzima, o que :élulas-alvo. :ináptica do canais iôni- roteínas G/ A ação farmacológica se deve, ainda, à capacidade de ligação do fármaco a seu receptor, que deve ter ,afinidade e seletividade, o que propicia um encaixe tipo chave-fechadura. A afinidade do fármaco aos receptores pode promover dois tipos de respostas, c1assificando-o em agonista e em antagonista. Agonistas: fármacos que, ao se ligarem aos receptores, evocam uma respos- ta semelhante a uma substância endógena. Por exemplo, quando se utiliza um antiparkinsoniano que irá se ligar aos receptores dopaminérgicos, como faria a dopamina, na via nigroestriatal do SNC. Antagonistas: fármacos que, ao se ligarem aos receptores, bloqueiam a ação de substâncias endógenas, reduzindo ou inibindo a resposta sobre o estímulo en::ló- geno. Por exemplo, ação do haloperidol sobre os receptores dopaminérgicos na re- gião mesolímbica do SNC, diminuindo as respostas estereotipadas da esquizofre0ia. Outro foco de ação farmacológica é a recaptação de neurotransmissores. ~or exemplo, alguns antidepressivos, como a fluoxetina. agem inibindo a recaptação de neurotransmissores, aumentando sua concentração na fenda e, consequentemente, sua ação sobre os receptores pós-sinápticos. Cabe comentar que os fármacos são projetados para agir e trazer efeitos tera- pêuticos, porém não são capazes de modificar a resposta de um determinado órgão. E, ainda, que eles não estão desprovidos de efeitos colaterais, os quais poderão acon- tecer em maior ou menor escala, dependendo da suscetibi!idade de cada indivíduo.-, 20.3 Ansiolíticos e hipnóticos A ansiedade pode ser resumida em um estado de tensão e desconforto consi- derado normal ou patológico, sendo muitas vezes difícil estabelecer um limite preciso entre a normalidade e a anormalidade. A progressão ,da agitação, inquietação, tensão muscular, distúrbios do sono e/ou gastrintestinais, taquicardia e sudorese, que ca- racterizam um estado ansioso, é a chave para torná-Ia distinta de um estado normal. Os episódios de ansiedade podem ser leves, moderados ou incapacitantes. Este último, com episódio de medo insuportável associado a sintomas somáticos mais in- tensos, como o tremor, a dor torácica e a sudorese, pode ser vinculado à síndrome do pânico e desencadear a incapacidade social do indivíduo. Distúrbios moderados mui- tas vezes não são tratados com fármacos; todavia, aqueles que direcionam o indivíduo ao isolamento ou à incapacidade devem ser tratados com fármacos e psicoterapia. A busca por agentes químicos que possam modificar os efeitos do estresse e as sensações de desconforto, tensão e disforia, características do estado de ansiedade, faz dos ansiolíticos e hipnóticos a classe de psicofármacos mais prescrita. Seu uso na forma de automedicação é comum e os riscos de reações tóxicas e depressoras do sis- tema nervosocentral (SNC) são altos, resultando em óbito ou sequelas permanentes. Os ansiolíticos e hipnóticos também são chamados de drogas antiansiedade ou tranquilizantes. São os famosos calmantes que diminuem o estresse, reduzem as cri- ses de insônia ou induzem o sono em procedimentos hospitalares e pré-anestésicos. --~--------------_ ..~•_, ',"' 0% PSIU!JIRTRIA PARA A ENfER;lAGEI~ CRPi Figura 1. Representação Química de grupo diazepínico e suas variações. Os barbitúricos foram introduzidos como ansiolítico-hipnóticos em 1903, sen- do o fenobarbital (1932) um dos mais prescritos para tal fim. Não são mais reco- mendados como ansiolíticos ou hipnóticos devido ao elevado grau de dependência e tolerância, com graves sintomas de abstinência, risco de superdosagem perigo- sa e inibição de enzimas hepáticas necessárias à metabolização de fármacos. A síndrome de abstinência de barbitúricos é muito mais grave do que a de opioides, provocando tremores, fraqueza, ansiedade, inquietação, náuseas e vômitos, con- vulsões, delírio e parada cardíaca. Contudo, seus efeitos anticonvu1sivantes condu- ziram sua utilização como agente para o tratamento de crises convulsivas, o que possibilitou o desenvolvimento dos benzodiazepínicos (80Z). Atualmente, BOZs são os principais agentes utilizados no tratamento da ansIe- dade, além de possuírem efeitos hipnóticos que, em dosagens moderadas, não le- vam à depressão do centro respiratório no SNC; são considerados fármacos úteis e seguros no tratamento de diferentes transtornos. Em 1957, com o desenvolvimento do clorperidóxido, foi iniciada a era dos BOZs. São, provavelmente, os medicamentos mais prescritos no mundo; no Brasil, somen- te com o Diazepam~' existem vinte preparações diferentes ..A indicação clínica dos BOZs se deve à ausência de efeitos tóxicos agudos combinada com eficiência e se- gurança terapêutica, apesar do potencial para tolerância e dependência. Todos os BOZs possuem a estrutura química semelhante (1 ,4-benzodiazepina), variando apenas nos quatro radicais ligados a um dos três anéis químicos caracte~ rísticos de sua estrutura, são lipossolúveis, sendo rápida e completamente absorvi- dos após a administração oral. Os principais fármacos desta famllia estão apresen- tados na Figura 1. N NHCHS Flura;/' "-.: / Fluni ~ Esta, CI C=N Mida I ~o lNiteao ( é USE-~-- abstil Dia; Nitr I FlurFlurOxa; Tem. Clara Loraz Clara Vordi ( colá£; diferE ação pacid o pac temp de cil ( espel ção c ( Tabela Clordiazepóxido (Librium") Estrutura geral ~ R4 R1 C=N IO-R5 .':.""':~",i;o"~ ;"••' < ,..... ,~."," 'j .~. _ 'NFfRMAGfM 1 CAPiTUlO 20 - PSICOFRRMACOS 1903, sen~ mais reco- 'pendência ~mperigo- lrmacos,A :: opioides, nitos, con- tes condu- vas, o que I da ansie- 3.S, não le- ;os úteis e ~os BOZs. oil,somen~ :Iínicados ncia e se- liazepina), ;;caracte- :: absorvi- apresen- -~ .-J _ ..." ._. . -- J~l - .~'I -r\X~ ~~{" ,-- f;t, 't ••• ill;L- 'o,",. Diazepam CI CH3 -O H, H Nitrazepam NO, H ~O H, H Flurazepam CI ICH,J,N(CH,H3I, ~O H, H Flunitrazepam NO, H -O H, f Oxazepam CI H -O OH H Temazepam CI CH3 -O H, H Clorazepam NO, H -O H, CI Lorazepam CI H -O OH CI Clorazepate CI H -O COOH H Vordiazepam CI H -O H, H Os BOZs são depressores seletivos do SNC e possuem propriedades farma- cológicas que podem variar de um efeito ansiolítico a uma sedação pré-cirúrgica A diferenciação entre uma e outra reação não é clara, devido ao mesmo espectro de ação farmacológica e mecanismo de ação. Seu poder de sedação dá-se por sua ca- pacidade de diminuir a latência para conciliar o sono e reduzir o número de vezes que o paciente desperta, ou seja, sua ação no ciclo sono-vig8ia ocorre por diminuição do tempo de sono REM (profundo), no primeiro estágio do sono, e aumento do número de ciclos REM no sono tardio. Com a utilização de BOZs para o tratamento de distúrbios do sono, a resposta esperada será de aumento do número total de horas de sono restaurador e diminJi- ção de pesadelos e do terror noturno. Os BOZs com ações hipnóticas estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Benzodiazepinicos com ação predominantemente hipnôtica!sedativa • , •• -.11 I li 11r,'ji.<:.1<",-.; "li.!, -.H" iI I 1~Í;Jí.;l.ii. :oo,.\'~~,~J!1r"'~''-'~'~.:\it#ijé.jr.t~," ~ o"""" , ,_,""'_ ',_ Flurazepam (Dalmadorm") Oral 50-74 Flunitrazepam (Rohypnon Oral, IV 20-30 EstazolÕ;im (Noeta!") Oral 10-24 Midazolam (Dormonid~) Oral. IV Maior que 2 Nitrazepam (Sonebon") INitrazepol') Oral 20-25 (Sonotrat~) o clordiazepóxido, usado por via oral, possui ação prolongada (um a três dias), é usado como medicação pré-anestésica e no tratamento agudo da síndrome de abstinência do álcool. "--,-------------------------------------------------.-- PSmUliúRlA PARR R EnfERMAGEM , Com relação à sedação, os hipnóticos são muito úteis, particularmente em pa- cientes de hospitais gerais, onde o alto nível de estimulação, o estresse e a dor in- terferem no sono. Embora da mesma classe, os BZDs com ação predominantemente ansiolítica estão representados na Tabela 2. 30-100 18-50 12-20 6-20 10-20 30-100 30-100 Oral, LM., IV, sublingual Oral Oral Oral, I.M., IV, sublingual Oral Or31 Oral, IV, IM e retal (Psicosedin~) {Dienpax~) (Valiurn~) (Kiatrium~) {Rivotrin (Lexotan~l (Somalium~) (FrontaiS) [Tranquinan (Lorax~) (Lorium.) (MaxPax''} (Tranxilene~l Clordiazepóxido Dialepam Clonazepam Bromazepam AlpralOlam lorazepam C1orazepato dipotássico Ta~ela 2. Benzodiazepinicos com acões ansioliticas A compreensão das ações das drogas ansiolíticas requer o conhecimento fisio- lógico da neurotransmissão GABAérgica. Os neurônios GABAérgicos usam GABA como neurotransmissor. O GABA é sintetizado a partir do aminoácido precursor glu- tamato por meio da enzima descarboxilase do ácido glutâmico (Glu-AO). Possivel- mente, cerca de 30% de todas as sinapses no SNC têm como transmissor o GABA. O mecanismo de ação dos BOZs ainda não está totalmente esclarecido, porém é capaz de potencializar o efeito inibitório do ácido-gama-aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor inibitório do SNC. Os receptores benzodiazepínicos, na verdade, são um subtipo de receptor GABA A, e sua ativação pelos benzodiazepíni- cos facilita a ação do GABA, provocando a abertura dos canais de cloreto. A entrada do cloreto através do canal iônico (GABA A) para o interior da célula nervosa leva a uma diminuição da excitabilidade nervosa (Figura 2). t., portanto, uma ação indireta e limitada pela quantidade de GABA disponível. A resposta de decréscimo do potencial excitatário neuronal pelos BOZs contri- bui para a diminuição de disparos sincronizados em crises convulsivas, o que explica a utilização como anticonvulsivantes, principalmente o diazepam (IV), em emergên- cias convulsivas, e o c10nazepam (VO), para o tratamento crônico de diversos tipos de crises epilépticas e convulsivas. Os BOZs também são utilizados em tratamentos da síndrome do pânico, de fobias, síndrome da abstinência alcoólica (SAA) e crises hipertensivas. A SAA é caracterizada por um conjunto de sintomas, de agrupamento e gravidade variáveis, ~ ". . ~'.~_. CAPiTULO 10 - PSICOFÁAMACOS pa- 'n- :ica Figura 1. Esquema de GABA neurônio ~ GABAé'g;co ~ .1. GABA• ••• Neurônio efetor l- A,- I- I. n J, 1 -. ocorrendo em abstinência absoluta ou relativa do álcool, após uso repetido e usualmente prolongado e/ou uso de altas doses. O início e o curso do estado de abstinência são limitados no tempo e relacionados à dose de álcool consumida imediatamente antes da parada e da redução do consumo. A síndrome de abs:' tinência pode ser complicada com o aparecimento de convulsões, as quais são tratadas com diazepam (IV). ~ Segundo o Consenso Brasileiro sobreSAA (2000), os BDZs são utilizados de acordo com os sintomas. As doses recomendadas são as que, em média, o pacien- te pode receber num determinado dia; o paciente e os familiares devem ser infor- mados a respeito dos sintomas a serem monitorados e orientados sobre a con- veniência de utilizar a maior dosagem da medicação à noite. Oualquer sintoma de dosagem excessiva de BZDs, como sedação, deve ser vista com cuidado e é ne- cessário procurar um médico antes de optar pela interrupção da medicação. Para esse tipo de tratamento, opta-se por diazepam ou c!ordiazepóxido, sen- do: diazepam: 20 mg via oral (VO) por dia, com retirada gradual ao longo de uma semana; dordiazepóxido: até 100 mg (VO) por dia, com retirada gradua! ao lon- go de uma semana. PSIUUIATRIA PAAA A ENFEAMAGEM Nos casos de hepatopatias graves: lorazepam: 4 mg (VO) por dia, com retirada gradual em uma semana. Ocorrendo recaídas ou respostas desfavoráveis após as abordagens terapêuti- cas anteriormente mencionadas, deve-se seguir com encaminhamento para modali- dades de tratamento mais intensivas e estruturadas. Conforme já mencionado, os BOZs são utilizados na síndrome do pânico (al- prazo Iam, c1onazepam, diazepam), especialmente quando existe ansiedade anteci- patória, em geral associados aos inibi dores seletivos da recaptação da serotonna (ISRSs) ou aos tricíclicos e à rec . • Os efeitos colaterais dos BOZs podem ocorrer em graus diferentes, dependen- do da sucetibilidade'do paciente. Os mais comuns são sedação, sonolência, déficits cognitivos e sintomas motores, dentre os quais alterações de coordenação mokra, podendo comprometer o desempenho do trabalho e a capacidade de dirigir veícu- los, afasia, riscos de quedas, fraturas em idosos e acidentes. Em casos raros, alguns efeitos não esperados, como insônia e agitação. Um dos efeitos colaterais característicos é a amnésla, a qual ocorre dependendo da dosagem: quanto maior a dose plasmática da droga, maior a probabilidade de sua ocorrência. Os fatores que determinam efeitos residuais são meia-vida longa, meta- bólicos ativos, doses repetidas, idade do paciente e doenças prévias. Os BOZs também são potentes indutores de tolerância e dependência. A tole- rância (ou taquifilaxia) é definida como perda do efeito farmacológico em uma dose fixa do fármaco; desenvolve-se mais precocemente para efeitos colaterais, em se- gundo lugar para os efeitos hipnóticos, e, por último, para os efeitos ansiolíticos, e, no que diz respeito ao tratamento da ansiedade, com doses mais altas. Já a depen- dência é uma resposta homeostática de adaptação ao uso crônico de benzodiazepí- nicos, podendo ser desenvolvida dentro de 2 a 20 semanas de acordo com a meia- -vida do fármaco usado e a dose utilizada. A síndrome de abstinência ocorre com a interrupção abrupta da droga após vá- rias semanas ou meses de uso contínuo. Há o aumento dos sintomas de ansiedace, cefaleia, agitação, irritabilidade, depressão, seguidos de tremor e vertigem; podem ocorrer convulsões devido à dependência. Cabe ressaltar que pacientes com história de abuso de substâncias químicas estão mais propensos a desenvolver uso excessivo dos BDZs e são comuns os ca- sos de tentativa de suicídio com a sua utilização. i Farmaco!ogicamente, o principal antagonista seletivo a ser usado mediante do- ses excessivas de BDZs é o flumazenil, o qual possui a capacidade de bloquear o sítio de ação dos BDZs nos receptores GABI;\ A. Este mesmo fármaco (flumazenil) pode ser utilizado para reverter os efeitos do álcool nos pacientes comatosos, além de melhorar a ansiedade e a ataxia induzidas pelo próprio álcool. A Tabela 3 relaciona as principais interações farmacológicas entre BDZs e outros fármacos. CRP Tab pl u p o d 5 li a r ( t CAPiTUlO 10 - PSICOfRRMACOS -ada ~uti- :lali- (al- -eci- nina Jen- icits tora, 'ícu- luns ,ndo sua eta- :ole- lose se- 5, e, len- epí- eia~ ; vá- ade, Jem iças ca- do- 0'0 enil) Llém :5 e Tabela 3, Principais interações com BOIs, , Diminuem a absorção: Aumentam os niveis de BOZ:, • Antiácidos • Cimetidina • Dissulfiram • Eritromicina • Estrogênios • Fluoxetina • Isoniazida Aumentam a depressão do SNC: Diminuem os níveis de SDZ: • Anti-histaminicos • Carbamazepina • Barbitúricos • Antidepressivos triciclicos • Etanol Outros agentes ansiolíticos e hipnóticos incluem o zolpidem, o zaleplon, a bus- pirona e o hidrato de clara!. Zolpidem (Lioram~ e Stilnoxl!) atua em receptores dos BDZs. Embora não seja um deles, age como ansiolítico e hipnótico, mas não diminui a tensão muscular nem possui ação anticonvulsivante. É absorvido rapidamente após administrado por via oral, sendo utilizado somente no tratamento por prazo curto de insânia, não deven- do ultrapassar 28 dias de uso, O tempo de meia-vida corresponde a 2 horas; não é seguro para pacientes com idade inferior a 18 anos, devido à possibilidade de efei- tos adversos, como del2ressão mental, ataxia, irritabiHdade, pesadelos e alucinações, além de amnésia, sedação residual e efeitos gastrointestinais, Os sintomas de tole- rância e dependência se manifestam raramente. Zaleplon (Sonata$) atua nos receptores GABA A como hipnótico, Não altera a arquitetura do sono, não muda o despertar durante a noite nem o tempo total de sono, sendo indicado em casos de insônia crônica e ,transitória, É rapidamen- te absorvido pela via oral, tendo tempo de meia-vida de, 1 hora e não desenvol- vendo tolerância nem insônia de rebate, .• Buspirona (Busparl~, Buspanil'~ e AnsitecO:lD) não tem afinidade pelos recepto- res dos BOZs, porém sua ação ansiolítica se deve à ligação com o receptor da se- rotonina, Por via oral é usada no tratamento sintomático de distúrbios generali- zados da ansiedade, apresentando menor interferência nas funções motoras em idosos do que os benzodiazepínicos, A meia-vida curta da buspirona exige que seja administrada em até três vezes ao dia, o que dificulta a adesão ao tratamento, São necessárias 3 a 4 semanas para que ocorra o efeito ansiolítico. Esta demora pode ser problemática quando os sintomas de ansiedade são graves ou quando o pa- ciente já utilizava BOZs, Não provoca dependência e/ou tolerância e seus efeitos colaterais são náuse- as, cefaleia, inquietação e vertigens. PSIQUIATRIA PRRR R ENfERMRGEM Hidrato de clara! pode ser administrado por via oral ou retal, apresentando tem- po de meia-vida de 4-10 horas, sendo usado somente em preparação para exames de eletroencefalograma em crianças, devido às suas vantagens em sedar e não alte- rar as ondas cerebrais. É um fármaco em desuso, com efeitos colaterais de irritação de pele e mucosas, desconforto epigástrico, náuseas e vômitos. 20.4 Antidepressivos •A depressão é um transtorno afetivo no qual o paciente se encontra com tris- teza, pessimismo, baixa autoestima, apetite e sono alterados, sensação de falta de energia e dificuldade de concentração. Pode ser dividido em: transto"no de- pressivo maior (episódios recorrentes de humor deprimido e aumento do isola- mento social), depressão típica (insônia de despertar, diminuição do apetite e sentimentos de rompimento social), depressão atípica (sinais neurovegetativos, maior apetite e hipersonia), depressão melancóllça (sem interesse peta vida, in- diferente a críticas e incapacidade em sentir prazer), episódio maníaco ou trans- torno bipolar do humor (sensação de humor elevado e sentimento de autoestima aumentada) e, por fim, episódio hipomaníaco (sintomas maníacos por mais de 4 dias, porém na ausência de desfecho adverso). Há uma série de evidências que mostra alterações químicas no SNC do indiví~ duo deprimido, principalmente com relação à diminuição de neurotransmissores ex- citatórios, como a serotonina, a noradrenalina e, em menor proporção, a dopamina (Figura 3). Discute-se, também, a capacidade de alteraçãona região sináptica com o aumento de neurorreceptores; com isso, seriam poucos neurotransmissores e mui- tos receptores que não estão recebendo seu Iigante, causando assim uma diminui- ção de respostas excitatárias centrais. Re<apla,ão neurotran,missorel lle<aptação neurol,al\\missor~ , .- CRPilUlO 20 - PSICOFARMRCOS tem- ames I alte~ tação 1 tris- falta o de- isola- fite e divas, la, in- :rans- stima de 4 :ndiví- oS ex- 3.mma :om o ~mui- ninui- A utilização de fármacos reforça a teoria da carência de neurotransmissores, pois alguns são agonistas e outtos inibem a recaptação do neurotransmissor, au- mentando assim a possibilidade de ativação dos receptores pás-sinápticos, o que gera a melhora do quadro depressivo. O tratamento adequado da depressão requer não somente a melhora dos sinto- mas, mas a manutenção do estado afetivo do paciente, evitando recaídas, enquanto ainda se sentir vulnerável. Em tais casos, usualmente, está indicada a utilização de psicofármacos associada a alguma modalidade de psicoterapia; essa combinação se mostra efetiva na maioria dos casos. A modificação dos hábitos e qualidade de vida é fundamental para a melhora em casos de depressão, sendo recomendado que o paciente passe a praticar ativida- des físicas regulares, manter um tempo mínimo de sono diário (6 a 8 horas por noi- te), ter uma boa alimentação, expor-se ao sol em horários apropriados e evitar o uso de substâncias como anorexígenos, álcool e tabaco. Por outro lado, o distúrbio afetivo chamado de transtorno bipolar do humor (TBH) caracteriza-se pela ocorrência de episódios de mania (exaltação do humor, euforia, hiperatividade, diminuição da necessidade de sono, exacerbação da se- xualidade e comprometimento da crítica) comumente alternados com períodos de depressão. O indivíduo bipolar também apresenta irritabilidade, agressividade e in- capacidade de controlar adequadamente os impulsos. Primeiramente, o TBH foi explicado por uma liberação maciça de neurotransmis- sores excitatórios; porém, hoje, acredita-se ser uma doença neurodegenerativa. Há perda de neurônios e áreas de afinamento do córtex cerebral. Tal hipótese se deve ao comportamento dos bipolares, que costumam ser mais rápidos, porém mais impulsivos, provavelmente pela anormalidade específica do córtex pré-frontal (responsável por de- cisôes que envolvem planejamento, organização e racionalidade); é a chamada disfun- ção executiva dos bipolares. Para seu tratamento são utilizados os estabilizantes do humor, como sais de lítio, ácido valproico, gabapentina, lamotrigina e carbamazepina 20.4.1 Farmacolerapia da depressão Os antidepressivos podem ser classificados de acorDO com a estrutura química ou as propriedades farmacológicas. De modo geral, podem ser divididos em: 1. Antidepressivos tricíclicos (ADT s). 2. Inibidores seletivos de recaptação da serotonina (lSRSs) e antidepressi- vos atípicos. 3.lnibidores da monominoxidase (lMAOs). Antidepressivos tricíclicos (ADTs) Os ADTs são considerados os fármacos de primeira escolha em depressões gra- ves e para pacientes hospitalizados. O local de ação dos ADTs é no sistema límbico, aumentando a noradrenalina (Nor) e a serotonina (5-Hn na fenda sináptica e, em me- ._' rSIUUIATRIA PARA A ENFERMAGEM nor proporção, a dopamina (DA). Esse aumento da disponibilidade dos neurotransmis- sores na fenda sináptica é conseguido por meio da inibição nas bombas de recaptação das aminas na região pré-sináptica e leva a um aumento da ativação dos receptores pós~sinápticos, o que potencializa seus efeitos e antagoniza os sintomas da depressão. Apesar de essa inibição ocorrer já na primeira administração desses fármacos, os efeitos clínicos apresentam uma latência de 2 a 3 semanas após o início do tra- tamento. Sabe-se que há uma demora na resposta terapêutica aos antidepressivos, que deve ser informada ao paciente. A latência na ação dessa categoria farmacoló- gica se deve à sen$ibilidade dos receptores, que irá se ajustar à nova quantidade de neurotransmissor na fenda. Os principais ADTs estão representados na Tabela 4. 11 a 25 12 a 36 10a SOh (médiade lSh) A nortriptilina, principalmeta- bólito da amitroptilina, possui meia-vidade20 a 60 horas 43- 45 17 (seumetabólito - 51) .. vo va, IM e IV VO VO va e IV vo (Tofranile) (Anafranile) (Tryptanole,Amytrile) (Pamelore) Não disponivel no Brasil Nãodisponível no Brasil (Sinequane) Imipramina Clomipramina Amitriptilina Nortriptilina Maprotilina. (considerada tetraciclica] Desipramina Protriptilina Doxepina•• Tabela 4. Antidepressivos trieíclieos, vias de administração e tempos de Y2 vida .A maprotilinadifere estruturale farmacologicamentedos antidepressivostriciclicos.Possuiefeito inbidor potenteeseletivosobrea recaptaçãodanoradrenalinanosneurôniospré-sinapticos,nasestruturascorticaisdo SNC,masquasenãoexerceefeitoinibidornarecaptaçaodaserotonina, ""0 mecanismodeaçãoda doxepinanãoé completamenteconhecido.Essefármaconãoé umestimulan:edo SNC,nemuminibidordaIMAo.A hipóteseatualédequeosefeitosclinicassão,aomenosemparte,devidJ5as alteraçóesno ritmo normaldaatividadeadrenérgicanassinapses,demodoquea desativaçãodanoradr~nalina, pelareabsorçãonosterminaisnervosos,é impedidadesereâlizar. Os ADTs, em geral, estão indicados para tratamento dos estados depressivos de etiologia diversa: depressão associada cO'm esquizofrenia e distúrbios de perso- nalidade, síndromes depressivas senis ou pré-seniS, distimia, depressão de nature- za reativa, neurótica ou psicopática, transtornos obseSSivo-compulsivos (TOes), fo- bias e ataques de pânico, estados dolorosos crônicos, enurese noturna (a partir dos 5 anos e com prévia exclusão de causas orgânicas). fRMRGEM CRPiTUlO 10 - PSICUfRRMRCOS -ansmis- aptação ~eptores )ressão. rmacos, , do tra- essivos, nacoló- iade de hl Imeta- possui :}[as II . inibido. -tiçais do lante do 'Vidas às renalina, ssivos Jerso- ature- :'), la- tir dos Além de sua ação sobre a recaptação de aminas, o uso crônico dos ADT s pro- duz subsensibilidade (e bloqueio) em receptores beta e alfa-2 adrenérgicos, hjstami~ nérgicos, seronotinérgicos, dopaminérgicos, muscarínicos (receptores da acetilcoli- na) e GABA. Essas alterações em outras conexões neuronais são responsáveis pela maioria dos efeitos colaterais desses fármacos. Os efeitos indesejáveis dos ADTs estão relacionados às suas ações autonô- micas, como os antimuscarínicos: náusea, vômitos, anorexia, boca seca, visão turva, confusão, constipação, taquicardia, retenção urinária e disfunção sexual. Já os efei- tos antiadrenérgicos consistem em hipotensão ortostática, taquicardia reflexa, so- nolência, vertigem, disfunção erétil e ejaculatória. Cabe comentar que os efeitos an- tiadrenérgicos trazem maior risco em pacientes idosos, podendo propiciar quedas e alterações das condições circulatórias. Efeitos por ação anti-histaminérgica também são observados, como sedação, ganho de peso e tontura. O uso de ADT s pode, ainda, causar alterações eletrocardiográficas e cardiovascu- lares, com aumento da frequência cardíaca, achatamento da onda T e, mais raramente, prolongamento do intervalo PR e aumento do complexo ORS. Contudo, tais efeitos es- tão associados à superdosagem. Dados da literatura mostram que os tricídicos estão associados a risco de morte súbita em overdose e arritmia, aumento do risco de mor- te em indivíduos com doença cardíaca isquêmica e aumento do risco de infarto agudo do miocárdio. Além das alterações cardíacas, a superdosagem também pode levar a agitação, alucinação, hiper-reflexia, midríase, confusão mental e convulsões. Cuidados são necessários com a ingestão de alimentos proteicos, pois a partir da fenilalanina (aminoácido essenciaO, a qual é transformada em tirosina (não essen- cial), são sintetizados os neurotransmissoresnoradrenalina, adrenalina e dopamina O metabolismo-dos ADTs é feito pela dtocromo P450, Interações medicamen- tosas significativas ocorrem por competição com a CYP2d6 entre os tricíclicos e quinidina, cimetidina, fluoxetina, sertralina, paroxetina, fenotiazinas, carbamazepina e antiarrítmicos do tipo IC (propafenona) e flecainida, Os tricíclicos são excretados pela urina e pelas fezes e, com isso, fazem o ciclo entero-hepático. Sua inativação e eliminação total ocorrem em aproximadamente 7 dias após a suspensão do tratamento. ~ ' lnibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) Em 1987, com a introdução desse tipo de anti depressivo na psiquiatria, hou- ve uma revolução no tratamento da depressão. Tais fármacos promovem resposta terapêutica tão boa quanto a obtida com os antidepressivos mais antigos - os tri- cíclicos -, porém menos efeitos colaterais. Atualmente, além de serem utilizados na depressão unipolar, os ISRSs são efi- cazes no transtorno obsessivo-compulsivo, no transtorno do pânico, em episódios depressivos do transtorno bipolar, na bulimia nervosa (fluoxetina em doses eleva- das), na fobia social (fluoxetina, paroxetina, sertralina), na ansiedade generalizada PSIIlUIATRIA PARA A EMFERMAGfM (paroxetina) e no estresse pós-traumático (sertralina). Já o uso desses fármacos como inibidores do apetite é justificado pelos experimentos com antagonistas 5-HT que desencadeiam aumento do apetite e ganho pondera! do peso. As ações sobre o apetite também podem variar de acordo com o ISRS usado: paroxetina e eitalo- pram estão associados a ganho de peso, enquanto fluoxetina e sertralina, à inibição do apetite e perda de peso. O mecanismo de ação dos ISRSs, como o próprio nome diz, inibe a recaptação pré-sináptica de serotonina (5-HT), aumentando sua disponibilidade na fenda sinápti- ca e seu contato com receptores pás-sinápticos, principalmente nas vias serotoninér- gicas dos núcleos da rafe, partindo do tronco encefálico e se projetando para parte do córtex, hipocampo, núcleos da base, sistema límbico e hipotálamo. A demora de 2-4 semanas antes de se desenvolver o efeito terapêutico é seme- lhante à de outros antidepressivos. Os principais fármacos dessa classe estão representados na Tabela 5. ,. Tabela 5. Antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina, vias de administração e tempos de Ih vida CAPil vos ( ocor man sivo~ pois me ~ Om O tri prec com dev( COIT xuai . • Fluoxetina Prozac. VO 24-96 trad Sertralina Zoloft- VO 15-26 de, Paroxetina Aropax. VO 3 a 65 horas(média24 h) Citalopram Cipramil. VO 24-35 labe Escitalopram lexapro. VO 15-24 Fluvoxamina luvox~ VO 15-24 São rapidamente absorvidos por via oral e mais bem absorvidos quando adminis- trados com alimentos, tomando-se cuidado com os ricos em triptofano, aminoácido essencial utilizado na síntese de serotonina. A fluoxetina e a sertralina são transfor- madas em metabólitos ativos após a fase 1 da biotransformação. São biotransforma- dos por isoenzimas do sistema citocromo P-450, sendo eliminados na urina. Os efeitos colaterais mais comuns são ansiedade, desconforto gástrico (náuse- as, dor epigástrica, vômitos, constipação), cefaleia, diminuição do apetite, disfunção sexual (retardo de ejaculação em homens e anorgasmia em mulheres), inquietude, insônia, nervosismo e tremores. Dados da literatura demonstram aumento da agres- sivldade e violência em pacientes tratados com fluoxetina, além de pensamentos suicidas. A prevalência dos efeitos colaterais nãD é a mesma nos diferentes fárma. coso Por exemplo, a paroxetina causa constipação e disfunções sexuais; já a fluoxe- tina parece estar associada a respostas excitatórías, como as citadas anteriormente além de facilitar a ciclagem para a mania Bc Mi Mi milUlo 10 - PSICOFÁRMRCOS ,s T e,- o o i- r- o ,- Cabe ressaltar que os ISRSs não devem ser utilizados em pacientes depressi- vos com menos de 18 anos de idadel pois, para eles, a eficácia é duvidosa, podendo ocorrer efeitos colaterais, como excitação, agressividade e insônia nas primeiras se- manas de tratamento, além de ideias suicidas. Cuidados especiais com o uso de ISRS em combinação com IMAOs, antidepres- sivos atípicos e Hypericum perforatum (erva-de-são-joão) devem ser observados, pois tal associação pode levar à morte. Essas combinações podem levar à síndro- me serotoninérgica, caracterizada por tremor, hipertermia e colapso cardiovascular. O mesmo cuidado deve ser tomado com o excesso de alimentos ricos em triptofano. O triptofano é um aminoácido essencial obtido na dieta e que tem a função de ser o precursor da serotonina nas sinapses serotoninérgicas. Os ISRSs estão contraindicados em pacientes com problemas gastrintestinais, como gastrite ou refluxo gastroesofágico. Pacientes que utilizam múltiplos fármacos devem evitar a fluoxetina, pois ela apresenta interações medicamentosas bastante complexas. Devem ser evitados ainda em pacientes que apresentam disfunções se- xuais não decorrentes de depressão, pois esses quadros podem ser agravados. Antidepressivos atípicos (diversos) Novos antidepressivos elaborados para tentar solucionar os problemas encon- trados com os tricíclicos, IMAOs e ISRSs. Cada um apresenta um tipo de mecanismo de ação e é prescrito de acordo com a avaliação médica. A Tabela 6 representa um resumo desses novos fármacos. Tabela 6. Principais antidepressivo~ atípicos, mecanismos de ação, tempo de meia-vida e efeitos colaterais ,- Bupropriona Wellbutrin- Inibição da recap- 21-24 Taquiarritmías. hipertensão,o tação da Nor e DA convulsões, mania, prurido, sUdorese, exantema, dis-,- pepsia, constipação, tontu- ra, visão turva e agitação Milnaciprano lxel- Inibição da recap- 21-24 Vertigem, diaforese, an- o tação SHTe Nor siedade. fogachos e disu- > ria, náusea, vômitos, xe-"- rostomia. constipação, s tremores e palpitações Mirtazapina Remeron. Facilitação da 20-40 Agranulocitose, convulsões, transmissão SHT mania, sonolência, aumen- > e Nor to do apetite, constipação, " tontura e hiperlipidemia CONTINUA • t. , , to. PSlfiUIATRIA PAAA A ENFEAMAGEM CAI Nefazodona Serzone~ Inibição da re- 21-24 Hipotensão ortostáti- captação de 5HT ca, insuficiência hepâti- e Nor ca, convulsões, mania, su- dorese, alteração do peso, dispepsia, tontura, visão turva e sonolência Reboxetina Prolift- Inibição da re- 13-15 Taquicardia, impotência, captação da Nor retenção urinária, insânia, • sudorese excessiva, cons- '., tipação e boca seca Tianeptina Stablon. , Aumento da re- '.5 Gastralgias, dores abdo- captação de 5HT minais, secura da boca, anorexia, náuseas, vômi- tos, constipação, flatulên- cia. insônia, sonolência, pesadelos, astenia, verti- gens, cefaleia, Iipotimia, tremores e mialgias Trazodona Donaren. Inibição da re- 15 Priapismo, convulsôes, captação de SHT mania, sudorese, alteração e Nor do peso, dispepsia, tontu- ra, visão turva e sonolência Ven!afaxina Efexor~ Inibição da re- Cerca de 5 Síndrome maligna neuro- captação de SHT horas (ven- léptica, hipertensão, visão e Nor lafaxinal, 11 turva, perda de peso, ner- horas (meta- vosismo, sudorese, hepa- bólito ativo) tite e desconforto gástrico Inibidores da monoaminoxidase (IMAUs) AMA0 (monoaminoxidase) é uma enzima portadora de flavina, localizada pri- mariamente na membrana externa das mitocôndrias e encontrada nos terminais nervosos, no fígado e em outros órgãos. Essa enzima oxidativa inativa as aminas biogênicas - noradrenalina, dopamina, adrenalina, 5-HT (serotonina), triptamina e tiramina -, convertendo-as aos aldeídos correspondentes, para a sua eliminação. A MAO existe em duas isoformas: MAO-A e MAO-8, ambas encontradas no te- cido neurona!, em proporções distintas e em diferentes regiões do cérebro, tendo a MAO-A preferência por 5-HT e noradrenalina, como substratos. Já a MAO-B, no cé-rebro humano, metaboliza a dopamina. Os IMAOs são usados geralmente como drogks de terceira linha para a depres- são, devido ao requerimento de restrições dietéticas. Esses fármacos são prescritos quando há quadros de depressão atípica, sendo também úteis no distúrbio de pâni~ co ou na depressão refratária. \ e a 9 e a s d T: 'I tÉ P te £NFERMRGEM CRPiTULO 10 - PSICOFRRMACOS tostá ti- ia hepáti- , mania, su~ ão do peso, 'Ura,visão ncia lpotência, ria, insônia, ;siva,cons- seca Os IMAOs são administrados em dosagens escalonadas e graduais, de manhã ou no começo da noite, dependendo de seu efeito sobre o sono. Os lMAOs são classificados em inibidores irreversíveis (isocarboxazida, fenelzina e trani!cipromina), os quais agem indistintamente sobre a MAO-A e a MAO-B e, com a interrupção do tratamento, a recuperação da MAO depende de sua síntese endó- gena. Os inibidores reversíveis foram introduzidos recentemente e são moclobemida e brofaromina (específicos MAO A) e a se!egilina (específica MAO-B) sem atividade antidepressiva, mas utilizada no tratamento da doença de Parkinson. Para melhor vi- sualização, a Tabela 7 separa os IMAOs quanto à sua ação sobre MAO-A e MAQ-8. 'res abdo- da boca, ~as,vômi- o, fiatulên- nolência, 'nia, verti- lipotimia, i1gias tulsôes, e,alteração ,sia,tontu- ~sonolência Tabela 7. Seletividade dos IMAOs Iproniazida Isocarboxazida Tranilcipromina Fenelzina Clorgilina (mao~al Brofaromina Modobemida Toloxatona Befloxatona "Todos s~o bem absorvidos flor via oral. Tabela B. Inibidores da MAO paro depressão vo I vo I VO 4,4-8 horas VO 2 a 4 horas VO 9-14 horas . . Isocarboxazida Marplan- Fenelzina Nardil. Tranilcipromina Parnate- Modobemida Aurorix. Brofaromina Consonar- Na Tabela 8, a seguir, estão relacionados os IMAOs usados nos quadros de depressão no Brasil. ~na neuro- nsão, visão peso, ner- ese,hepa- rto gástrico 3.lizadapri- ; terminais as aminas iptamina e llinação. Idas no te- ro,tendo a )-8, no cé- la depres- prescritos ia de pâni- Eles sofrem biotransformação hepática rápida por oxidação e, possivelmente, têm metabólitos ativos. O início da ação dá-se entre 7 e 10 dias, com doses apro- priadas em alguns pacientes, mas pode levar de 4 a 8 semanas para atingir o efei- to terapêutico pleno. PSIIlUlATRIA PRRR R ENFERMAGEM Os efeitos colaterais dos IMAOs, de modo geral, são hipotensão ortostática gra- ve (vertigens e tonturas, especialmente ao levantar; podem ocorrer quedas); diarreia, edema nos pés e tornozelos (pode ceder espontaneamente em semanas); taquicar- dia, palpitação, nervosismo e excitação. Alguns efeitos colaterais são raros, porém perigosos, como hepatite, leu- copenia, síndrome de Parkinson, síndrome serotoninérgica na combinação com medicamentos serotonérgicos (amitriptilina, c1omipramina, doxepina, imipramina; fluoxetina, sertralina, paroxetina oy trazodona). A síndrome pode se manifestar por confusão ment~l, hipomania, inquietação, mioclonias, hiper-reflexia, arrepios, calafrios, tremores, diarreia, incoordenação e febre. A melhora é rápida com a re- tirada das substâncias. Faz-se necessário monitorar os eletrólitos plasmáticos, principalmente se o pa~ ciente apresenta edema, pois pode ser um quadro de síndrome de secreção inade- quada do hormônio antidiurético. ~ Um dos principais problemas com a utilização de IMAOS ocorre pelo cuida- do com a sua interação com alimentos contendo alto teor de tiramina (a tiramina é precursora da tirosina, usada para a síntese de neurotransmissores) e a asso- ciação IMAO e alimentos pode levar a um aumento maciço de cateco!aminas (no- radrenalina, adrenalina e dopamina no SNC e periférico). Dessas interações fár- maca-nutrientes, a crise hipertensiva é o resultado mais perigoso e clinicamente importante. Os sintomas de crise hipertensiva são cefaleia intensa, palpitações, dor torácica intensa, midríase, fotossensibilidade, sudorese, febre, calafrios, náu- seas e vômitos. O tratamento para a crise hipertensiva tem sido com nifedipina 10 mg mastigada e colocada sob a língua, normalizando a pressão sanguínea em 1-5 minutos. A Tabela 9 lista os principais alimentos que devem ser evitados quando se faz uso de IMAOs. Tabela 9. Principais restrições dietéticas no uso de IMAOs Queijos, exceto queijo cremoso, queijo cottage Extratos de carne e levedura. e iogurte fresco. Carnes fermentadas ou envelhecidas, como sal- Vinho tinto, sherry, vermute, conhaque, cerveja, sicha e salame. cerveja tipo alemã. Vagem larga, como a chinesa. Molho de soja, pasta de camarão, chucrute. Qualquer tipo de figado. Figos, bananas, ananás, pera, abacate, passas, ameixas enlatadas e framboesas., o mesmo quadro de crise hipertensiva é observado quando se faz uso de IMAOs e fármacos simpaticomiméticos, como os descongestionantes nasais, os broncodilata- dores e os anestésicos locais associados a vasoconstritor. 'FRMRGEM CRPíTUlO 10 - PSICOFÁRMRCOS :itica 9ra- ,; diarreia, taquicar- o fim da terapia com IMAOs pode estar associado à ansiedade, agitação, de- saceleração cognitiva e,dores de cabeça. A retirada deve ser muito gradual e as- sociada à terapia de curto prazo com benzodiazepínicos para o não aparecimen- to desses sintomas. Quadro 1. Sintomas apresentados na mania ou na depressão Delirios e alucinações Abuso de álcool ou drogas; ideias suicidas Desinibição exagerada Comportamentos inadequados Aumento de energia e disposição.~ Humor eufórico. Irritabilidade, impaciência, "pavio curto". Distração, Exaltação. Pensamento acelerado, tagarelice. Insônia. •Otimismo exagerado, aumento da autoestima. Gastos excessivos. Falta de senso critico. 20.4.2 Estabilizanles do humor [Iralamenlo do Iranslorno bipolar do humor) O transtorno bipolar do humor (TBH), também conhecido como um quadro de mania (euforia) e depressão, é causado por uma desordem do SNC, e resulta em mudanças não previstas no estado mental, no humor, na energia e na habilidade do indivíduo. Diferentemente dos altos e baixos normais que todos apresentam ao lon- go da vida, o TBH pode destruir relacionamentos, tornar a performance ruim no tra- balho e na escola e até mesmo levar ao suicídio. A mudança do comportamento de euforia para depressão ou vice-versa é súbi- ta; é chamada de cíclica. O indivíduo não a percebe ou a atribui a algum fator do mo- mento, pois o senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações ficam prejudicados ou ausentes. No Ouadro 1, estão listados os sintomas que o indivíduo pode apresentar quan- do em mania ou em depressão. se o pa- 3.0 inade- lo cuida- tiramina ) a assa- inas (no- ;ães fár- camente pitações, ias, náu- ifedipina mguínea evitados :, passas, :, cerveja, le IMAOs lCodilata- :rute. Itite, leu- ção com praminaj anifestar arrepios, :om a re- CONTINUA •••. . '. .... -.-. PSIUUlATRIA PARA A ENFERMRGEM Desânimo, cansaço mental. Dificuldade de concentração, esquecimento. Isolamento social e familiar. Apatia, desmotivação. Sentimento de medo, insegurança, desespero e vazio. Pessimismo, ideias de culpa. Baixa autoestima. Alteração do apetite. Redução da libido. ", Aumento do sono. • Dores e problemas físicos. como cefaleia, sintomas gastrintestinais. dores pelo corpo e pressão no peito. Ideias suicidas. - Os medicamentos utilizados no tratamento do transtorno bipolar são conheci- dos como estabilizadores do humor e buscam controlar tanto a fase maníaca quan- to a depressiva, prevenir os episódios e suprimir ou reduzir a ciclagem do transtorno. O esquema de tratamento considera a fase aguda (remissão dos sintomas), a fase de manutenção (manutenção da medicação por um período de segurança após a remissão dos sintomas) e a fase de profilaxia (redução da dosagem para níveispreventivos). Sais de lítio (CarboJitium'8') A história da utilização de estabilizantes do humor começou em 1949, quando um pesquisador australiano observou que o lítio exercia um efeito calmante sobre animais e lançou a hipótese de sua utilização em pacientes maníacos. Sabe-se que o lítio contribui para estabilizar o humor, porém seu mecanismo de ação ainda não está totalmente esclarecido. A primeira hipótese de sua ação baseia-se em suas características químicas: o lítio é um cátion monovalente que substitui o sódio no compartimento jntracelu~ lar, tornando a bomba de sódio e potássio pouco eficaz para promover trocas con- tra um gradiente de concentração. A permanência do sódio intracelular promove uma despolarização prolongada, que produz uma diminuição da passagem de im~ pulsos nervosos. A segunda hipótese de sua ação deve-se ao fato de o lítio exer- cer inúmeros efeitos intracelulares na produç~o de segundos mensageiros, como o AMPc, o diacilglirerol (DAG) e o inositol trifosfato (IP3), que aumentam as res- postas bioquímicas intracelulares. R_M_AG_E_M~ ~I ) peito. ,nheci- quan- stomo. ::>mas), Jrança n para u8:ldo sobre ie que la não -nicas: 3.celu- 5 con- lmove je im- exer- como s res- CAPiTUlO 10 - PSICOFÁRMHCOS o lítio, na forma de sais (carbonato de lítio, citrato de lítio e cloreto de lítio), tornou-se o estabilizador do humor de uso padrão. Ele é eficiente nos episódios maníacos disfóricos, bem como na depressão bipolar, sendo pouco efetivo nas formas mistas e nos cidadores rápidos; para estes, são utilizados fármacos anti- convulsivantes com ações estabilizantes do humor, como a carbamazepina, a la- motrigina ou o valproato. Após sua administração oral, é completamente absorvido, sendo sua concentra- ção máxima atingida 2 a 4 horas após a ingestão. Diferente da maioria dos fármacos, o lítio é encontrado no sangue somente na forma livre, sua passagem pela barreira hematoencefálica é lenta, por depender de proteínas transportadoras. Sua meia-vida é de 24 a 48 horas, sendo excretado somente pelos rins. O uso do lítio deve ser monitorado quanto aos níveis séricos (Iitemia), devido ao seu baixo índice terapêutico, ou seja, as doses consideradas eficazes são próximas das doses tóxicas. O nível terapêutico pode variar de um indivíduo para o outro, mas geralmente está entre 0,5 e 1,5 mEq/1 para as fases agudas e entre 1,0 e 1,5 mEq/1 na prevenção dos episódios de mania. Níveis acima dos terapêuticos não são mais efetivos e podem causar efeitos colaterais e/ou intoxicações. Os principais efeitos colaterais das múltiplas ações exercidas pelo lítio são poliúria por diminuição da produção de hormônio antidiurético (AO H), o que pode ser denominado de diabetes insípido nefrogênico; hipotireoidismo (bócio) devido à sua interferência na síntese e liberação de hormônio estimulador da tireoide (TSH) pela hipófise, o que diminui a produção de tiroxina e triiodotironina, anormalidades no EEG e ECG, aumento de leucócitos circulantes, diarreia, náusea, fraqueza mus- cular, escotomas ll-ansitórios dos campos visuais, letargia, tremor de extremidades, acne, alteração do metabolismo, aumento de peso e manchas na pele. A intoxicação pelo lítio pode ser dividida em leve, moderada e grave. Os sinto- mas de cada uma estão descritos no Ouadro 2. Quadro 2. Tipos de intoxicação causas pelo litio Apatia, letargia, lentificação, sonolência. redução da capacidade de concentraçào, fraqueza muscu- lar, marcha instável, tremor grosseiro das mãos e discretas contrações musculares. Sintomas semelhantes a intoxicação leve, porém mais intensos, podendo ocorrer também disar- tria e ataxia. Além de todos os outros sintomas mencionados, confusão, delírio, alteração da consciência, crises convulsivas, insuficiência renal e morte súbita. PSIO.UIATRIA PAAA A ENFEAMAGEM Como o lítio ainda é o melhor estabilizante do humor, os seus benefícios supe- ram sua toxicidade e, por isso, é importante saber usá-lo. As diretrizes gerais para a terapia com lítio são apresentadas, a seguir, de modo resumido: Inicia-se o tratamento com 3 comprimidos de 300 mg em uma só tomada à noite (900 mg/dia), podendo chegar a 1200 mg/dia. Sendo o efeito terapêutico do lítio correlacionado à litemia, monitora-se este parâmetro, que deve ficar entre 0,6-1,2 mEq/l, evitando-se os efeitos tóxicos (> 1,2 mEq/1) e estabelecendo-se o nível terapêutico recomendado. Na fase aguda, a litemia deve ficar próxima do seu limite máximo permitido, frequen- temente na faixa de 0,9-1 ,2 mEq/1.Mantido esse nível por 15 dias, sem haver remissão dos sintomas, o paciente será considerado refratário ao lítio. • A primeira litemia deve ser feita no sexto dia após o início do tratamento, co- lhendo-se o sangue 12 horas após a última tomada do lítio. A partir daí, far- -se-á medidas semanais nos dois primeiros meses, espaçando-se gradual- mente até 3, 4 ou 6 meses. É bom ter em mente,.que cada 300 mg de lítio ou 1/2 comprimido da forma CR (450 mg) aumenta cerca de 0,25 mEq/1 na litemia, e que 800 mg resulta numa litemia média de 0,7 mEq/1. Uma vez estabilizado o quadro, o lítio será mantido por um período de pelo menos 6 meses e, então, será reduzido para uma dose profilática em torno de 0,5-0,8 mEq/1. Os sais de lítio não devem ser usados na gestação devido aos seus efeitos te- ratogênicos. Também ocorre secreção do fármaco no leite materno, o que inviabi- liza a amamentação. Cabe comentar que a associação do lítio com antipsicóticos em pacientes agitados e com sintomas psicóticos típicos é muito eficiente e parece ter um efeito cooperativo. Deve sempre ser utilizada nestes casos até a remissão dos sintomas psicóticos, ocasião na qual o lítio será mantido, a menos que os sinto- mas psicóticos persistam. Anticonvulsivantes como estabilizadores do humor Como alternativa para pacientes que não se adaptam ao lítio, alguns anticonvul- sivantes têm sido usados tanto no tratamento agudo quanto na profilaxia. Carbamazepina (Tegretolll:) A carbamazepina é o estabilizador de hUl]1ormais usado após o lítio, sendo a in~ dicação preferencial nos cicladores rápidos, ocasião em que o lítio não demonstra vantagem significativa ou seus efeitos colaterais indicam sua descontinuação. As do- ses sugeridas para o tratamento de mania são 400 mg/dia inicialmente, com acrés- cimos rápidos de 100 a 200 mg/dia, até resposta favorável ou até 1.000 mg/dia. Os níveis séricos devem estar em torno de 8 a 12 ~lg/ml. CAPiTULO 10 - PSICOFAAMACOS supe- para a Ida à ~ste <icas ase len- haver :0, co- .,far- ual- lítio q/I na tos te- nviabi- :ientes :er um ia dos sinto- ;onvul- lo a ín- lonstra As do- acrés- 19/dia. " o mecanismo de ação da carbamazepina é o bloqueio de canais de sódio, o que estabiliza o potencial de açao neuronal. Possui meia~vida de 10 a 20 horas, sendo esta reduzida com o tratamento crônico devido' à ativação do citocromo P-450, exi- gindo após certo período várias doses ao dia. Metabolismo hepático e seus efeitos colaterais incluem sedação, edema, ataxia, disartria, diplopia e arritmias. Sua toxieidade (agranulocitose, anemia aplástica, hepatite), embora rara, pode ser um fator limitante, portanto hemogramas com contagem de plaquetas a cada 2 semanas nos primeiros 2 meses de tratamento e, depois, a cada 4 meses deverão ser requisitados para controle. Ácido valproico (Depakene'.'/Depakote~) O valproato de sódio (sal do ácido valproico) é hoje considerado tão efeti- vo quanto o lítio. Além de ter as mesmas indicações do lítio, sua ação se esten- de para os estados mistos e aos cicladores rápidos. É considerado mais eficaz que a carbamazepina e com menos efeitos colaterais que esta e o lítio. A jane- la terapêutica está na faixa de 50-125 ng/ml, que é atingida com a dose média de 1.500-2.000 mg/dia. O uso concomitante de outros fármacos anti maníacospode acelerar a resposta terapêutica. Atualmente, há um preparado mais tolera- do: a formulação divalproex. O mecanismo de ação do ácido valproico não é totalmente conhecido. Acredita- -se que atue tanto na mania quanto na epilepsia por meio de diversos mecanismos que teriam como efeito um aumento da atividade GABAérgica cerebral (inibitória): inibiria o catabolismo do GABA, aumentando sua liberação, diminuindo seu turnover e aumentando a densidade de receptores GABA B. Os principais""'efeitos colaterais do ácido valproico são os distúrbios gastroin- testinais; porém, são descritos na literatura, casos de hepatopatia aguda letal, o que pode limitar sua indicação a pacientes que já apresentem alterações hepáticas. lamotrigina (lamictalÓ:) A lamotrigina é um medicamento promissor no tratamento da depressão bipo- lar e cidadores rápidos, tendo se mostrado efetiva no tratamento dos episódios ma- níacos, especialmente no espectro ubrando" (não maníaco) do TAB. Tem sido utiliza. da também no tratamento do transtorno de personalidade borderfine. A dose inicial deve ser de 50 mg/dia, aumentando-se lentamente para monitorar hipersensibilida- de (rash), até 100-500 mg/dia. Sua ação se deve ao bloqueio de disparos neuronais por inativação de canais de sódio. Ê absorvida completamente por via oral e biotransformada por conjugação com o ácido glucurônico. Sua meia-vida é de 24-35 horas e os efeitos colaterais comuns ao seu uso são tontura, ataxia, náuseas e vômitos. Alguns antipsicóticos são utilizados para tratar a fase pSicótica dos episódios maníacos, sendo a olanzapina e a risperidona os mais indicados, por serem fármacos atípicos e não desencadearem alterações como a discinesia tardia. PSIUUIATAIA PARA A EHFERMRGEM 20.5 Antipsicóticos Os antipsicóticos ou neurolépticos são fármacos com propriedades terapêuti- cas comuns, usados primeiramente na terapia da esquizofrenia, na fase maníaca do transtorno bipolar do humor e em outras psicoses ídiopáticas agudas, que apresen- tam a agitação como característica comum. A esquizofrenia caracteriza-se por apresentar distorções funcionais em vários graus e de forma simultânea. Neste quadro patológico, o paciente pode manifestar transtor- nos da percepção, pensamento, fala, eflloção e/ou atividade física Os sintomas esqui- zofrênicos são divididos em positivos e negativos, conforme o Quadro 3. Quadro 3. Sintomas positivos e negativos da esquizofrenia ,Sintomas e5quizofr~nico5 -PoSitivos Delirios (crenças distorcidas ou falsas e interpretações incorretas das percepções). Alucinações (percepções anormais - por exemplo, auditivas). ,... Fala desorganizada. Comportamento catatõnico. Afeto embotado. Alogia. Avolição (diminuição da orientação em cumprir metas). A hipótese que melhor explica o comportamento esquizofrênico é a dopaminérgi- ca, ou seja, a doença é causada por níveis elevados e/ou desregulados de dopam ina no SNC, particularmente na via mesolímbica (trato dopaminérgico que se origina na área tegmental ventral e que se projeta para o núcleo aeúmbens, o estriado ventral, partes da tonsila do cerebelo e hipocampo e outros componentes do sistema límbico) (Figura 2). Essa hipótese se mantém devido à melhora do quadro quando são usados fármacos antagonistas dopaminérgicos de receptores 02 (antipsicóticos típicos) aqui encontrados. Acredita-se que a maciça liberação de serotonina possa ocorrer em ca- sos de esquizofrenia, o que levou ao desenvolvimento de antipsicóticos atípicos. Atualmente, são conhecidos diversos receptores de dopamina, acoplados a uma proteína G, sendo eles O 1 e 05, cujo mecanismo de transdução é a ativação da ade- nilato ciclase, e 02, 03 e 04, que inibem a adenilato ciclase. A ação dos antipsicóti- cos deve-se, principal, mas não exclusivamente, áo antagonismo de receptores 02. Os antipsicóticos ou neurolépticos passaram a ser utilizados em psiquiatria a partir da descoberta casual de Oelay e Oeniker, no início,da década de 1950: a c1orpromazina, além de produzir sedação, diminuía a intensidade de sintomas psicóticos. Posteriormen- te foram introduzidos outros medicamentos derivados das clorpromazinas, fenotiazinas, butirofenonas (haloperidol) e, mais modernamente, diversas outras substâncias: risperi- dona, olanzapina, ziprazidona, molindona, quetiapina. c1ozapina, aripiprazol, entre outras. N.Acúmbens I ;m ] CRPiTUlD 2U - PSICOFRRMRCDS T \ Figura 4. Vias de dopamina uti- \ ~ do , Estriado ~ en- , Córtex aus pré_front",l tor- qui- Atípicos Tioridazina (Mellerin Sulpirida (Equilid~) Clozapina (Leponex") Rí5peridona (Rísperdal~) Olanzapina (Zyprexa~l Quetíapina (Seroquel~l Aripiprazol (Abílifll Tradicionais de alta potência Haloperidol (Haldol") Flufenazina (Anatensol") Pímozída (Orap~) Tradicionais de média potência Trifluoperazina [Stelazine-) Tradicionais de baixa potência Clorpromazina (Amplictin Levomepromazina (Neozíne") Tabela 10. Antipsicóticos tradicionais ou atípicos Os antipsicótícos ou neurolépticos são classificados em tradicionais ou típi~ cos, também chamados de primeira geração, e atípicos ou de segunda geração (Tabela 10). Esta divisão está relacionada com seu mecanismo de ação: predomi- nantemente bloqueio de receptores da dopamina (O) nos típicos e bloqueio dos receptores dopam1nérgicos e serotonérgicos (5HT) nos atípicos, o que acarreta um diferente perfil de efeitos colaterais, em geral mais bem tolerados nos últimos. érgi- mina \a na ntral, bico) adbs I aqui T1 ca- I uma ade- ;;cóti- D2. partir 'azina, -men- lZinas, speri- Itras. ,, PSmUIATRIR PARR A ENFERMRGEM \ Os antipsicóticos são drogas lipossolúveis, o que facilita sua absorção e penetração no SNC. Possuem mecanismo de primeira passagem pelo fígado, portanto sofrem me- tabolização hepática. A maioria possui meia-vida longa, entre 20 e 40 horas, o que se torna importante na medida em que permite prescrição em uma única tomada diária Ou- tra consequência da meia-vida longa é o fato de demorar aproximadamente 5 dias para se instalar o estado estável da droga no organismo. Os antipsicóticos tradicionais (típicos), como o haloperido\ e a clorpromazina (po- tencialmente capaz;es de provocar réações extrapiramidais e um maior número de outros efeitos colaterais), podem se constituir na primeira escolha para o tratamen~ to de quadros psicóticos da fase aguda da esquizofrenia e como coadjuvantes nos episódios maníacos do transtorno bipolar do humor (TBH). Agem como antagonis- tas dos receptores 02 nas vias dopaminérgicas do SNC; todavia, são mais eficien- tes nos sintomas positivos da esquizofrenia e menos efetivos nos sintomas negativos. A potência desses fármacos determina suas respos.tas adversas quanto às ações extrapiramidaís, ou seja, quanto maior sua ação, maior será seu periil de efeitos co- laterais. Os fármacos típicos de alta potência são chamados de incisivos e tendem a apresentar menos efeito sedativo e pouca hipotensão postural; por outro lado, causam os famosos efeitos extrapiramidais. Já os de baixa potência são chamados de sedati- vos, não causam efeitos extrapiramidais, mas possuem alto teor sedativo e hipotensor. Dos antipsicóticos incisivos fazem parte o haloperidol, o penfluridot, a flufenazi- na e a fenotiazina. Ao contrário dos sedativos, os incisivos possuem melhor atuação nos delírios e alucinações; todavia, sua alta potência desencadeia sintomas extrapi- ramidais também chamados de impregnação neuroléptica, aos quais são suscetíveis especialmente os jovens do sexo masculino. Ta! resposta é o resultado da interie- rência medicamentosa na via nigroestriatal, na qual parece haver um balanço entre as atividades dopaminérgicas e colinérgicas. Dessa forma, o bloqueio dos recepto- res dopaminérgicos provocará uma atividade colinérgica, alterações comportamen- tais e, principalmente, motoras.Esses sintomas caracterizam-se por: Reação distônica aguda: ocorre com frequência nas primeiras horas (1 a 5 dias) de uso de antipsicóticos, com uma incidência de mais de 15%. Caracte+ riza-se por movimentos espasmódicos abruptos da musculatura do pescoço, boca e língua ou crises oculogíricas (rotação dos olhos em direção superior la- teral, fixando-se nessa posição). Pode ser acompanhada por movimentos dife- renciados, o que, às vezes, é confundido com convulsões. É tratada com anti- colinérgicos ou antiparkinsonianos. ':. Parkinsonismo farmacológico: em geral, acontece após a primeira semana de uso dos antipsicóticos (5 a 30 dias), em aproximadamente 15% dos casos, sendo de maior frequência em mulheres. Clinicamente, há um tremor de ex- tremidades, hipertonia e rigidez muscular, hipercinesia e fácies inexpressiva. Trata-se com anticolinérgicos (antiparkinsonianos). Muitas vezes, pode haver penetração sofrem me- lS, o que se a diária.Ou- 5 dias para mazina (po- número de J tratamen- Nantes nos antagonis- lais eficien- s negativos. Ito às ações efeitos co- e tendem a ido, causam '5 de sedati- ) hipotensor. a flufenazi- hor atuação nas extrapi- l suscetíveis ) da interfe- ilanço entre los recepto- mportamen- \oras (1 a 5 í%. Caracte- do pescoço, ) superi.or la- mentos dife- da com anti- 3. semana de 'odos casos, emor de ex- inexpressiva. " pode haver " j CAPiTUlD 20 - PSICOFÁRMRCOS o desaparecimento de tais problemas após 3 meses de utilização do antipsi- cótico, como se Houvesse uma espécie de tolerância ao seu uso. Esse fato fa- vorece uma possível redução progressiva na dose do anticolinérgico. • Acatisia: ocorre geralmente após o terceiro dia de uso da medicação, em 35% dos casos. Caracterizada por inquietação psicomotora, desejo incontrolável de movimentar-se e sensação interna de tensão. O paciente assume uma postura típica de levantar-se a cada instante, andar de um lado para o outro e, quando compelido a permanecer sentado, não para de mexer suas pernas. Esse qua- dro não responde a tratamento farmacológico; assim, deve-se reduzir a dosa- gem do antipsicótico ou trocá-lo por um atípico. Discinesia tardia: aparece após o uso crônico de antipsicóticos (geralmente-após 2 anos), com prevalência em 15 a 20% dos casos. Clinicamente, é caracteriza- da por movimentos involuntários, principalmente da musculatura oro.língua-fa- cia!, ocorrendo protrusão da língua com varredura laterolateral, acompanhados de movimentos sincrônicos da mandíbula. O tronco, os ombros e os membros tam- bém podem apresentar movimentos discinéticos. Esse quadro não responde a nenhum tratamento, sendo necessária a substituição por um antipsicótico'atípico. Síndrome neuroléptica maligna: trata-se de uma forma raríssima de toxicida- de provocada pelo antipsicótico. É uma reação adversa, dependente mais do agente agredido do que do agressor, tal como uma espécie de hipersensibi- Iidade à droga. Clinicamente, observam-se um grave distúrbio extrapiramidal acompanhado por intensa hipertermia (de origem central) e distúrbios autonô- micos. Leva a óbito numa proporção de 20 a 30% dos casos. Além dos efeitos adversos dos neurolépticos tradicionais sobre o SNC, são ob- servados ref~xos de sua utilização em outros sistemas, apresentando, assim: secura da boca e da pele, constipação intestinal, dificuldade de acomodação visual e, mais raramente, retenção urinária. Ainda podem causar amenorreia e, menos frequente- mente, galactorreia e ginecomastia, alterações na síntese de prolactina. Há relatos de rash cutâneo, fotossensibilização e aumento da pigmentação nos pacientes que fazem uso de clorpromazina. Com relação ao sistema cardiovascular, podem ocorrer alterações eletrocardiográficas, como aumento do intervalo PRo diminuição do seg- mento ST e achatamento de onqa T. Cabe ressaltar que os antipsicóticos não são fármacos com potencial de de- pendência. Contudo, ocorre uma adaptação neuronal após seu uso prolongado, o que pode causar alterações do padrão do sono ou comportamentais com a retirada abrupta; portanto, aconselha-se a retirada por desmame. Os antipsicóticos atípicos são definidos como uma nova classe desses medica- mentos, que causam menos efeitos colaterais extrapiramidais, ao menos em doses terapêuticas. A utilidade dos antipsicóticos atípicos já é considerada uma vitória re- cente na história da terapêutica das psicoses. Pesquisas sistemáticas estabelecem como sólida a superioridade (melhora clínica dos pacientes crônicos, escassez de efeitos colaterais e prevenção de recaídas) desses fármacos, como a c1ozapina, ante os antipsicóticos típicos ou convencionais. PSInUlATRIA PARA A EnFERMAGEM ;li 'v' No mercado brasileiro, os principais fármacos atípicos são a c1ozapina, a risperi- dona, a olanzapina, a quetiapina, a sulpirida, a misulprida e a tioridazina. Outras carac. terísticas que os definem como atípicos são ausência de hiperprolactinemia, maior eficácia nos sintomas positivos, negativos e de desorganização, ausência de discine- sia tardia ou distonia após administração crônica. Nesse segundo grupo de proprie- dades, tem-se apenas a clozapina. Outra diferença nas ações de um antipsicótico atípico é sua propriedade anta- gonista combinada dos receptores 02 da dopamina e 5-HT2 da serotonina. A cloza- pina e a olanzapi~a bloqueiam, ainaa, os receptores 04 da dopamina. Com relação â c1ozapina, o início do tratamento deve ser feito na ausência de ou- tras drogas psicotrópicas, a fim de minimizar os efeitos colaterais (hipotensão e se~ dação) e os anticolinérgicos, bem como evitar a interferência nos benefícios da c1o- zapina, dependentes de seu fraco bloqueio do receptor 02. Como efeitos colaterais podem ocorrer agranulocitose, sintomas anticolinérgicos, sedação e ganho de peso. Apesar da superioridade da c10zapina em relação aos antipsicóticos clássicos, o seu uso permanece limitado, devido ao risco de agranulocitose (neutrófilos + eosinó- fi los + basófilos < 500/mmS). Atualmente, sua indicação restringe~se aos pacientes refratários ou que não toleram o tratamento com antipsicóticos típicos. A risperidona age como bloqueador de receptores 02 e 5-HT2, sendo eficaz nos sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. Produz menos efeitos extrapi- ramidais do que o haloperidol, quando administrada em doses inferiores a 8 mg/dia. Contudo, essa vantagem pode ser perdida em doses superiores. Alguns outros efei- tos colaterais comuns à risperidona são insônia, agitação, sedação, tontura, rinite, hi- potensão, ganho de peso e distúrbios menstruais. Galactorreia pode estar presente. Há relatos de síndrome neuroléptica maligna. A olanzapina age de modo semelhante à risperidona, diminui os sintomas po- sitivos e negativos da esquizofrenia, e possui baixa incidência de efeitos extrapira- midais. Já a quetiapina é um novo antipsicótico, estruturalmente relacionado com a c1ozapina, porém sem necessidade de monitoração sanguínea. Os efeitos adver- sos mais frequentemente relatados são cefaleia (19%), sonolência (19%) e tontura (10%). A incidência de sintomas extrapiramidais é inferior a 10%. Embora os avanços em pesquisas sejam a solução para terapias com psicofár- macas, vale lembrar que o SNC ainda é um oceano de neurotransmissores em que existem pontos totalmente desconhecidos. A atualização permanente irá permitir ao profissional de saúde, especialmente ao enfermeiro, um melhor atendimento e pro- moção da qualidade de vida ao paciente psiquiátrico. , 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006 00000007 00000008 00000009 00000010 00000011 00000012 00000013 00000014 00000015 00000016 00000017 00000018 00000019 00000020 00000021 00000022 00000023 00000024 00000025 00000026 00000027 00000028
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