Buscar

DIREITO CONSTITUCIONAL RESUMO 1º BIMESTRE

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1 - PLEBISCITO E REFERENDO
Dentre os institutos da democracia direta (soberania popular), destacamos, dentre outros, o plebiscito e o referendo.
Ao diferenciá-los, procuramos buscar os pontos de aproximação (semelhanças) e os pontos de distinção (diferenças). A semelhança entre eles reside no fato de ambos serem formas de consulta ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.
A diferença está no momento da consulta: a) no plebiscito, a consulta é prévia, sendo convocado com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, por meio do voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido à apreciação. Ou seja, primeiro consulta-se o povo, para depois, só então, a decisão política ser tomada, ficando o governante condicionado ao que for deliberado pelo povo; b) por outro lado, no referendum, primeiro se tem o ato legislativo ou administrativo, para, só então, submetê-lo à apreciação do povo, que o ratifica (confirma) ou o rejeita (afasta).
O art. 3.º da Lei n. 9.709/98 estabelece que nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do § 3.º do art. 18 da CF (criação de Estados-membro), o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de 1/3, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Cabe lembrar que a competência de autorizar referendo e convocar plebiscito, de acordo com o art. 49, XV, da CF/88, é exclusiva do Congresso Nacional, materializada, como visto, por decreto legislativo.
Pois bem, isso posto, devemos destacar diversas questões que podem surgir em razão do plebiscito sobre a criação de novos Estados no território do atual Estado do Pará. 
O Decreto Legislativo n. 136/2011 dispôs sobre a realização de plebiscito para a criação do Estado do Carajás, nos termos do inciso XV do art. 49 da Constituição Federal, enquanto, por sua vez, o Decreto Legislativo n. 137/2011 convocou plebiscito sobre a criação do Estado do Tapajós. 
Interessante notar que foram os parlamentares os responsáveis pela definição do suposto novo desenho do atual Estado do Pará no caso de aprovação do plebiscito.
Ou seja, essa definição já chegará pronta para que a população do Estado responda no momento da consulta. 
E quais poderiam ser os possíveis resultados do plebiscito? 
Se o povo responder que não é a favor da separação para formação de novos Estados (desmembramento formação), o procedimento não seguirá, ou seja, a vontade negativa do povo vincula, não podendo, assim, jamais, o Parlamento aprovar eventual projeto de lei complementar criando os novos Estados contra a vontade negativa  manifestada no plebiscito. 
Nesse sentido, parece-nos possível concluir que a democracia direta prevalece sobre a democracia representativa. 
Agora, por outro lado, se a vontade do povo for no sentido favorável, o projeto de lei complementar poderá seguir a sua tramitação e, assim, o parlamento, com autonomia, avaliará a conveniência ou não da criação dos novos Estados. 
Isso quer dizer que o Congresso Nacional terá total liberdade para não aceitar a criação dos novos Estados, até porque é o órgão político responsável pela avaliação e conveniência do novo desenho do Estado brasileiro. 
E se a população autorizar o procedimento e o Congresso Nacional aprovar o projeto de lei complementar, o Presidente da República poderá vetar o projeto de lei? 
Sim! Isso quer dizer que o Presidente da República terá autonomia para ir contra a vontade do povo. E, novamente, essa situação não tem qualquer empecilho, na medida em que o Chefe do Executivo, mesmo que eleito pelo povo, tem, em igual sentido, liberdade para avaliar a conveniência do novo “desenho”.
Avançando, o art. 18, § 3.º, CF/88, estabelece que os Estados podem desmembrar-se para formarem novos Estados mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
E o que deve ser entendido como população diretamente interessada a ser ouvida no plebiscito?
Em 24.08.2011, o Plenário do STF decidiu, no julgamento da ADI 2650, que o plebiscito para o desmembramento de um Estado da federação deve envolver não somente a população do território a ser desmembrado mas a de todo o Estado-membro, no caso, a população de todo Estado do Pará.
Nesse caso, de acordo com o art. 235 da CF/88, nos dez primeiros anos da referida criação, serão observadas as seguintes regras básicas:
	a Assembleia Legislativa será composta de 17 Deputados se a população do Estado for inferior a seiscentos mil habitantes, e de 24, se igual ou superior a esse número, até um milhão e quinhentos mil; 
	o Governo terá no máximo 10 Secretarias; 
	o Tribunal de Contas terá 3 membros, nomeados, pelo Governador eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade e notório saber; 
	o Tribunal de Justiça terá 7 Desembargadores; 
	os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Governador eleito, escolhidos nos termos do art. 235, V, “a” e “b”. 
	em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro Promotor de Justiça e o primeiro Defensor Público serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de provas e títulos; 
	até a promulgação da Constituição Estadual, responderão pela Procuradoria-Geral, pela Advocacia-Geral e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de notório saber, com trinta e cinco anos de idade, no mínimo, nomeados pelo Governador eleito e demissíveis "ad nutum"; 
	as nomeações que se seguirem às primeiras, para os cargos mencionados, serão disciplinadas na Constituição Estadual; 
	as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar cinquenta por cento da receita do Estado. 
Resta aguardar a vontade soberana da população local, lembrando que o voto, na consulta, segue as regras para as eleições em geral, já que, no fundo, estamos diante de inegável exercício da soberania popular.
2 - INTERVENÇÃO - INTERVENÇÃO FEDERAL/ESTADUAL:
PREVISTA NOS ARTIGOS.34 AO 36 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
A UNIÃO VAI REALIZAR INTERVENÇÃO EM ALGUÉM INFERIOR A ELA. ESTADO MEMBRO, DF, OU AINDA EM MUNICÍPIO LOCALIZADO EM TERRITÓRIO FEDERAL.
A intervenção  Federal ocorre por meio de DECRETO do chefe do poder executivo.
Fundamento:  inciso XI do Artigo 84 da Constituição Federal:
“Compete privativamente ao Presidente da República:
X – decretar e executar a intervenção federal”;
1- INTERVENÇÃO FEDERAL COMUM:
FUNDAMENTO ESTÁ NO ARTIGO 34 DA CF. É AQUELA REALMENTE POSSÍVEL DE EXECUÇÃO. PODE ACONTECER NA PRÁTICA.
É A INTERVENÇÃO FEDERAL REALIZADA NOS ESTADO MEMBROS OU NO DISTRITO FEDERAL. SÃO UNIDADES QUE EXISTEM.
DOUTRINA DIVIDE A INTERVENÇÃO FEDERAL COMUM EM:
1.1. INTERVENÇÃO FEDERAL DE OFÍCIO:
Presidente da República toma a iniciativa de realizar a intervenção.
Quais situações autorizam esta intervenção?
Hipóteses dos incisos I, II, III E V DO ARTIGO 34.
1.2- INTERVENÇÃO FEDERAL POR SOLICITAÇÃO DOS PODERES:
QUEM PODE SOLICITAR: PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO, JUDICIÁRIO. FUNDAMENTAÇÃO: ARTIGO 34, INCISO IV da CF.
“IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação”;
Executivo, legislativo e judiciário vão solicitar a intervenção federal. Se houver coação no poder legislativo e executivo, o presidente da assembléia legislativa ou da câmara legislativa no caso do DF, e o governador de estado ou do DF, respectivamente, podem solicitar DIRETAMENTE ao Presidente da República a intervenção federal.
OBSERVAÇÃO: Se o poder judiciário estiver coagido (NÃO CONSEGUE FAZER VALER SUAS DECISÕES JUDICIAIS), NÃO PODE
PEDIR DIRETAMENTE PARA O PRESIDENTE. Deve solicitar, enviar um ofíco ao STF que, por sua vez, deverá requisitar intervenção federal.
RESUMINDO: O JUDICIÁRIO VAI SOLICITAR AO STF, que vai fazer um julgamento e se for o caso, vai requisitar a intervenção federal.
O presidente é obrigado a realizar a intervenção federal? Sim, se não realizar,
comete crime de responsabilidade, passível de processo de impeachment.
1.3. INTERVENÇÃO POR REQUISIÇÃO JUDICIAL:
OCORRE QUANDO HÁ VIOLAÇÃO DOS INCISOS VI E VII DO ARTIGO 34 DA CF.
CHAMADOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS:
“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII – assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)”. OBS: HIPÓTESE DE A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA FEDERAL.
QUAIS TRIBUNAIS PODEM REQUISITAR A INTERVENÇÃO FEDERAL?
STF, STJ E TSE. 36, INCISO II.
2-INTERVENÇÃO FEDERAL ANÔMALA OU INCOMUM: NOME DADO PELA DOUTRINA. TEM PREVISÃO EXPRESSA NA CF, PORÉM NÃO É POSSÍVEL REALIZAR PORQUE NÃO EXISTE MAIS TERRITÓRIOS FEDERAIS.
MAIS SE VOLTAREM A EXISTIR, PODERÁ SER FEITA, PORÉM SERÁ INTERVENÇÃO FEDERAL COMUM.
FUNDAMENTAÇÃO: ARTIGO 35 PARTE FINAL. ESTÁ PREVISTA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PORÉM NÃO TEM EXECUÇÃO, NÃO TEM EFETIVIDADE. NÃO CONSEGUE SER REALIZADA NO PLANO FÁTICO.
EX: INTERVENÇÃO DA UNIÃO EM MUNICÍPIO LOCALIZADO EM TERRITÓRIO FEDERAL.
3- INTERVENÇÃO ESTADUAL: HIPÓTESE DO ARTIGO 35, PRIMEIRA PARTE DA CF.
INTERVENÇÃO DOS ESTADOS NOS MUNICÍPIOS.
“Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
IV – o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar
a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. (IV- HIPÓTESE DE ADIN INTERVENTIVA ESTADUAL. Governador vai intervir por meio de decreto)”.
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL não faz menção a intervenção distrital e municipal, mesmo porque no DF não tem municípios.
Existe controle político sobre a intervenção federal?
Sim. É feito pelo poder legislativo. Fundamento: Artigo 36, £ 1º:
“§ 1º – O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas”
RESUMINDO:
INT. FEDERAL: CONTROLE: CONGRESSO NACIONAL INT. ESTADUAL: CONTROLE: ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA RESPECTIVA.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DEVE CONSULTAR OS CONSELHOS DA REPÚBLICA E DE DEFESA NACIONAL E DEPOIS QUE OUVIR, ELE VAI DECRETAR, E ESTE DECRETO VAI SE SUBMETIDO AO CONGRESSO NACIONAL.
IMPORTANTE: EMBORA O PRESIDENTE CONSULTE OS CONSELHOS, ESTA AUTORIZAÇÃO NÃO É PRÉVIA.
A AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DE ATO DO PODER EXECUTIVO PELO CONGRESSO NACIONAL OCORRE SOMENTE PARA A DECRETAÇÃO DO ESTADO DE SÍTIO.
FUNDAMENTAÇÃO DO ESTADO DE SÍTIO: 137 AO 139 DA CF.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTÍSSIMA:
SE FOR INTERVENÇÃO FEDERAL POR REQUISIÇÃO JUDICIAL, NÃO EXISTE CONTROLE POLÍTICO FEITO PELO CONGRESSO NACIONAL. PRESIDENTE DA REPÚBLICA DECRETA A INTERVENÇÃO NOS TERMOS DA DECISÃO JUDICIAL. NÃO PRECISA OUVIR OS DOIS CONSELHOS (CONSELHOS DA REPÚBLICA E DE DEFESA NACIONAL).
3 - ESTADO DE DEFESA
3.1. Estado de Defesa
Art. 136. O Presidente da República (1) pode, (2) ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, (3) em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por (4) grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
“Preservar a ordem pública ou a paz social”. Podemos entender que esse é o conceito / função de estado de defesa. Em um Estado, ainda que seja um estado de direito (aqueles em que os cidadãos podem se expressar e têm amparo legal para isso), podem surgir diversas ameaças. O estado de defesa é um mecanismo de previsão constitucional para corrigir, sem abusos, ameaças ao ordenamento jurídico.
As ameaças das quais falamos (que podem ser das mais diversas formas) podem, de acordo com a abrangência, em dois níveis:
	Nível Local 
	Nível Nacional 
Olhando para o artigo da Constituição, a qual dos níveis podemos recorrer ao estado de defesa? O destaque “3” responde: “em locais restritos e determinados”. Aqui temos a primeira peculiaridade do estado de defesa. Somente para locais restritos e determinados. Caso o conflito seja de âmbito nacional, teremos que recorrer a um instrumento que não o estado de defesa. E sim que se trata do estado de sítio.
Você deve estar se perguntando, “quais são as ameaças afinal?” Mais uma vez recorremos ao art 136 para obter a resposta. Vamos lá, vejam o destaque de número 4.
[...] grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
O legislador atribuiu ao presidente da república a competência para decretar o estado de defesa. Veja o que diz o artigo constitucional:
. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa [...]
Desse fragmento podemos extrair três pontos importantes:
1º Cabe ao presidente da república decretar;
2º O presidente “pode” e não “deve”, portando há discricionariedade.
3º Há necessidade de ouvir ambos os conselhos, mas não há obrigação de seguir o que for decidido por eles. 
Vejamos como se dá todo o processo para se decretar e manter o estado de defesa:
No fluxograma acima, além de todo o processo, temos pontos-chave que são fundamentais para resolver questões:
Destaco alguns pontos importantes:
	Há obrigatoriedade da consulta aos conselhos, mas não em segui-los; 
	O presidente tem o prazo de 24 horas para encaminhar o ato com a justificação ao congresso nacional – Atente para o prazo, 24 horas! 
	O congresso decidirá em maioria absoluta. 
	O congresso terá o prazo de 10 dias para apreciar o ato – Atente para o prazo, 10 dias 
	Enquanto o estado de defesa vigorar, o congresso deverá permanecer em funcionamento. 
	O prazo de vigência do estado de defesa é de até 30 dias, podendo ser renovado por igual período uma única vez. 
Quando o estado de defesa é decretado, uma série de mudanças ocorre em um Estado democrático.
Essas mudanças estão relacionadas no artigo 136 da Constituição de 1988, vejamos:
Constituição Federal, art 136:
§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação. 
§ 3º - Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
No parágrafo primeiro deste artigo, destaco o termo “medidas coercitivas”. A força da palavra coerção já explica por si só o quanto o Estado pode interferir nos direitos individuais e coletivos.
[A] ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
A prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
A comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação;
A prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário;
É vedada a incomunicabilidade do preso.
Por fim, sobre o parágrafo segundo - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação – cabe uma pergunta: caso seja necessário um prazo superior aos 30 dias já prorrogado, o que fazer? Poderá ser prorrogado mais de uma vez? NÃO, o prazo só poderá ser prorrogado uma única vez. Para um tempo maior que esse, será decretado o Estado de Sítio (que veremos mais adiante).
Outro ponto de suma importância é a possibilidade de a decretação de prisão ser feita sem autorização do judiciário - A prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial – Observe que essas prisões não poderão durar mais de 10 dias, exceto de autorizadas pelo judiciário.
3.2. Estado Sítio
O artigo 137 da Constituição Federal de 1988 estabelece que:
O Presidente da República (1) pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,(2) solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
Bem! Antes de analisarmos os caso que permitem a decretação do estado sítio, vamos ver os pontos-chave do artigo 137.
Ponto 1. O Presidente “pode” – assim como no estado de defesa não há uma imposição legar para que o presidente decrete a estado de sítio. Há, portanto, discricionariedade;
Ponto 2. O Presidente precisa da autorização do Congresso para decretar o estado de sítio. (Já no estado de defesa, a autorização do congresso é para mantê-lo vigente). 
Note que a consulta aos conselhos também é obrigatória, mas a regra é a mesma do estado de defesa, ou seja, existe a obrigatoriedade em ouvir, não em seguir...
Veja o que diz o parágrafo único do art 137.
O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.
O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
Quanto ao prazo, há duas hipóteses: uma que prevê um limite e outra que não (lembre que no estado de defesa será de 30 dias, prorrogáveis por igual período).
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
O estado de sítio poderá ser decretado em duas hipóteses previstas no artigo 137.
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
O artigo 139 da Constituição Federal de 1988 traz um rol, taxativo, de medidas que poderão ser tomadas no estado de sítio.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas.
Vejamos quais são elas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
Uma das formas para sabermos se uma questão está se referindo a estado de defesa ou estado de sítio é analisar as medidas, caso estas estejam na questão.
Antes passarmos às questões, vejamos o que o parágrafo único do artigo 139 estabelece:
Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. 
4 – LEGISLATURA E SESSÃO LEGISLATIVA
Por legislatura, compreende-se o período de quatro anos de execução das atividades pelo Congresso Nacional. Sessão Legislativa é o período anual, em que o Congresso se reúne anualmente, com início em 02 de fevereiro e recesso a partir de 17.07, com retorno em 01.08 e encerramento em 22.12. E, por fim, por período legislativo revelam-se os períodos semestrais. Sessões ordinárias.
Assim, as afirmativas abaixo são corretas:
a) Cada sessão legislativa se compõe por dois períodos legislativos (os dois acima mencionados) e,
b) Cada legislatura se compõe por quatro sessões legislativas ou oito períodos legislativos.
Derrubada de veto presidencial – Será decidido em sessão conjunta com quorum de mais da metade.
Sessão preparatória - Dia 1º de fevereiro do primeiro ano da legistura, para escolha dos membros da mesa diretora.
OBS 1: Durante o recesso, as sessões serão extraordinárias
OBS 2: Os estados e municípios podem estabelecer períodos legislativos diferentes.
OBS 3: Enquanto não for votado o orçamento, não haverá recesso.
OBS 4: Convocação extraordinária:
Pelo presidente do Senado
	- estado de defesa
	- intervenção federal
	- estado de sítio
	- posse do Presidente e Vice
Presidente da República, Senado, Cãmara do Deputados e requerimento da maioria de ambas as casas
	- urgência ou interesse público relevante
4.1 Competência privativa da Câmara dos Deputados
As competências privativas da Câmara dos Deputados, conforme o art. 51 da Constituição Federal, incluem: 
1) a autorização para instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
2) a tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas no prazo constitucional;
3) a elaboração do Regimento Interno; a disposição sobre organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços e a iniciativa de lei para a fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias;
4) eleição dos membros do Conselho da República.
4.2 Competência privativa do Senado
Compete privativamente ao Senado: 
1) Processar e julgar, nos crimes de responsabilidade, o presidente e o vice-presidente da República, os ministros e os comandantes das Forças Armadas, nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, e ainda os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República e o advogado- geral da União;
2) Aprovar previamente a indicação de ministros do STF, de tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União (TCU) indicados
pelo presidente da República; governador de território; presidente e diretores do Banco Central; procurador-geral da República; chefes de missão diplomática de caráter permanente; advogado-geral e defensor-geral da União; integrantes das agências reguladoras e titulares de entidades que a lei vier a determinar;
3) Autorizar operações de natureza financeira de interesse da União, dos estados, municípios e Distrito Federal, e dispor sobre outras questões financeiras dos entes federativos;
4) Suspender, no todo ou em parte, a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF;
5) Aprovar a exoneração, de ofício, do procurador-geral da República antes do término do seu mandato;
6) Elaborar seu regimento interno e dispor sobre sua organização e funcionamento;
7) Eleger componentes do Conselho da República
4.3 Competência Exclusiva do Congresso Nacional
O § 3º do art. 57 da Constituição prevê a realização de sessões conjuntas para: inaugurar a sessão legislativa; elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; conhecer do veto e sobre ele deliberar, é dirigido pela Mesa do Congresso Nacional, que será presidida pelo Presidente do Senado Federal, sendo os demais cargos exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes nas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
As competências exclusivas do Congresso Nacional, que são veiculadas por decreto legislativo, não é exigida a sanção presidencial. 
1) Resolver tratados, acordos ou atos internacionais;
2) Autorizar o Presidente a declarar guerra.
OBS: No art. 48 da CF, a aprovação de estado de defsa e estado de sítio, precisa da sanção do Presidente de República.
4.3 Comissão representativa - Vai funcionar durante o recesso. É temporária e mista.
4.4 CPI Requisitos - Para que seja instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal ou no legislativo estadual,  serão necessários os seguintes requisitos: requerimento de um terço dos membros componentes da respectiva Casa Legislativa que vai investigar o fato (requisito formal); que haja fato determinado (requisito substancial); que tenha prazo certo para o seu funcionamento (requisito temporal); e que suas conclusões sejam encaminhadas ao Ministério Público, se for o caso.
O prazo de funcionamento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, normalmente, atinge noventa dias, prorrogável por, igual período, se forem necessários na realizarem os trabalhos, nada impede que, por deliberação da respectiva Casa Legislativa, este prazo seja prorrogado dentro da mesma legislatura em curso, pelo tempo que for necessário à realização completa de seus trabalhos. 
	
4.4 CPI Poderes
A CPI tem poderes de investigação própria das autoridades judiciais, mas não são poderes processuais ou condenatórios. Excluem-se os poderes da cláusula de “reserva jurisdicional” (são competências constitucionais exclusivas do Poder Judiciário).
Poderes da CPI (o que podem fazer):
	Pode se deslocar em todo território nacional; 
	Pode prender em flagrante delito; 
	Pode colher depoimentos (inquirir o decorrente); 
	Pode quebrar sigilos bancários, fiscal e telefônico (este somente verificar histórico de contas).
Reversas Jurisdicionais (o que não podem fazer):
	Não pode investigar crimes comuns; 
	Não pode mandar prender (salvo em flagrante); 
	Não pode determinar medidas processuais de garantia, tais como: seqüestro de bens, decretar indisponibilidade de bens; 
	Não pode impedir que pessoa deixe o País; 
	Não pode decretar prisão preventiva; 
	Não pode pedir violação de domicílio; 
	Não pode quebrar sigilo das comunicações telefônicas (escuta telefônica, “grampo”). 
5. IMUNIDADES - As imunidades parlamentares estão elencadas do art. 53 ao 56 da Constituição Federal e Pedro Lenza as conceitua como as prerrogativas inerentes à função parlamentar, garantidoras do exercício do mandato parlamentar, com plena liberdade.
1 - Imunidades MATERIAIS / INVIOLABILIDADES PARLAMENTARES
A imunidade material é aquela que diz respeito aos votos, palavras e opiniões do Congressista, conforme o caput do art. 53 da CF:
Art. 53: São invioláveis civil e penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
DENTRO do Congresso Nacional = Há Imunidade ABSOLUTA, pois há presunção de que o parlamentar está exercendo suas funções.
FORA do Congresso Nacional = Imunidade RELATIVA. Será necessário aferir se a manifestação está relacionado ao exercício de sua função.
2 - Imunidades FORMAIS
As imunidades formais abrangem: PRISÃO, PROCESSO e PRERROGATIVA DE FORO.
a) IMUNIDADE FORMAL QUANTO A PRISÃO (art. 53, §2º, CF)
Em regra não haverá prisão do parlamentar. Esta é a imunidade formal quanto a prisão.
Exceções: 
1 - FLAGRANTE DE CRIME INAFIANÇÁVEL.
Ainda assim os autos da prisão devem seguir em 24h para que a casa legislativa resolva sobre a prisão pela maioria dos seus membros.
Esta proteção é para prisão cautelar, uma não definitiva.
2 - SENTENÇA CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO. 
Esse é o entendimento da doutrina. 
Tenha em mente que essa prerrogativa é criminal, não sendo vedada a prisão por dívida referente a alimentos.
b) IMUNIDADE FORMAL QUANTO AO PROCESSO (art. 53, §§3º a 5º)
Até a Emenda Constitucional 35/01 o Supremo só podia julgar parlamentares após receber autorização da casa legislativa.
Atualmente o STF não precisa mais de licença para receber processos contra parlamentares. 
O que pode ocorrer é que a casa à qual pertence o congressista poderá SUSTAR O ANDAMENTO DO PROCESSO. Funciona da seguinte forma:
Ao receber a denúncia o STF deverá dar CIÊNCIA À CASA a qual pertence o parlamentar. A partir dessa ciência qualquer partido político com representação na casa poderá solicitar a SUSTAÇÃO do processo. A casa terá 45 dias para decidir.
Se aceitar, a casa parlamentar informará ao STF quanto a impossibilidade de dar continuidade ao processo.
Dentro da imunidade formal quanto ao processo as bancas costumam indagar se processo que já estava em andamento antes da diplomação poderá ser suspenso.
Você deve ser enfático e responder que NÃO. O parlamentar que cometeu crime ANTES da diplomação terá seus autos enviados ao STF (prerrogativa de foro, próximo item a ser visto), mas não terá essa possibilidade de suspensão do processo. Sequer é necessário cientificar a casa legislativa.
Destaca-se ainda que a suspensão só vale para aquele mandato. Logo, se ele for reeleito o processo seguirá seu curso normal não sendo possível novo pedido de suspensão. 
Obs: Enquanto o processo estiver suspenso também estará suspensa a prescrição.
c) PRERROGATIVA DE FORO
O art. 53, §1º da CF garante aos Deputados e Senadores a prerrogativa de julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
“Quer dizer que se um Deputado Federal bater meu carro, terei que processá-lo no STF?”
Não! A prerrogativa de foro possui NATUREZA CRIMINAL.
Imunidades dos Deputados Estaduais, Distritais e Vereadores
DEPUTADOS ESTADUAIS E DISTRITAIS (art. 27, §1º c/c art. 32, §3º)
O mesmo tratamento dos Deputados Federais se estenderá aos Deputados Estaduais. É norma de reprodução obrigatória no plano estadual.
Quanto aos Deputados Distritais o artigo mencionado fala que aplica o artigo 27, que trata dos Deputados Estaduais, os quais terão as mesmas garantias dos Estaduais, que por sua vez têm a mesma garantia dos Federais:
VEREADORES (ART. 29, VIII)
“inviolabilidade dos vereadores por opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município”.
Conforme previsão da Constituição Federal os Vereadores NÃO GOZAM DE NENHUMA IMUNIDADE FORMAL, nem quanto a prisão tampouco quanto ao processo.
Portanto, os vereadores possuem apenas imunidade material (opiniões, palavras e votos)
O Vereador possui prerrogativa de foro?
STF entende que a Constituição Estadual pode instituir. Desde
que respeitada a Súmula 721 do STF que diz:
“a prerrogativa de foro instituída apenas no âmbito do Estado não afasta a competência do Tribunal do Júri”.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando