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TUTELA ANTECIPADA Finalidade: efetividade da prestação jurisdicional – visa resguardar a parte que se apresenta em juízo com plausibilidade de razão, redistribuindo entre os litigantes o ônus temporal do processo, suportado no regime anterior apenas pelo réu (sacrifício do interesse improvável em prol de certo valor jurídico prevalente). Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. Tutela Antecipada • Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. • Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. • A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. • Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. • A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. • Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. Legitimado/destinatário: Autor ou reconvinte podem requerer. Viável em qualquer tipo de processo e contra qualquer réu, inclusive pessoa jurídica de direito público. Restrições da antecipação tutela X Fazenda Pública: ver Leis 9.494/97; 4.348/64 (liminar em MS p/ reclassificação ou equiparação de servidores e concessão de vencimento ou vantagens); 5.021/66 (veda liminar MS pagamento vencimentos ou vantagens pecuniárias atrasadas) e 8.437/92 (cautelar) – lógica: pagamento supõe precatório, mas, em qualquer caso, nas ações comuns, devem ser sopesadas situações de urgência diante do caráter alimentar/doença) Objeto: antecipação total ou parcial dos efeitos executivo e mandamental da tutela pretendida no pedido; já efeitos normativos da sentença (declaratório e constitutivo) não podem ser provisoriamente antecipados, pois exigem certeza (mas a eficácia negativa é passível de antecipação – ordens de abstenção, sustação – ex; declaratória negativa de dívida – sustação de protesto; na desconstituição de contrato – devolução ou depósito judicial do pagamento antecipado feito pelo autor) A tutela cautelar não tem um fim em si mesma, serve a uma outra tutela (cognitiva ou executiva), de modo a garantir-lhe a efetividade. Art. 796 CPC. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal e deste é sempre dependente. Art. 797CPC. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o juiz medidas cautelares sem a audiência das partes Tutela Cautelar Tutela Cautelar: esta é meramente assecuratória – garante o resultado útil do processo (caráter publicista – poder geral de cautela do juiz - concessão de ofício); a antecipação de tutela, ao contrário, é satisfativa (possível, pois, antecipar provisoriamente efeitos da sentença – no interesse da parte) ex: possessória (entrega o bem) e arresto (previne ou garante a entrega do bem). Ambas são tutelas de urgência: entre fazer logo, porém mal e fazer bem, mas tardiamente, a tutela de urgência visa sobretudo a fazer logo. Em ambos exige-se verossimilhança (probabilidade) do direito afirmado (fumus boni juris), em grau maior na antecipação de tutela (prova inequívoca), pois esta atua diretamente sobre a esfera jurídica das pessoas (e não do processo), favorecendo uma com sacrifício da outra, o que exige redobrada prudência e cautela. Da associação entre urgência da medida a ser concedida ou negada a mera probabilidade ou verossimilhança como grau de convencimento para concessão, há que se ponderar os interesses em jogo e os males que poderão ser causados à outra parte se ela vier a ser concedida = juízo do mal maior (ex: cirurgia de urgência). Requisitos: a) Prova inequívoca - prova suficiente para convencer acerca da verossimilhança das alegações ou do abuso do direito de defesa - de regra é prova documental, de regra preconstituída, mas que pode ser complementada pela aplicação das regras de experiência comum (art. 135). b) Verossimillhança da alegação - (preponderância dos motivos convergentes à aceitação de certa proposição sobre os divergentes) plausibilidade do direito alegado em relação à parte adversa c) Risco de dano irreparável – ineficácia do provimento final ou dificuldade em repor o estado anterior (não basta o só dano – deve ser irreparável ou de difícil reparação); OU d) Abuso do direito de defesa – supõe apresentação de defesa pelo réu e verificação do emprego de recurso ou intuito protelatório (dispensa o “c”); OU e) Incontrovérsia dos fatos que sustentam algum dos pedidos ou parcela deles (ex: reinvindicatória c/c perdas e danos; cobrança de dívida parcialmente confessada) – também dispensa o “c”. f) Reversibilidade da medida (verificação do risco de irreversibilidade dos efeitos fáticos do provimento – impossibilidade material de reverter a medida) – no caso de medidas inibitórias ou proibitivas (obrigação de fazer ou não fazer), todavia, a decisão tem caráter executivo ou mandamental (art. 461, §3º) sem referência à irreversibilidade – o processo prossegue e resultado diverso conduz à formas alternativas de compensação. Alterações introduzidas no art. 273 com a Lei 10.444/02: Parágrafo 7o – Fungibilidade das medidas de urgência (cautelar X antecipação e vice-versa) Da liberdade do Juiz na concessão da liminar antecipação de tutela: Vinculação do Juiz à lei e ao pedido final (lei como sistema jurídico, dotado de princípios – porque antecipa efeitos, deve estar contido/atender o pedido final formulado pelo autor ou reconvinte) Motivação (controle do raciocínio do Juiz e possibilidade de impugnação via recurso) Previsibilidade (jurisprudência uniforme compromissada com um sistema, a gerar um mínimo de segurança – casos = decisões =) Prudência: juízo do mal maior Procedimento: Momento do requerimento: de regra, inicial, mas pode ser requerida até em memoriais. Momento da concessão – em qualquer fase: inaudita altera pars, em caso de urgência, ou após audiência do réu, após instrução e até mesmo na sentença (eart. 520, VII) - Teori e Marinoni entendem que também na fase recursal. Revogável ou modificável a qualquer tempo, por decisão motivada (par. 4º) juiz deve confirmá-la ou revogá-la no dispositivo sentencial (§5º art. 273). Forma – pedido escrito, sem formação de incidente processual Recurso – agravo de instrumento, sempre que concedida em interlocutória – se for deferida na sentença, apelação (neste caso, importa analisar os efeitos em que será recebida a apelação, para que a liminar tenha ou não efetividade – ver art. 520, VII, do CPC). Cumprimento da decisão que antecipa tutela: nos mesmos moldes da definitiva, com restrição ao levantamento de R$ e atos de alienação – exigência de caução – dispensada p/ crédito natureza alimentar até 60 SM (475-O, §2º) Nas obrigações de fazer ou ao fazer – 461 e §§ - aplicaçãode multa, busca e apreensão, remoção, desfazimento, inclusive de ofício §§4º e 5º. TRAÇOS DISTINTIVOS TUTELA ANTECIPADA TUTELA CAUTELAR Função Dá eficácia imediata à tutela definitiva (satisfativa ou não). Assegura futura eficácia de tutela definitiva (satisfativa). É uma tutela definitiva não satisfativa (com efeitos antecipáveis). Natureza Atributiva (satisfativa) ou conservativa (cautelar). Sempre conservativa Pressupostos (verossimilhança) Normalmente mais rigorosos (quando for atributiva): prova inequívoca da verossimilhança do direito. Normalmente mais singelos (por ser conservativa): simples verossimilhança do direito acautelado. Pressupostos (urgência) Pode pressupor urgência ou não. Sempre pressupõe urgência. Estabilidade Provisória (a ser confirmada) Precária. Definitiva Predisposta à imutabilidade. Cognição Sumária Exauriente Sumária é a congnição do direito acautelado. Temporariedade (eficácia) Temporária (se conservativa ou se atributiva revogada) ou Perpétua (se atributiva e confirmada) Temporária
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