Buscar

O direito Agrário no Brasil e sua evolução histórica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O direito Agrário no Brasil e sua evolução histórica
Publicado por Andre Rodrigueslima em :https://andre23rlima.jusbrasil.com.br/artigos/259998434/o-direito-agrario-no-brasil-e-sua-evolucao-historica
Por André Rodrigues Lima e Nayara Nardelly M. Santos
RESUMO
O presente artigo se propõe a pesquisar o direito agrário brasileiro, remontando a sua origem, seu conceito, suas fontes e seus princípios, além da relação do direito agrário com outros ramos do direito. Ademais, outros temas relacionados com Direito Agrário serão analisados, tal como a função social da propriedade, além do Estatuto da Terra, previsto na lei 4.504/64. Contextualizou-se também as fontes e os institutos do Direito Agrário. Por fim, não pode deixar de mencionar o Direito agrário, relacionando-o com as constantes disputas pelos conflitos de terra existentes até os dias atuais
Palavras-chave: Direito Agrário. Estatuto da Terra Propriedade
Sumário: 1. Breves considerações iniciais: origem do direito agrário. 2. Conceito de direito agrário. 3. Alguns princípios do direito Agrário brasileiro 4. Fontes do Direito Agrário brasileiro. 5. Relação do direito agrário com outros ramos do direito. 6. Breves considerações de alguns institutos do Direito agrário brasileiro 7. Conflitos agrários no Brasil. Referências.
1 Breves considerações iniciais: origem do direito agrário
O direito agrário remonta a tempos antigos, pois o homem desde antes precisava retirar seu alimento da terra para sua sobrevivência. O cultivo, a criação de animais e os agricultores já se faziam presentes no tempo antigo e união de grupos era necessário para sobreviver.
Nos ensinamentos de Alcir Gursen de Miranda, citado por Benedito Ferreira Marques trata acerca:
As primeiras normas reguladoras dos povos antigos foram normas diferenciadas e que a relação do homem com a terra excedia os limites do jurídico, chegou à conclusão de que “o Código de Hammurabi, (...) (século XVII a. C.), organizado em 280 parágrafos, continha nada menos do que 65 temas específicos de conteúdo marcadamente agrarista, podendo-se destacar, entre eles, os seguintes: o Cap. V, que tratava da locação e cultivo dos fundos rústicos; o Cap. XII, que cuidava do empréstimo e locação de bois; o Cap. XIV, que se referia à tipificação delituosa da morte humana pela chifrada de um boi; o Cap. XVI, que regia a situação dos agricultores; e o Cap. XVII, que tratava dos pastores.” (Alcir Gursen, apud BENEDITO F. MARQUES, 2014, p. 02).
Importante considerar o quanto o direito grego infuenciou na formação do direito agrário, pois uma noção de economia foi inserida no direito agrário. Assim assevera Silvia Optiz:
Porém não se pode esquecer aqui a valiosa contribuição do costume e do direito grego, principalmente tendo-se em vista que foram eles que transmitiram aos romanos a noção de economia, inclusive a agrária, onde aparece em sua infância o uso da terra, mediante o pagamento de um cânon ou aluguel. Alguns institutos jurídicos ainda em vigor são produtos das circunstâncias econômico-sociais que herdamos dos gregos. Os gregos eram mais teóricos do direito que os romanos, que eram práticos. Uma série de contribuições jurídicas privadas encontra sua explicação nessa contribuição helênica” (OPTIZ, 2014, p. 48).
No Brasil a história do direito agrário se inicia a partir do Tratado de Tordesilhas, em que após a chegada de Colombo a América já havia uma preocupação em proteger as leis pela corte espanhola.
A partir deste momento surgiriam os primeiros latifúndios e que posteriormente, com a colonização criou as léguas das sesmarias, onde se percebia o privilégio dos próprios portugueses em latifundiar as terras. Essa léguas durou até o ano de 1822.
Com o desrespeito ao tratado de Tordesilhas houve uma desenfreada ocupação no território brasileiro. Nesse contexto firmou se a “ Lei das Terras”, tendo em vista que uma das finalidades era a de legitimar a posse de terras devolutas.
Como essa Lei de Terras não satisfez os anseios da época, igualmente nos dias de hoje, em que existe inúmeras e vastas áreas de terras com um pequeno número de pessoas, posteriormente as Constituições vinham regulando tal assunto, como o texto constitucional de 1891, que regulamentava áreas destinadas à defesa de fronteiras.
Para Benedito Ferreira Marques a Constituição de 1946 que mais progrediu sobre o Direito agrário:
A Constituição Federal de 1946, entretanto, pode ser considerada a que impregnou avanços mais significativos, tendentes à institucionalização do nascente ramo jurídico. Em primeiro lugar, porque manteve as normas de conteúdo agrarista inseridas na Constituição anterior. Em segundo lugar, porque ampliou o raio de abrangência de situações ligadas diretamente ao setor rural, podendo-se destacar a criação da desapropriação por interesse social que, mais tarde, viria a ser adaptada para fins de reforma agrária. Em função dessa Carta Política, nasceu o Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC) através da Lei no 2.163, de 1954, seguramente o embrião do atual INCRA. A criação desse órgão federal foi de fundamental importância, na medida em que começaram a ser elaborados os planos de reforma agrária, sendo os dois primeiros o de Coutinho Cavalcanti, em 1954, e o de Nelson Duarte, em 1955.(MARQUES, 2015, p.57)
Ademias, importante também foi a EC/10 que consagrou a União para legislar sobre tal matéria.
2 Conceito de direito agrário
O direito agrário está inicialmente disciplinado no Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, no art. 22, inciso I, em que “compete a União legislar sobre: I (...) direito agrário”.
Direito agrário é o conjunto de normas jurídicas concernentes ao aproveitamento do imóvel rural. (SILVIA, 2014, p. 60).
Para Fabrício Gaspar Rodrigues (2014) o “direito agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visam disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso social e econômico do rurícola e o enriquecimento da comunidade.
A regulação do direito agrário, bem como a função social a terra, sempre estará presente no conceito da disciplina.
Para Raymundo Laranjeira o “direito Agrário é o conjunto de princípios e normas que, visando a imprimir função social à terra, regulam relações afeitas à sua pertença e uso, e disciplinam a prática das explorações agrárias e da conservação dos recursos naturais.”
O progresso social e econômico também fazem presentes no direito agrário, haja vista que os conflitos oriundos do acesso a terra se fazem até os dias atuais. Tal assunto será abordado em um tópico específico.
Por fim cumpre ainda dizer da natureza jurídica do direito agrário, que é para a maioria dos autores híbrida, de maneira que é composto por normas públicas e privadas. Nesse sentido assevera Benedito Ferreira Marques:
Sabe-se que essa dicotomia já não goza do prestígio de outrora, na medida em que o direito privado está impregnado de normas de ordem pública, e viceversa. A tendência atual é considerar essas normas classificadas como imperativas (ou cogentes), que não podem ser ilididas pela vontade das partes envolvidas na relação jurídica; ou supletivas (ou dispositivas), que se amoldam aos interesses privados.(MARQUES, p.48, 2015)
3 Alguns princípios do direito Agrário brasileiro
A palavra princípio, que deriva do verbete latino principum, significa origem, início, primeiro momento em que algo ou alguém começa a existir.
Os princípios podem ser conceituados como valores fundamentais que regem um determinado sistema jurídico, que além de orientar a compreensão, integram um arcabouço normativo.
Na concepção de Celso Antônio Bandeira de Mello:
Princípio, etimologicamente, significa causa primária, momento em que algo tem origem, elemento predominante na constituição de um corpo orgânico, preceito, regra, fonte de uma ação. Em Direito, princípio jurídico quer dizer uma ordenação que se irradia e imanta os sistemas de normas. (MELLO, 2001, p. 771-772).
Um importante princípio do direito agrário está o da União legislar sobre tal matéria,conforme assevera o art. 22, I da CRFB/88, onde há o monopólio de legislar pertencente a União.
Igualmente relevante está o princípio da função social da propriedade, previsto no art. 5º, inciso XXIII, que dispõe que “ a propriedade atenderá a sua função social”.
A função social da propriedade deve atingir uma finalidade coletiva, atendendo sempre os ditames da lei e nesse sentido está o art. 2º da Lei 4.504/64 que dispõe que “ é assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei”.
Para Fabrício Gaspar Rodrigues, do princípio da função social decorre todos os outros:
É preciso que o Estado preveja, de uma maneira geral, condições de seu funcionamento que atendam ou propiciem essas condições mínimas de sobrevivência. Atendidas essas condições, terá o Estado atendido a este princípio, que no Direito Agrário é fundamento para a permanência na terra daquele que a tornar produtiva com o seu trabalho m para acesso a propriedade da terra e para a assistência do Estado ao produtor agrícola e para propiciar o aumento da produção. Desse princípio decorrem todos os demais.(RODRIGUES, p.10, 2014)
Não obstante o CC/02, em seu art. 1.228 dê ao “proprietário a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”, “o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”.
A propriedade deve resguardar o exercício em prol do interesse público, não deixando de se observar os valores fundamentais, como a dignidade da pessoa humana.
A função social, para sua ascensão deve se respeitar o art. 186 da CRFB/88:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Além do mais, deve considerar o princípio da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em que se faz necessário a conservação da natureza, buscando sempre harmonizar o avanço econômico com esse cuidado de preservação.
O princípio da proteção à propriedade familiar em que se respeita a pequena propriedade e o poder público deve incentivar essa produção, sem deixar de proteger esse núcleo familiar rural.
Nesse sentido está o art. 2º, § 2º do Estatuto da Terra:
§ 2º É dever do Poder Público: a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador rural à propriedade da terra economicamente útil, de preferência nas regiões onde habita, ou, quando as circunstâncias regionais, o aconselhem em zonas previamente ajustadas na forma do disposto na regulamentação desta Lei;
Intimamente ligado a esse princípio está a permanência na terra que tem o fim de proteção a família que cuidou e tornou produtiva a terra.
Não menos importante está o princípio do aumento da produção em que o uso de tecnologias se torna indispensável, uma vez que com o aumento da população no mundo é necessário produzir em grandes escalas, lógico que sempre obedecendo a preservação dos recursos naturais, até porque da onde se tira, busca se restaurar, para novamente produzir.
4 Fontes do Direito Agrário brasileiro
Como qualquer fonte no direito existem as fontes imediatas ou diretas, além das fontes mediatas ou indiretas.
As fontes formais são: a lei, os costumes, a doutrina e a jurisprudência. No direito agrário as fontes são a Constituição, que estabelece princípios para a matéria agrária, além do Estatuto da Terra, importante fonte que estrutura o direito agrário.
Os costumes também tem sua importância, como regras sancionadas pelos próprios membros de uma determinada sociedade.
Já a jurisprudências também é importante para se compreender o direito agrário, de modo que as decisões de juízes e 1º grau e tribunais tomaram decisões que poderão ser utilizadas para novos conflitos de interesses.
5 Relação do direito agrário com outros ramos do direito
Os doutrinadores entendem que a principal fonte do direito agrário é o direito civil, mas outras fontes não deixam de ser igualmente importantes para a composição do direito agrário.
Importante o direito civil, pois a propriedade, a posse está regulamentada em títulos específicos.
Não menos importante está a relação do direito agrário com o direito mercantil, principalmente no que se refere ao empresário rural que se inscrever no registro público de empresas mercantis, conforme consta no art. 971 e no art. 984, todos do Código Civil de 2002, no livro II, do Direito de Empresa, do título I do empresário.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.
Há ainda a relação do direito agrário com outros importantes ramos, tal como o Direito administrativo e o direito processual civil, onde naquele existem matérias relativas a desapropriação e importantes órgãos reguladores e este, conforme consta o art. 275, II, do CPC que dispõe que “observar-se-á o procedimento sumário: II nas causas qualquer que seja o valor a) de arrendamento rural e de parceria agrícola”.
Importante também frisar o procedimento das ações possessórias, conforme o art. 920 a 923 do CPC.
No direito Penal está por exemplo o crime de dano previsto no art. 163 do CPem que se considera dano “ destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”. Há também a ocorrência do crimes como o furto e o roubo.
No direito tributário destaca-se a fixação do imposto sobre a propriedade territorial rural, previsto no art. 49 do Estatuto da Terra:
Art. 49. As normas gerais para a fixação do imposto sobre a propriedade territorial rural obedecerão a critérios de progressividade e regressividade, levando-se em conta os seguintes fatores: (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979); I - o valor da terra nua; (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979) II - a área do imóvel rural; (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979); III - o grau de utilização da terra na exploração agrícola, pecuária e florestal; (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)IV - o grau de eficiência obtido nas diferentes explorações; V - a área total, no País, do conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979).
6 Breves considerações de alguns institutos do Direito agrário brasileiro
O direito agrário no Brasil pode ser visto sob aspectos, onde a terra é o objeto, a produção deverá ser respeitada, sendo de grande importância a preservação dos recursos extraídos da natureza e todas essas atividades devem estar relacionadas e intimamente ligadas. Nesse sentido está o entendimento de Emílio Alberto Maya:
A atividade agrária, é o resultado da atuação humana sobre a natureza, em participação funcional, condicionante do processo produtivo”. O autor aduz, ainda, que a mencionada atividade agrária pode ser considerada em três aspectos fundamentais, a saber: 1. Atividadeimediata, tendo por objeto a terra, considerada em sentido lato, abrangendo a atuação humana em relação a todos os recursos da natureza. 2. Os objetivos e os instrumentos dessa atividade, compreendendo a preservação de recursos naturais; a atividade extrativa de produtos inorgânicos e orgânicos; a captura de seres orgânicos (caça e pesca) e a produtiva (agricultura e pecuária). 3. Atividades conexas, como o transporte de produtos agrícolas, os processos industriais e as atividades lucrativas, ou seja, o comércio propriamente dito. (MAYA, p., 36)
Alguns institutos do direito agrário estão previstos no Estatuto da Terra, quanto na lei 11.952/09.
Fabrício Gaspar Rodrigues, em sua obra cita importantes institutos do Direito agrário tais como: imóvel rural, propriedade familiar, módulo rural, minifúndio, latifúndio, empresa rural, parceleiro, cooperativa integral da reforma agrária, além da colonização. Alguns desses institutos serão tratados neste presente artigo.
Merece destaque a propriedade familiar que está prevista no Estatuto da Terra, no art. 4º, II:
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:II-"Propriedade Familiar"como o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros.
Alguns elementos se fazem presentes no conceito, tal como a existência do título do imóvel, além da exploração direta e pessoal pelo agricultor e sua família. Além do mais, convém destacar que a possibilidade de eventual ajuda de terceiros não desclassifica tal propriedade, desde que provada a real necessidade, se tendo como exemplo a o auxílio em plantios ou colheitas.
Já o latifúndio é definido pelo Estatuto da Terra como:
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se V - "Latifúndio", o imóvel rural que: a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1º, alínea b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine.
Percebe-se aqui uma clara discrepância entre o latifúndio por extensão e o latifúndio por exploração. No primeiro há o claro entendimento que latifúndios assim caracterizam maior concentração de renda, se mostrando uma verdadeira exclusão dos pequenos produtores e até a impossibilidade de produção, visto que esgota as chances de uso de tecnologia e semelhantes. Quanto ao segundo significa o mau uso da terra, obviamente não se incluído os lugares protegidos, que são contrários a exploração humana.
O Decreto 84.685/80 que regulamentou a lei 6.746/79, em seu art. 22 também conceitua o latifúndio, como:
Art. 22. Para efeito do disposto no art. 4º, incisos IV e V, e no art. 46, § 1º, alínea b, da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, considera-se: II - latifúndio, o imóvel rural que: a) exceda a 600 (seiscentas) vezes o módulo fiscal calculado na forma do art. 5º b) não excedendo o limite referido no inciso anterior e tendo dimensão igual ou superior a um módulo fiscal, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja, deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito da empresa rural.
Assim o latifúndio de mostra ineficaz em todos os sentidos, de modo que são áreas deficientes em todos os sentidos, pois possuem uma baixíssima produtividade, prejudicando a todos.
A empresa rural, também está previsto no Estatuto da Terra, conforme assevera o art. 4º, VI:
VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico... Vetado... Da região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;(...)
O Decreto 84.685/80 especificou pontos importantes acerca da empresa rural, haja vista que acrescentou valores que não estavam previstos, além de definição de sua natureza como civil.
Quanto ao módulo rural, que é uma área ocupada pela propriedade familiar, variável segundo critérios regionais específicos (RODRIGUES, p. 19, 2010), que é regulamentada pelo Decreto 55.891/65, tendo como uma das suas finalidades primordiais estabelecer uma unidade de medida que exprima e interdependência entre a dimensão.
Não menos importante está a Cooperativa Integral de Reforma Agrária que tem como sigla C. I. R. A. E é conceituada como sociedade cooperativa mista, de natureza civil, onde se conta com o poder público por tempo determinado para realizar algumas finalidades previstas em lei.
7 Conflitos agrários no Brasil
Não se fala em direto agrário sem mencionar os conflitos agrários no país, que estão intimamente ligados a uma reforma agrária que nunca funcionou no país. A lei que regula a reforma agrária é 8.629/93.
A reforma agrária é conceituada como “o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento da produtividade, de acordo com o artigo 1º, § 1º, da Lei 4.504/64.
Importante o registro de conflitos agrários no Brasil, sendo o Pará o Estado em que se mais mata no país.
Embora sempre marcado por crimes ligados a tais conflitos, cresce cada vez mais o número de assassinatos, decorrente da violência, além da expansão do Agronegócio na Amazônia.
Vê-se que ainda a falta ou o excesso de acesso à terra gera conflitos, em que o poder público não consegue efetivar esse acesso. Cumpre ressaltar ainda que embora a farta legislação sobre o tema, o Estado não conseguiu aplicar e popularizar esse acesso.
Referências
BRASIL. Código Processo Civil Brasileiro. lei no5.869, de 11 de janeiro de 1973.. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869compilada.htm >. Acesso em 18.11.2015.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasilde 1988. Disponívelem<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituicaocompilado. Htm>. Acesso em 18.11.2015.
BRASIL. Código Tributário Nacional. Lei 5.172 de 25 de Outubro de 1966. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5172.htm>. Acesso em 18.11.2015.
BRASIL. Código Penal. Decreto lei no2848 de 7 de Dezembro de 1940. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em 20.11.2015.
BRASIL. Estatuto da Terra. Lei no4.504 de 30 de Novembro de 1964. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4504.htm>. Acesso em 19.11.2015.
BRASIL. Lei 11.952 de 25 de Junho de 2009. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11952.htm>. Acesso em 21.11.2015.
MARQUES, Benedito Ferreira. Direito Agrário Brasileiro. 11ª. Ed Editora Atlas: São Paulo, 2015.
RODRIGUES, Gaspar Rodrigues. Direito Agrário. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora jus Podivim, 2010.
OPITZ, Sílvia C. B. Curso Completo de Direito Agrário. 8ª. Ed. Editora Saraiva: São Paulo, 2014.

Outros materiais