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DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 1 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 2 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Editorial Como vocês já sabem, nós sempre corremos atrás das melhores pautas. E dessa vez não foi diferente. Conseguir contatar algumas empresas e profissionais para fazer as matérias nem sempre é das tarefas mais fáceis, por conta de agendas apertadas e prazos que algumas vezes parecem precisar de máquinas do tempo – sejam DeLoreans ou TARDIS – para não serem estourados. Mas mesmo assim nós nunca desistimos e conseguimos reunir o melhor conteúdo para vocês. O que vocês estão lendo agora é possivelmente uma das edições mais completas que essa revista já teve. Design, arquitetura e arte estão presentes em 62 páginas feitas com muita dedicação. Dito isso, peço apenas o seguinte: Leiam, desfrutem, aprendam, evoluam e compartilhem! Lucas Fernandes Diretor Uma das melhores Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 3 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 4 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Diretor e editor Consultor editorial Redatores Revisão Capa Site Fale conosco Redes Socias Designers Lucas Fernandes Tiago Krusse Danielli Wal Eduardo Madeiro Eliezer Santos Mayara Wal Tiago Krusse Juliana Teixeira Lourrane Alves Lucas Fernandes Morandini designmagazine.com.br contato@designmagazine.com.br Ano III - Edição 14 - Março/Abril 2016 i3c3.com.br A Design Magazine Brasil é uma projeto de Lucas Fernandes e do Grupo I3C3. O conteúdo aqui publicado pertence aos seus respectivos autores e não pode ser reproduzido sem prévia autorização. /revistadesignmagazine.br @DMBr_Oficial Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Créditos Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 5 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 6 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Sumario Design Indaba Goya Lopes 08 56 16 24 32 38 44 50 O mundo pelos olhos de Morandini Entrevista com Walter Barroso Portfólio: Rebecca Agra Portfólio: Marcelo Silva Edifício sede do banco Intesa Sanpaolo Portfólio: Fillipe Faria DESIGN ARTE ARQUITETURA Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 7 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 8 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 DESIGN Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 9 | Morandini O mundo pelos olhos de Uma entrevista com a visão de um dos designers mais expoentes da atualidade. Texto: Eliezer Santos | Imagens: Cortesia de Morandini Filho de peixe, peixinho é. O ditado é an- tigo, mas não faltam exemplos de pessoas que dão sentido a ele. No caso de Morandi- ni, ele não foge muito a essa regra. Nascido em família de pessoas envol- vidas com as artes, Morandini cresceu num ambiente de liberdade, de brincadeiras na rua e infância tranquila, como muitos outros brasileiros. Talvez, por isso, esta liberdade toda seja quase uma marca registrada em seus trabalhos. Dono de um estilo único de criação, seus trabalhos chamam a atenção pelas cores fortes e formas descontraídas. Dando apenas uma olhada básica em suas criações, fica fácil perceber as característi- cas de seu estilo e automaticamente reco- nhecemos essa sua quase “assinatura” em todos os seus demais trabalhos. Morandini tem se destacado não só no Brasil, como também no exterior. China e Colômbia estão entre os países que se en- cantaram com o seu talento e o contrataram para alguns trabalhos. Há 30 anos atuando como designer gráfico, Morandini não se define exatamente como tal. Em sua visão, ele não é ilustrador, nem artista gráfico, nem Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 10 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 O mundo pelos olhos de Morandini designer, mas uma mistura de ambos. É uma visão interessante, pois ele não se limita a um estilo ou um conjunto de habilidades es- pecíficas, mas dá a si mesmo a liberdade de flutuar por várias possibilidades. E quando falamos de criatividade, ter liberdade para criar é algo fundamental. C o nf i ra a e nt rev i s t a q u e f i ze m o s e co n h e ç a u m p o u co m a i s d e s te g ra n - d e p rof i s s i o n a l : Para começar, conte-nos um pouco sobre os seus 30 anos de trabalho. Como foi o seu início, o que você acha que teve mais destaque? Nasci numa família onde a arte fazia parte do dia-a-dia. Meu pai era um artista amador e autodidata. Além de pintor, ele era um excelente violinista e artista gráfico, apesar de nunca ter exercido essas ativida- des para ganhar a vida. Assim, sempre tive um contato estreito e um fácil acesso aos materiais de arte, livros de pintura e, prin- cipalmente, ensinamentos informais passa- dos por ele. Tive uma infância bastante livre, jogando bola e brincando na rua, mas boa parte dela também foi passada com lápis e papel na mão, desenhando incansavelmente. A maioria das crianças desenha des- de cedo. Comigo não foi diferente, mas não parei mais e a escolha da carreira acabou sendo algo absolutamente natu- ral para mim. Comecei minha carreira profissional como desenhista técnico. Logo após con- cluir meu primeiro curso superior, abri o estúdio, em outubro de 1985. No começo fazia um pouco de tudo: peças editoriais, produtos, embalagens, cartazes, mate- rial promocional e o que mais aparecesse. Depois de uns cinco anos, com uma visão mais apurada da área, passei a me dedicar essencialmente à criação de marcas gráfi- cas e ilustrações. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 11 | No fundo, não me considero um desig- ner ou um ilustrador nas concepções exatas dessas palavras. Sou um criador de imagens que não consegue enxergar com muita cla- reza as fronteiras entre as atividades de de- signer, ilustrador e artista gráfico. Vivo inva- dindo esses espaços, caminhando com um pé de cada lado e tentando manter um míni- mo de equilíbrio. Esse tipo de atuação meio heterodoxa nem sempre é bem vista pelos profissionais mais conservadores, mas não consigo seguir por outro caminho e sou extremamente rea- lizado trabalhando assim. O que ilustrar representa pra você? Po- deria tentar descrever em palavras? O homem sempre teve necessidade de traduzir em imagens aquilo que vivia, ima- ginava, sentia ou desejava. Desenhar é uma das atividades mais antigas da humanidade. Sempre achei as palavras muito limi- tadas para expressar aquilo que gostaria e nunca fui muito bom fazendo uso delas. Para mim, criar imagens é uma forma de vencer essa limitação das palavras. É fazer uso de uma linguagem universal para expressar, buscar ou dar sentido às coisas, materializar uma ideia ou um conceito e, principalmente, comunicar algo para alguém. O que mais me agrada na minha ativida- de é a imprecisão de uma imagem. Normal- mente forneço apenas uma pequena por- centagem da mensagem. A outra parte fica a cargo do observador, que vai mergulhar naquela proposta e extrair dela seu próprio entendimento e tirar suas próprias conclu- sões. É uma dinâmica que torna cada tra- balho vivo e aberto, possibilitando um novo diálogo a cada novo olhar. Como foi o desafio de trabalhar em um projeto para a China? Todo trabalho voltado para uma culturadiferente exige um grande trabalho de pes- quisa. É preciso que ele seja validado de al- guma forma pelo público a que se destina. O mais desafiador é que essa validação só será aferida na prática, quando o trabalho ganha as ruas e mostra a cara de verdade. Enquanto está no conforto do estúdio ou no campo das pesquisas, é apenas um em- Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 12 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 O mundo pelos olhos de Morandini Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 13 | brião que pode ou não dar certo. Esse é o desafio diário de quem cria imagens, sejam elam voltadas para um morador da China ou da próxima esquina. Nessa área não há garantias de acerto. Nem a experiência dá esse alicerce. Julgo isso como algo muito bom e positivo, pois não permite que você se acomode. É preciso enfrentar cada desa- fio como se fosse a primeira vez. Você já fez trabalhos também para ou- tros países. Fazendo uma pequena compa- ração: em sua opinião, quais clientes são mais exigentes e quais são mais maleáveis, os daqui ou os do exterior? Via de regra, há clientes mais maleáveis ou mais exigentes em qualquer parte. Não acho que isso seja uma característica ligada à nacionalidade. Ao longo do tempo, meu trabalho foi ganhando um viés cada vez mais autoral. In- voluntariamente, criei uma espécie de iden- tidade profissional, onde os trabalhos têm uma característica própria bastante acen- tuada. Se por um lado isso limita um pouco o campo de atuação, por outro ele permite que os clientes, sejam daqui ou de outros países, tenham uma noção prévia daquilo que receberão como resposta às suas soli- citações. Isso facilita bastante a relação e o desenvolvimento de cada trabalho. Graças às novas tecnologias, as distân- cias têm ficado cada vez menores e traba- lhar para clientes de outras partes do mun- do ficará cada vez mais fácil e corriqueiro. Fale um pouco sobre o projeto Fave- la Mundo, o que ele representou para você e como foi trabalhar num projeto de cunho social? Quando o idealizador do Favela Mundo - um ator do Rio de Janeiro - me procurou, o projeto ainda estava no papel. O entu- siasmo dele e o teor das propostas sinali- zavam que estava nascendo algo de muito bom para a sociedade. Hoje, o projeto é um sucesso, oferecen- do cursos livres de artes para crianças e adolescentes e tendo alguns desdobramen- tos, como o Arte Gerando Renda, que minis- tra cursos de formação prática em artes e artesanato para adultos. A imagem que cedi tem sido utilizada em toda a identidade visual do Favela Mun- do. Sempre acreditei que é meu dever retri- buir ao mundo um pouco daquilo que ele me proporcionou, principalmente por meio do meu trabalho e das minhas imagens. Por último, você também gosta de expor seus hobbies, como reaprovei- tar coisas. Há mais algum hobbie que você tenha? As transformações que faço nada mais são do que minha forma de ver as coisas e a nossa relação com o meio-ambiente. Em tempos de produtos descartáveis e obsoles- cência programada, acho fundamental que passemos a olhar as coisas de uma maneira diferente, dando uma nova chance aos obje- tos que seriam descartados. Sou um apaixonado por tecnologia e por novidades de qualquer espécie, mas acredi- to fortemente na busca de um equilíbrio en- tre inovação e consumo. Dessa forma, passei a adotar uma pos- tura de reutilização e reaproveitamento aqui no estúdio. Muitos dos móveis daqui têm muita história para contar, mas se integram perfeitamente com outras coisas mais mo- dernas. Não vejo sentido em descartar um gaveteiro antigo de madeira maciça com mais de meio século de existência se ele pode ser restaurado e existir por mais 100 anos como se fosse novo. Além de reduzir o descarte e o consumo desnecessário, isso acaba sendo um exercí- Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 14 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 cio de design, pois algumas peças acabam assumindo outras configurações ou tendo outras funções. Em relação a outras atividades, sou apai- xonado por esportes. Pratico corrida de lon- ga distância há mais de 20 anos e sou faixa preta de Judô, esporte que comecei a prati- car há mais de 40. “Para mim, não importa se é design, arte ou ainda uma terceira possibilidade, sem definição. O que vale mesmo é fazer a diferença na vida das pessoas. Tocar, emocionar e provo- car a reflexão. O essencial é contribuir com a socie- dade, devolvendo a ela um pouco daquilo que recebemos. O valor do nosso trabalho está em seu le- gado. No que ele pode oferecer de bom para o mundo. Para mim, isso é o que verdadeiramente importa.” (Morandini) O mundo pelos olhos de Morandini Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 15 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 16 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 DESIGN Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 17 | Walter Barroso Uma entrevista com Com o seu ateliê em bom ritmo e preparando novos projetos, o criativo vai gerindo as suas paixões pela ar- quitetura e pelo Design, consolidando o seu negócio no ambiente laboral hostil de São Paulo. Entrevista por Tiago Krusse | Imagens: Cortesia de Walter Barroso O que o leva a exercer mais como de- signer do que como arquiteto? Que fatores estão associados a essa predisposição? Antes mesmo de cursar Arquitetura e Ur- banismo já esboçava desenhos de mobiliá- rio e produtos diversos. Nunca deixei minha cabeça parar, a todo momento penso em algo que possa melhorar a sociedade, trazer uma emoção diferente. Durante o curso co- mecei a participar de concursos de design, devido a não estar habilitado ainda a exer- cer a arquitetura. Meu design foi reconheci- do por concursos, inclusive duas vezes no maior concurso de Design da América Lati- na, o Salão Design, daí para frente comecei a trabalhar somente com design. Este ano, já habilitado, começo também a exercer a profissão de Arquiteto, que tenho um amor imenso. O ser humano e as relações sociais e de emoção sentidas, são para mim a força motriz do meu design, seja no motivo arqui- tetônico ou de objeto. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 18 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Quem foram as pessoas que mais o marcaram no seu percurso acadêmico e que experiências universitárias lhe deixa- ram memórias mais vivas no seu cotidiano? Meu percurso acadêmico foi marcado por muitos professores que olhavam minha trajetória e faziam daquilo uma força motriz de apoio, tenho muito a agradecer a uma grande professora e amiga, Marcia Aps, que sempre teve a gentileza de me apoiar e estar disponível; também Mauricio Azenha, grande amigo e professor, que constantemente me dá dicas e oferece ajuda, Professor Ruy Debs Franco, Marcio Brasil, David Lopes, Claudio Paneque, meu orientador de trabalho final de curso, entre outros, que em seus momentos acadêmicos trouxeram alguma informação que eu guardo e relembro na hora de resol- ver problemas da profissão. Uma vivência extremamente importante na vida foi o período de curso na Universida- de de Coimbra, que fez a cabeça abrir para muitas outras ideias em ambas as áreas, um período que tenho saudade e guardarei para sempre no meu coração. Entrevista com Walter Barroso Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14- Março/Abril 2016 | 19 | Quando decidiu abrir o seu ateliê e como tem sido até ao momento gerir um negócio que é só seu? Logo após ter meu trabalho reconhecido, comecei a ver que seria ótimo poder traba- lhar fazendo o design e arquitetura do jeito que imaginei. Sempre quis ser o arquiteto que leva para casa de todos uma qualidade de vida, e é isso que pretendo com projetos paralelos e fixos que venho fazendo no de- correr da carreira. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 20 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Quais são as maiores dificuldades sen- tidas na gestão do seu ateliê? Os maiores problemas em questão são na área de projetos de mobiliário. Temos hoje no Brasil uma dezena de profissionais fazendo designs diferenciados, mas ao mes- mo tempo sem apelo. Mesmo sem apelo de design, tudo vem ao mercado levado pelo nome do mesmo, isso faz com que o nível intelectual do design brasileiro seja duvido- so. É complicado ver o Brasil pegar referên- cias de design de países internacionais e ao mesmo tempo não dar o devido valor a pro- fissionais daqui. Como é trabalhar a partir de uma cida- de como São Paulo? Como é que planeja a sua presença no mercado e como são cria- das as oportunidades de negócio? São Paulo é um local de trabalho hostil, uma das maiores cidades do mundo. Nada por ali pára. O movimento é constante e agressivo, é preciso ser forte para aguentar. Apesar de inúmeras oportunidades existen- tes da grande São Paulo, há também a deca- dência em níveis altíssimos da qualidade de vida, que eu pelo menos prezo de maneira primordial. Minha presença no mercado de lá ainda está em processo de início, mas atra- vés de um grande projeto que está por sur- gir, acho que a presença da arquitetura e do escritório em si, seja em São Paulo ou nível Brasil será bem maior. Entrevista com Walter Barroso Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 21 | A sociedade brasileira entende as van- tagens de procurar o trabalho de um arqui- teto ou de um designer? Infelizmente o Brasil ainda está engati- nhando para esse quesito. Hoje o designer tem muito mais valor dentro de uma indús- tria do que há 5 ou 10 anos. Apesar disso ain- da vemos muitas indústrias recusando de- signers, mesmo pagando royalties mínimos. Na arquitetura houve uma grande mudança, mas da mesma forma, estamos ainda no co- meço. Creio que em alguns anos o valor de um bom arquiteto e designer seja finalmente reconhecido, e esse profissional esteja em todos os lares e empreendimentos. Como foi a sua experiência na indústria do mobiliário? Como é que o trabalho do de- signer é encarado dentro de uma empresa? Desde o começo da carreira de designer em 2011 o processo foi vagaroso mas sem- pre com muito prazer. Tenho a sorte de tra- balhar com indústrias abertas a novidades e que estão sempre dispostas, como a Toca da Movelaria, em Arapongas no estado do Paraná. Posso dizer com propriedade que o trabalho do designer dentro dessa indústria, assim como a Empório das Cadeiras, empre- sa também de Arapongas, é reconhecido de forma excepcional. Lá o design é a chave para o sucesso. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 22 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Entrevista com Walter Barroso Como avalia a qualidade dos processos de trabalho e o nível de inovação tecnoló- gica apresentados? Como disse nos termos do design e ar- quitetura, estamos começando. Apesar disso, temos tecnologias de máquinas importadas trabalhando a nosso favor para trazer a me- lhor qualidade. Algumas grandes indústrias como as que falei investem milhões para ter a máquina certa e conseguir resultados dig- nos de artesãos. A qualidade na produção em madeira, posso arriscar dizer que é uma das melhores do mundo, o Brasil trabalha de for- ma excepcional com a madeira, apesar disso temos muitas dificuldades quando chegamos a assuntos como plástico injetável, fibra de vidro, entre outros. Estes são processos que deixam o custo extremamente alto. O que fazem as empresas de mobiliário em relação aos produtos que vão lançan- do? Há preocupações e investimento na forma como esses produtos vão ser comu- nicados aos consumidores? Totalmente, a preocupação da indústria com o design e como ele chegará ao con- sumidor é total. Todos os designers passam pelo crivo da empresa para a decisão dos melhores designs e seguindo as tendências de mercado do ano. O investimento é anu- al. Todos os anos indústrias como as que eu trabalho, fazem grandes investimentos para melhorar a qualidade dos produtos e poder chegar a um produto final que comunique de forma afinada ao público. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 23 | Quais são os principais objetivos do seu ateliê para os próximos anos e quais as no- vidades que tem em carteira? Novidades o ateliê possui todos os dias, a criação por aqui não pára, apesar disso existem outros projetos importantes sendo desenvolvidos na área de arquitetura. Um projeto importante está em desenvolvimen- to e será lançado em breve, não posso co- mentar sobre no momento, mas posso ga- rantir que serão os primeiros a publicar algo, quando lançar. Quais são as suas maiores aspirações e preocupações profissionais? Um dos meus maiores sonhos é: ver o “arquiteto” como um profissional essencial para qualquer parte, seja na construção ou interiores, acho que todos, sem exceção tem que ter contato com um profissional da área, esse é o profissional que te dá qualidade de vida, e qualidade de vida é a chave para viver bem. Quanto à preocupação, te digo a verdade, me preocupo com tudo, quero sempre tudo em ordem, e é através desse novo projeto futuro que tentarei trazer essa ordem para a arquitetura e logo logo, levar a qualidade a todos os lares. Todos têm que ter o direito de viver bem e felizes. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 24 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 DESIGN Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 25 | Design Indaba A better world through creativity. Texto: Mayara Wal | Imagens: Divulgação / Design Indaba Design Indaba é uma plataforma multi- disciplinar que acredita em um mundo me- lhor através da criatividade, é formado por um site (designindaba.com) e um Festival anual. Indaba, tem dois significados em zulu, “reunião de pessoas” e “novidade”. Ravi Nai- doo, idealizador do projeto, uniu os dois em um evento de caráter didático, que coloca o ouvinte no centro das atenções. São três dias de conferências que reúnem novos talentos e profissionais renomados nacionais e inter- nacionais de várias especialidades. Entre os brasileiros que já participaram da conferên- cia estão Marcelo Rosembaum, Alex Atala e Fred Gelli nessa edição. O festival acontece desde 1995 na Cidade do Cabo, e desde então se tornou referên- cia no cenário criativo global. O evento atrai e apresenta os talentos e destaques da área, apóia projetos, negócios criativos e iniciati- vas educacionais. Suas publicações online atingem mais de meio milhão de visitantes/ ano. A primeira edição aconteceu apenas dez meses após as eleições que levaram Man- dela à Presidência do país. “Quando Mandela venceu as eleições em abril de 1994, o efeito em nós, sul-africanos, foi como um tsunami interno, uma revolução dos ânimos. Era o mo- mento de recomeçar a escrevera história do nosso país”, relembra Ravi Naidoo. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 26 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Design Indaba Festival 2016 O Festival desse ano aconteceu nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro. E já comecou o primei- ro dia com histórias de colaboração, comuni- dade e “coragem criativa”. DIA 01 – Seleção de algumas das pales- tras do primeiro dia. A primeira apresentação foi do casal Stevo Dirnberger e Chanel Cartell. Eles têm uma his- tória legal com o festival, dizem que foram ins- pirados por uma palestra do Stefan Sagmeister no evento de 2014, resolveram pedir demissão, vender tudo e viajar pelo mundo. Criaram en- tão o projeto “How Far From Home” onde falam sobre o poder do tempo livre e de sair da zona de conforto para extimular a criatividade. Depois foram Paloma Strelitz e James Binning, membros do Assemble, que deram continuidade ao evento. O coletivo de arquite- tura ganhou o Prêmio Turner 2015, organizado pela Tate Gallery, que premia artistas visuais de todas as catergorias. Falaram um pou- co sobre o estilo de trabalho colaborativo do coletivo. Se aproxima muito do ativismo urbano e arquitetura, mas também envolve designers, artistas e a população em geral. Trabalham de uma maneira que transforma o ambiente em um espaço de participação pública e orgulho. Acreditam que a criativi- dade e o coletivo transformam. Nick Finney e Alan Dye foram apresen- tar o NB Studios, o estúdio que eles criaram seguindo o mantra “creative courage”, co- ragem criavita (tradução livre). Ao invés de uma paletra tradicional, os dois resolveram representar uma situação na qual apresen- tavam um pitch para um cliente. Pontuaram em forma de manifesto as coisas não ditas e interações entre cliente e agência: Aprenda as regras antes de quebrá-las; Suposição é a mãe de todos os erros; Inde- cisão mata; Seja seu próprio cliente; Se tudo é importante, então nada é importante; Fale a verdade, esteja em tempo; A vida é muito curta para não ser um designer. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 27 | Hillary Cottam, empreendedora social britânica, falou sobre sistemas de design que promovem trocas e relacionamentos, podem transformar a vida das pessoas. É fato que no Reino Unido mais pesso- as morrem de solidão do que de câncer. Pensando sobre como resolver esse pro- blema Cottam desenvolveu um sistema em uma comunidade ao sul de Londres chamado Circle. O sistema promove a in- teração dos residentes para ajuda mútua em troca de créditos. Uma vez que o re- lacionamento entre os moradores ficou mais forte, a ida ao médico caiu em 70% do habitual, sendo que muito se devia à carencia por contato humano. Erik Kessels ensinou a importância de se fazer de “idiota” ao menos uma vez por dia. Ele que é um dos homens mais in- fluentes da Holanda, publicitário, galeris- ta, editor e artista com um estilo impecá- vel, um dos donos da Kesselskramer. Seu Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 28 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Design Indaba trabalho é cheio de humor e muito inte- ligente, como a campanha do Pior hotel de Amsterdã, feita com muitas imagens bizzaras encontradas. Alfredo Brillembourg, arquiteto vene- zuelano esteve no festival em 2012, e en- quanto estava pela África do Sul começou a investigar como poderia fazer diferença nos municípios densamente povoados em volta da Cidade do Cabo. Desde então co- meçou a trabalhar no Empower Shack. Um projeto piloto de habitação popular, o pro- jeto tem como objetivo desenvolver mora- dias de forma compreensiva e sustentável. A palestra de Brillembourg foi um vibrante apelo à ação e sublinhou que coletividade e pensamento global é a chave para salvar nossas cidades. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 29 | DIA 02 – Teve arquitetura japonesa, cozi- nha espanhola e até rock sueco. Os gêmeos egipcios Haitham and Mohammed El Seht, do Twins Cartoon, deram um insight sobre o mundo dos cartoons árabes. São os idealizadores do projeto “Kawkab el rasameen”, Pintores do planeta ( tradução livre), que cresceu em uma grande comunidade de artistas locais que promove intercâmbios e trocas entre profissionais e amadores. Mais re- centemente os irmãos fundaram a Garage Comic Magazine. O Brasil teve sua presença muito bem representada esse ano pelo Fred Gelli, dono do Estúdio Tatil. Responsável pelo look and feel da identidade visual das Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016 no Rio. Gelli contou que a inspiração do seu trabalho vem da natureza. Seu trabalho é muitas vezes multi-sensorial pois acre- dita que emoção é uma importante fer- ramenta para conexão. Um bom exemplo é a logo das Paralimpíadas que inclui elementos sonoros. Elena Arzak do Restaurante Arzak, é a quarta geração da família a trabalhar na cozi- nha do restaurante que é inspirado nos tradi- conais sabores da região do país Basco. A chef diz que a razão do sucesso do restaurante é a inovação. Ela acredita que a comida que ser- vem é totalmente única, cada prato conta uma história, pois cozinhar é uma ferramente social de compartilhamento de experiências e me- mórias, que cria conexões e ajuda a construir a identidade de um certo local. Sou Fujimoto, o trabalho desse arquiteto se baseia no âmbito fídico e filosófico. Ele acredita que a arquitetura não deve delimi- tar espaços pelas suas funções, pelo contrá- rio, deve permitir que as pessoas modelem suas próprias experiências. Como exemplo de seu trabalho único, o Serpentine Pavilion e Mille Arbres em Paris. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 30 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Design Indaba DIA 03 – Fechando a edição 2016 com um mix eclético de talentosos designers. Thomas Poulsen, artista dinamarquês, conhecido como FOS, possui um mix de projetos bacanas no seu portfólio. Desde a criação da decoração das lojas da Celine (marca de alta custura francesa), um bar flu- tuante na bienal de Veneza, projetos arquite- tônicos até exposições de arte. O pivô do seu trabalho é o encorajamento da participação das pessoas nos espaços públicos. FOS, que sabe misturar muito bem as duas áreas, diz que o design deseja criar soluções enquanto a arte é um modelo de dúvidas. Alex McDowell, gênio cinematográfico e designer estabelecido em Los Angeles, des- creve seu trabalho como “world building”, construindo mundo (tradução livre), e acredi- ta que logo as histórias vão ser contadas em uma linha menos linear. Estamos entrando em uma era pós-cinematográfica, com reali- dades virtuais e aumetadas. Para finalizar o evento, tiveram ainda pa- lestras com o mestre em palavras Naresh Ramchandani, designer espanhol de reno- me Jaime Hayon e um grand finale com uma apresentação e discussão sobre o mundo da música com Imogen Heap. Para quem ficou curioso, todas as pales- tras ficam disponíveis em vídeo na plataforma online do festival. Assistam e fiquem ligados nas novidades e nos próximos eventos. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 31 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 32 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 DESIGN Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 33 | Eu me tornei designer por acidente. En- trei no curso sem nem saber o que era e vi-rou uma grande paixão. Me formei em 2004 e resolvi seguir carreira. Sou muito curiosa e gosto de me desafiar, por isso fui do im- presso à interface. Meu processo criativo já começa na con- versa com o cliente. Um briefing bem fei- to me inspira. É um desafio alinhar o que o cliente quer com o que o público dele quer. Adoro criar projetos autorais também, isso mantém minha criatividade em dia. Cada trabalho, pra mim, é como montar um que- bra-cabeça de ideias que absorvi, o que me leva à essência do projeto. Acho que realizar trabalhos em vá- rios estilos enriquece a bagagem cultural e ajuda a identificar as necessidades do mercado. Tenho meu estilo, mas não me prendo a ele, mantenho a cabeça aberta para as tendências. Isso me dá uma me- lhor percepção visual do mundo e uma experiência que ajuda a comunicar para públicos diferentes. Por isso que ter um estilo é legal, mas saber ultrapassá-lo é melhor ainda. Rebecca Agra Portfólio: www.behance.net/agradoce Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 34 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 35 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 36 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 37 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 38 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 DESIGN Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 39 | Designer gráfico desde 2002. Apesar de ter estudado mecânica geral no SENAI e exercido a profissão dos 15 aos 18 anos, de- cidi mudar minha carreira. Era um tempo de novidade da tecnologia e crescimento da internet que fez com que eu me apaixonasse pela área de criação. Curioso, fui pesquisando e aprenden- do na prática, mas também me especia- lizei como designer gráfico pela Escola Impacta de Tecnologia. Trabalhei na área gráfica onde aprendi o processo desde um cartão de visitas até uma embalagem mais complexa, mas sem- pre explorando novas oportunidades. Expandi meus conhecimentos trabalhan- do como designer e fotógrafo de produtos em uma importadora, depois fui para a área de comunicação visual onde descobri novas ferramentas como o 3D Max, que me propor- cionou novas experiências na área de even- tos como projetista de stands e cenografia. No site Maranata Design estão alguns dos meus projetos e carreira profissional. Não consigo me desligar do design, ele está no meu trabalho, nos meus momentos de descanso, nos meus projetos pessoais e nos meus hobbies. Marcelo Silva Portfólio: www.maranatadesign.com Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 40 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 41 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 42 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 43 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 44 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 ARQUITETURA Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 45 | Intesa Sanpaolo Edifício sede do Banco Ícone de sustentabilidade, um dos prédios mais altos de Turim é laboratório ambiental e social. Texto: Danielli Wal | Imagens: Cortesia de Renzo Piano Building Workshop A cidade emoldurada por montanhas e com poucos edifícios altos, acolhe bem o edifício que foi projetado respeitando seu entorno e sua história. Renzo Piano idealizou além de um arranha-céu, um projeto urbano com uma urbanidade discreta que o une aos habitantes da cidade. A sede do banco Intesa Sanpaolo se lo- caliza nas imediações da estação Porta Susa, em uma zona estratégica e importante da cidade devido a sua proximidade ao centro histórico, a uma concentração excepcional de serviços públicos e instalações de escala metropolitana. Um dos vários benefícios para as imediações foi a revitalização do jardim adjacente, Giardino Nicola Grosa, em espaço lúdico de convivência, que é acessado atra- vés da galeria que cruza o hall de entrada da sede do banco. A torre de 38 andares, ou 166 metros, di- vide-se em três pavimentos de garagens, um jardim rodeado por um restaurante e um jar- dim de infância, um pavimento de serviços, 26 andares dedicados a escritórios e um pa- vimento para academia, com espaços e servi- ços abertos ao público. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 46 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 A vocação pública do edifício é revelada através de dois volumes em especial. O vo- lume mais baixo é ocupado por uma sala de conferência flexível que acomoda até 364 pessoas e, transforma-se, de acordo com a necessidade do evento, de sala de confe- rências a de exposições, apresentações ou performances. A estufa bioclimática, com ventilação na- tural, é o segundo volume em questão. Com três níveis abertos ao público, abriga um restaurante com jardim, sala de exposições e um terraço no telhado. A torre bioclimática está repleta de al- ternativas sustentáveis, uma delas é a fa- chada de vidro duplo, que possui um sis- tema de aberturas e telas solares com persianas motorizadas para controlar a per- da de calor no inverno, a entrada de calor no verão e proteger o edifício nos dias de sol mais intenso. Ao leste e ao oeste, colunas que definem o volume dos elevadores e das escadas con- ferem identidade ao projeto. Ao sul, as esca- das de conexão dos andares estão imersas em um jardim de inverno vertical, onde trepa- deiras e a fachada motorizada filtram a luz. Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo Fo to g ra fia : E nr ic o C an o Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 47 | Fotog rafia: Enrico C ano Fotog rafia: Enrico C ano Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 48 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 A preocupação com as condições dos es- paços de trabalho também caracteriza o edi- fício que recebe mais de 2000 funcionários e convidados. A qualidade do espaço dos escri- tórios, com pé direito alto e iluminação indire- ta natural, demonstra a atenção especial com qual foram pensados. O projeto da sede do banco Intesa Sanpa- olo resulta de pesquisas avançadas que apro- veitam as fontes naturais de energia presen- tes no entorno. A água subterrânea é utilizada para o resfriamento dos escritórios e a energia solar é captada por toda a fachada sul, através de painéis fotovoltaicos. No verão, o ar frio da noite é armazenado em estruturas de concre- to entre os pisos, e transmitidos aos escritórios durante o dia através de painéis de irradiação. A otimização da energia consumida, a maximização da utilização de iluminação natural e o avançado sistema de automa- ção em conjunto com estratégias passivas, reduzem o consumo de energia e garantem conforto térmico ao edifício. Tais estratégias combinadas com o planejamento antecipa- do ajudam na certificação do edifício com o selo LEED¹ Platina. Como as montanhas encapadas pela neve que emolduram Turim, a torre é co- berta por uma combinação de materiais brancos fotossensíveis que formam va- riações sutis de acordo com o horário do dia e as estações do ano, e faz com que o prédio seja quase imaterial e luminescen-te como o gelo. Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo Fotografia: Enrico Cano Fotografia: Enrico Cano Fotografia: Enrico Cano Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 49 | Tão belo quanto eficiente. A preocupação com a urbanidade e sustentabilidade justificam o premiação ArchDaily Building of the year 2016. O prêmio é baseado na inteligência coletiva de 55 000 leitores do site ArchDaily, que filtraram dentre os mais de 3 000 projetos apresenta- dos no site de arquitetura em 2015, para eleger 5 finalistas e então, o vencedor. Dentre as cate- gorias selecionadas há projetos de arquitetos brasileiros, inclusive uma casa em São Paulo, mas este projeto fica para uma próxima! Ficha Técnica Intesa Sanpaolo office building - 2006-2015 Local: Turim, Itália Cliente: Intesa Sanpaolo Autor: Renzo Piano Building Workshop, ar- chitects _ http://www.rpbw.com/ Concurso, 2006. Equipe: P.Vincent, W.Matthews, C.Pilara with J.Carter, T.Nguyên, T.Sahlmann and V.Delfaud, A.Amakasu; O. & A. Doizy Equipe de projeto: P.Vincent and A.H.Teme- nides (parceiro), C.Pilara, V.Serafini, with A.Al- borghetti, M.Arlunno, J.Carter, C.Devizzi, V.Del- faud, G.Marot, J.Pattinson, D.Phillips, L.Raimondi, D.Rat, M.Sirvin and M.Milanese, A.Olivier, J.Var- gas; S.Moreau (aspectos ambientais) ; O.Aubert, C.Colson, Y.Kyrkos , A.Pacé (maquetes). Equipe de consultoria: Inarco (arquitetu- ra); Expedition Engineering / Studio Ossola / M.Majowiecki (estrutura); Manens-Tifs (serviços); RFR (fachada); Eléments Ingénieries / CSTB / RWDI (estudos ambientais); Golder Associates (hidrogeologia); GAE Engineering (prevenção de incêndio); Peutz & Associés / Onleco (acús- tica); Lerch, Bates & Associates (transporte ver- tical); SecurComp (security); Cosil (iluminação); Labeyrie & Associés (equipamentos de áudio e vídeo); Spooms / Barberis (equipamentos de cozinha); Atelier Corajoud / Studio Giorgetta (paisagismo); Tekne (custos); Michele De Lucchi / Pierluigi Copat Architecture (interiores); Jaco- bs Italia (supervisão de obra). ¹ O certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é concedido pela Organiza- ção não governamental-ONG americana U.S. Gre- en Building Council (USGBC) e certifica as cons- truções sustentáveis em selos variados de acordo com critérios pré estabelecidos de racionalização de recursos que um edifício deve atender. Fo to g ra fia : E nr ic o C an o Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 50 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 ARQUITETURA Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 51 | Desde pequeno sempre fui apaixonado por desenho. Meu sonho era ser cartunista, mas acabei começando meu ensino médio juntamente com um curso de técnico em eletrônica e deixei o desenho de lado. Logo que formei conheci o Autocad e me apaixonei. Comecei a trabalhar como “cadista” e nesse meio tempo conheci o Blender. Me apaixonei perdidamente pelo mundo 3D e comecei a aprender maquete por conta própria, sempre na internet e com vídeos do YouTube. Inicialmente usando Blender, acabei percebendo que o 3ds Max era mais am- plamente usado no mercado e resolvi mi- grar para ele. Depois de um tempo estudando e montando um portfólio, trabalhei numa empresa de ilustração tridimensional por três meses e atualmente trabalho como “cadista” e freelancer. Sou acadêmico de arquitetura pela uni- versidade Universidade Nilton Lins. Tenho 23 anos, moro com meus pais na cidade de Manaus e gasto a maior parte do meu tem- po aprendendo 3D. Após formado pretendo abrir um escritório de arquitetura e ilustra- ção arquitetônica. Fillipe Farias Portfólio: www.fillipefarias3d.com Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 52 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 53 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 54 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 55 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 56 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 ARTE Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 57 | Goya Lopes A estampa brasileira tem a cara da estilista. Texto: Eduardo Madeiro | Imagens: Cortesia de Goya Lopes Como não falar de estampa sem falar na influência africana e indígena na moda? E que tal transformar isso tudo em uma mistura abrasileirada. A moda de estampas étnicas surgiu forte nos anos 60. Muito se deve à influência hippie norte americana. O clima de “paz e amor” grita- va mais forte nas pessoas que estavam lutando por um mundo de igualdade, e aqui no Brasil essa onda não seria diferente. O Tropicalismo foi o movimento que se apropriou da ideia hippie americana, porém com uma nova linguagem. Os jovens brasileiros queriam a palavra na sociedade, queriam mos- trar nossas raízes nacionais. E onde entra a estampa nesse contex- to? A nova geração não queria parecer com seus pais, com a ideia de padronização nas roupas neutras para se “encaixar” no mo- delo de sociedade perfeita estipulada pelo “politicamente correto” a ser copiado. Se- ria o momento de colocar a “cara a tapa” e questionar que país era o Brasil. Nossos jo- vens buscavam achar um ponto de referên- cia nacional, pois suas lutas eram outras em comparação aos americanos. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 58 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Goya Lopes Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 59 | A caça de encontrar uma identidade pró- pria brasileira era aparentemente a grande base do movimento tropicalista. Músicos como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Gosta e Maria Bethânia eram alguns dos ativistas nessa nova mudança de geração. Usando como forma de expressão suas músicas e seus corpos. As indumentárias tinham grande apelo vi- sual nesse período, onde eram explorados a sensualidade, a atitude e o grito de mudan- ças. Uma miscelânea cultural que unia refe- rências de nossas tribos indígenas e nossas influências negras. Logo caiu em gosto popu- lar por refletir grande alegria de liberdade. No Brasil, nossos jovens encontraram vários meios de ser expressar, inclusive no caminho das artes como um grande meio de comunicação de luta pelos seus direitos contra uma ditatura que buscava calar. Nessa luta, podemos citar a estilista Zuzu Angel, que encontrou na moda uma forma de gritar toda sua indignação que estava sofrendo na sua vida pessoal, além de relatar ao mundo uma ditadura que “sumia” com seus presos polí- ticos no país. Ela fez coleções em busca de expressar todo aquele acontecimento de dor e de expectativa que se misturavam a borda- dos, cores e estampas. A esperança de uma mãe, Zuzu, em busca de justiça. Hoje o Brasil tem uma grande influência no mercado da moda internacional com suas estampas, graças à mistura cultural nacio- nal. Temos grandes marcas, estilistas, desig- Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 60 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 ners de superfície e, acima de tudo, grandes pessoas criativas que trabalham no ramo da costura e varejistas em geral que conse- guem fugir do modismo atual do mercado de moda fashionista. Podemos citar como exemplo de esti- listas quese reinventam e buscam inspira- ção em novas releituras étnica, a estilista Goya Lopes, uma profissional que busca fugir desse mercado maçante de venda por quantidade. Ela busca uma relação de mui- to carinho e respeito com suas estampas. Nota-se em seus trabalhos uma nova rou- pagem ao tema étnico. Suas leituras de estampa étnicas tem uma brasilidade. A preocupação de acrescentar cores e no- vas formas ao seu trabalho fica bem visível como podemos observar nas imagens. Fui perguntar à Goya se seu trabalho tinha relações com essas influências, a qual obser- vei no meu processo de pesquisa para com- parar suas estampas. Goya, qual a sensação de conseguir se expressar através de suas estampas, você sente que consegue transmitir uma verda- de nos seus trabalhos? Tem um contexto de resgate de raízes culturais? Goya Lopes: Meu trabalho tem sim a in- tenção de ousar, ter a coragem de criar e construir novos padrões que transmitem a nossa história, nossa ancestralidade, nossa luta e cor local, com um reconhecimento e identificação verdadeiramente vinculada à re- ferência de raízes culturais. --- Respondida minha pergunta, como não dizer que Goya é uma linda? No melhor jeito informal de um elogio à estilista, em conseguir manter o resgate nacional da história brasileira. Viva a moda brasileira, viva o povo nordestino. Fiquem à vontade para se deliciar com as belas estampas da coleção da estilista. Aproveitem e busquem acessar seu e-com- merce no site: www.goyalopes.com.br Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 61 | Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com | 62 | DMBr #14 - Março/Abril 2016 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
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