Buscar

Design Magazine 14

Prévia do material em texto

DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 1 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 2 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Editorial
Como vocês já sabem, nós sempre corremos atrás das melhores 
pautas. E dessa vez não foi diferente.
Conseguir contatar algumas empresas e profissionais para fazer as 
matérias nem sempre é das tarefas mais fáceis, por conta de agendas 
apertadas e prazos que algumas vezes parecem precisar de máquinas 
do tempo – sejam DeLoreans ou TARDIS – para não serem estourados. 
Mas mesmo assim nós nunca desistimos e conseguimos reunir o melhor 
conteúdo para vocês.
O que vocês estão lendo agora é possivelmente uma das edições 
mais completas que essa revista já teve. Design, arquitetura e arte estão 
presentes em 62 páginas feitas com muita dedicação.
Dito isso, peço apenas o seguinte:
Leiam, desfrutem, aprendam, evoluam e compartilhem!
Lucas Fernandes
Diretor
Uma das melhores
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 3 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 4 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Diretor e editor
Consultor editorial
Redatores
Revisão
Capa
Site
Fale conosco
Redes Socias
Designers
Lucas Fernandes
Tiago Krusse
Danielli Wal
Eduardo Madeiro
Eliezer Santos
Mayara Wal
Tiago Krusse
Juliana Teixeira
Lourrane Alves
Lucas Fernandes
Morandini
designmagazine.com.br
contato@designmagazine.com.br
Ano III - Edição 14 - Março/Abril 2016
i3c3.com.br
A Design Magazine Brasil é uma projeto de 
Lucas Fernandes e do Grupo I3C3.
O conteúdo aqui publicado pertence aos seus 
respectivos autores e não pode ser reproduzido 
sem prévia autorização.
/revistadesignmagazine.br
@DMBr_Oficial
Douglas Silva
Hebert Tomazine
Leandro Siqueira
Lucas Fernandes
Créditos
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 5 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 6 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Sumario
Design Indaba
Goya Lopes
08
56
16
24
32
38
44
50
O mundo pelos olhos de Morandini
Entrevista com Walter Barroso
Portfólio: Rebecca Agra
Portfólio: Marcelo Silva
Edifício sede do banco Intesa Sanpaolo
Portfólio: Fillipe Faria
DESIGN
ARTE
ARQUITETURA
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 7 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 8 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DESIGN
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 9 |
Morandini
O mundo pelos olhos de
Uma entrevista com a visão de um dos designers mais 
expoentes da atualidade.
Texto: Eliezer Santos | Imagens: Cortesia de Morandini
Filho de peixe, peixinho é. O ditado é an-
tigo, mas não faltam exemplos de pessoas 
que dão sentido a ele. No caso de Morandi-
ni, ele não foge muito a essa regra.
Nascido em família de pessoas envol-
vidas com as artes, Morandini cresceu num 
ambiente de liberdade, de brincadeiras na 
rua e infância tranquila, como muitos outros 
brasileiros. Talvez, por isso, esta liberdade 
toda seja quase uma marca registrada em 
seus trabalhos. Dono de um estilo único de 
criação, seus trabalhos chamam a atenção 
pelas cores fortes e formas descontraídas. 
Dando apenas uma olhada básica em suas 
criações, fica fácil perceber as característi-
cas de seu estilo e automaticamente reco-
nhecemos essa sua quase “assinatura” em 
todos os seus demais trabalhos.
Morandini tem se destacado não só no 
Brasil, como também no exterior. China e 
Colômbia estão entre os países que se en-
cantaram com o seu talento e o contrataram 
para alguns trabalhos. Há 30 anos atuando 
como designer gráfico, Morandini não se 
define exatamente como tal. Em sua visão, 
ele não é ilustrador, nem artista gráfico, nem 
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 10 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
O mundo pelos olhos de Morandini
designer, mas uma mistura de ambos. É uma 
visão interessante, pois ele não se limita a 
um estilo ou um conjunto de habilidades es-
pecíficas, mas dá a si mesmo a liberdade de 
flutuar por várias possibilidades. E quando 
falamos de criatividade, ter liberdade para 
criar é algo fundamental.
C o nf i ra a e nt rev i s t a q u e f i ze m o s e 
co n h e ç a u m p o u co m a i s d e s te g ra n -
d e p rof i s s i o n a l :
Para começar, conte-nos um pouco 
sobre os seus 30 anos de trabalho. Como 
foi o seu início, o que  você acha que teve 
mais destaque?
Nasci numa família onde a arte fazia 
parte do dia-a-dia. Meu pai era um artista 
amador e autodidata. Além de pintor, ele 
era um excelente violinista e artista gráfico, 
apesar de nunca ter exercido essas ativida-
des para ganhar a vida. Assim, sempre tive 
um contato estreito e um fácil acesso aos 
materiais de arte, livros de pintura e, prin-
cipalmente, ensinamentos informais passa-
dos por ele.
Tive uma infância bastante livre, jogando 
bola e brincando na rua, mas boa parte dela 
também foi passada  com lápis e papel na 
mão, desenhando incansavelmente.
A maioria das crianças desenha des-
de cedo. Comigo não foi diferente, mas 
não parei mais  e a escolha da carreira 
acabou sendo algo absolutamente natu-
ral para mim.
Comecei minha carreira profissional 
como desenhista técnico. Logo após con-
cluir meu primeiro curso superior, abri o 
estúdio, em outubro de 1985. No começo 
fazia um pouco de tudo: peças editoriais, 
produtos, embalagens, cartazes, mate-
rial promocional e o que mais aparecesse. 
Depois de uns cinco anos, com uma visão 
mais apurada da área, passei a me dedicar 
essencialmente à criação de marcas gráfi-
cas e ilustrações.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 11 |
No fundo, não me considero um desig-
ner ou um ilustrador nas concepções exatas 
dessas palavras. Sou um criador de imagens 
que não consegue enxergar com muita cla-
reza as fronteiras entre as atividades de de-
signer, ilustrador e artista gráfico. Vivo inva-
dindo esses espaços, caminhando com um 
pé de cada lado e tentando manter um míni-
mo de equilíbrio.
Esse tipo de atuação meio heterodoxa 
nem sempre é bem vista pelos profissionais 
mais conservadores, mas não consigo seguir 
por outro caminho e sou extremamente rea-
lizado trabalhando assim.
O que ilustrar representa pra você? Po-
deria tentar descrever em palavras?
O homem sempre teve necessidade de 
traduzir em imagens aquilo que vivia, ima-
ginava, sentia ou desejava. Desenhar é uma 
das atividades mais antigas da humanidade.
Sempre achei as palavras muito limi-
tadas para expressar aquilo que gostaria e 
nunca fui muito bom fazendo uso delas. Para 
mim, criar imagens é uma forma de vencer 
essa limitação das palavras. É fazer uso de 
uma linguagem universal para expressar, 
buscar ou dar sentido às coisas, materializar 
uma ideia ou um conceito e, principalmente, 
comunicar algo para alguém.
O que mais me agrada na minha ativida-
de é a imprecisão de uma imagem. Normal-
mente forneço apenas uma pequena por-
centagem da mensagem. A outra parte fica 
a cargo do observador, que vai mergulhar 
naquela proposta e extrair dela seu próprio 
entendimento e tirar suas próprias conclu-
sões. É uma dinâmica que torna cada tra-
balho vivo e aberto, possibilitando um novo 
diálogo a cada novo olhar.
Como foi o desafio de trabalhar em um 
projeto para a China?
Todo trabalho voltado para uma culturadiferente exige um grande trabalho de pes-
quisa. É preciso que ele seja validado de al-
guma forma pelo público a que se destina. 
O mais desafiador é que essa validação só 
será aferida na prática, quando o trabalho 
ganha as ruas e mostra a cara de verdade.
Enquanto está no conforto do estúdio ou 
no campo das pesquisas, é apenas um em-
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 12 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
O mundo pelos olhos de Morandini
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 13 |
brião que pode ou não dar certo. Esse é o 
desafio diário de quem cria imagens, sejam 
elam voltadas para um morador da China 
ou da próxima esquina. Nessa área não há 
garantias de acerto. Nem a experiência dá 
esse alicerce. Julgo isso como algo muito 
bom e positivo, pois não permite que você 
se acomode. É preciso enfrentar cada desa-
fio como se fosse a primeira vez.
Você já fez trabalhos também para ou-
tros países. Fazendo uma pequena compa-
ração: em sua opinião, quais clientes são 
mais exigentes e quais são mais maleáveis, 
os daqui ou os do exterior?
Via de regra, há clientes mais maleáveis 
ou mais exigentes em qualquer parte. Não 
acho que isso seja uma característica ligada 
à nacionalidade.
Ao longo do tempo, meu trabalho foi 
ganhando um viés cada vez mais autoral. In-
voluntariamente, criei uma espécie de iden-
tidade profissional, onde os trabalhos têm 
uma característica própria bastante acen-
tuada. Se por um lado isso limita um pouco 
o campo de atuação, por outro ele permite 
que os clientes, sejam daqui ou de outros 
países, tenham uma noção prévia daquilo 
que receberão como resposta às suas soli-
citações. Isso facilita bastante a relação e o 
desenvolvimento de cada trabalho.
Graças às novas tecnologias, as distân-
cias têm ficado cada vez menores e traba-
lhar para clientes de outras partes do mun-
do ficará cada vez mais fácil e corriqueiro.
Fale um pouco sobre o projeto Fave-
la Mundo, o que ele representou para 
você e como foi trabalhar num projeto de 
cunho social?
Quando o idealizador do Favela Mundo 
- um ator do Rio de Janeiro - me procurou, 
o projeto ainda estava no papel. O entu-
siasmo dele e o teor das propostas sinali-
zavam que estava nascendo algo de muito 
bom para a sociedade.
Hoje, o projeto é um sucesso, oferecen-
do cursos livres de artes para crianças e 
adolescentes e tendo alguns desdobramen-
tos, como o Arte Gerando Renda, que minis-
tra cursos de formação prática em artes e 
artesanato para adultos.
A imagem que cedi tem sido utilizada 
em toda a identidade visual do Favela Mun-
do. Sempre acreditei que é meu dever retri-
buir ao mundo um pouco daquilo que ele 
me proporcionou, principalmente por meio 
do meu trabalho e das minhas imagens.
Por último, você também gosta de 
expor seus hobbies, como reaprovei-
tar coisas. Há mais algum hobbie que 
você tenha?
As transformações que faço nada mais 
são do que minha forma de ver as coisas e 
a nossa relação com o meio-ambiente. Em 
tempos de produtos descartáveis e obsoles-
cência programada, acho fundamental que 
passemos a olhar as coisas de uma maneira 
diferente, dando uma nova chance aos obje-
tos que seriam descartados.
Sou um apaixonado por tecnologia e por 
novidades de qualquer espécie, mas acredi-
to fortemente na busca de um equilíbrio en-
tre inovação e consumo.
Dessa forma, passei a adotar uma pos-
tura de reutilização e reaproveitamento aqui 
no estúdio. Muitos dos móveis daqui têm 
muita história para contar, mas se integram 
perfeitamente com outras coisas mais mo-
dernas. Não vejo sentido em descartar um 
gaveteiro antigo de madeira maciça com 
mais de meio século de existência  se ele 
pode ser restaurado e existir por mais 100 
anos como se fosse novo.
Além de reduzir o descarte e o consumo 
desnecessário, isso acaba sendo um exercí-
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 14 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
cio de design, pois algumas peças acabam 
assumindo outras configurações ou tendo 
outras funções.
Em relação a outras atividades, sou apai-
xonado por esportes. Pratico corrida de lon-
ga distância há mais de 20 anos e sou faixa 
preta de Judô, esporte que comecei a prati-
car há mais de 40.
“Para mim, não importa se é design, 
arte ou ainda uma terceira possibilidade, 
sem definição. 
O que vale mesmo é fazer a diferença na 
vida das pessoas. Tocar, emocionar e provo-
car a reflexão. 
O essencial é contribuir com a socie-
dade, devolvendo a ela um pouco daquilo 
que recebemos. 
O valor do nosso trabalho está em seu le-
gado. No que ele pode oferecer de bom para 
o mundo. 
Para mim, isso é o que verdadeiramente 
importa.” (Morandini)
O mundo pelos olhos de Morandini
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 15 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 16 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DESIGN
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 17 |
Walter Barroso
Uma entrevista com
Com o seu ateliê em bom ritmo e preparando novos 
projetos, o criativo vai gerindo as suas paixões pela ar-
quitetura e pelo Design, consolidando o seu negócio no 
ambiente laboral hostil de São Paulo.
Entrevista por Tiago Krusse | Imagens: Cortesia de Walter Barroso
O que o leva a exercer mais como de-
signer do que como arquiteto? Que fatores 
estão associados a essa predisposição?
Antes mesmo de cursar Arquitetura e Ur-
banismo já esboçava desenhos de mobiliá-
rio e produtos diversos. Nunca deixei minha 
cabeça parar, a todo momento penso em 
algo que possa melhorar a sociedade, trazer 
uma emoção diferente. Durante o curso co-
mecei a participar de concursos de design, 
devido a não estar habilitado ainda a exer-
cer a arquitetura. Meu design foi reconheci-
do por concursos, inclusive duas vezes no 
maior concurso de Design da América Lati-
na, o Salão Design, daí para frente comecei 
a trabalhar somente com design. Este ano, 
já habilitado, começo também a exercer a 
profissão de Arquiteto, que tenho um amor 
imenso. O ser humano e as relações sociais 
e de emoção sentidas, são para mim a força 
motriz do meu design, seja no motivo arqui-
tetônico ou de objeto.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 18 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Quem foram as pessoas que mais o 
marcaram no seu percurso acadêmico e 
que experiências universitárias lhe deixa-
ram memórias mais vivas no seu cotidiano?
Meu percurso acadêmico foi marcado 
por muitos professores que olhavam minha 
trajetória e faziam daquilo uma força motriz 
de apoio, tenho muito a agradecer a uma 
grande professora e amiga, Marcia Aps, que 
sempre teve a gentileza de me apoiar e estar 
disponível; também Mauricio Azenha, grande 
amigo e professor, que constantemente me 
dá dicas e oferece ajuda, Professor Ruy Debs 
Franco, Marcio Brasil, David Lopes, Claudio 
Paneque, meu orientador de trabalho final de 
curso, entre outros, que em seus momentos 
acadêmicos trouxeram alguma informação 
que eu guardo e relembro na hora de resol-
ver problemas da profissão. 
Uma vivência extremamente importante 
na vida foi o período de curso na Universida-
de de Coimbra, que fez a cabeça abrir para 
muitas outras ideias em ambas as áreas, um 
período que tenho saudade e guardarei para 
sempre no meu coração.
Entrevista com Walter Barroso
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14- Março/Abril 2016 | 19 |
Quando decidiu abrir o seu ateliê e 
como tem sido até ao momento gerir um 
negócio que é só seu?
Logo após ter meu trabalho reconhecido, 
comecei a ver que seria ótimo poder traba-
lhar fazendo o design e arquitetura do jeito 
que imaginei. Sempre quis ser o arquiteto 
que leva para casa de todos uma qualidade 
de vida, e é isso que pretendo com projetos 
paralelos e fixos que venho fazendo no de-
correr da carreira.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 20 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Quais são as maiores dificuldades sen-
tidas na gestão do seu ateliê?
Os maiores problemas em questão são 
na área de projetos de mobiliário. Temos 
hoje no Brasil uma dezena de profissionais 
fazendo designs diferenciados, mas ao mes-
mo tempo sem apelo. Mesmo sem apelo de 
design, tudo vem ao mercado levado pelo 
nome do mesmo, isso faz com que o nível 
intelectual do design brasileiro seja duvido-
so. É complicado ver o Brasil pegar referên-
cias de design de países internacionais e ao 
mesmo tempo não dar o devido valor a pro-
fissionais daqui.
Como é trabalhar a partir de uma cida-
de como São Paulo? Como é que planeja a 
sua presença no mercado e como são cria-
das as oportunidades de negócio?
São Paulo é um local de trabalho hostil, 
uma das maiores cidades do mundo. Nada 
por ali pára. O movimento é constante e 
agressivo, é preciso ser forte para aguentar. 
Apesar de inúmeras oportunidades existen-
tes da grande São Paulo, há também a deca-
dência em níveis altíssimos da qualidade de 
vida, que eu pelo menos prezo de maneira 
primordial. Minha presença no mercado de lá 
ainda está em processo de início, mas atra-
vés de um grande projeto que está por sur-
gir, acho que a presença da arquitetura e do 
escritório em si, seja em São Paulo ou nível 
Brasil será bem maior.
Entrevista com Walter Barroso
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 21 |
A sociedade brasileira entende as van-
tagens de procurar o trabalho de um arqui-
teto ou de um designer?
Infelizmente o Brasil ainda está engati-
nhando para esse quesito. Hoje o designer 
tem muito mais valor dentro de uma indús-
tria do que há 5 ou 10 anos. Apesar disso ain-
da vemos muitas indústrias recusando de-
signers, mesmo pagando royalties mínimos. 
Na arquitetura houve uma grande mudança, 
mas da mesma forma, estamos ainda no co-
meço. Creio que em alguns anos o valor de 
um bom arquiteto e designer seja finalmente 
reconhecido, e esse profissional esteja em 
todos os lares e empreendimentos.
Como foi a sua experiência na indústria 
do mobiliário? Como é que o trabalho do de-
signer é encarado dentro de uma empresa?
Desde o começo da carreira de designer 
em 2011 o processo foi vagaroso mas sem-
pre com muito prazer. Tenho a sorte de tra-
balhar com indústrias abertas a novidades 
e que estão sempre dispostas, como a Toca 
da Movelaria, em Arapongas no estado do 
Paraná. Posso dizer com propriedade que o 
trabalho do designer dentro dessa indústria, 
assim como a Empório das Cadeiras, empre-
sa também de Arapongas, é reconhecido de 
forma excepcional. Lá o design é a chave 
para o sucesso.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 22 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Entrevista com Walter Barroso
Como avalia a qualidade dos processos 
de trabalho e o nível de inovação tecnoló-
gica apresentados?
Como disse nos termos do design e ar-
quitetura, estamos começando. Apesar disso, 
temos tecnologias de máquinas importadas 
trabalhando a nosso favor para trazer a me-
lhor qualidade. Algumas grandes indústrias 
como as que falei investem milhões para ter 
a máquina certa e conseguir resultados dig-
nos de artesãos. A qualidade na produção em 
madeira, posso arriscar dizer que é uma das 
melhores do mundo, o Brasil trabalha de for-
ma excepcional com a madeira, apesar disso 
temos muitas dificuldades quando chegamos 
a assuntos como plástico injetável, fibra de 
vidro, entre outros. Estes são processos que 
deixam o custo extremamente alto.
O que fazem as empresas de mobiliário 
em relação aos produtos que vão lançan-
do? Há preocupações e investimento na 
forma como esses produtos vão ser comu-
nicados aos consumidores?
Totalmente, a preocupação da indústria 
com o design e como ele chegará ao con-
sumidor é total. Todos os designers passam 
pelo crivo da empresa para a decisão dos 
melhores designs e seguindo as tendências 
de mercado do ano. O investimento é anu-
al. Todos os anos indústrias como as que eu 
trabalho, fazem grandes investimentos para 
melhorar a qualidade dos produtos e poder 
chegar a um produto final que comunique de 
forma afinada ao público.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 23 |
Quais são os principais objetivos do seu 
ateliê para os próximos anos e quais as no-
vidades que tem em carteira? 
Novidades o ateliê possui todos os dias, 
a criação por aqui não pára, apesar disso 
existem outros projetos importantes sendo 
desenvolvidos na área de arquitetura. Um 
projeto importante está em desenvolvimen-
to e será lançado em breve, não posso co-
mentar sobre no momento, mas posso ga-
rantir que serão os primeiros a publicar algo, 
quando lançar.
Quais são as suas maiores aspirações e 
preocupações profissionais?
Um dos meus maiores sonhos é: ver o 
“arquiteto” como um profissional essencial 
para qualquer parte, seja na construção ou 
interiores, acho que todos, sem exceção tem 
que ter contato com um profissional da área, 
esse é o profissional que te dá qualidade 
de vida, e qualidade de vida é a chave para 
viver bem. Quanto à preocupação, te digo 
a verdade, me preocupo com tudo, quero 
sempre tudo em ordem, e é através desse 
novo projeto futuro que tentarei trazer essa 
ordem para a arquitetura e logo logo, levar 
a qualidade a todos os lares. Todos têm que 
ter o direito de viver bem e felizes.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 24 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DESIGN
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 25 |
Design Indaba
A better world through creativity.
Texto: Mayara Wal | Imagens: Divulgação / Design Indaba
Design Indaba é uma plataforma multi-
disciplinar que acredita em um mundo me-
lhor através da criatividade, é formado por 
um site (designindaba.com) e um Festival 
anual. Indaba, tem dois significados em zulu, 
“reunião de pessoas” e “novidade”. Ravi Nai-
doo, idealizador do projeto, uniu os dois em 
um evento de caráter didático, que coloca o 
ouvinte no centro das atenções. São três dias 
de conferências que reúnem novos talentos 
e profissionais renomados nacionais e inter-
nacionais de várias especialidades. Entre os 
brasileiros que já participaram da conferên-
cia estão Marcelo Rosembaum, Alex Atala e 
Fred Gelli nessa edição.
O festival acontece desde 1995 na Cidade 
do Cabo, e desde então se tornou referên-
cia no cenário criativo global. O evento atrai 
e apresenta os talentos e destaques da área, 
apóia projetos, negócios criativos e iniciati-
vas educacionais. Suas publicações online 
atingem mais de meio milhão de visitantes/
ano. A primeira edição aconteceu apenas dez 
meses após as eleições que levaram Man-
dela à Presidência do país. “Quando Mandela 
venceu as eleições em abril de 1994, o efeito 
em nós, sul-africanos, foi como um tsunami 
interno, uma revolução dos ânimos. Era o mo-
mento de recomeçar a escrevera história do 
nosso país”, relembra Ravi Naidoo.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 26 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Design Indaba
Festival 2016
O Festival desse ano aconteceu nos dias 
17, 18 e 19 de fevereiro. E já comecou o primei-
ro dia com histórias de colaboração, comuni-
dade e “coragem criativa”.
DIA 01 – Seleção de algumas das pales-
tras do primeiro dia.
A primeira apresentação foi do casal Stevo 
Dirnberger e Chanel Cartell. Eles têm uma his-
tória legal com o festival, dizem que foram ins-
pirados por uma palestra do Stefan Sagmeister 
no evento de 2014, resolveram pedir demissão, 
vender tudo e viajar pelo mundo. Criaram en-
tão o projeto “How Far From Home” onde falam 
sobre o poder do tempo livre e de sair da zona 
de conforto para extimular a criatividade.
Depois foram Paloma Strelitz e James 
Binning, membros do Assemble, que deram 
continuidade ao evento. O coletivo de arquite-
tura ganhou o Prêmio Turner 2015, organizado 
pela Tate Gallery, que premia artistas visuais 
de todas as catergorias. Falaram um pou-
co sobre o estilo de trabalho colaborativo 
do coletivo. Se aproxima muito do ativismo 
urbano e arquitetura, mas também envolve 
designers, artistas e a população em geral. 
Trabalham de uma maneira que transforma 
o ambiente em um espaço de participação 
pública e orgulho. Acreditam que a criativi-
dade e o coletivo transformam. 
Nick Finney e Alan Dye foram apresen-
tar o NB Studios, o estúdio que eles criaram 
seguindo o mantra “creative courage”, co-
ragem criavita (tradução livre). Ao invés de 
uma paletra tradicional, os dois resolveram 
representar uma situação na qual apresen-
tavam um pitch para um cliente. Pontuaram 
em forma de manifesto as coisas não ditas e 
interações entre cliente e agência: 
Aprenda as regras antes de quebrá-las; 
Suposição é a mãe de todos os erros; Inde-
cisão mata; Seja seu próprio cliente; Se tudo 
é importante, então nada é importante; Fale 
a verdade, esteja em tempo; A vida é muito 
curta para não ser um designer.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 27 |
Hillary Cottam, empreendedora social 
britânica, falou sobre sistemas de design 
que promovem trocas e relacionamentos, 
podem transformar a vida das pessoas. 
É fato que no Reino Unido mais pesso-
as morrem de solidão do que de câncer. 
Pensando sobre como resolver esse pro-
blema Cottam desenvolveu um sistema 
em uma comunidade ao sul de Londres 
chamado Circle. O sistema promove a in-
teração dos residentes para ajuda mútua 
em troca de créditos. Uma vez que o re-
lacionamento entre os moradores ficou 
mais forte, a ida ao médico caiu em 70% 
do habitual, sendo que muito se devia à 
carencia por contato humano.
Erik Kessels ensinou a importância de 
se fazer de “idiota” ao menos uma vez por 
dia. Ele que é um dos homens mais in-
fluentes da Holanda, publicitário, galeris-
ta, editor e artista com um estilo impecá-
vel, um dos donos da Kesselskramer. Seu 
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 28 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Design Indaba
trabalho é cheio de humor e muito inte-
ligente, como a campanha do Pior hotel 
de Amsterdã, feita com muitas imagens 
bizzaras encontradas.
Alfredo Brillembourg, arquiteto vene-
zuelano esteve no festival em 2012, e en-
quanto estava pela África do Sul começou 
a investigar como poderia fazer diferença 
nos municípios densamente povoados em 
volta da Cidade do Cabo. Desde então co-
meçou a trabalhar no Empower Shack. Um 
projeto piloto de habitação popular, o pro-
jeto tem como objetivo desenvolver mora-
dias de forma compreensiva e sustentável. 
A palestra de Brillembourg foi um vibrante 
apelo à ação e sublinhou que coletividade 
e pensamento global é a chave para salvar 
nossas cidades.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 29 |
DIA 02 – Teve arquitetura japonesa, cozi-
nha espanhola e até rock sueco.
Os gêmeos egipcios Haitham and 
Mohammed El Seht, do Twins Cartoon, 
deram um insight sobre o mundo dos 
cartoons árabes. São os idealizadores do 
projeto “Kawkab el rasameen”, Pintores 
do planeta ( tradução livre), que cresceu 
em uma grande comunidade de artistas 
locais que promove intercâmbios e trocas 
entre profissionais e amadores. Mais re-
centemente os irmãos fundaram a Garage 
Comic Magazine.
O Brasil teve sua presença muito bem 
representada esse ano pelo Fred Gelli, 
dono do Estúdio Tatil. Responsável pelo 
look and feel da identidade visual das 
Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016 no 
Rio. Gelli contou que a inspiração do seu 
trabalho vem da natureza. Seu trabalho 
é muitas vezes multi-sensorial pois acre-
dita que emoção é uma importante fer-
ramenta para conexão. Um bom exemplo 
é a logo das Paralimpíadas que inclui 
elementos sonoros.
Elena Arzak do Restaurante Arzak, é a 
quarta geração da família a trabalhar na cozi-
nha do restaurante que é inspirado nos tradi-
conais sabores da região do país Basco. A chef 
diz que a razão do sucesso do restaurante é a 
inovação. Ela acredita que a comida que ser-
vem é totalmente única, cada prato conta uma 
história, pois cozinhar é uma ferramente social 
de compartilhamento de experiências e me-
mórias, que cria conexões e ajuda a construir a 
identidade de um certo local.
Sou Fujimoto, o trabalho desse arquiteto 
se baseia no âmbito fídico e filosófico. Ele 
acredita que a arquitetura não deve delimi-
tar espaços pelas suas funções, pelo contrá-
rio, deve permitir que as pessoas modelem 
suas próprias experiências. Como exemplo 
de seu trabalho único, o Serpentine Pavilion 
e Mille Arbres em Paris.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 30 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Design Indaba
DIA 03 – Fechando a edição 2016 com um 
mix eclético de talentosos designers.
Thomas Poulsen, artista dinamarquês, 
conhecido como FOS, possui um mix de 
projetos bacanas no seu portfólio. Desde 
a criação da decoração das lojas da Celine 
(marca de alta custura francesa), um bar flu-
tuante na bienal de Veneza, projetos arquite-
tônicos até exposições de arte. O pivô do seu 
trabalho é o encorajamento da participação 
das pessoas nos espaços públicos. FOS, que 
sabe misturar muito bem as duas áreas, diz 
que o design deseja criar soluções enquanto 
a arte é um modelo de dúvidas.
Alex McDowell, gênio cinematográfico e 
designer estabelecido em Los Angeles, des-
creve seu trabalho como “world building”, 
construindo mundo (tradução livre), e acredi-
ta que logo as histórias vão ser contadas em 
uma linha menos linear. Estamos entrando 
em uma era pós-cinematográfica, com reali-
dades virtuais e aumetadas.
Para finalizar o evento, tiveram ainda pa-
lestras com o mestre em palavras Naresh 
Ramchandani, designer espanhol de reno-
me Jaime Hayon e um grand finale com uma 
apresentação e discussão sobre o mundo da 
música com Imogen Heap.
Para quem ficou curioso, todas as pales-
tras ficam disponíveis em vídeo na plataforma 
online do festival. Assistam e fiquem ligados 
nas novidades e nos próximos eventos.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 31 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 32 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DESIGN
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 33 |
Eu me tornei designer por acidente. En-
trei no curso sem nem saber o que era e vi-rou uma grande paixão. Me formei em 2004 
e resolvi seguir carreira. Sou muito curiosa 
e gosto de me desafiar, por isso fui do im-
presso à interface.
Meu processo criativo já começa na con-
versa com o cliente. Um briefing bem fei-
to me inspira. É um desafio alinhar o que o 
cliente quer com o que o público dele quer. 
Adoro criar projetos autorais também, isso 
mantém minha criatividade em dia. Cada 
trabalho, pra mim, é como montar um que-
bra-cabeça de ideias que absorvi, o que me 
leva à essência do projeto. 
Acho que realizar trabalhos em vá-
rios estilos enriquece a bagagem cultural 
e ajuda a identificar as necessidades do 
mercado. Tenho meu estilo, mas não me 
prendo a ele, mantenho a cabeça aberta 
para as tendências. Isso me dá uma me-
lhor percepção visual do mundo e uma 
experiência que ajuda a comunicar para 
públicos diferentes.
Por isso que ter um estilo é legal, mas 
saber ultrapassá-lo é melhor ainda.
Rebecca Agra
Portfólio: 
www.behance.net/agradoce
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 34 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 35 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 36 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 37 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 38 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
DESIGN
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 39 |
Designer gráfico desde 2002. Apesar de 
ter estudado mecânica geral no SENAI e 
exercido a profissão dos 15 aos 18 anos, de-
cidi mudar minha carreira.
Era um tempo de novidade da tecnologia 
e crescimento da internet que fez com que 
eu me apaixonasse pela área de criação. 
Curioso, fui pesquisando e aprenden-
do na prática, mas também me especia-
lizei como designer gráfico pela Escola 
Impacta de Tecnologia.
Trabalhei na área gráfica onde aprendi 
o processo desde um cartão de visitas até 
uma embalagem mais complexa, mas sem-
pre explorando novas oportunidades.
Expandi meus conhecimentos trabalhan-
do como designer e fotógrafo de produtos 
em uma importadora, depois fui para a área 
de comunicação visual onde descobri novas 
ferramentas como o 3D Max, que me propor-
cionou novas experiências na área de even-
tos como projetista de stands e cenografia.
No site Maranata Design estão alguns 
dos meus projetos e carreira profissional.
Não consigo me desligar do design, ele 
está no meu trabalho, nos meus momentos 
de descanso, nos meus projetos pessoais e 
nos meus hobbies.
Marcelo Silva
Portfólio: 
www.maranatadesign.com
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 40 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 41 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 42 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 43 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 44 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
ARQUITETURA
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 45 |
Intesa Sanpaolo
Edifício sede do Banco
Ícone de sustentabilidade, um dos prédios mais
altos de Turim é laboratório ambiental e social.
Texto: Danielli Wal | Imagens: Cortesia de Renzo Piano Building Workshop
A cidade emoldurada por montanhas e 
com poucos edifícios altos, acolhe bem o 
edifício que foi projetado respeitando seu 
entorno e sua história. Renzo Piano idealizou 
além de um arranha-céu, um projeto urbano 
com uma urbanidade discreta que o une aos 
habitantes da cidade.
A sede do banco Intesa Sanpaolo se lo-
caliza nas imediações da estação Porta Susa, 
em uma zona estratégica e importante da 
cidade devido a sua proximidade ao centro 
histórico, a uma concentração excepcional 
de serviços públicos e instalações de escala 
metropolitana. Um dos vários benefícios para 
as imediações foi a revitalização do jardim 
adjacente, Giardino Nicola Grosa, em espaço 
lúdico de convivência, que é acessado atra-
vés da galeria que cruza o hall de entrada da 
sede do banco.
A torre de 38 andares, ou 166 metros, di-
vide-se em três pavimentos de garagens, um 
jardim rodeado por um restaurante e um jar-
dim de infância, um pavimento de serviços, 
26 andares dedicados a escritórios e um pa-
vimento para academia, com espaços e servi-
ços abertos ao público.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 46 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
A vocação pública do edifício é revelada 
através de dois volumes em especial. O vo-
lume mais baixo é ocupado por uma sala de 
conferência flexível que acomoda até 364 
pessoas e, transforma-se, de acordo com a 
necessidade do evento, de sala de confe-
rências a de exposições, apresentações ou 
performances.
A estufa bioclimática, com ventilação na-
tural, é o segundo volume em questão. Com 
três níveis abertos ao público, abriga um 
restaurante com jardim, sala de exposições 
e um terraço no telhado.
A torre bioclimática está repleta de al-
ternativas sustentáveis, uma delas é a fa-
chada de vidro duplo, que possui um sis-
tema de aberturas e telas solares com 
persianas motorizadas para controlar a per-
da de calor no inverno, a entrada de calor 
no verão e proteger o edifício nos dias de 
sol mais intenso.
Ao leste e ao oeste, colunas que definem 
o volume dos elevadores e das escadas con-
ferem identidade ao projeto. Ao sul, as esca-
das de conexão dos andares estão imersas 
em um jardim de inverno vertical, onde trepa-
deiras e a fachada motorizada filtram a luz.
Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo
Fo
to
g
ra
fia
: E
nr
ic
o 
C
an
o
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 47 |
Fotog
rafia: Enrico C
ano
Fotog
rafia: Enrico C
ano
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 48 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
A preocupação com as condições dos es-
paços de trabalho também caracteriza o edi-
fício que recebe mais de 2000 funcionários e 
convidados. A qualidade do espaço dos escri-
tórios, com pé direito alto e iluminação indire-
ta natural, demonstra a atenção especial com 
qual foram pensados.
O projeto da sede do banco Intesa Sanpa-
olo resulta de pesquisas avançadas que apro-
veitam as fontes naturais de energia presen-
tes no entorno. A água subterrânea é utilizada 
para o resfriamento dos escritórios e a energia 
solar é captada por toda a fachada sul, através 
de painéis fotovoltaicos. No verão, o ar frio da 
noite é armazenado em estruturas de concre-
to entre os pisos, e transmitidos aos escritórios 
durante o dia através de painéis de irradiação.
A otimização da energia consumida, a 
maximização da utilização de iluminação 
natural e o avançado sistema de automa-
ção em conjunto com estratégias passivas, 
reduzem o consumo de energia e garantem 
conforto térmico ao edifício. Tais estratégias 
combinadas com o planejamento antecipa-
do ajudam na certificação do edifício com o 
selo LEED¹ Platina.
Como as montanhas encapadas pela 
neve que emolduram Turim, a torre é co-
berta por uma combinação de materiais 
brancos fotossensíveis que formam va-
riações sutis de acordo com o horário do 
dia e as estações do ano, e faz com que o 
prédio seja quase imaterial e luminescen-te como o gelo.
Edifício sede do Banco Intesa Sanpaolo
Fotografia: Enrico Cano
Fotografia: Enrico Cano
Fotografia: Enrico Cano
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 49 |
Tão belo quanto eficiente. A preocupação 
com a urbanidade e sustentabilidade justificam 
o premiação ArchDaily Building of the year 2016. 
O prêmio é baseado na inteligência coletiva de 
55 000 leitores do site ArchDaily, que filtraram 
dentre os mais de 3 000 projetos apresenta-
dos no site de arquitetura em 2015, para eleger 
5 finalistas e então, o vencedor. Dentre as cate-
gorias selecionadas há projetos de arquitetos 
brasileiros, inclusive uma casa em São Paulo, 
mas este projeto fica para uma próxima!
Ficha Técnica
Intesa Sanpaolo office building - 2006-2015
Local: Turim, Itália
Cliente: Intesa Sanpaolo
Autor: Renzo Piano Building Workshop, ar-
chitects _ http://www.rpbw.com/
Concurso, 2006.
Equipe: P.Vincent, W.Matthews, C.Pilara with 
J.Carter, T.Nguyên, T.Sahlmann and V.Delfaud, 
A.Amakasu; O. & A. Doizy
Equipe de projeto: P.Vincent and A.H.Teme-
nides (parceiro), C.Pilara, V.Serafini, with A.Al-
borghetti, M.Arlunno, J.Carter, C.Devizzi, V.Del-
faud, G.Marot, J.Pattinson, D.Phillips, L.Raimondi, 
D.Rat, M.Sirvin and M.Milanese, A.Olivier, J.Var-
gas; S.Moreau (aspectos ambientais) ; O.Aubert, 
C.Colson, Y.Kyrkos , A.Pacé (maquetes).
Equipe de consultoria: Inarco (arquitetu-
ra); Expedition Engineering / Studio Ossola / 
M.Majowiecki (estrutura); Manens-Tifs (serviços); 
RFR (fachada); Eléments Ingénieries / CSTB / 
RWDI (estudos ambientais); Golder Associates 
(hidrogeologia); GAE Engineering (prevenção 
de incêndio); Peutz & Associés / Onleco (acús-
tica); Lerch, Bates & Associates (transporte ver-
tical); SecurComp (security); Cosil (iluminação); 
Labeyrie & Associés (equipamentos de áudio 
e vídeo); Spooms / Barberis (equipamentos de 
cozinha); Atelier Corajoud / Studio Giorgetta 
(paisagismo); Tekne (custos); Michele De Lucchi 
/ Pierluigi Copat Architecture (interiores); Jaco-
bs Italia (supervisão de obra).
¹ O certificado LEED (Leadership in Energy and 
Environmental Design) é concedido pela Organiza-
ção não governamental-ONG americana U.S. Gre-
en Building Council (USGBC) e certifica as cons-
truções sustentáveis em selos variados de acordo 
com critérios pré estabelecidos de racionalização 
de recursos que um edifício deve atender.
Fo
to
g
ra
fia
: E
nr
ic
o 
C
an
o
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 50 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
ARQUITETURA
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 51 |
Desde pequeno sempre fui apaixonado 
por desenho. Meu sonho era ser cartunista, 
mas acabei começando meu ensino médio 
juntamente com um curso de técnico em 
eletrônica e deixei o desenho de lado.
Logo que formei conheci o Autocad e 
me apaixonei. Comecei a trabalhar como 
“cadista” e nesse meio tempo conheci o 
Blender. Me apaixonei perdidamente pelo 
mundo 3D e comecei a aprender maquete 
por conta própria, sempre na internet e com 
vídeos do YouTube.
Inicialmente usando Blender, acabei 
percebendo que o 3ds Max era mais am-
plamente usado no mercado e resolvi mi-
grar para ele.
Depois de um tempo estudando e 
montando um portfólio, trabalhei numa 
empresa de ilustração tridimensional por 
três meses e atualmente trabalho como 
“cadista” e freelancer.
Sou acadêmico de arquitetura pela uni-
versidade Universidade Nilton Lins. Tenho 
23 anos, moro com meus pais na cidade de 
Manaus e gasto a maior parte do meu tem-
po aprendendo 3D. Após formado pretendo 
abrir um escritório de arquitetura e ilustra-
ção arquitetônica.
Fillipe Farias
Portfólio: 
www.fillipefarias3d.com
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 52 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 53 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 54 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 55 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 56 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
ARTE
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 57 |
Goya Lopes
A estampa brasileira tem a cara da estilista.
Texto: Eduardo Madeiro | Imagens: Cortesia de Goya Lopes
Como não falar de estampa sem falar 
na influência africana e indígena na moda? 
E que tal transformar isso tudo em uma 
mistura abrasileirada.
A moda de estampas étnicas surgiu forte 
nos anos 60. Muito se deve à influência hippie 
norte americana. O clima de “paz e amor” grita-
va mais forte nas pessoas que estavam lutando 
por um mundo de igualdade, e aqui no Brasil 
essa onda não seria diferente. 
O Tropicalismo foi o movimento que se 
apropriou da ideia hippie americana, porém 
com uma nova linguagem. Os jovens brasileiros 
queriam a palavra na sociedade, queriam mos-
trar nossas raízes nacionais.
E onde entra a estampa nesse contex-
to? A nova geração não queria parecer com 
seus pais, com a ideia de padronização nas 
roupas neutras para se “encaixar” no mo-
delo de sociedade perfeita estipulada pelo 
“politicamente correto” a ser copiado. Se-
ria o momento de colocar a “cara a tapa” e 
questionar que país era o Brasil. Nossos jo-
vens buscavam achar um ponto de referên-
cia nacional, pois suas lutas eram outras em 
comparação aos americanos.
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 58 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Goya Lopes
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 59 |
A caça de encontrar uma identidade pró-
pria brasileira era aparentemente a grande 
base do movimento tropicalista. Músicos 
como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Gosta 
e Maria Bethânia eram alguns dos ativistas 
nessa nova mudança de geração. Usando 
como forma de expressão suas músicas e 
seus corpos.
As indumentárias tinham grande apelo vi-
sual nesse período, onde eram explorados a 
sensualidade, a atitude e o grito de mudan-
ças. Uma miscelânea cultural que unia refe-
rências de nossas tribos indígenas e nossas 
influências negras. Logo caiu em gosto popu-
lar por refletir grande alegria de liberdade.
No Brasil, nossos jovens encontraram 
vários meios de ser expressar, inclusive no 
caminho das artes como um grande meio 
de comunicação de luta pelos seus direitos 
contra uma ditatura que buscava calar. Nessa 
luta, podemos citar a estilista Zuzu Angel, que 
encontrou na moda uma forma de gritar toda 
sua indignação que estava sofrendo na sua 
vida pessoal, além de relatar ao mundo uma 
ditadura que “sumia” com seus presos polí-
ticos no país. Ela fez coleções em busca de 
expressar todo aquele acontecimento de dor 
e de expectativa que se misturavam a borda-
dos, cores e estampas. A esperança de uma 
mãe, Zuzu, em busca de justiça.
Hoje o Brasil tem uma grande influência 
no mercado da moda internacional com suas 
estampas, graças à mistura cultural nacio-
nal. Temos grandes marcas, estilistas, desig-
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 60 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
ners de superfície e, acima de tudo, grandes 
pessoas criativas que trabalham no ramo 
da costura e varejistas em geral que conse-
guem fugir do modismo atual do mercado de 
moda fashionista.
Podemos citar como exemplo de esti-
listas quese reinventam e buscam inspira-
ção em novas releituras étnica, a estilista 
Goya Lopes, uma profissional que busca 
fugir desse mercado maçante de venda por 
quantidade. Ela busca uma relação de mui-
to carinho e respeito com suas estampas. 
Nota-se em seus trabalhos uma nova rou-
pagem ao tema étnico. Suas leituras de 
estampa étnicas tem uma brasilidade. A 
preocupação de acrescentar cores e no-
vas formas ao seu trabalho fica bem visível 
como podemos observar nas imagens.
Fui perguntar à Goya se seu trabalho tinha 
relações com essas influências, a qual obser-
vei no meu processo de pesquisa para com-
parar suas estampas.
Goya, qual a sensação de conseguir se 
expressar através de suas estampas, você 
sente que consegue transmitir uma verda-
de nos seus trabalhos? Tem um contexto de 
resgate de raízes culturais?
Goya Lopes: Meu trabalho tem sim a in-
tenção de ousar, ter a coragem de criar e 
construir novos padrões que transmitem a 
nossa história, nossa ancestralidade, nossa 
luta e cor local, com um reconhecimento e 
identificação verdadeiramente vinculada à re-
ferência de raízes culturais.
---
Respondida minha pergunta, como não 
dizer que Goya é uma linda? No melhor jeito 
informal de um elogio à estilista, em conseguir 
manter o resgate nacional da história brasileira. 
Viva a moda brasileira, viva o povo nordestino.
Fiquem à vontade para se deliciar com 
as belas estampas da coleção da estilista. 
Aproveitem e busquem acessar seu e-com-
merce no site: www.goyalopes.com.br
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
DMBr #14 - Março/Abril 2016 | 61 |
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
| 62 | DMBr #14 - Março/Abril 2016
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com

Continue navegando