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resenha espaço dividido

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
RESENHA
Discentes: Mauro Roger Gonçalves
Uberaba 2017
RESENHA DE LIVRO
SANTOS, Milton. Espaço Dividido: os dois circuitos da economia Urbana dos Países subdesenvolvidos. 2ª ed. São Paulo: Edusp, 2008. 440 p.
 Dentre muitos geógrafos preocupados com o entendimento pleno do objeto de estudo, Milton Santos se destaca, expondo de forma abrangente, importantes considerações inerentes ao espaço geográfico, levantando hipóteses que fluem sempre para uma concepção precisa e clara, fazendo com que o assunto se torne familiar a quem o estuda. Em sua obra intitulada "o espaço dividido", ele vem justamente levantando todas as questões do espaço geográfico. Ao longo do livro, Santos aborda a importância de elementos na configuração espacial, sobretudo a relação com o tempo e o desenvolvimento e aplicação da técnica, ambos importantes atores no ato de compreensão do espaço. Toda ciência tem o seu objeto de estudo. Partindo desse princípio, cada grupo de conhecimentos passa a ser sistematizado e organizado em função de um tema que se objetiva a todo o processo de construção de determinada disciplina; dessa forma, a mesma adquire sua autonomia e configura se de forma destacada no entendimento de cada pessoa. O comportamento do espaço acha se assim afetado por essas enormes disparidades de situação geográfica e individual. Essa seletividade do espaço, no nível econômico assim como no social, é, a nosso ver, a chave da elaboração de uma teoria espacial. A formação e a transformação desses espaços derivados dependem de dois fatores: 1) o momento da intervenção das primeiras forças externas; 2) os impactos sucessivos de outras modernizações. O primeiro impacto faz o pais ou uma região entrar no sistema mundial; o impacto sucessivo de outras modernizações vem acrescentar novos dados de origem externa às situações presentes. Antes, nenhum polo de civilização relativamente mais avançada (tais como o mundo árabe ou a china) tinha sido capaz de se impor a tonalidade do planeta. Assim, teríamos uma modernização comercial, uma modernização industrial e uma modernização tecnológica, correspondendo a outros tantos períodos da história do subdesenvolvimento. Além do mais, nem sempre e possível datar corretamente as atividades do circuito superior, já que o que as define não é exatamente a sua idade, comparada a das atividades semelhantes dos países desenvolvidos, mas sua forma de organização e de comportamento. Quanto ao circuito inferior, parece difícil denominá-lo tradicional, não somente porque é um produto da modernização, mas também porque está em processo de transformação e adaptação permanente e ainda porque, em todas as cidades, uma parte de seu abastecimento vem, direta ou indiretamente, dos setores ditos modernos da economia. Assim sendo, e melhor adotar um outro termo que, sem dúvida, não e perfeito mais que ao menos tem o mérito de chamar atenção para um aspecto que nos parece importante: o dá dependência do circuito inferior em relação ao circuito superior. Simplificando, pode apresentar o circuito superior como constituídos pelos brancos, comercio e indústria de exportação, indústria urbana moderna, serviços modernos, atacadistas e transportadores. O circuito inferior é constituído essencialmente por formação de fabricação. Não – “capital intensivo”, pelos serviços não modernos fornecidos “a varejos” e pelo comercio não moderno e de pequena dimensão. No circuito superior, pode distinguir atividades “puras”, “impuras” e “mistas”. Circuito superior: as relações vendedores -fornecedores são ditadas pela dimensão do estabelecimento comercial. O recurso a um intermediário, às vezes, é necessário, mas isso depende também do nível de industrialização do pais. Em todos os casos, as firmas d comercio moderno ficam na dependência do crédito, e a obrigação de honrar seus compromissos pode obrigá-lo a recorrer a vários bancos ou mesmo as formas usuárias de credito. Os supermercados e as grandes lojas são fortemente sustentados pelas estruturas bancárias ou então eles mesmos controlam os bancos. Voltando a distribuição o comercio do circuito superior depende estreitamente dos fornecimentos que vem tanto das importações, dos transportes e também da moeda. A presença de estrangeiros no comercio é função do nível econômico do país ou da região. A industrialização dos países subdesenvolvidos enfrenta atualmente dificuldades cada vez mais graves. Seus problemas estão ligados principalmente as servidões da tecnologia, em renovação constante e fonte de uma dependência crescente em matéria de equipamentos, matérias-primas, know-how e capitais. Trata-se de um verdadeiro processo de “substituição da produção” dos países ricos, o que é chamado nos países pobres de “industrias de transformação” ou de industrias de “reexportação”. O fenômeno não é exclusivo do mundo capitalista. As importações totais da união soviética dobram entre 1960 e 1969. Registram-se significativos aumentos de exportação de produtos têxteis, de calçados de couro e também cacau, café, arroz e frutas frescas. O circuito superior marginal pode ser o resultado da sobrevivência de formas menos modernas de organização ou a resposta a uma demanda incapaz de suscitar atividades modernas. Essa demanda pode vir tanto de atividades modernas, como do circuito inferior. esse circuito superior marginal tem, portanto, ao mesmo tempo um caráter residual e um caráter emergente. Nas cidades intermediarias e o caráter emergente que dominam. A questão dos monopólios torna se de fato essencial para compreensão dos problemas microeconômicos e macroeconômicos. Tal situação está ligada a lógica interna das situações de monopólio. A indivisibilidade cada dia maior do investimento contrasta a fuga dos capitais para os países desenvolvidos. Esses capitais retornam em seguida sob a forma de nova tecnologia através dos monopólios e, portanto, com poder de impor preços administrados, o que libera a nova firma das possíveis coações de um mercado estreito. A própria dimensão da empresa constitui uma garantia suplementar do controle do mercado. o pensamento de Milton Santos sobre as relações entre a técnica e a sociedade e entre a técnica e o território nos permite identificar, em seus escritos, a cuidadosa construção de um argumento que privilegia a dialética e mergulha no entendimento do espaço para discutir suas categorias analíticas, a configuração territorial, a divisão territorial do trabalho, as formas conteúdos, é seus recortes espaciais. A paisagem e o lugar, entre eles. Desse conjunto evolutivo de estudos destacam-se duas formulações importantes no âmbito das pesquisas e intervenções da arquitetura e do urbanismo: a noção de território usado e a proposição dos dois circuitos da economia nas cidades dos países em desenvolvimento. considerando-se o contexto atual (modernização tecnológica), os países subdesenvolvidos têm sua configuração espacial afetada de modo determinante pela difusão da informação e do consumo, geradoras de forças de dispersão e concentração que se refletem no espaço geográfico. A modernização também trouxe a tais países o desemprego e a instabilidade da renda, o êxodo rural, além do aumento das disparidades sociais e econômicas dentro da população de modo geral, sobretudo nas cidades. A mecanização dos processos industriais e agrícolas teve forte participação nesse processo, contribuindo também para a diminuição dos postos de trabalho. Portanto se estabelece um contraste social: de um lado uma minoria da população possui condições de consumir bens e serviços, em detrimento de uma maioria que não possui condições para tal. Assim, a realidade urbana dos países de Terceiro Mundo divide-se em circuito superior e circuito inferior da economia. O circuito superior está ligado aos benefícios do progresso tecnológico e a parte da população que pode usufruir os mesmos, enquanto no circuito inferior estão aqueles que não podem pagar por tais benefícios.Em Salvador, ambos os circuitos estão expressos na configuração espacial da cidade de maneira bem evidente, uma vez que os bairros são ocupados de acordo com a classe social, que por sua vez é determinada, sobretudo, pela renda. Sendo assim, nesse caso a segregação socioeconômica é materializada na segregação espacial. Bairros com características completamente opostas convivem lado a lado, e há casos em que as duas realidades estão presentes no mesmo bairro. os circuitos possuem relação direta com a divisão de classes sociais (classe rica, média e pobre) uma vez que a população se distribui pelos mesmos de acordo com sua faixa de renda. A população circula entre os circuitos principalmente através da compra de bens (a classe média interage com os dois circuitos), também podendo ocorrer venda da força de trabalho de pessoas de classe baixa para os setores produtivos que fazem parte do circuito superior. A classe média interage de modo amplo, movimentando os dois circuitos, uma vez que possui renda superior a classe baixa, consegue assim usar parte do seu poder de compra para adquirir alguns bens pertencentes ao circuito superior, na medida em que satisfaz suas necessidades básicas (ligadas à sobrevivência) através dos bens e serviços do circuito inferior. Essa realidade é muito evidente na cidade de Salvador, onde a maior parte da população é pobre e se distribui em termos de ocupação de acordo com o nível de qualificação, mesmo que baixa. Muitos fazem parte do mercado informal, sobretudo trabalhando como ambulantes, enquanto alguns ocupam postos de trabalho que assessoram a dinâmica da vida daqueles que fazem parte da classe alta e média, de edifícios empresariais ou no setor institucional, através de profissões como porteiro, motorista, zelador, diarista, dentre outros. Através desse exemplo é possível perceber como o circuito superior é em muitos setores alimentado pelo circuito inferior. Nos países de Terceiro Mundo, a produção é organizada segundo modelos internacionais tendo como objetivo atender a interesses também internacionais, deixando de lado o mercado interno e as reais necessidades da população de cada cidade. A partir de medidas como estas, a disparidade entre circuito superior e inferior seria superada, na medida em que a natureza do circuito inferior seria modificada a partir de tais iniciativas, tanto no que tange as atividades (predominantemente informal) quanto à população que o integra (com baixa renda e qualificação). Para tanto o Estado tem papel fundamental para defender os interesses nacionais diante das articulações externas com cada país e garantir a prevalência dos interesses para o bem comum e para o bem-estar social. O circuito ainda terá, portanto, um papel a desempenhar no processo de mudança. Mas será necessário evitar que sua forma de transição não seja uma solução permanente.

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