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Doença de Chagas 938348

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Doença de Chagas
Casas de pau-a-pique em Lassance 
(MG), onde foi identificada a doença 
de Chagas 
Chagas e Belisário Penna com a equipe 
que trabalhava no prolongamento da 
estrada de ferro Central do Brasil, na 
região de Pirapora (MG)
1907 – Berenice – criança de 2 anos
• A enfermidade causada pelo Trypanosoma cruzi ( protozoaário
flagelado).
• Doença humana que durante a fase crônica sintomática apresenta
mudanças na fisionomia anatômica do miocárdio (forma cardíaca)
ou do tubo digestivo (esôfago e cólon; forma digestiva), ou de
ambas.
Hospedeiros e vetores
– Vetores - Triatomídeos
–Triatoma infestans – Barbeiro
Com a interrupção da transmissão vetorial por Triatoma infestans no 
país, quatro outras espécies de triatomíneos têm especial importância 
na transmissão da doença ao homem: 
T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata e T. 
sórdida, T. vitticeps, Rhodnius robustus e P. Lutzi.
– Hospedeiros vertebrados (reservatório natural) -
tatu e gambá
– Hospedeiro acidental – homem e outros animais silvestres 
e domésticos.
Formas do Trypanosoma cruzi
• Tripomastigota: sangue e espaço 
intercelular dos hospedeiros vertebrados. 
• Amastigota: interior das células dos 
hospedeiros vertebrados infectados.
• Epimastigota: tubo digestivo do inseto 
vetor (Triatoma – Barbeiro).
Formas do Trypanosoma cruzi
•Tripomastigota:
Forma alongada (podendo se apresentar como formas finas e largas), com 
cinetoplasto arredondado localizado na região posterior ao núcleo; flagelo 
emerge da bolsa flagelar próxima ao cinetoplasto. O flagelo se adere ao longo 
do corpo do parasito, tornando-se livre na região anterior. 
Forma altamente infectante.
Encontrada no inseto vetor (intestino, no reto); nos hospedeiros vertebrados 
(sangue e espaço intercelular ) e culturas de células infectadas.
•Amastigota
Forma arredondada, com cinetoplasto na região anterior ao núcleo, flagelo 
curto (não visível ao microscópio óptico).
Esta forma pode ser encontrada no interior das células de hospedeiros 
infectados, bem como em cultivo axênico. Forma de reprodução 
assexuada no hospedeiro vertebrado.
•Epimastigota
Forma alongada, com cinetoplasto localizado anteriormente ao núcleo. 
Flagelo emerge da bolsa flagelar e percorre aderido em uma parte do 
corpo do parasita, tornando-se livre na região anterior. 
Encontrado no tubo digestivo do inseto vetor; cultivo axênico.
Forma de reprodução assexuada no intestino do inseto vetor.
Ciclo de vida
• Trypanossoma cruzi
• Ciclo heteroxênico 
– Multiplicação intracelular no hospedeiro 
vertebrado (amastigota)
– Multiplicação extracelular no inseto vetor 
(epimastigota).
Ciclo de vida –
Hospedeiro vertebrado
• Inseto hematófago (triatomídeos) - repasto sanguíneo 
- fezes e urina, formas tripomastigotas na pele –
invadem macrófagos ou células de outros tecidos 
• Modificação para amastigota (multiplicação a cada 12 
horas, durante 5 ou 6 dias)
• Amastigota para tripomastigota dentro da célula -
célula se rompe - corrente circulatória – invadem outras 
células de qualquer tecido ou órgão
- novo ciclo celular, ou
- destruídos por mecanismos imunológicos.
Ciclo de vida 
Hospedeiro Invertebrado (Barbeiro)
• Inseto triatomídeo não contaminado - repasto
sanguíneo - formas tripomastigotas -
estômago do inseto - tripomastigota para
epimastigota no intestino médio e se multiplicam
- intestino posterior (reto) epimastigota para
tripomastigota – eliminados nas fezes e urina
Biologia do inseto Triatomídeos 
(Triatoma infestans - Barbeiro)
• Ciclo - Insetos adultos copulam - ovos - ninfas - 5 mudas - adultos
• Tempo de ovo para adulto - 4 a 5 meses
• Fêmea - hematófago
• Tempo de vida do inseto fêmea - 15 a 16 meses – Centenas de
ovos.
• Habitat Natural - Floresta Amazônica
• Os insetos têm hábitos noturnos. Durante o dia mantêm-se
escondidos saem à noite para se alimentar.
• Picada é indolor podendo demorar 20 minutos ou mais.
• Em lugares sombrios ou quando famintos podem picar durante o
dia.
Mecanismo de Transmissão
a) Transmissão pelo vetor - fezes contaminada.
b) Transmissão oral - aleitamento materno e 
alimentos contaminados - mucosa da boca integra ou 
lesada
c) Transfusão sanguínea - pode ser importante, 
principalmente nas grandes cidades, devido a falta de 
combate dos vetores nos domicílios
d) Transmissão congênita - se houver ninhos de 
amastigotas na placenta 
Transmissão 
Formas clínicas
1)Fase Aguda
Pode ser sintomática ou assintomática
Quantidade de parasitas????
2)Fase Crônica 
a) Forma indeterminada 
b) Forma cardíaca 
c) Forma digestiva 
80% dos indivíduos com sorologia positiva não desenvolvem os 
sintomas da doença.
Formas clínicas
Fase Aguda
• Febre, linfadenopatia, hepato-esplenomegalia
• Manifestações locais / transmissão Vetorial: 
– Sinais de Romanã - edema bipalpebral unilateral, com presença de 
parasitas intra e extracelulares em abundância
– Chagoma de inoculação - inflamação aguda local na derme, seguida de 
regressão lenta , acompanhada de descamação
– Aparecem de 4 a 10 dias após a picada do barbeiro regredindo em um 
ou dois meses
• Na maioria dos casos após essa fase, passa a ser assintomático.
• Na forma sintomática que é mais comum em crianças (resposta 
imunológica menor), o coração pode ser lesado intensamente 
levando a falência cardíaca.
Sinais de Romanã - edema bipalpebral unilateral, com 
presença de parasitas intra e extracelulares em abundância
Formas clínicas
Fase Crônica
Forma indeterminada 
• 10 a 30 anos assintomático, apresentando:
– positividade nos exames sorológicos e parasitológicos
– ausência dos sintomas e sinais da doença
– imunologicamente - a forma tripomastigota a amastigota estão 
em atividade, devido a presença de anticorpos específicos
• Apesar de assintomático há casos de aparecimento de 
sintomas após anos.
Forma cardíaca 
- Destrói a inervação do coração. 
- Diminuição da massa muscular - substituição por áreas 
fibrosas.
- Histologicamente miocardite crônica intensa com células 
mononucleares, fibrose e hipertrofia de miocardiócitos.
- Insuficiência cardíaca congestiva, podendo ocorrer 
trombos, desprendem-se êmbolos que podem originar 
infartos no coração, rins, baço, encéfalo.
- Comprometimento das contrações cardíacas, levando a 
cardiomegalia
Formas clínicas
Fase Crônica 
Forma digestiva
- megaesôfago - levando a disfagia (dificuldade de
deglutir), regurgitação, pirose (queima, com aumento de
salivação), soluço e tosse.
- megacólon - levando a obstrução intestinal, a perfuração,
e a peritonite.
Além disso, esses sintomas levam a desnutrição
Formas clínicas
Fase Crônica 
megacólon
Doença de Chagas transfusional
• Semelhante na fase aguda
• pode evoluir
Doença de Chagas congênita
• É de 2 a 10%
• pode causar aborto, partos prematuros, natimortos
• a criança pode evoluir sem sinal da doença ou não
Doença de Chagas em imunosuprimidos
• Pacientes com leucemia, transplantes, uso de drogas imunosupressoras.
• Ocorre envolvimento do sistema nervoso central.
• Encefalite multifocal, lesão necro -hemorrágica no cérebro.
Diagnóstico laboratorial
• Fase aguda - alta parasitemia, anticorpos 
inespecíficos.
• Fase crônica - baixa parasitemia, 
anticorpos específicos.
Diagnóstico laboratorial
Parasitológico
• Exame de sangue - com ou sem coloração (fase
aguda)
• Material de biópsia (fase aguda)
• Xenodiagnóstico - vetor isento de parasita pica
o paciente e após 30, 60 e 90 dias é observado
a fezes desse vetor
•Inoculação em animal (fase crônica)
• Reação de precipitação - (hematoaglutinação - hemácias
sensibilizadas com antígeno do T. cruzi + soro do paciente - se
houver presença de anticorpos específicos, ocorre a aglutinação
destas hemácias) (fase crônica)
• Reação de imunofluorescência indireta - (RIFI) antígenos do T. cruzi
fixos em uma lâmina + soro do paciente + conjugado
(Antimunoglobulina marcada com substância fluorescente) -
observação ao microscópio (fase crônica)
• Elisa indireto - (mecanismo de reação é semelhante ao RIFI -
porem o conjugado é uma enzima que da cor se positivo) (fase
crônica)
Diagnóstico laboratorial
Imunológico - Sorológico
Epidemiologia
Epidemiologia
• Doença do Sul dos EUA até Argentina.
• No Brasil, 112 casos novos de Chagas Agudo por ano foram
notificados de 2007 a 2013, principalmente via ingestão de
alimentos contaminados.
• Alimentos: açaí, bacaba, jaci (coquinho), suco de caldo de cana e o
palmito de babaçu.
• A maioria dos surtos ocorreu nos estados do Pará 75,9% (85) e
Amapá 12,5% (14) e, em menores proporções, nos estados do
Amazonas 4,5% (5), Tocantins 1,8% (2) e Bahia 1,8% (2).
• Na América Latina, 13 milhões de pessoas estão infectadas sem
saber, estima a ONG Médicos Sem Fronteiras.
• Outras 16 milhões estão nos registros.
• .
Definição de caso
Caso suspeito de Doença de Chagas Aguda (DCA)
Pessoa com febre prolongada (>7 dias) e uma ou mais das seguintes
manifestações clinicas:
Edema de face ou de membros, adenomegalia, hepatomegalia,
esplenomegalia, cardiopatia aguda (taquicardia, sinais de insuficiência
cardíaca), manifestações hemorrágicas, icterícia.
As seguintes situações reforçam a suspeita:
• tenha ingerido alimento suspeito de contaminação pelo T. cruzi,
residente/visitante de área com ocorrência de triatomíneos, ou
• tenha sido recentemente transfundido/transplantado, ou
• seja recém-nascido de mãe infectada (transmissão congênita).
Definição de caso
Caso confirmado de Doença de Chagas Aguda
Critério laboratorial
• Parasitológico – T. cruzi circulante no sangue periférico
identificado por exame parasitológico direto, com ou sem
identificação de qualquer sinal ou sintoma.
• Sorológico – sorologia positiva com anticorpos da classe IgM
anti-T. cruzi na presença de evidências clínicas e epidemiológicas
indicativas de DCA; ou sorologia positiva com anticorpos da classe IgG
anti-T. cruzi, com alteração na concentração de IgG.
Cuidados 
• A falta de oportunidade de suspeita da doença e
demora no diagnóstico podem agravar o quadro
clínico do paciente e a evolução da
enfermidade, podendo levar a óbito que
ocorreram por falta de uma intervenção
Controle
Amazônia - Peculariedades
Não há vetores que colonizem o domicílio - Não existe a
transmissão domiciliar.
Atividades de vigilância implantadas na Amazônia Legal são:
 detecção de casos apoiada na vigilância de malária;
 detecção em bancos de sangue,
 identificação de espécies de vetores;
 investigação de situações em que há suspeita de domiciliação do
vetor
Controle
Fatores de risco para colonização de vetores no
domicílio:
• as condições físicas do domicílio (intra e peri) que propiciem
abrigo;
• a qualidade e quantidade de fontes alimentares presentes;
• o micro-clima da casa favorável à colonização.
Características do extra domicílio que influenciam
invasão domiciliar: :
• a restrição de habitats e de fontes alimentares;
• o clima e as mudanças climáticas;
• a interferência do homem no meio silvestre.
Tratamento 
• Não existe um tratamento eficiente em todos os 
pacientes.
• O tratamento específico é eficaz na maioria dos casos 
agudos (>60 %) e congênitos (>95%), apresentando 
ainda boa eficácia em 50% a 60% de casos crônicos 
recentes.
– Benzonidazol 
• atua sob formas sanguíneas , 
• Efeitos colaterais: perda de peso, cefaléia, sonolência e dores abdominais
• É contra-indicado em gestantes
– Nifurtimox 
– Notificação é obrigatória.
Profilaxia
• a) Controle/higiene dos alimentos
• b) Melhoria de condições de vida dos 
camponeses.
• c) Combate ao barbeiro – inseticidas
• d) Controle do doador de sangue
Obrigada pela atenção!

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