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PORTUGUES INSTRUMENTAL ACORDO ORTOGRAFICO (2)

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UNESA – PORTUGUÊS INSTRUMENTAL – PROF. DR. WANDER LOURENÇO
Novo Acordo Ortográfico
TREMA
O trema deixou de existir em todas as palavras da língua portuguesa, se antes você escrevia  conseqüência, cinqüenta, freqüência, agora passe a registrar sem o trema - aquele dois pontos em cima da letra u.
ACENTUAÇÃO
1.Ditongos de palavras paroxítonas - ei e – oi:
Deixaram de existir os acentos nos ditongos - o encontro de duas vogais pronunciadas em uma só sílaba, como por exemplo ideia (ei é um ditongo) - abertos de palavras paroxítonas (que possuem acentuação na penúltima sílaba) como: moreia, europeia, paranoia, centopeia e onomatopeia, joia, estreia etc.
2. Hiato
Deixaram de existir os acentos circunflexos nos hiatos – uma repetição de vogais que pertencem a sílabas diferentes, como, por exemplo, enjoo (as sílabas da palavra são en/jo/o) - nos seguintes casos:
oo - entoo, perdoo e abençoo
ee - creem, releem e preveem
Atenção:
Antes: vôo -  enjôo - vêem - lêem
Agora: voo - enjoo - veem - leem
3. Acento diferencial
Os acentos diferenciais, que são usados para distinguir duas palavras iguais com significados diferentes, como, por exemplo, pára (do verbo parar) e para (preposição) deixam de existir nos seguintes casos:
Pelo (substantivo) – que se diferencia da preposição pelo
Antes: pára - pêlo - pólo – pêra.
Agora: para - pelo - polo – pera.
Exceção
Como toda regra há exceção, o acento diferencial permanece:
Pôde (do verbo poder no passado), que mantém o acento para se distinguir de pode, o uso do verbo no presente.
Pôr (verbo), que mantém o acento para se diferenciar da preposição por.
4. ALFABETO
O alfabeto brasileiro ganha mais três letras, passando de 23 para 26 letras no total. Foram incluídos o K, o W e o Y.
A inclusão das novas letras não é totalmente uma novidade para o brasileiro. Elas já eram usadas em algumas situações, como siglas ou palavras originárias de outras línguas: km (abreviação de quilômetro), w (abreviação de watts), kg (abreviação de quilograma)
Washington, Kaiser e Franklyn.
5. HÍFEN
De todas as mudanças na nova ortografia, as mais complexas e onde todos estão tendo mais dificuldades é onde o hífen deixou ou não de ser usado.
Quando achamos que já aprendemos um pouco, aí vem um novo acordo ortográfico e muda muitas regras; isto, a forma de escrever o vocábulo (palavra).
As regras mudam com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1990, face ao Acordo de 1945, em Portugal, PALOP( Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e  São Tomé e Príncipe) e Timor Leste; e face ao Formulário Ortográfico de 1943, no Brasil. 
	Hífen
	 antirrevolucionar
codependente
	De modo geral, deixa de se usar hífen em palavras prefixadas. Por exemplo, passa a escrever-se codependentee contraindicação, em vez de co-dependente e contra-indicação. Mesmo nos casos em que o segundo elemento da palavra prefixada começa por r ou s deixa de se usar hífen, duplicando-se antes essa letra: antirrevolucionar e não anti-revolucionar, contrassenha e não contra-senha. No entanto, continuam a existir alguns casos em que o hífen é usado em palavras deste tipo: quando a palavra prefixada começa por h (anti-herói) e quando a última letra do prefixo é igual à primeira letra da palavra prefixada (mantém-se contra-ataque, por exemplo).*.  Há ainda alguns prefixos que levam sempre hífen: ex- (com sentido de anterioridade) e prefixos com acento gráfico, como pré- e pró-. Em todos os outros casos, as palavras prefixadas não são divididas por hífen.
	fim de semana
	As locuções deixam de ser escritas com hífen: fim de semana e não fim-de-semana; cor de vinho e não cor-de-vinho.
	anti-/-incêndio
	Passa a ser obrigatório utilizar o hífen neste caso anti-/-incêndio.
	há de
	As formas monossilábicas de haver deixam ser ligadas por hífen à preposição de: há de e não há-de.
	
Acento
	tônico/
tónico
	O uso do acento circunflexo ou agudo nas vogais e e o passa a depender da forma como essas vogais são lidas em cada país. Visto que a pronúncia de palavras como tônico / tónico é diferente no Brasil e nos restantes países, na prática continua a escrever-se da mesma forma: em Portugal e em Timor continua a escrever-se tónico, no Brasil mantém-se a forma tônico.
	pela, pera, para
	Algumas palavras que antes tinham acento gráfico apenas para serem distinguidas de homógrafos (ou seja, de palavras que se escrevem da mesma forma) deixam de ser acentuadas com o AO: assim, escreve-se agora pelo e não pêlo, deixando de se distinguir da contração da preposição por com o artigo definido o. Da mesma forma, passa a escrever-se pela e não péla, para e não pára (imperativo singular do verbo parar).*
	joia,  ideia
	Segundo as novas regras, os ditongos tónicos na penúltima sílaba deixam de ser marcados com acento gráfico: assim, palavras como jóia e paranóico passam a escrever-se joia e paranoico. 
	desague,  baiuca
	As formas verbais de verbos cujo infinitivo termina em - guar, como desaguar, e em -quar, como adequar, com u acentuado depois de g ou q, deixam de ser marcadas como adeque e não adeqúe para o conjuntivo presente e o imperativo de adequar. 
	
Consoantes Mudas
	ação, colecionador, atual, ótimo
	Quando precedem um t, ç ou c, as letras c e p passam a escrever-se apenas se forem pronunciadas como consoantes: ação em vez de acção, ótimo por óptimo. Em todos estes casos, quando a letra é lida como consoante mantém-se também na escrita: pacto não passa a ser escrito *pato.
 
À semelhança do que já sucedia no Brasil, esta regra passa a aplicar-se também em Portugal, nos países lusófonos.
	carácter/caráter
	Ainda de acordo com a regra anterior, nos casos em que a pronúncia de uma palavra varie quanto à pronúncia de c ou p, ambas as formas são aceitáveis, sendo a consoante escrita opcionalmente ou de acordo com a pronúncia dominante em cada país. Assim, detectar será aceito no Brasil, mas nos restantes países a norma aconselhará detetar. Da mesma forma, deverá poder escrever-se em todos os países caraterística ou cara – c –terística, refletindo a variação existente na oralidade nos espaços em que o português é falado.
	amígdala/amídala
	A primeira letra nas sequências gd, tm, mn e bt pode também não ser escrita sempre que a forma como a palavra é dita num dado espaço geográfico o permita. Esta regra não provoca mudanças, no entanto: a grafia amídala para a palavra amígdala continua a ser possível no Brasil, sendo, no entanto desaconselhada nos restantes países, onde o g é sempre pronunciado. Da mesma forma, a palavra omnisciente continuará a escrever-se opcionalmente no Brasil como onisciente, devendo os outros países continuar a usar a primeira.
	
Trema
	sequência
	No Brasil, deixa de ser usado o trema para distinguir as sequências qu e gu em que o u é realizado foneticamente. Passa a escrever-se sempre sequência, deixando sequência de ser possível; da mesma forma, aguentar e não agüentar.
	
Maiúsculas
	janeiro, fulano
	Várias palavras passam a ser escritas com minúscula em vez de maiúscula: os nomes dos meses (escreve-se agora janeiro e não Janeiro) e das estações do ano (verão em vez de Verão) e as palavras fulano, sicrano e beltrano.
	
Alfabeto
	kantiano
	As letras k, w e y, que até agora não eram consideradas parte do alfabeto do português, são agora nele incluídas. No entanto, o uso destas letras não sofre qualquer mudança, continuando a usar-se apenas em abreviaturas e símbolos, siglas e acrónimos, palavras com origem noutras línguas e seus derivados.
	
Letra h
	úmido/húmido
	A descrição do uso da letra em início de palavra, como em hotel, é mais detalhada no Acordo Ortográfico de 1990. Porém, a situação na prática não muda: o h inicial é usado apenas quando existe uma justificação etimológica para isso, mas não quando a escrita sem é h já consagrada pelo uso. Ou seja, em casos como úmido/húmido, a grafia usada mantém-sediferente de acordo com o país: continua a escrever-se húmido em Portugal e nas nações lusófanas e úmido no Brasil.
Crase 
Conceito: é a fusão de duas vogais da mesma natureza. Na língua portuguesa, assinalamos a crase com o acento grave (`).
Observe:
Obedecemos ao regulamento.
                  ( a + o )
Não há crase, pois o encontro ocorreu entre duas vogais diferentes. Mas:
 
Obedecemos à norma:  ( a + a )
Neste caso, há crase, pois temos a união de duas vogais iguais ( a + a = à )
Regra Geral
Haverá crase sempre que:
O termo antecedente exija a preposição a;
II. O termo subsequente aceite o artigo a.
 
Ex.: Fui à cidade. 
( a + a = preposição + artigo )
( substantivo feminino )
 
Em “Conheço a cidade.”
( verbo transitivo direto – não exige preposição )
( artigo )
( substantivo feminino )
 
Em: “Vou a Brasília.”
( verbo que exige preposição a )
( preposição )
( porém palavra “Brasília” não aceita artigo )
 
Para saber se uma palavra aceita ou não o artigo, basta usar o seguinte artifício:
I. Se pudermos empregar a combinação da antes da palavra, é sinal de que ela aceita o artigo.
II. Se pudermos empregar apenas a preposição de, é sinal de que não aceita.
 
Ex.:      Vim da Bahia. (aceita)
         Vim de Brasília (não aceita)
         Vim da Itália. (aceita)
         Vim de Roma. (não aceita)
Nunca ocorre crase:
 
1) Antes de masculino.
Caminhava a passo lento.
           
2) Antes de verbo.
Estou disposto a 
 falar.
3) Antes de pronomes em geral.
Eu me referi a esta menina.
(preposição e pronome demonstrativo)
Eu falei a ela.
(preposição e pronome pessoal)
 
4) Antes de pronomes de tratamento.
Dirijo-me a Vossa Senhoria.
 
Observações:
 
1. Há três pronomes de tratamento que aceitam o artigo e, obviamente, a crase: senhora, senhorita e dona.
Ex.: Dirijo-me à senhora.
 
2. Haverá crase antes dos pronomes que aceitarem o artigo, tais como: mesma, própria...
Ex.: Eu me referi à mesma pessoa.
5) Com as expressões formadas de palavras repetidas.
Ex.: Venceu de ponta a ponta.
                     
É fácil demonstrar que entre expressões desse tipo ocorre apenas a preposição:
Caminhavam passo a passo.
                        (preposição)
 
No caso, se ocorresse o artigo, deveria ser o artigo o e teríamos o seguinte: Caminhavam passo ao passo – o que não ocorre.
6) Antes dos nomes de cidade.
Ex.: Cheguei a Curitiba.
      
Se o nome da cidade vier determinado por algum adjunto adnominal, ocorrerá a crase.
Cheguei à Curitiba dos pinheirais.
                          (adjunto adnominal)
 
7) Quando um a (sem o s de plural) vem antes de um nome plural.
Ex.: Falei a pessoas estranhas.
  
Entretanto se o mesmo a vier seguido de s haverá crase.
Ex.: Falei às pessoas estranhas.
(a + as = preposição + artigo)
 
Sempre ocorre crase:
 
1) Na indicação pontual do número de horas.
Ex.: Às duas horas chegamos.
Para comprovar que, nesse caso, ocorre preposição +artigo, basta confrontar com uma expressão masculina correlata.
Ex.: Ao meio-dia chegamos.
2) Com a expressão à moda de e à maneira de.
A crase ocorrerá obrigatoriamente mesmo que parte da expressão (moda de) venha implícita.
Escreve à (moda de) Alencar.
 
3) Nas expressões adverbiais femininas.
Expressões adverbiais femininas são aquelas que se referem a verbos, exprimindo circunstâncias de tempo, delugar, de modo...
Ex.: Chegaram à noite.
(expressão adverbial feminina de tempo)
 
Ex.: Caminhava às pressas.
(expressão adverbial feminina de modo)
 
Ex.: Ando à procura de meus livros.
(expressão adverbial feminina de fim)
 
 
4) Uso facultativo da crase
Antes de nomes próprios femininos de pessoas e antes de pronomes possessivos femininos, pode ou não ocorrer a crase.
Ex.:      Falei à Maria.
      (preposição + artigo)
 
         Falei à sua classe.
      (preposição + artigo)
 
      Ex.:   Falei a Maria.
      (preposição sem artigo)
 
Ex.: Falei a sua classe.
      (preposição sem artigo)
 
Note que os nomes próprios de pessoa femininos e os pronomes possessivos femininos aceitam ou não o artigo antes de si. Por isso mesmo é que pode ocorrer a crase ou não.
 
Casos especiais:
 
1) Crase antes de casa.
A palavra casa, no sentido de lar, residência própria da pessoa, se não vier determinada por um adjunto adnominal não aceita o artigo, portanto não ocorre a crase.
Por outro lado, se vier determinada por um adjunto adnominal, aceita o artigo e ocorre a crase.
Ex.: Volte a casa cedo.
(preposição sem artigo)
Ex.: Volte à casa dos seus pais.
(preposição sem artigo + adjunto adnominal)
 
2) Crase antes de terra.
A palavra terra, no sentido de chão firme, tomada em oposição a mar ou ar, se não vier determinada, não aceita o artigo e não ocorre a crase. 
Ex.:Já chegaram a terra.
(preposição sem artigo)
 
Se, entretanto, vier determinada, aceita o artigo e ocorre a crase. 
Ex.: Já chegaram à terra dos antepassados.
(preposição + artigo + adjunto adnominal)
 
3) Crase antes dos pronomes relativos.
Antes dos pronomes relativos quem e cujo não ocorre crase. 
Ex.: Achei a pessoa a quem procurava.
Compreendo a situação a cuja gravidade você se referiu.
 
Antes dos relativos qual ou quais ocorrerá crase se o masculino correspondente for ao qual, aos quais. 
Ex.:Esta é a festa à qual me referi.
Este é o filme ao qual me referi.
Estas são as festas às quais me referi.
Estes são os filmes aos quais me referi.
 
4) Crase com os pronomes demonstrativos aquele (s), aquela (s), aquilo.
Sempre que o termo antecedente exigir a preposição a e vier seguido dos pronomes demonstrativos: aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo, haverá crase. 
Ex.:Falei àquele amigo.
Dirijo-me àquela cidade.
Aspiro a isto e àquilo.
Fez referência àquelas situações.
 
5) Crase depois da preposição até.
Se a preposição até vier seguida de um nome feminino, poderá ou não ocorrer a crase. Isto porque essa preposição pode ser empregada sozinha (até) ou em locução com a preposição a (até a). Ex:
Ex.: Chegou até à muralha.
(locução prepositiva = até a)
(artigo = a)
 
Ex.: Chegou até a muralha.
(preposição sozinha = até)
(artigo = a)
 
6) Crase antes do que.
Em geral, não ocorre crase antes do que. Ex: Esta é a cena a que me referi.Pode, contudo, ocorrer antes do que uma crase da preposição a com o pronome demonstrativo a (equivalente a aquela).
Para empregar corretamente a crase antes do que convém pautar-se pelo seguinte artifício:
I.                   se, com antecedente masculino, ocorrer ao que / aos que, com o feminino ocorrerá crase;
Ex:      Houve um palpite anterior ao que você deu.
        
 Houve uma sugestão anterior à que você deu.
 
II.                 se, com antecedente masculino, ocorrer a que, no feminino não ocorrerá crase.
Ex.:      Não gostei do filme a que você se referia.
              (ocorreu a que, não tem artigo)
         Não gostei da peça a que você se referia.
               (ocorreu a que, não tem artigo)
 
O mesmo fenômeno de crase (preposição a + pronome demonstrativo a) que ocorre antes do que,pode ocorrer antes do de. 
Ex.:Meu palpite é igual ao de todos.
(a + o = preposição + pronome demonstrativo)
 	
Minha opinião é igual à de todos.
(a + a = preposição + pronome demonstrativo)
 
7) há / a
Nas expressões indicativas de tempo, é preciso não confundir a grafia do a (preposição) com a grafia do há (verbo haver).
Para evitar enganos, basta lembrar que, nas referidas expressões:
–– a (preposição) indica tempo futuro (a ser transcorrido);
–– há (verbo haver) indica tempo passado (já transcorrido). 
Ex.: Daqui a pouco terminaremos a aula.
Há pouco recebi o seu recado.

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