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A DESNATURALIZAÇÃO DAS DEFINIÇÕES DE REALIDADE IMPLICADAS PELO SENSO COMUM

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A DESNATURALIZAÇÃO DAS DEFINIÇÕES DE REALIDADE IMPLICADAS PELO SENSO-COMUM
Ciência versus senso-comum
O senso comum se refere ao conhecimento adquirido por tradição, herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados da experiência vivida na coletividade a que pertencemos. É um conhecimento ingênuo, fragmentário, assistemático, incoerente e conservador. A 
Ciência exige um método. Enquanto o senso comum é empírico e transmitido de geração para geração por meio da educação informal, o conhecimento científico é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. 
Se de um lado, o senso comum se baseia em imitação e experiência pessoal, a ciência visa explicar “porque” e “como”os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um simples fato. 
Porém, um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado tanto pelo cientista como pelo homem comum, o que difere é a forma de observar, o método e os instrumentos do “conhecer”.
A ciência deve buscar o ideal de racionalidade e objetividade. A racionalidade está ligada à sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação, e deve ser obtido muito mais por intermédio de teorias (que constituem o núcleo da ciência) do que pelo conhecimento comum (acumulação de partes ou “peças”de informação frouxamente vinculadas). 
A objetividade se refere à construção de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, o que torna necessário ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana e da experiência particular para formular hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção dos sentidos, submetendo-os à verificação planejada e interpretada com o auxílio das teorias. No senso comum, a objetividade e a racionalidade são limitadas por serem
estreitamente vinculadas à percepção e à ação. 
Problema social versus problema sociológico
Segundo Berger (s/d), existem relações que caracteriza a sociologia e a diferencia do senso comum. O sociólogo não examina os fenômenos que outras pessoas não têm conhecimento. Na verdade, o que acontece é que ele olha esses mesmos fenômenos sociais de um modo diferente do senso comum, pois o conhecimento sociológico precisa ser submetido a um trabalho de reflexão e investigação, baseado em princípios teóricos e metodológicos através de uma linguagem técnica e acadêmica.
Os problemas sociais são problemas que emergem de uma realidade material e social (real-social), e vão se tornando o tema das aulas de Sociologia. Surge portanto a necessidade de provocar uma outra percepção para que o assunto em questão seja transformado em problema sociológico. Por exemplo, existem problemas sociais associados à juventude (droga, delinquência, desemprego, etc), o que desperta uma necessidade de extingui-los na sociedade. Enquanto problema sociológico, deve-se perguntar sobre a origem desses problemas, se sempre existiram, se são o que parecem ser. O consumismo que poderia não parecer um problema social pode significar um problema sociológico
. Numa citação de Marx, este aspecto se destaca:
“A fome é a fome, mas a fome que se satisfaz com carne cozinhada, comida com faca e garfo, não é a mesma fome que come a carne crua, servindo-se das mãos, das unhas, dos dentes. Por conseguinte, a produção determina não só o objeto do consumo, mas também o modo de consumo, e não só de forma objetiva, mas também subjetiva. Logo, a produção cria o consumidor” (MARX, 1973, p.220).
Assim, o olhar de quem se baseia no senso comum se concentra mais no 
problema social, enquanto o olhar daquele que procura a abordagem científica se concentra mais no problema sociológico . 
Os aspectos acima delineados podem ser expressos de uma outra forma, através da seguinte distinção: há uma grande e significativa diferença entre o que as pessoas, grupos ou governos definem como problema social e o que os sociólogos chamam de problema sociológico. 
No primeiro caso, o da definição do problema social , considera-se a realidade cotidiana do cidadão, do jogo do poder e da luta política e cultural para afirmar interesses, ideologias ou identidades na definição de quais são os problemas sociais dignos de atenção pela sociedade ou pelo governo de uma nação ou nações. 
No segundo caso, o do problema sociológico, procura-se uma elaboração teórica e sistemática envolvendo a utilização de conceitos e a seleção de vários elementos de natureza social que estão presentes, compõem ou produzem os fenômenos sociais. 
Portanto, torna-se necessário compreender esta distinção. Ela é a chave para o distanciamento crítico do invólucro das percepções rotineiras sobre a vida em sociedade e para a “desnaturalização” do mundo social, provocando o processo de estranhamento, ou seja, 
a observação de que os fenômenos sociais não são de imediatos conhecidos.
. Esses acontecimentos podem parecer ordinários e triviais, sem necessidade de explicação, porém, eles merecem ser compreendidos ou explicados pela Sociologia. Apenas o estranhamento suscita que os fenômenos sociais sejam colocados em questão, problematizados.
Importância do método.
MÉTODOS CIENTÍFICOS 
CONCEITO DE MÉTODO
O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
Etapas:
• Descobrimento do problema;
• Colocação precisa do problema;
• Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema;
• Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados.
• Invenção de novas ideias ou produção de novos dados empíricos;
• Obtenção de uma solução;
• Investigação das consequências da solução obtida;
• Prova (comprovação) da solução.
• Correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta.
SENSO-COMUM E CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO
A Sociologia é uma Ciência da Sociedade (entendida como um complexo de relações humanas).
A Sociologia é uma “ciência da crise”, pois nasce sob o impacto da Dupla Revolução Burguesa Industrial e Francesa. Ela nasce para explicar as profundas mudanças sofridas pela Europa no processo de consolidação do Capitalismo. No entanto, antes de constituir-se uma ciência da sociedade, diversas teorias, derivadas da religião e da filosofia procuraram explicar a vida social. 
Concepção de sociedade para os clássicos
A CONCEPÇÃO DA SOCIEDADE SEGUNDO OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
A sociedade como fenômeno moral – Durkheim.
a sociedade como compartilhamento de conteúdos e sentidos – Weber.
A sociedade como práxis humana - Marx.
A Sociologia procura investigar as relações INDIVÍDUO-SOCIEDADE como uma reação ao individualismo
da sociedade capitalista. No século XIX surgiram duas teorias a respeito destas relações.
Individualista
 - a Sociedade é entendida como a soma dos interesses e relações entre os indivíduos, sendo resultado da subjetividade individual
b) Coletivista
 - a Sociedade é uma realidade concreta que subordina, condiciona os indivíduos às instituições sociais, estabelecendo regras de conduta.
Hoje em dia temos a Teoria da Interdependência: a Sociedade pressiona o indivíduo para a aceitação dos condicionamentos, ao mesmo tempo que o indivíduo tenta constituir sua identidade, apesar da pressão 
Porém, a Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação teórico-metodológica dominante. Ela traz diferentes estudos e diferentes caminhos para a explicação
 da realidade social. Assim, pode-se claramente observar
que a Sociologia tem ao menos três linhas mestras explicativas, fundadas pelos seus autores clássicos, das quais podem se citar, não necessariamente em ordem de importância: 
(1) a Positivista-Funcionalista , tendo como fundador Auguste Comte e seu principal expoenteclássico em Émile Durkheim, de fundamentação analítica;
(2) a sociologia compreensiva iniciada por Max Weber, de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva; e 
(3) a linha de explicação sociológica dialética, iniciada por Karl Marx que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretendendo a tal, deu início a uma profícua linha de explicação sociológica.

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