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DIREITO CIVIL III - RESUMO

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DIREITO CIVIL III – Resumo
Princípio da dignidade da pessoa humana
Este princípio é um dos fundamentos da Constituição Federal de 1988 e vincula todo o ordenamento jurídico à ele, ou seja, todas as leis, todos os dispositivos legais devem ser “baseados” primariamente neste princípio, além de servir também como base para aplicação de pena. A dignidade da pessoa humana é entendida como a consciência e o sentimento de bem estar de cada pessoa.
Princípio da autonomia da vontade
Este princípio consiste basicamente em dar liberdade para as partes contratantes criarem relações jurídicas conforme suas intenções e necessidades, desde que obedeçam as regras estipuladas em lei, ou seja, as partes são livres para “fazer o que quiserem e estabelecer o que quiserem em contrato”, desde que não ultrapasse o limite da lei.
Princípio da força obrigatória dos contratos
O princípio da força obrigatória dos contratos (ou obrigatoriedade dos contratos) tem como base a expressão em latim “pacta sunt servanda”, que significa “acordos devem ser mantidos”, ou seja, os contratos fazem lei entre as partes e o que nele está estipulado deve ser cumprido, sob pena de execução.
Princípio da relatividade dos efeitos do contrato
Este princípio dita basicamente que terceiros não envolvidos no contrato não estão submetidos a efeitos deste contrato, ou seja, quem não for parte do contrato não é obrigado a cumpri-lo e nem pode exigi-lo. Sendo assim, o contrato só surte efeito entre as partes contratantes.
Conceito de contrato
O contrato é um instrumento que materializa um acordo de vontades entre as partes, de acordo com a lei, e que tem como objetivo regular (dar regra) aos interesses das partes em adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. 
Função social do contrato no Código Civil de 1916
Basicamente era inexistente, pois o Código garantia o adimplemento (cumprimento) do contrato apenas na ordem jurídica, pouco importando a questão “ética”, ou seja, mesmo que o exigido no contrato fosse considerado absurdo perante a questão ética, podia ser exigido pois o Código Civil de 1916 previa que tudo o que estava no contrato devia ser cumprido.
Função social do contrato no Código Civil de 2002
Com a criação no Código Civil de 2002, em seu artigo 421 trata expressamente sobre a função social do contrato, onde dita que “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”, ou seja, hoje além do que está escrito no contrato, é mais importante o que é “ético, moral”.
A função social do contrato e os defeitos do negócio jurídico 
A função social do contrato surgiu a partir do momento em que o Estado deixou de ser liberal e começou a regular as relações entre os particulares para aplicação de normas e preceitos fundamentais de interesse público.
Durante a formação ou declaração do negócio jurídico pode ocorrer algum defeito em prejuízo do próprio declarante, de terceiro ou da ordem pública, são os chamados defeitos do negócio jurídico, que podem ser vícios de consentimento (diferença entre a vontade real e a vontade manifestada em contrato) ou vícios sociais (não há a intenção pura e boa-fé). Os vícios de consentimento são divididos em erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão. Já os vícios sociais são fraude contra credores e simulação. Sendo assim, os defeitos do negócio jurídico podem causar a anulação ou a nulidade do negócio, conforme o quadro abaixo:
O erro ocorre quando uma das partes tem uma falsa percepção da realidade, ou seja, a pessoa supõe que é uma coisa mas na verdade é outra, o que pode tornar o negócio anulável. Sendo assim, o agente erra sozinho, não sendo induzido ao erro (o que seria caracterizado como dolo). O artigo 138 dita que o negócio jurídico é anulável quando ocorrer um erro substancial. Nesse sentido, o erro é substancial quando interessar à natureza do negocio (error in negotio), sendo aquele em a pessoa ao manifestar sua vontade pretendendo praticar certo ato acaba praticando outro, ou seja, erro quanto à espécie de negócio; quando interessar ao objeto principal da declaração (error in corpore) ou a alguma das qualidades a ele essenciais (error in substantia). O primeiro diz respeito ao objeto da negociação. Surge quando o agente supõe que esta adquirindo certo objeto ou coisa e, entretanto adquire outro objeto. Já outro (error in substantia) diz respeito à característica, qualidade do objeto da negociação, característica essa que o torna único; quando interessar à identidade ou qualidade da pessoa (error in persona) seria quando interessar às qualidades da pessoa em torno da declaração de vontade. Somente nestes casos de erro, que se consegue a anulação do negócio celebrado. (ex.: pessoa vai em uma loja para comprar um relógio de ouro mas não diz para a vendedora que quer um de ouro, pega o primeiro dourado que vê pela frente achando que é de ouro mas não é)
O dolo já é caracterizado como a indução maliciosa ao cometer o erro, ou seja, o agente declarante da vontade não erra sozinho, mas é induzido a errar. O dolo nada mais é do que induzir uma pessoa a praticar um erro que possa prejudica-la e beneficiar o autor do dolo ou um terceiro. O Código Civil diferencia dois tipos de dolo: dolo principal (é determinante para a celebração do contrato, uma das partes utiliza de artifícios maliciosos para induzir a outra ao erro e celebrar o negócio, o agente é enganado) e o dolo acidental (o negócio seria realizado independente da malicia, porém acidentalmente há fato que prejudique uma das partes e beneficie a outra), sendo que o negócio jurídico só é anulável quando a causa da celebração deste negócio for o dolo.
A coação é a pressão física ou psicológica que é utilizada contra uma das partes para que obrigue esta parte a realizar atos que não são de sua vontade ou interesse, ou seja, a pessoa não quer realizar o negócio jurídico, mas é forçada fisicamente ou psicologicamente para celebrar o negócio jurídico. Existe a coação absoluta (física, agressão) e a coação relativa (mental, psicológica).
A lesão está caracterizada no artigo 157 do Código Civil e resume-se em quando na celebração do negócio jurídico uma das partes obriga a si própria a prestação de valor desproporcional ao da prestação oposta, ou seja, uma das partes tem que cumprir algo muito maior do que a outra, sendo assim, deve haver uma onerosidade excessiva para configuração da lesão, ou seja uma das partes tem que sofrer uma perda muito maior do que a outra.
O estado de perigo é caracterizado quando o agente está em perigo de vida e não tem outra saída a não ser assumir uma obrigação desproporcional e excessiva, e sendo esse perigo causado pela outra parte.
A fraude contra credores é conhecida como todo e qualquer artifício utilizado por uma pessoa com a intenção de transgredir direito ou prejudicar terceiros, ou seja, quando o ato feito pelo devedor só é realizado para prejudicar seu credor. Temos como exemplo quando uma pessoa começa a se desfazer dos seus bens (colocar em nome de terceiros) para que os bens não sejam penhorados por conta de suas dívidas. Deve sempre haver a má-fé e a intenção do devedor de prejudicar o credor, para que seja caracterizada a fraude contra credores.
A simulação nada mais é do que um “acordo” entre as partes que intencionalmente celebram um negócio jurídico que tem vontade e realidade falsas, ou seja, existe a manifestação de vontade das partes, só que na realidade ocorre uma coisa completamente diferente.
Princípio da equivalência material
Nada mais é do que o princípio que preserva o “equilíbrio” do contrato, ou seja, as perdas e os ganhos devem ser equivalentes para as duas partes, sempre.
O princípio jurídico da boa-fé
Boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva
A boa-fé subjetiva e sua compreensão
Funções da boa-fé objetiva
A boa-fé objetiva e o artigo 422 do Código Civil Brasileiro
Introdução é critérios para classificação dos contratos
Os contratos se dividem em diversas modalidades, sendo elas:
- Quanto aos efeitos:unilaterais (criam obrigações apenas para uma das partes. Ex.: doação pura e simples), bilaterais (geram obrigações recíprocas para ambas as partes. Ex.: compra e venda), plurilaterais (contratos que tem mais de duas partes e geram efeitos e obrigações em todas. Ex.: contrato de sociedade), gratuitos (apenas uma das partes dá um benefício ou vantagem para a outra. Ex.: doação) ou oneroso (ambos os contratantes obtêm uma vantagem, porém com um “custo”. Ex.: compra e venda, onde o vendedor ganha dinheiro mas se desfaz de um bem, já o comprador ganha um bem mas se desfaz de dinheiro).
-Quanto a formação: paritários (as partes discutem livremente sobre as condições do contrato, estão em igualdade, há negociações preliminares), de adesão (não há liberdade, uma das partes adere ao já estipulado previamente pela outra parte sem possibilidade de negociação) .
-Contrato comutativo: contém prestações certas e determinadas.
-Contrato aleatório por natureza (pelo menos um dos contratantes não pode prever a vantagem que receberá em troca da prestação devida. Ex.: contratos de jogo, aposta ou seguro) e Contrato acidentalmente aleatório (em razão de certas circunstâncias se tornam aleatórios. Ex: venda de coisa futura)
- Quanto a forma: consensuais (se formam unicamente pela vontade das partes, ou seja, as duas partes tem vontade de firmar um acordo e materializam isso no instrumento de contrato), solenes (além da vontade entre as partes, para a realização do contrato, se exige a entrega (tradição) da coisa que é objeto do contrato. Ex.: comodato)
- Quanto a designação: nominados (tem designação própria, ou seja, tem um “modelo” previsto em lei) e inominados (não tem denominação própria, não há um modelo a ser seguido, ficando livre entre as partes)
- Quanto ao tempo de execução: imediata (devem ser cumpridos imediatamente após a celebração do contrato) continuada (se cumpre por meio de prazos reiterados. Ex: compra e venda parcelada, locação)
- Quanto à pessoa do contratante: personalíssimos ou intuitu personae (a prestação só pode ser cumprida pela pessoa que realizou o contrato pois depende de suas características pessoais. Ex.: serviços artísticos) impessoais (podem ser cumpridos pelo obrigado ou por terceiro, desde que a obrigação seja satisfeita)
- Reciprocamente considerados: principais (tem existência própria, não dependem de outro para existir. Ex.: compra e venda) acessórios (estão subordinados à um contrato principal. Ex.: fiança)
Conceito
Institutos similares
Natureza jurídica
Classificação
Tutela específica
Contrato preliminar de doação
Segundo o Código Civil vigente, em seu Título V, é possível sim a existência de um contrato preliminar, nesse caso também conhecido como promessa de doação, desde que respeitados os requisitos e formalidades de um contrato. O cumprimento do objeto do contrato, no entanto, não pode ser exigido, o máximo que pode acontecer é uma indenização (perdas e danos) por não ter sido cumprida a promessa de doação.
Estipulação em favor de terceiro
Consiste em um contrato em que a pessoa (estipulante) convenciona com outra (promitente) uma obrigação em que a obrigação desse contrato será cumprida em favor de terceiro (beneficiário). Sendo assim, o contrato não depende da vontade do beneficiário, porém ele pode recusar. (ex.: seguro de vida, se a pessoa morre o dinheiro vai para filho, etc.)
Existem quatro teorias para “explicar” a estipulação em favor de terceiro, são elas: teoria da oferta (a estipulação é uma mera oferta, porém a teoria não é aceita já que o promitente tem obrigações), teoria da gestão de negócios (o estipulante e o promitente agem para gerir um negócio para o beneficiário, porém também não é aceita pois o estipulante e o promitente agem em seu próprio nome), teoria do direito direto (é considerado um contrato acessório, porém não é aceita pois no Brasil a estipulação em favor de terceiro é tida como contrato principal) e a teoria do contrato sui generis (a existência e validade do contrato não dependem do beneficiário, mas a eficácia sim. Essa teoria é adotada pelo Código Civil Brasileiro).
Os requisitos para a estipulação em favor de terceiros são:
-Estipulante capaz, bem próprio, ação em seu próprio nome (ex.: segurado no seguro de vida)
-Promitente capaz, se obriga a realizar prestação em favor de terceiro (ex.:seguradora)
-Terceiro determinado ou determinável, capaz ou incapaz
O contrato é composto por três partes:
Estipulante: aquele que estipula que alguém cumpra uma obrigação para um terceiro
Promitente: aquele que vai cumprir a obrigação em favor de um terceiro
Beneficiário: aquele que irá “receber” a obrigação.
Efeitos:
O estipulante pode exigir o cumprimento da obrigação.
O terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação, porém fica sujeito às condições e normas do contrato.
O terceiro pode ser substituído, mesmo contra sua vontade, através de ato do estipulante. Este ato pode ser entre vivos ou por declaração de última vontade (testamento).
Promessa de fato de terceiro
É a possibilidade de um contratante obrigar-se perante outro a obter de terceiro determinada obrigação, sob pena de responder por perdas e danos. Ex: um promotor de eventos promete ao dono de uma casa de shows trazer um artista para cantar na cidade. Se o artista não vier, o promotor será responsabilizado , diferente da estipulação em favor de terceiro, o promotor não vai beneficiar o artista, vai sim se responsabilizar pela sua apresentação. O artista não integra o contrato inicial entre o promotor e o dono da casa de shows, mas sim participará de um segundo contrato com o promotor do evento.
São requisitos e partes da promessa de fato de terceiro:
- Promitente: aquele que promete que um terceiro cumprirá uma obrigação (ex.: promotor de eventos que promete show do Latino)
- Credor: o que receberá a obrigação do terceiro (ex.: dono da casa de shows)
- Terceiro: o que cumprirá com a obrigação (ex.: Latino)
Contrato com pessoa a declarar
É considerado o negócio jurídico pelo qual uma das partes contratantes se compromete a indicar, no prazo estabelecido, a outra pessoa que fará parte do contrato e que cumprirá a obrigação e exigir os direitos possíveis.
Efeitos do contrato
Via de regra, o contrato só faz efeito entre as partes contratantes, só podendo-se delas exigir ou atribuindo o direito de exigir à elas.
O contrato também pode surtir efeito aos sucessores, salvo se o direito for vitalício, se o contrato for personalíssimo ou se houver cláusula de extinção pela morte do contratante.
Em geral, o contrato não surte efeito em terceiros. Isso se trata do princípio da relatividade do contrato, segundo o qual os efeitos jurídicos do contrato só valem para as partes contratantes. Porém os efeitos do contrato podem surtir efeitos sobre terceiros nos contratos que versam sobre direitos exigíveis contra todos (erga omnes), como a estipulação em favor de terceiro (seguro de vida).
Direito de retenção
O direito de retenção é um poder de defesa que a parte tem para reter a coisa alheia móvel na qual foram realizadas benfeitorias úteis e necessárias. (ex.: sapateiro cola a sola do sapato e fica com ele até você pagar, sem o serviço do sapateiro não seria possível utilizar o sapato).
exceptio non adimpleti contractus
Consiste na possibilidade do devedor deixar de cumprir sua parte na obrigação por conta de a outra parte não ter cumprido com a obrigação que lhe competia (ex.: A não fez o serviço porque B não lhe deu o material).
Vícios redibitórios
Se compreende por vícios redibitórios defeitos ocultos em uma coisa recebida em virtude um contrato, que tornam essa coisa imprópria para o uso ou lhe diminua o valor. (ex.: eu te vendo um carro que está com os amortecedores estourados, com problema nos freios e não te falo nada). Esses vícios podem causar a devolução do valor pago pela coisa ou indenização por perdas e danos.
Eviccção
Consiste em perder a posse de algo que adquiriu de uma pessoa em virtude de uma decisão judicial em desfavorao “vendedor”. Sendo assim, o terceiro adquirente (pessoa que comprou), se torna evicto. Normalmente o evicto nem sabe que há uma ação em curso sobre essa coisa que ele adquiriu. (ex.: compro uma casa sua que está em disputa judicial de herança, na decisão judicial você perde a casa, logo, eu também vou perder). São os sujeitos da evicção:
- Alienante: aquele que transmite o bem (vendedor). Responde pelos vícios da evicção, mesmo que tenha agido de boa-fé.
- Evicto: o que sofreu a evicção, a perda da coisa
- Evictor: terceiro vencedor da ação que causou a evicção. É para quem vai o bem após a decisão judicial

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