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EVOLUÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

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EVOLUÇÃO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA 
 
 
          A compra e venda é muito antiga. Sua evolução histórica veio das trocas que foram se aprimorando ao longo do tempo e com o surgimento da moeda, que foi o que possibilitou o ato de comprar e vender. Pela sua enorme capacidade de fazer circular riquezas de forma fácil, a compra e venda é um contrato muito freqüente e de grande importância na estabilidade social e econômica. PONTES DE MIRANDA comentou que a compra e venda “apanha desde os negócios jurídicos de esquina, ou de rua (vendedores ambulantes e estacionários), até os que têm por objeto patrimônios.” (PONTES DE MIRANDA, cf. Tratado de Direito Privado, cit., p.9.). Sendo a compra e venda, dessa forma, o negócio jurídico que forma a base da economia mundial.No direito romano antigo, as formas, as fórmulas empregadas e a tradição eram mais importantes que o consentimento. Na mancipatio, o comprador segurava o bem com as mãos, perante testemunhas e o porta-balança, pronunciava a fórmula e batia na balança com o pedaço do cobre. Depois, sobretudo com o jus gentium, em virtude da necessidade crescente dos negócios com outros povos que não entendiam as formas complexas dos romanos, estes passaram a admitir contratos constituídos pelo simples consentimento das partes, notadamente a compra e venda, a locação, o mandato e a sociedade No sistema romano, que apenas reconhecia situações jurídicas que fossem dotadas de ação, foram concedidas a actio ex vendito para o vendedor e a actio ex empto para o comprador, assegurando-se a paridade de armas. O esquema obrigacional romano do contrato de compra e venda exerceu forte influência que perdura até hoje, inclusive no direito brasileiro.
         Na atualidade, a economia baseia-se na compra e venda, que "apanha desde os negócios jurídicos de esquina, ou de rua (vendedores ambulantes e estacionários) até os que têm por objeto patrimônios", além das relações impessoais com utilização de máquinas ou da Internet.A evolução mais sensível reside no enquadramento da compra e venda em legislações especiais voltadas à realização de valores e princípios constitucionais, que se têm amplificado no Estado regulador, principalmente as voltadas ao direito do consumidor, ao direito da concorrência e ao abuso do poder econômico. A necessidade de defender o consumidor, alçada a princípio fundamental conformador do direito infraconstitucional, introduziu a temática das cláusulas abusivas e das eficácias pré e pós-contratual, delimitando o campo de abrangência das normas comuns, estabelecidas no Código Civil, relativamente ao contrato de compra e venda, que passam a ter função supletiva. O contrato de compra e venda foi profundamente afetado pelo fenômeno da massificação contratual, com a adoção inevitável das condições gerais dos contratos, que funcionam como regulação contratual privada predisposta pelo vendedor-fornecedor à totalidade dos compradores aderentes, com características de generalidade, uniformidade, abstração e inalterabilidade. A esse respeito, os artigos 423 e 424 do Código Civil de 2002 estabeleceram regras gerais de tutela dos aderentes submetidos a contratos de adesão a condições gerais, inclusive pessoas jurídicas, que não possam ser considerados consumidores, isto é, quando não estejam inseridos em relação de consumo.
          As condições gerais dos contratos são fruto da fase pós-industrial, da passagem do sistema de economia concorrencial para o sistema de concentração de capital, do poder empresarial e da massificação das relações sociais. A globalização econômica aprofundou o fenômeno. Quando a venda decorrer de um contrato de adesão e houver incompatibilidade entre as condições gerais nele predispostas e as normas de caráter dispositivo ou supletivo previstas nos artigos 481 a 532 do Código Civil, estas preferem àquelas. Os contratos típicos, como a compra e venda, recebem do ordenamento jurídico uma regulamentação particular, que utiliza normas cogentes e, principalmente, normas dispositivas. As normas dispositivas configuram modelos valorados pelo legislador e podem ser substituídas apenas por preceitos oriundos de efetivo acordo das partes que resolverem regulamentar seus interesses de maneira diferente. Não podem ser afastadas, todavia, pela predisposição unilateral de condições gerais, desfavorecendo o poder contratual vulnerável do aderente. 
Evolução no Contrato de Adesão no âmbito do Direito Econômico
I. Apresentação
Este texto tem por objetivo estudar a evolução do contrato de adesão, em face de ausência de nomatização no Código Civil, no âmbito das relações economicas, trabalhistas e de direito administrativo.
A sua construção se justifica em decorrência da sua larga utilização nas relações econômicas, sendo para tanto de vital importância no âmbito do direito econômico, em especial sobre a ótica da repressão ao abuso de poder econômico, bem como na esfera do direito do consumidor. Ademais, observa-se, em face do incremento do sistema de negócio eletrônico, um aumento de conclusões de negócios e contratos, através de meios virtuais, sem a prévia negociação, o que igualmente merece análise, em face do processo de globalização da econômia. O direito do consumidor, intimamente vinculado com os demais ramos do direito econômico, será objeto de nossa análise, em especial, no que se refere aos aspectos sociológicos e filosóficos, desses institutos. Por outro lado, os contratos eletrônicos, cuja validade já é contestada perante os Tribunais Alemães, encontra na doutrina francesa valioso estudo, sendo também objeto de estudo pela Organizaçao Mundial da Propriedade Intelectual, com sede em Genebra. Nesse contexto, merece destaque, as fusões e oferta de provedores de Internet, com a consequente democratização do acesso a informação.
Para a execução deste estudo utilizaremos o método histórico comparativo que nos permitira analisar a legislação brasileira e estrangeira, mais especialmente a dos Estados Unidos da America do Norte e da Alemanha, além da evolução das Convensões Internacionais.
Utilizamos como fontes de pesquisa os documentos legais e a doutrina nacional e estrageira que demonstrara a aplicação da legislação assim como sua eficacia diante das transformações impostas pelas modernas relações econômicas trabalhistas e de direito administrativo. Após apresentaremos as conclusões analiticas inferidas no decorrer deste estudo. Por fim elencamos as fontes bibliograficas e de indicações legais.
Introdução
A teoria tradicional dos contratos funda-se na manifestação de vontades. O instrumento contratual é fruto desta manifestação, sendo, portanto decorrente da livre negociação. Este princípio decorre da autonomia da vontade das partes, indzindo na liberdade de contratar.1 Tinha-se como escopo que esta liberdade de contratar teria como parâmetro e limite o ordenamento jurídico, na medida em que não há como recepcionar, pelo ordenamento jurídico vigente, um acordo de vontades que contrarie dispositvo em lei. Nesse contexto, há de ser observado que não somente as leis servem de limitação aos termos contratuais, na medida em que o direito tem por escopo proteger e resguardar a convivência social; desta forma o instrumento contratual que importe em violação dos bons constumes é, igualmente, rejeitado.
O contrato, como tal, nos termos de antigo brocardo romano se constitui na lei entre as partes.2 As partes, dentro da liberdade outorgada pelo ordenamento jurídico, têm ampla autonomia de contratar, devendo, somente se aterem aos seguintes princípios:
a) objeto lícito;
b) capacidade das partes
c) inexigência de forma, a não ser estipulada em lei.
A liberdade de contratar decorre, igualmente, do sistema econômico vigente, inserido na Constituição Federal. De acordo com a nossa Lei Fundamental, o sistema econômico brasileiro se funda nos seguintes princípios3:
a) livre concorrência;
b) livre iniciativa;
c) defesa do consumidor
d) função social da propriedade; e 
e) repressão ao abuso do poder econômico.O princípio da liberdade de contratar, igualmente, encontra-se reconhecido pelo direito alemão4 e se constitui como um dos marcos da liberdade do cidadão e de sua autonomia de vontade.5 Esta liberdade e autonomia se traduz no direito de estabelecer o momento de pactuação do acordo, bem como de seu objeto.
Estes princípios, objeto do estudo do Direito Econômico, acabam por dar os parâmetros da liberdade de contratar, na medida em que têm por objetivo reduzir desigualdades. O direito abandona a postura individualista, com ápice no final do século XIX, sob a égide do liberalismo, abraçando o contexto do Estado Social, ou seja, daquele que intervém para corrigir desigualdades sociais.
2. Da evolução dos negócios
O contrato, como instrumento negocial, atingiu expressivo grau de evolução nos últimos tempos. Da fórmula negocial, fruto da negociação entre as partes, evoluiu-se para os formulários, com preceitos já estipulados, onde ao contratado somente resta dois comportamentos:
a) a anuência aos termos impostos, ou
b) a não celebração do contrato
O contrato se desnatura, na medida em que não existe mais a sua prévia negociação. Passa a ser um instrumento pré-determinado que, em alguns países independe da assinatura do contrato, na medida em que, ao aderir a um estabelecimento, aceita, tacitamente, as suas regras gerais de trabalho.6
Por outro lado, implementa-se, nos tempos atuais a negociação eletrônica, baseada em um mundo virtual, não previsto pelo ordenamento jurídico, mas cuja realidade não pode passar desapercebida pelo estudioso das ciências jurídicas. Portanto, nesse contexto, cabe analisar dois instrumentos contratuais, de especial relevância para o direito econômico:
a) contrato de adesão;
b) o negócio eletrônico
O Contrato de Adesão
O Contrato de Adesão constitui em modalidade de negócio onde as partes não mais negociam as cláusulas do acordo de vontade, estas encontram-se pré-estabelecidas pelo contratante, implicando na redução quase que total da possibilidade de barganha do contratado.
O direito alemão evolui de forma bastante significativa ao estatuir legislação específica para regular essa modalidade de negócio.7 Esta modalide de negócio encontra grande aceitação no mundo econômico, citando-se como exemplo:
a) negócios bancários;
b) seguros;
c) transporte de bens; e
d) fornecimento de bens e serviços
Esta modalidade de negócio se justifica pela quantidade de contratos firmados, que impedem, de uma forma geral, a sua negociação individualizada, sob pena de comprometimento da funcionalidade e agilidade que devem reger estes segmentos econômicos, objetivando-se, desta forma atingir a necessária racionalização das práticas envolvidas.8 Pauta-se, essa modalidade de negócio, pela prática do uso de formulários com condições pré-definidas, muitas inseridas dentro de outros contratos, como sendo regras gerais de negócio.9 A título de exemplo, evidencia-se essa adesão na compra, junto a rede credenciada, de um programa de computador, onde o adquirente aceita, no ato da compra, as condições impostas pelo detentor do direito autoral sobre o programa de computador, que muitas vezes não se confunde com a pessoa que pratica o ato da venda.
Entretanto, essa prática pode acarretar em abuso de direito, na medida em que o contrante pode impor ao contratado condições abusivas, que acabam por deixá-lo a mercê da vontade da parte que redige os contratos. A legislação brasileira10 disciplina a questão de forma bastante incisiva ao determinar que, em havendo dúvida, a interpretação é sempre mais benéfica para a parte que aderiu ao contrato. No campo do direito do consumidor impõe-se a inversão do ônus da prova. 
No direito alemão, entretanto, verifica-se da necessidade de o contratado, formalmente, aderir aos termos das condições gerais do negócio, não bastando a simples adesão tácita.11 Certo é, entretanto, que as condições dessa modalidade de negócio devem estar disponíveis para a consulta pelo contratado, prevalecendo, no caso de alteração por escrito, a regra nova em detrimento da que fora inicialmente impressa.
Muitos questionam esta modalidade de acordo, indagando se o mesmo constitui-se em um contrato. Vale acrescentar que esta modalidade de pacto rege, inclusive, as relações laborais. Nesse contexto, examinando a questão entendeu o Prof. Délio Maranhão que o fato de alguém aderir aos termos impressos, não desnatura a sua natureza contratual, na medida em que remanescem as obrigações e os direitos das partes, mantendo sua natureza bilateral.12
Estabelecida essa definição, deve-se ter em mente que essa modalidade de contrato está submetida aos comandos da legislação, não podendo impor a uma das partes obrigações descabidas ou renúncia de direitos.13 Neste contexto, vislumbra-se a atuação do direito do econômico, na medida em que consumidor tanto pode ser pessoa física ou jurídica e há o interesse do ordenamento jurídico na mantença da lealdade das relações econômicas de forma a garantir a estabilidade das relações sociais.

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