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69 Hidráulica e Hidrologia Aplicada 6. ESCOAMENTO PERMANENTE GRADUALMENTE VARIADO Segundo Porto (1999) a equação diferencial de tal movimento pode ser deduzida utilizando-se algumas hipóteses simplificadoras: A) A declividade do fundo do canal é pequena, de modo que a altura d’água medida perpendicularmente pode ser confundida com a altura medida na vertical; B) O canal é prismático, isto é, qualquer seção é constante em forma e dimensões; C) A distribuição da velocidade é fixa; D) A distribuição de pressão em uma seção é hidrostática, isto é, existe paralelismo entre as linhas de corrente do escoamento. Dá-se o nome de remanso ao perfil da linha formada pela superfície livre do canal. Dependendo da declividade do fundo do canal pode-se ter 12 tipos de curvas para a linha d’água Declividade Profundidade Descrição Curvas Tipo Quantidade I0 < Ic y0 > yc Declividade fraca (Mild Slope) M 3 curvas I0 > Ic y0 > yc Declividade forte (Steep Slope) S 3 curvas I0 = Ic y0 > yc Declividade crítica (Critical Slope) C 2 curvas I0 = 0 ∞ Declividade nula (Horizontal Slope) H 2 curvas I0 < 0 ___ Declividade negativa (Adverse Slope) A 2 curvas Canais de fraca declividade (Mild Slope) 70 Hidráulica e Hidrologia Aplicada Zona Curva Profundidade Escoamento Tipo de remanso 1 M1 y > yn > yc Subcrítico Elevação 2 M2 Yc < y < yn Subcrítico Depressão 3 M3 y < yc > yn Supercrítico Elevação Canais de forte declividade (Steep Slope) Zona Curva Profundidade Escoamento Tipo de remanso 1 S1 y > yn > yc Subcrítico Elevação 2 S2 Yc < y < yn Supercrítico Depressão 3 S3 y < yc > yn Supercrítico Elevação 71 Hidráulica e Hidrologia Aplicada Canais de declividade crítica (Critical Slope) Zona Curva Profundidade Escoamento Tipo de remanso 1 C1 y > yn > yc Subcrítico Elevação 2 --- --- Não existe esta zona 3 C3 y < yc < yn Supercrítico Elevação Canais de declividade nula (Horizontal Slope) Zona Curva Profundidade Escoamento Tipo de remanso 1 --- → ∞ Não existe esta zona 2 H2 y > yc Subcrítico Depressão 3 H3 y < yc Supercrítico Elevação Canais de declividade negativa (Adverse Slope) 72 Hidráulica e Hidrologia Aplicada Zona Curva Profundidade Escoamento Tipo de remanso 1 --- → ∞ Não existe esta zona 2 A2 y > yc Subcrítico Depressão 3 A3 y < yc Supercrítico Elevação 6.1 Tipos de Remanso Remanso de elevação É a curva que ocorre num canal de fraca declividade, quando pela construção de uma barragem, por exemplo, a água deve elevar-se acima da profundidade normal do escoamento para vencer o obstáculo. Remanso de elevação É o perfil que ocorre num canal de fraca declividade, quando a superfície de água sofre um abaixamento: por exemplo, por uma queda na extremidade do canal, por um degrau no leito ou pela mudança da declividade para outra mais acentuada, ficando a altura d’água maior que a profundidade normal, porém mantendo-se acima da profundidade crítica. Terceira Forma Ocorre num canal de fraca declividade, quando a água é nele admitida com uma 73 Hidráulica e Hidrologia Aplicada profundidade inferior ao valor crítico, como por exemplo, por uma comporta de fundo. Exemplo 6.1:. Para os canais mostrados traçar o perfil da água indicando o tipo de curva de remanso e marcando as profundidades crítica e normal. A) B) C) D) Resp: A) B) C) D) 74 Hidráulica e Hidrologia Aplicada Exemplo 6.2: Um canal retangular de concreto (n = 0,013), com declividade de 0,0004 m/m e largura de 3 m funcionando em regime uniforme com a profundidade normal de 1,58 m. Determinar o remanso causado por uma pequena barragem de 2,0 m de altura. Resolução: Considerando a profundidade normal do canal no ponto (2) tem-se: Área molhada (Am): 2 3 1,58 4,74Am = ⋅ = m2 Perímetro molhado (Pm): 22 1,58 3,0 1,58 6,16 mPm = + + = Raio hidráulico (Rh): 2 2 4,74 0,77m 6,16 AmRh Pm = = = Vazão (Q): 2 2 33 31 1 4,74 0,77 0,0004 6,1 m 0,013 Q Am Rh I n = ⋅ ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ ⋅ = /S No ponto (1) da barragem determinar a altura crítica. Vazão unitária (q): 6,1 2,03 3,0 Qq B = = = m3/s.m Altura crítica (yc): 2 2 33 2,03 0,75m 9,81c qy g = = = Determinar a profundidade imediatamente a montante da barragem. y1 = 2,0+0,75= 2,75m Área molhada (Am): 2 3 2,75 8,25 Am = ⋅ = m2 Perímetro molhado (Pm): 22 2,75 3,0 2,75 8,50 mPm = + + = Raio hidráulico (Rh): 2 2 8,25 0,97m 8,50 AmRh Pm = = = Determinar a perda de carga que ocorre entre os pontos (1) e o (2). 75 Hidráulica e Hidrologia Aplicada 2 2 23 n vJ = Rh ⋅ Mas a velocidade média (v ) e o raio hidráulico médio (Rh ) é igual a: 1 2 1 2 1 2 6,1 6,1 mas v 1,29 m/s e v 0,74m/s. 2 4,74 8,25 v v Q Q v Am Am + = = = = = = = 1 2 1,29 0,74 1,01 m/s 2 2 v v v + + = = = e 1 2 0,77 0,97 0,87m 2 2 Rh RhRh + += = = Como a canal tem uma única rugosidade a 0,013n = . Logo a perda de carga será: 2 2 2 2 2 23 3 n v 0,013 1,01J = 0,002m/m Rh 0,87 ⋅ ⋅ = = O cálculo do remanso é obtido por meio da fórmula: 2 1E Ex I J −∆ = − 2 2 1 1 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2,032,75 2,78m 2 2 9,81 2,75 2,031,58 1,66m 2 2 9,81 1,58 qE y gy qE y gy = + = + = ⋅ ⋅ = + = + = ⋅ ⋅ 2 1 2,78 1,66 5600m 0,004 0,002 E E x I J − −∆ = = = − − O remanso atingirá uma distância de 5600 m. O sinal negativo indica que o valor calculado corresponde ao sentido contrário ao escoamento. Referências Bibliográficas BAPTISTA, MARCIO BENEDITO; LARA, MARCIA, “Fundamentos de Engenharia Hidráulica”, Editora UFMG, Minas Gerais, 2ª ed. 2003. PORTO, RODRIGO DE MELO. “Hidráulica Básica”, Editora São Carlos: EESC- USP, SP, 2ª ed.1999. PORTO, RODRIGO DE MELO. “Exercícios de Hidráulica Básica”, Editora São Carlos: EESC-USP, SP, 4ª ed. 2013.
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