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HOMENS INVISÍVEIS fichar

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UniAGES
CENTRO UNIVERSITÁRIO
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
CLAUDIVÂNIA DOS SANTOS
Homens invisíveis 
Fichamento apresentado no curso de Enfermagem da UniAges, como um dos pré-requisitos para a obtenção da nota parcial da disciplina de Antropologia no 8° período, sob a orientação da professora Luciana Galante.
Paripiranga-BA
 Setembro -2017
COSTA, Fernando Braga. Homens Invisíveis: relato de uma humilhação social. Ed.globo.2004.
Citações 
Nossa desigualdade e sua naturalização na vida cotidiana é moderna, posto que vinculada à eficácia de valores e instituições modernas com base em sua bem-sucedida importação ‘de fora para dentro’. Assim, ao contrário de ser personalista, ela retira sua eficácia da ‘impessoalidade’ típica dos valores e instituições modernas. É isso que a faz tão opaca e de tão difícil percepção na vida cotidiana. ( p. 13)
“Ofício de gari parece acentuadamente atravessado por um fenômeno de gênese e expressão intersubjetivas: a invisibilidade pública’’. (p.57)
“A caminhada do viveiro até ali foi naturalmente lenta: o trajeto era curto, o calor do sol estava forte, o papo era bom” (p.61).
“Os homens da segurança limitaram nossa visita, determinando o ponto até o qual poderíamos ir em cada faculdade” (p.67).
A mudança, de fato, se realizou. Não foi reivindicada pelos garis; em nada depende deles. Ninguém para quem a opinião deles, o sentimento deles, parecesse contar: ninguém imaginaria que a mudança, para os garis, fosse coisa diferente de um mero deslocamento, uma coisa anódina. (p.77) 
‘‘Raros são os momentos em que o tal veículo recebe algum tipo de cuidado. Os pneus estão gastos, e ao menos um deles sempre apresenta uma saliência em forma de bolha’’. (p.81) 
‘‘O gari esbravejou: ‘‘Peão não tem vez. Só se fode! Peão não tem vez mesmo!’’ (p.83)
‘‘Também aprendi a esperar por aquele quarto na hora. Durante o serviço, passei a consultar o relógio em intervalos cada vez mais curtos; às vezes, tentava aliciar um ou outro companheiro para anteciparmos o intervalo’’. (p.90) 
‘‘No sentido das ordens, também são reveladoras as cobranças pelo cumprimento dos horários’’. (p.95)
Os garis realmente têm medo. Na suas atitudes, no seu olhar, o medo configura-se como traço marcante: é isso que Tiago salienta. Os garis sente-se pequenos. Mesmo o amigo de anos, caso sua função assim exija, pode delatar qualquer um que desrespeite a norma institucional. Diante da Organização Burocrática, todos parecem igualmente diminutos: chefes e subalternos. Os garis, a quem nunca é permitido deixar a condição de pequenos, nunca mesmo, nesse caso tornam-se ainda menores. (p.99)
‘‘Não éramos mais estudantes, varredores, motorista ou chefes. Éramos homens simplesmente. Éramos iguais. Como crianças ou adolescentes, não sei’’. (p.109)
Conclusão 
  A obra Homens invisíveis é de fácil compreensão, linguagem simples e objetiva, porém, bastante extensa, mas contribui e muito para formação acadêmica de qualquer docente. O estilo de linguagem utilizado pelo autor provavelmente favorece a possibilidade de intervir, ainda que de forma miúda, para melhorar a realidade. A obra, Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social, conta a história do relacionamento dele com pessoas que exercem não apenas uma profissão "subalterna e não-qualificada", mas uma profissão desumana e mal paga, que condena seres humanos a trabalhos degradantes, a tarefas que ferem não só o corpo, mas também e principalmente a alma humana. Muitos são os casos de humilhação social e discriminação relativa ao trabalho, onde o humilhado na maioria das vezes sofre calado, considerando que a autoestima e a existência do sujeito em determinado ambiente é concedida pelo outro, onde o verdadeiro espelho do indivíduo é o olhar do outro, possibilitar que esse sujeito seja visto, reconhecido e valorizado no ambiente de trabalho deve ser uma obrigação de todo gestor, sendo preciso extinguir o triste hábito de naturalizar a desigualdade de tratamento e acabar com a cegueira púbica. 
 Essa cegueira pode ser superada com respeito a alteridade, com atenção ao outro, entendendo a singularidade e principalmente reconhecer e aceitar os que são diferentes, onde as diferenças socioeconômicas ou culturais não devem interferir nas relações interpessoais. A obra, nos relata como é ingrato ser gari. Margarida de rua. Lixeiro. Subalterno. Não-qualificado. Ocupante do cargo mais raso, denominado "ajudante de serviços gerais", gari não é consultado sobre qual trabalho deve ser feito antes. Não escolhe suas ferramentas e delas não pode reclamar, mesmo que sejam inadequadas, perigosas, desgastadas, enfim, mesmo que nem ao menos pareçam projetadas para o corpo humano. O trabalho sujo, insalubre, braçal, repetitivo, humilhante que é exercido sob hierarquia severa e autoritária. Pior: por tudo isso, quem é gari deixa de ser visto como pessoa e passa a ser visto ou quando visto apenas como função. Geralmente, como provam diversos episódios do livro, gari passa despercebido. Não é notado ou cumprimentado. Vira homem invisível.  
  Ao ler esse livro, tive a plena conscientização do que é ser um sujeito invisível e do sofrimento ao qual são submetidos os trabalhadores dessa classe diariamente, uma mudança só poderá ocorrer quando as pessoas se dispuserem a vestir um uniforme e mesmo que por um dia atuarem em profissões degradantes e sentir na pele como é ser humilhado, discriminado e ignorado ao realizar atividades indispensáveis à organização e a sociedade. Pode ser utópico ou um sonho, mas são por causas impossíveis que vale a pena lutar. Nesse contexto posso concluir que o conhecimento aqui adquirido irá me proporcionar mais humanização na vida profissional e conhecedora do potencial de uma população dentro do aspecto de transformação humano.

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