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Unidade VIII Eficácia de Normas Aplicação da lei estrangeira A partir da ideia da soberania estatal preconizada pela norma constitucional como princípio fundamental da República (CRFB art. 1º) é fácil compreender que a norma jurídica deve ser aplicada nos limites das fronteiras geográficas do seu respectivo órgão político (locus regit actum). Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político; Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição. Sucede que o intercâmbio cultural, social e econômico existente, e cada vez frequente, entre os povos de diversos países, determina a necessidade imperiosa de admitir a aplicação da legislação de um País além dos limites de sua cobertura estatal. Equivale a dizer, há premente necessidade de admitir a aplicação da lei de um determinado País além de seus limites territoriais, impondo-se a adoção de regras para solucionar tais hipóteses. É o direito internacional que regula a matéria, apresentando regras que determinam qual a norma aplicável em cada caso. Caio Mário da Silva Pereira “...a rigor não existe, e não pode mesmo existir conflito interespacial de leis. Seria isto um absurdo lógico e um absurdo jurídico dentro do conceito fundamental do direito positivo como expressão de soberania estatal. O que existe, e aqui se insere a extensão da extraterritorialidade, é a circunstância de um Estado determinar que, na apreciação de certas relações jurídicas, sejam aplicados princípios de direito estrangeiro. O direito positivo nacional, diante de um fato em conexão com meios sociais diferentes, pode mandar sejam julgadas as relações jurídicas dele geradas pelo próprio direito nacional – ius indigenium – ou pelo direito estrangeiro – ius extraneum – ou em parte por um e em parte por outro.” A partir de tais premissas, é possível inferir que, embora as leis sejam editadas para serem aplicadas no território nacional (princípio da territorialidade), admite-se, sem ferir a soberania estatal nacional e a ordem internacional, em determinadas hipóteses, a aplicação de norma estrangeira em território nacional, ou a aplicação da lei brasileira, em território estrangeiro (princípio da extraterritorialidade). Assim, conclui-se facilmente que o ordenamento brasileiro adota o princípio da territorialidade moderada, também dita temperada ou mitigada. Em razão de admitir a um só tempo, as regras da territorialidade (LINDB, arts. 8º e 9º) e da extraterritorialidade (LIND, arts. 7º, 10, 12 e 17). Regra geral Nessa ordem de ideias, a regra geral , é que no território brasileiro é aplicável lei brasileira. Todavia, excepcionalmente, é admitida a aplicação da lei estrangeira em território brasileiro, nos casos permitidos em lei. Exige-se pois, uma regra de conexão (estatuto pessoal) para que a norma legal alienígena seja acolhida em nosso território. Precisa-se de um elemento para definir as hipóteses em que a legislação brasileira poderá surtir efeitos concretos no território nacional. Estatuto pessoal A lei vigente consagra como regra de conexão o chamado estatuto pessoal. Através da regra do estatuto pessoal será aplicável a regra do domicílio do estrangeiro para reger as suas relações jurídicas atinentes ao começo e ao fim da personalidade ao nome, capacidade e aos direitos de família, como reza, expressamente, o art. 7º da Lei Introdutória. Este procedimento indica o acolhimento da regra do chamado estatuto pessoal. Também aplicável a regra do estatuto pessoal (isto é, a lei do domicílio da pessoa) no que concerne: i) aos bens móveis que o proprietário tiver consigo ou se destinarem ao transporte para outros lugares (LINDB, art. 8º § 1º); ii) ao penhor (LINDB, art. 8º § 2º); iii) à capacidade para suceder (LINDB, art. 10 § 2º), isto é, a capacidade para receber herança ou legado.
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