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Comparação entre Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão e Mandado de Injunção Antonio Henrique Lindemberg www.editoraferreira.com.br Introdução: O Mandado de injunção (art. 5º, LXXI) consiste em uma ação constitucional que visa a suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito previsto na CF/88. Juntamente com a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, tem por objetivo o combate à síndrome da inefetividade das normas constitucionais. Visa dar efetividade àquelas normas que José Afonso da Silva denomina de normas de aplicabilidade mediata e eficácia limitada. Como exemplo deste tipo de norma, a qual necessita de regulamentação posterior para ter efetividade, temos o mandamento previsto no art. 37, VII, que assegura o direito de greve ao servidor público civil nos termos e nos limites definidos em lei específica. Deste modo, somente quando houver esta lei específica regulamentadora deste direito é que será lícito aos servidores públicos civis exercerem o seu direito de greve. Portanto, foi imbuído desta finalidade, qual seja, sanar a omissão legislativa, que o Poder Constituinte originário fez surgir no ordenamento jurídico pátrio estes dois institutos até então inexistentes nas constituições anteriores. Diferenças entre os dois institutos: Entretanto, apesar de possuírem as mesmas finalidades, como salienta José Afonso da Silva, “sua principal finalidade consiste assim em conferir imediata aplicabilidade à norma constitucional portadora daqueles direitos e prerrogativas, inerte em virtude de ausência de regulamentação”, estes institutos ,que por ora analisamos, possuem diferenças marcantes que a partir de agora comentaremos. Em relação à legitimidade ativa (pessoa ou pessoas que poderão ingressar com a ação constitucional), temos que o art. 103, alterado pela emenda constitucional 45 de 08 de dezembro de 2004, determina como legitimados da ação direta de inconstitucionalidade por omissão os seguintes órgãos ou autoridades: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal (redação dada pela emenda constitucional nº. 45, de 2004), o Governador de Estado ou do Distrito Federal (redação dada pela emenda constitucional nº. 45, de 2004), o ProcuradorGeral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partido político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Já os legitimados para ingressar com a ação de mandado de injunção podem ser quaisquer pessoas que possuam interesse jurídico em sanar a omissão legislativa, quer dizer, qualquer pessoa que esteja sofrendo lesão em virtude da não regulamentação de uma norma constitucional. Os legitimados passivos (contra quem será impetrada a ação constitucional) também diferem. Na ação direta de inconstitucionalidade por omissão, em virtude da norma expressa no art. 102 da Constituição Federal que só possibilita ações diretas de inconstitucionalidade contra lei ou ato normativo federal ou estadual, verificamos que os legitimados passivos, ou seja, aqueles que têm a obrigação de regulamentar a norma constitucional poderão ser, conforme o caso: o poder legislativo, executivo, judiciário, tribunal de contas e o ministério público, desde que sejam órgãos estaduais ou federais, pois não é admitida ação direta de inconstitucionalidade contra lei ou ato normativo municipal. Do outro lado, observando os legitimados passivos da ação injuncional, temos como impetrados todos aqueles órgãos que também o são na ação direta de inconstitucionalidade por omissão e inclusive o poder legislativo, o executivo e o tribunal de contas do município, lembrando que não há judiciário nem ministério público municipal. A competência para julgamento destas ações também é prevista de modo díspare na Constituição Federal. O órgão responsável para julgamento da ação direta de inconstitucionalidade por omissão é sempre o Supremo Tribunal Federal. Já no mandado de injunção poderemos ter como órgãos julgadores o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça, dependendo do legitimado passivo, conforme previsão dos artigos 102, I, a e 105, I, h, respectivamente. Em observação à matéria que será objeto destas ações constitucionais, verificamos uma grande divergência entre elas, divergência que também afeta os efeitos da decisão judicial, vejamos. O mandado de injunção tem como objeto um caso concreto, nela o autor da ação leva ao conhecimento judicial uma lesão que efetivamente está ocorrendo e pleiteia que haja a extinção desta lesão através de um provimento judicial. De outro modo, na ação direta de inconstitucionalidade por omissão há uma análise em abstrato da omissão legislativa. Aqui ocorre um controle de constitucionalidade em abstrato da norma constitucional. Merece atenção o fato de que o objeto da ação, ou seja, a situação em concreto ou a norma em abstrato é que irá gerar o efeito da decisão judicial. A decisão judicial no mandado de injunção, como conseqüência lógica de ser um caso concreto, só tem aplicabilidade inter partes (só tem efeito para quem ingressou com a ação) e, no caso da ação direta de inconstitucionalidade, os efeitos da decisão são erga omnes (aplicabilidade para todas as pessoas). Em outra aula comentaremos detalhadamente os efeitos da sentença em ação de mandado de injunção, questão polêmica e muito discutida no Supremo Tribunal Federal. Antonio Henrique Lindemberg www.editoraferreira.com.br
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