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DIREITO DAS SUCESSÕES

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DIREITO DAS SUCESSÕES – PRIMEIRA PARTE – TÍTULOS I E II
Evolução histórica
O direito das sucessões é bem antigo e remota a continuidade da religião e da família.
Na época das XII tabuas já era possível a disposição de seus bens, em que o pater família dispunha de seus bens antes de sua morte, todavia, se não exercesse esse direito antes da morte, após a morte a herança se devolvia, e existia três classes de herdeiros:
(i) Sui et necessarii – eram os filhos sob o poder do pater que se tonava sui iuris com a sua morte, incluía-se também os netos, e até mesmo a esposa.
(ii) Agnati proximus – eram os parentes mais próximos do falecido, é o colateral de origem exclusivamente paterna, como irmão consanguíneo, o tio que fosse filho do avô paterno, filho desse mesmo tio- próximos no momento da morte.
(iii) Gentilis – ou membros dos gens, que é o grupo familiar em sentido lato.
Com o código Justiniano a sucessão passa a se fundamentar unicamente no parentesco.
(i) Os descendentes
(ii) Os ascendentes e com concurso com os irmãos e irmãs bilaterais
(iii) Irmãos e irmãs consanguíneos ou uterinos.
(iv) Outros parentes colaterais.
Fundamentos do direito das sucessões
1. Ordem religiosa - a propriedade é familiar era chefiada pelo varão mais velho, que tomava lugar do de cujus na condução do culto doméstico.
2. Propriedade individual – o fundamento desloca-se para a conservação do patrimônio dentro de um núcleo, como forma de manter poderosa a família, impedindo a divisão do patrimônio entre os filhos.
3. Para Cimballi, D'Aguano e Carlos Maximiliano, o direito das sucessões se fundamenta na continuidade da vida humana.
Conceito
Em sentido amplo significa o ato pela qual a uma pessoa assume o lugar da outra, substituído a titularidade de determinados bens.
Existe duas formas de sucessões
(i) Inter vivos, quando ocorre uma compra e venda e o vendedor sucede na titularidade do bem comprado.
(ii) Causa mortis, ocorre em razão da morte de alguém, esse ramo do direito disciplina a transmissão do patrimônio, do passivo e do ativo do de cujus ou autor da herança a seus sucessores.
Direito das sucessões segundo Clovis Bevilacqua “é o complexo dos princípios segurando os quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém que deixa de existir”.
Conceito doutrina: Sucessão é a transmissão ou transferência total ou parcial da titularidade de um patrimônio, por força de lei ou por ato de última vontade do titular do patrimônio a outrem, em virtude de sua morte.
Conceito Professor: no sentido comum, sucessão é sinônimo de transmissão, transferência. Ex. Fulano sucedeu outro, significa que substituiu. Isso se aplica também ao conceito jurídico de sucessão.
Em direito das coisas, a transferência de patrimônio na compra e vende de imóvel. Substitui a titularidade do imóvel, há uma sucessão, mas entre as pessoas vivas. Comodato, novação e etc.
Vamos estudar a sucessão que se dá por força de lei ou por última vontade.
Patrimônio: conjunto de bens, direitos, deveres e obrigações que todo ser humano possui ao nascer com vida. O patrimônio pode ser negativo, ex. Quando o falecido deixa mais dívidas, obrigações.
Por força de lei ou por ato de vontade: são as duas espécies de sucessão existentes do direito brasileiro, sendo a sucessão legitima, sucessão legal ou sucessão presumida. É presumida porque quando alguém morre e não deixa o ato de disposição de ultima vontade, presume-se que o sujeito que morreu conhecia a lei, sabendo quais os critérios de sucessão fixados pela lei concordando com estes critérios. Ex. Sabe que os filhos e a esposa que irão receber seu patrimônio e concorda com isso, não sedo necessário dispor sobre isso.
No direito civil, temos dois tipos de morte: a verdadeira (biológica) e a presumida (ausência - ficta). O intuito da decretação de ambas é o mesmo: a sucessão dos bens do falecido.
Na morte presumida, não se tem o cadáver da pessoa, mas presume-se que está morto, pois tem a declaração judicial de ausência, e um dos efeitos desta é a sucessão do patrimônio.
Sucessão-Sucessor:
Herdeiro é aquele que recebe uma parte do patrimônio total.
Legatário é aquele que recebe o legado, o que significa receber um ou mais bens identificados, perfeitamente determinados na cláusula ou na disposição do testamento. Só existe no testamento.
Receber a título universal: é receber um quinhão, percentual, quota-parte do todo, do universo do patrimônio, são herdeiros, pois recebem um pedaço igual a todos do patrimônio.
Receber a título de testamento: é testar a parte disponível, haverá sucessão na qualidade de herdeiro testamentário, pode ser qualquer pessoa, inclusive um dos herdeiros.
O sucessor do morto recebe o patrimônio a titulo universal ou a titulo singular o que é receber a titulo universal, é ser chamado de herdeiro, receber um porcentual, um pedaço de tudo que forma o que constitui um patrimônio deixado pelo morto o herdeiro é chamado de herdeiro, recebe ou porque a lei o aponta para receber ou o de cujus escolhe antes de morrer.
Os herdeiros legítimos são pessoas ligadas ao falecido pelo vinculo de afeto ou de sangue, vinculo de parentesco é herdeiro legitimo o cônjuge, são ligados ao morto pelo vinculo do afeto os colaterais estão ligados ao morto pelo vinculo de parentesco consanguíneo ou de afeto herdeiro testamentário pode ser qualquer pessoa receber a título singular é receber a título de legatário receber um bem, parte de um bem ou de vários bens se alguém deixa um testamento e escreve uma porcentagem de tal bem e o beneficiário.
Ex. O João faz um testamento e escreve em uma das clausulas do testamento, “30% dos meus investimentos quando eu morrer fique com meu amigo Antônio”. O Antônio é herdeiro testamentário.
O herdeiro testamentário vai receber um percentual do todo e o legatário vai receber ou 100% de um bem ou parte de vários bens.
Tipos de sucessão
Universal
Sucessão Legitima
(a) Herdeiro
(i) Necessário – descendente ascendente e cônjuge sobrevivente*.
(i) Facultativo – primo que é herdeiro legítimo é somente o primo irmão (filho do irmão/irmã do pai/mãe)
Convivente sobrevivente: vive e união estável. A questão é que se caso convive com a pessoa e morre, o sobrevivente vai concorrer com os filhos pela herança. Posição do prof. é conservadora, de que casamento e união estável são situações jurídicas distintas, logo devem ter efeitos distintos. STJ entende que é constitucional.
Sucessão testamentária
(a) Qualquer pessoa determinada pelo testador.
Singular
Sucessão testamentária – legatário recebe legado.
Parte I – da sucessão em geral
Disposições em geral
1. Abertura da sucessão
A palavra herança é bem ampla, abrangendo o patrimônio do de cujus, que não é constituído apenas de bens materiais e corpóreos como imóvel ou um veículo, representa uma universalidade de direito, um complexo de relações jurídicas dotadas de valor econômico. – CC art. 91.
HERANÇA é a somatória em que incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular o falecido, desde que transmissíveis. Compreende o ativo e o passivo – 1992 e 1997- CC.
A existência da pessoa termina com a morte – art. 6º CC, no mesmo instante em que ocorre abre a sucessão, transmitindo-se automaticamente a herança aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução de continuidade e ainda que estes ignorem o fato.
Não há que se falar em herança de pessoa viva, a não ser me caso de ausência, presumindo-lhe a morte.
Pressupostos da sucessão:
Que o de cujus tenha falecido
Que lhe sobreviva o herdeiro
No momento da morte há transmissão aos herdeiros na ordem da vocação hereditária- art. 1829 CC. Na falta desses será a herança recolhida pelo Município, pelo Distrito Federal ou pela União – art. 1844.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Abertura da sucessão =data do óbito do autor da herança. Quando morre, imediatamente, de maneira incontinente o patrimônio deste é transmitido para seus herdeiros, para aqueles que o sucedem a título universal. O herdeiro com a morte recebe a herança, já o legatário (título singular) só irá receber o seu legado quando for aberto o inventário do testador, o testamento será dado como válido, e só vai receber o legado após o trânsito em julgado da partilhada do inventário, só receberá antes caso não haja contestação do recebimento, ou seja, o único herdeiro.
Quem recebe a título universal são herdeiros, e por força de lei recebem o patrimônio logo após aberta a sucessão. Já o legatário não.
O art. 1788 CC – a transferência se da também aos bens que não foram compreendidos no testamento, bem como subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar ou for julgado nulo.
Art. 1786 CC:
Sucessão legítima, legal ou presumida - por força da lei.
Sucessão testamentária – por força do testamento.
1785 CC – a sucessão é distribuída no último lugar de domicilio do falecido.
Efeitos jurídicos da abertura da sucessão:
Art. 1.787 CC: Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vige ao tempo da abertura daquela. Para apurar o inventário e etc. A única lei que deverá ser observada é aquela que está em vigor na data da abertura do testamente. Portanto, a legitimação para suceder deve ser aquela da data.
Ex. Casal tem 2 filhos e adotado o terceiro. Quem serão os herdeiros se o marido falecer em 1987. Na época vigorava o CC 16 em que não havia concorrência entre herdeiros, sendo que uma classe sucessória excluía a outra, logo a viúva não era herdeira legítima do marido, pois a classe preferencial eram os herdeiros, e ela seria a meeira do marido. E ainda, os 3 filhos são herdeiros legítimos na categoria de descendentes, porém havia uma discriminação entre filho legítimo e ilegítimo, logo apesar de serem todos herdeiros o filho adotado não receberá o mesmo quinhão. Somente com CF 88 que foi proibida a discriminação entre filhos, e passou tratar-lhe como iguais, o novo CC passou a prever a possibilidade de concorrência da viúva.
Art. 1829, I, CC
A sucessão legitima defere-se na seguinte ordem:
A) descendentes em concorrência com o cônjuge, salvo se o morto era casado na comunhão universal
Sendo morto casado e deixando viúva e filhos os herdeiros serão os descendentes.
Somente divide o cônjuge com os descendentes se for casado em regime de comunhão parcial de bens; na participação final dos aquestos; morto era casado na separação convencional de bens, o falecido deixou descendentes e cônjuge sobrevivente, serão os herdeiros os descendentes em concorrência com o cônjuge.
Não haverá concorrência no regime da comunhão universal de bens, se o indivíduo morreu e deixou mulher e filhos quem herda serão os descendentes do morto e o cônjuge terá direito a meação (metade); se o morto era casado no regime da comunhão parcial e não deixou bens particulares, quem herda do morto só os descendentes; o autor era casado na separação obrigatória de bens com a esposa, ele morreu deixou descendentes e viúva quem herda são os descendentes.
Não haverá concorrências entre descendente e cônjuge no casamento da separação total de bens.
1. Corrente: Concorrência entre descendente e cônjuge. Sobrevivente se dá sobre os bens particulares apenas. – Corrente majoritária
2. Corrente: concorrência entre descendente e cônjuge sobrevivente. Se dá sobre toda herança. Todo patrimônio.
3. Corrente: concorrência se dá apenas no patrimônio comum. Os bens particulares são dos descendentes.
Aberta a sucessão surge a delação ou a devolução sucessória. Significa a oferta, oferecimento que o autor da herança faz, do patrimônio que ele deixou aos seus sucessores e toda a oferta que é feita alguém merece resposta, nesse caso aceitação e a renúncia são feitas após a oferta.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
Herança é todo o patrimônio deixado pelo morto, que ainda será dividido. O patrimonio deixado, a partir do momento em que o morto a deixou até o trânsito em julgado do inventário será considerado única propriedade e indivisível, e cada herdeiro será dono de seu quinhão.
Caso seja necessário, apesar de ser dono de apenas um quinhão, antes de aberto o inventário proteger necessariamente qualquer um deles poderá faze-lo em juízo.
A figura do espólio só surge a partir da abertura do inventário até ter o trânsito em julgado da partilha. Caso já tenha o inventariante não poderá mais qualquer um representar.
Se alienar o patrimônio, esta alienação será nula.
Princípio da unicidade e indivisibilidade da herança: até o trânsito em julgado da partilha e herança será regida pelos princípios do condomínio.
Art. 1789 – havendo herdeiros necessários o testador só pode dispor de 50% da herança.
Art. 1790 – A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
Trata-se da previsão dos direitos do companheiro na união estável, vez que, por não e tratar de casamento merece cobertura diferenciada.
2. A comoriência
Zeno de Veloso, preleciona o seguinte “o legislador concilia transmissão automática e por força da lei da herança no próprio momento da morte do de cujus, com a necessidade de os herdeiros aceitarem a herança e com a possibilidade de eles preferirem repudiá-la””.
Lacerda de Almeida diz “ devolve-se a herança aos herdeiros necessários; aos testamentários defere-se”.
Para que haja a sucessão é necessário, que o herdeiro sobreviva ao hereditando. Há casos, entretanto que ambos falecem em condições que impossibilitam precisar deles morreu primeiro e se ocorreu ou não a sobrevivência do herdeiro. No CC recebem o nome de comoriência (art. 8º), “ se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se alguns dos comorientes procedeu ais outros, presumi-se-ão simultaneamente mortos”.
Efeito: a presunção de morte simultânea é que não tem havido tempo ou oportunidade para transferência de bens entre os comorientes, um não herda o outro. A sucessão se dá automaticamente, desde logo, quando a pessoa falece e seus herdeiro sobrevivem.
Ex. Se morre um casal sem descendentes e ascendentes sem saber qual morreu primeiro, um não herda o outro. Assim, os colaterais da mulher ficarão com a meação dela, enquanto que os colaterais do marido ficarão com a meação dele.
Se caso soubesse da ordem da morte conforme laudo legista, aquele que sobreviveu em segundos a mais que o outro herdaria a meação do outro e seria transferido aos seus colaterais.
3. Transmissão da posse: o princípio da”saisine”
É o princípio entabulado no art. 1784 CC em que o próprio falecido transmite ao sucessor a propriedade e passo do bens da herança.
Para que a transmissão tenha lugar é necessário:
Que o herdeiro exista ao tempo do deferimento da herança;
Que a esse tempo NAO seja incapaz de herdar.
História: na antiga idade média quando o arrendatário morria a terra arrendada devia ser devolvida ao senhor feudal, de modo que os herdeiros pleiteassem a imissão na posse, pagando para tal uma contribuição, por isso criou-se essa ficção jurídica de que a transmissão se dá no momento da morte, logo não havia mais necessidade dos herdeiros se dirigir a justiça ou ao senhor feudal.1. Espécies de sucessão e de sucessores - Sucessão legitima e testamentária
Art. 1786 CC
Sucessão legítima, legal ou presumida - por força da lei. – Sucessor necessário ou legal
Sucessão testamentária – por força do testamento – sucessor testamentário.
Art. 1788 – quando uma pessoa morre sem testamento a herança se transfere nos termos da lei, e na ordem da vocação hereditária. A sucessão legitima então, é a vontade presumida do falecido em transmitir seu patrimônio para as pessoas indicadas na lei, pois teria deixado testamento se outra fosse sua intenção.
Ainda assim, se o testamento caducar (tornar-se ineficaz por causa ulterior, ex. Falta do beneficiário ou de bens) ou for julgado nulo, os bens deixados irão aos herdeiros legais.
A sucessão testamentária dá-se por disposição de ultima vontade, divide-se a herança em duas partes, a parte disponível do testador pode ser objeto de testamento se tiver herdeiros necessários, se não tiver pode testar a totalidade do patrimônio.
Sucessão Legítima
Art. 1.810 CC: o primeiro efeito é que se o renunciante for herdeiro legitimo, havendo renúncia a sua parte acresce a dos demais herdeiros que estão na mesma classe em que o renunciante se encontra.
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente.
Na sucessão legítima, o art. 1.829 estabelece uma regra de preferência de classes sucessórias, de acordo com uma ordem de preferência e exclusão, e dentro dessa ordem há as classes:
1. Descendentes:
a. 1º grau: filho
b. 2º grau: neto
c. 3º grau: bisneto
d. 4º grau: tataraneto
e. 5º grau: penta neto
2. Ascendentes:
a. 1º grau: pai e mãe
b. 2º grau: avós paternos e maternos
c. 3º grau: bisavós paternos e maternos
d. 4º grau: tataravós paternos e maternos
3. Cônjuge sobrevivente
4. Colaterais até 4º grau:
a. 2º grau: irmão
b. 3º grau: tio – sobrinho
c. 4º grau: sobrinho neto, tio avô, primo irmão
Assim, se tiver dentro de uma ordem e tiver mais de uma classe, vários graus de descendência, por exemplo, terá preferência aquele grau mais próximo.
Havendo a renúncia de um dos herdeiros, a parte deste vai para os demais herdeiros da mesma classe e grau de sucessão. Ex. Tem 4 filhos e 1 neto, quem receberá a herança é aquele com o grau mais próximo, que são os filhos. Um dos filhos renuncia, logo a sua parte será dividida entre os demais herdeiros da mesma classe e grau, logo seus outros irmãos ficando cada um com 1/3 da herança.
Assim, na herança legitima, o quinhão do renunciante vai para os demais herdeiros da mesma classe e grau em que o renunciante se encontra.
Ex.2 só tem ascendentes, pai mãe e avos. Pela ordem de preferência, seus pais são os herdeiros. Se a mãe renúncia, o seu quinhão vai para o pai, logo este receberá 100% da herança.
E ainda, de acordo com o mesmo art. Caso todos os da mesma classe renunciam, a herança será para o grau subsequente.
E só irá para a classe subsequente, ex. Ascendente, quando não houverem os da primeira classe de preferência ou todos renunciarem.
Assim, se todos os do mesmo grau renunciarem, irá para o grau subsequente dentro da mesma classe. Mas se não houverem herdeiros da primeira classe ou todos renunciarem, irá para a classe subsequente.
Porém, atualmente diferentes classes sucessórias participam concorrentemente! Ordem de concorrência:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - Aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - Aos colaterais.
1. Descendente PODE concorrer com cônjuge sobrevivente ou convivente sobrevivente:
Os descendentes estão na primeira classe na ordem de preferência e cônjuge na terceira, mas irão concorrer, serão ambos herdeiros legítimos, nas seguintes hipóteses:
a. Se o morto era casado na comunhão parcial e deixou bens particulares
b. Se era casado no regime da participação final nos aquestos
c. Se era casado em regime de separação convencional de bens (pacto antenupcial)
E ainda, NÃO concorre descendente com cônjuge, só herdando o descendente:
a. Se era casado no regime de comunhão universal
b. Se era casado no regime de comunhão parcial de bens sem deixar bens particulares (bens próprios do cônjuge, que cada um tinha antes do matrimônio e aqueles que adquiriram durante o casamento a título gratuito ex. Doação ou herança).
c. Se era casado no regime de separação obrigatória de bens
2. Ascendente SEMPRE concorre com cônjuge sobrevivente e PODE concorrer com convivente sobrevivente, independente do regime de bens do casamento.
3. Cônjuge sobrevivente PODE concorrer com descendente e SEMPRE concorre com ascendente
4. Convivente sobrevivente quando participa da herança do morto concorre com todas as classes
5. Colaterais SÓ concorrem com convivente sobrevivente.
Assim, mesmo assim se houve a renúncia o quinhão daquele que renunciar vai para os demais herdeiros da mesma classe, aproveita somente a estes, e o concorrente irá concorrer somente com o que os demais herdeiros irão receber, e não receberá este quinhão.
Ex. Eram casados em comunhão parcial com bens particulares. Assim, a esposa recebe metade do patrimônio que era a suam meação. O restante do patrimônio é dividido entre os descendentes, e, de acordo com a doutrina majoritária, o cônjuge sobrevivente só irá concorrer em relação aos bens particulares. Digamos que um dos descendentes renuncia a sua parte dos bens particulares, o seu quinhão irá aproveita somente aos demais herdeiros da sua classe, no mesmo grau, que são os demais descendentes, seus irmãos.
Sucessão Testamentária (art 1.941 - 1.947 do CC)
(i) Caso o testador (morto), na nomeação, não prever hipótese de renúncia do herdeiro testamentário, não colocando assim um substituto, caduca-se a disposição testamentária. Nesse sentido o patrimônio destinado a sucessão testamentária irá para os herdeiros legítimos, sendo divido entre os herdeiros legítimos do morto;
(ii) Caso o testador (morto), na nomeação, previu a hipótese de renúncia, de falecimento ou excluído da herança por parte do herdeiro testamenteiro, colocando assim um substituo. Nesse sentido, caso haja uma destas hipóteses, o patrimônio que antes iria ao primeiro herdeiro testamenteiro, irá para o substituto).
Direito de acrescer: só teremos o direito de acrescer quando a herança testamentária tiver nomeação conjunta em que o testador não determinou o quinhão dos testamenteiros. Ex; A três herdeiros testamentários foram destinados 30% do meu patrimônio de maneira não determinada, ocorre que uma das testamentária renúncia. Nesse sentido a quantia renunciada irá acrescer as outras herdeiras.
Não teremos esse direito quando o testador determina, especificamente, o quinhão que cada herdeiro testamentário irá receber (Ex: três herdeiros recebem 30%, sendo que A receberá 20%, B 5% e C 5% — nesse sentido caso A renuncie o quinhão que lhe cabe, não haverá direito de acréscimo diante do quinhão dos demais herdeiros, sendo que o patrimônio renunciado irá acrescer ao monte mor — monte dos herdeiros legítimos)
2. Liberdade de testar
Não havendo herdeiros será plena a liberdade de testar, podendo o testador afastar da sucessão os herdeiros colaterais (art. 1850).
Art. 1789 – havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor de metade da herança.
Se for casado em regime de comunhão universal de bens – divide a herança em duas meações, se não tiver herdeiros necessários pode dispor da integralidade da sua meação, se tiver só disporá de metade da sua meação (um quarto do patrimônio do casal, se os tiver) – art.1667)
3. Sucessão a título universal e a título singular
A sucessão pode ser dividida ainda quanto aos efeitos em a título universal e a título singular.
Título universal: quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou parte percentual dela, não há especificação da sua participação, ele participa do todo e somente na partilha, torna-se-a titular especifico de uma quantidade determinada, pode ocorrer tanto na sucessão legitima ou testamentária. Nessa modalidade há sub-rogação do sucessor na totalidade ou em parcela do patrimônio do falecido, sendo responsável pelo ativo e pelo passivo na proporção do seu quinhão.
Na sucessão a título singular, o testador deixo ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado. Ex. Veículo especificado, casa determinada.
Portanto, legatário é diferente de herdeiro, este sucede a título universal, pois a herança é uma universalidade, aquele sucede o falecido em regra a um bem especifico, a titularidade de transfere e ele se torna dono de uma coisa individualizada.
A sucessão legitima – sempre a título universal – transfere a totalidade ou fração/percentual do patrimônio do falecido.
A sucessão testamentária poder a título universal ou singular – pode participar da universalidade dos bens com percentagem definida ou em coisa individualizada.
4. Sucessão contratual
O nosso sistema proíbe a sucessão contratual, os pactos sucessórios não podem ser objeto de herança de pessoa viva (art. 426). A única exceção é a possibilidade dos pais por ato entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os descendentes. (Art. 2018), desde que não prejudique a legitima dos herdeiros necessários.
5. Lugar em que se abre a sucessão – competência
Art. 1758 CC – o foro competente para o processamento do inventário, mesmo que o local do óbito tenha ocorrido em outro local, ou até mesmo fora do país, se o domicilio for incerto (CPC – art. 96) pode ser na localidade dos bens. Se não houver bens no país e não tiver domicilio certo o falecido, o foro competente é o do óbito.
Vocação hereditária
1. Legitimação para suceder: regra geral e exceção
A legitimidade passiva é a regra e ilegitimidade é a exceção. No direito sucessório vigora o princípio de que todas as pessoas têm legitimidade para suceder exceto aqueles afastados pela lei. Não entram animais, salvo quando testamentário com encargo de cuidar de um especificamente, nem os seres inanimados e as entidades místicas, como os santos.
Podem ser beneficiários pessoas jurídicas pública ou privada. Caducam em relação as pessoas já falecidas na abertura da sucessão, pois a nomeação tem caráter personalíssimo.
Essa disposição legal vale para sucessão hereditária ou testamentária. Com a morte o direito de suceder se materializa.
A exceção de que a legitimação para suceder, são as pessoas nascidas na abertura da sucessão, se excepciona com a possibilidade de o nascituro suceder, desde que concebido ao tempo da abertura. Lógico que a eficácia da sucessão fica dependente de seu nascimento. Se nascer morto não recebe, nem transmite seus direitos. E nesse caso, a herança será devolvida aos herdeiros legitimo do de cujus, ou ao substituto testamentário se tiver sido indicado, retroagindo a devolução a data da sucessão.
Art. 1798 – A legitimidade para suceder é para as pessoas já nascidas ou já concebidas no momento da sucessão.
Segundo princípio é o da sobrevivência do herdeiro ao falecido, a herança não se defere no vazio ou ao nada, se caso esteja morto na abertura da sucessão defere-se a herança aos outros de sua classe ou aos da imediata se for o único.
2. Legitimação para suceder por testamento
Art. 1799 – na sucessão testamentária podem ainda ser chamado a suceder:
Os filhos, ainda não concebidos, de pessoa indicadas pelo testador, desde que vivas ao abrir a sucessão;
As pessoas jurídicas
As pessoas jurídicas cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação;
Tem uma exceção nesse artigo, quanto ao nascituro, que não precisa estar concebido no ato em que o testador dispõe de sua última vontade, mas na abertura da sucessão.
Os contemplados sãos os próprios filhos, que poderão ser concebido e nascer. A deixa não é feita em favor das pessoas indicadas pelo testador, passando com a morte destas a seus filhos, na verdade o testador dá um salto, passando por cima dos genitores, contemplando com os filhos que estes estiverem, e se tiverem.
3. Os que não podem suceder nomeados por herdeiros testamentários
Art. 1801 CC não podem ser nomeadas herdeiros nem legatários, são pessoas passivamente impedidas de receberem herança. É a falta de legitimação, pois as pessoas mencionadas podem abusar da confiança depositada nelas.
A pessoa que a rogo escreveu o testamento, nem seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos
As testemunhas do testamento
O concubino do testador casado, salvo se estiver separado a amis de 5 ano do testador sem culpa.
Tabelião.
Simulação de contrato oneroso e interposição de pessoa
Art. 1802 CC – as cláusulas testamentárias em favor e pessoas que não podem ser herdeiros ou legatários, ainda que por simulação sob a forma de contrato oneroso ou mediante interposta pessoa.
*pessoa interposta: os ascendentes, os descendentes, os irmãos, os cônjuges ou o companheiro do não legitimado a suceder.
Se ocorrer esse tipo de clausula para essas pessoas impedidas de serem herdeiras as cláusulas serão nulas.
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
1. Conceito de aceitação da herança
A aceitação ou a adição da herança é o ato pelo qual p herdeiro anui a transmissão pelo qual o herdeiro do de cujus, ocorrido por lei a abertura da sucessão, confirmando-a.
Trata-se da confirmação, já que a aquisição de direitos sucessórios não depende de aceitação. É apenas a anuência do beneficiário, já que, caso venha a renunciar terá vários efeitos.
Essa fase deliberativa é uma decorrência necessária da ordem das coisas. Por parte a transmissão imediata da herança é um imperativo da vida do patrimônio do falecido, logo por ser de natureza imperiosa a pessoa tem a deliberação de aceitar ou renunciar.
O art. 1804 prevê que quando aceita a herança ela se torna definitiva, e a transmissão ao herdeiro retroage a abertura da sucessão. No nosso sistema a aceitação é indispensável.
2. Espécies de aceitação
Pode ser feita de diversas maneiras, desde que compra intenção inequívoca da intensão do interessado de participar da herança.
É um negócio jurídico unilateral e não receptício, não precisando, pois, ser comunicado quem seja quer seja para que produza seus efeitos.
Pode ser uma declaração ou comportamento indicativo de acolhimento de sua condição.
3. Quanto à forma
Pode ser:
Expressa – pode ser pública o particular – quando é manifestada mediante declaração escrita – 1805 CC
Tácita – quando resulta de conduta própria do herdeiro – 1805 caput.
Presumida – quando o herdeiro permanece inerte, depois de notificado nos termos do art. 1807 CC que declare no prazo não superior a 30 dias, a pedido de alguém interessado, geralmente credor – se aceita ou não a herança.
4. Quanto ao agente
Aceitação em relação ao agente: trata-se da aceitação em relação ao sucessor, seja ele legítimo, testamentário ou legatário.
Para ser válida, poderá tanto ser feita pelo o herdeiro capaz como pelo incapaz? Ele precisa ser capaz ou pode ser capaz? Ela será válida nos dois casos!
Em relação a sua forma pode ser:
Direta ou indireta
Pessoal ou feita por procurador do sucessor: será pessoal quando é o próprio sucessor (herdeiro ou legatário) que manifesta direta e pessoalmente a sua vontade, e aceita a receber aquilo que tem direito. A aceitação direta e pessoal só pode ser feita por herdeiro capaz, assim para aceitar diretamente e pessoalmente precisa ter capacidade para praticar ato jurídico. Se tiver entre 16 e 18 anos, será o seu representante legal que deverá se manifestar. Já se for incapaz, quem aceita a herança é o representantelegal, pais ou tutor se for menor, e se for maior e tiver comprometimento mental será seu curador. A aceitação pode ser feita por procuração.
5. Características da aceitação
A aceitação é um negócio jurídico unilateral, porque se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade de natureza não recepticia, porque não depende de comunicação a outrem para que produza os seus efeitos.
Não pode aceitar ou renunciar em parte nem sob condição ou a termo – art. 1808.
A aceitação é indivisível e incondicional, em caso de ser herdeiro e legatário pode renunciar a um sem afetar ao outro – art. 1808 § 1º.
6. Irretratabilidade da aceitação
O art. A812 prevê que é irretratável, isto é, é irrevogável tanto a renúncia quanto a aceitação.
Logo com a aceitação ou renúncia, os efeitos são imediatos e definitivos.
7. Anulação da aceitação
A aceitação pode ser anulada depois de manifestada, em casos de erro quanto o beneficiário da herança. Ex. Chama-se a pessoa errada, verifica-se que ascendente e descobre um descendente posteriormente.
Nesse caso, declara-se a ineficácia da aceitação e devolve-se a herança ao verdadeiro herdeiro.
8. Conceito de renuncia
Conceito - Trata-se de um ato jurídico de vontade, logo deve ter os seus requisitos de validade. São os mesmos requisitos de validade da Aceitação. É denominado renúncia ou repúdio.
Se dá de duas maneiras:
Direta: pelo próprio renunciante
Indireta: pelo procurador do herdeiro
Herdeiro incapaz: caso o herdeiro seja menor de 18 anos, ou seja, incapaz. Esse incapaz pode, em tese, abdicar da condição de herdeiro legitimo? Em tese sim, pois o herdeiro recebe o patrimônio, que é um bem disponível, podendo renunciar desta. Porém, se este renunciar for incapaz, no caso de uma criança por exemplo, ele precisa obrigatoriamente ser representado pela mãe ou pai, e este tem o direito de administrar o patrimônio que surge em decorrência do pátrio poder. Assim, se este incapaz optar por renunciar, ele vai precisar da concordância do representante e da autorização judicial.
Assim, para o incapaz renunciar a herança, será necessária a aceitação do representante bem como a autorização judicial. Esta autorização judicial só será provida caso a renúncia ao patrimônio não afete ao desenvolvimento e formação do incapaz.
9. Espécie de renuncia
A renúncia é um ato jurídico, logo deve seguir a forma descrita em lei, e de acordo com o art. 1.806 só é válida a renúncia expressa, que significa que deve ser feita por escrito, que pode ser feito de 3 maneiras, e não duas como descreve o código. São essas:
Instrumento Público: documento, termo judicial. Trata-se do instrumento público, a escritura pública. Assim, para renunciar o herdeiro pode lavrar uma escritura pública de renúncia. Depois de feito o documento, este deverá ser juntado ao inventário para comprovar a renúncia.
Termo judicial: trata-se do documento obtido em juízo. Assim, o herdeiro vai aonde o inventário foi aberto e solicita o termo de renúncia e junta aos autos do inventário para comprovar a renúncia.
Por escrito particular homologado pelo juiz.
10. Restrições legais ao direito de renunciar
Restrições – art. 1.808, §§ 1º e 2º:
Parte: não se pode renunciar apenar parte da herança. Obs. § 1º o herdeiro a que se testarem legado pode, livremente, aceitar a herança e o legado, renúncia aos dois, ou aceita um e renuncia ao outro.
Obs.: herdeiro recebe a título universal, e legatário recebe o legado, um bem especificado pelo testamento.
§ 1o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
§ 2o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
Esta hipótese em que é herdeira legitima (descendente, etc.) e testamental. Assim, de acordo com o § 2º pode aceitar as duas heranças, aceitar a legitima e renunciar a testamentária, renunciar a legitima e aceitar a testamentária, ou renunciar as duas.
A renúncia é irretratável - art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.[i]
O art. 80 considera a sucessão como um bem móvel: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: II - o direito à sucessão aberta.
Porém, o código diz que o cônjuge não pode alienar o bem imóvel sem o consentimento do outro. Assim, renunciar seria alienar o bem? Temos duas correntes:
Alienar é a transmissão da titularidade do bem de maneira onerosa, ex. Vender.
Alienar é toda e qualquer transferência de bem, seja a titulo oneroso ou gratuito. Assim, quando renúncia a herança está renunciando a um bem imóvel e está transferindo gratuitamente o bem imóvel de maneira gratuita, caracterizando a alienação. Esta é a corrente majoritária, sendo necessária a anuência do outro cônjuge.
Basicamente para renunciar é necessário ser maior e capaz, em caso de menor pelo seu representante legal, desde que autorizado pelo juiz. Se casado, exceto em regime de separação absoluta, precisa da anuência do cônjuge e feita por escritura pública e por fim que não prejudique os credores.
11. Efeitos da Renúncia
A renúncia pode se dar na sucessão legitima ou testamentária. Pode ser pelo herdeiro legitimo, legatário ou testamentário.
Da renúncia surge os seguintes efeitos:
Exclusão da sucessão do herdeiro renunciante. – Como se jamais tivesse existido, pois como não foi verificada a transmissão ele deve ser afastado, pois os herdeiros respondem desde da abertura da sucessão;
Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe, nos termos do art. 1810. Pois se é premorto os filhos sucedem, se renunciou adiciona a quota parte dos irmãos dos herdeiros. Se não há como somar devolve-se a classe subsequente,
Proibição da sucessão por direito de representação – art. 1851 ocorre a sucessão por direito próprio quando a herança é deferida ao herdeiro mais próximo. Por representação quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos em ele sucederia se vivo fosse. Se todos renunciarem ou em caso de único herdeiro renunciando, poderão os filhos sucederem por direito por cabeça.
12. Os excluídos da sucessão
Exclusão da Sucessão – art. 1.814 a 1.818
Para que um herdeiro seja automaticamente excluído da herança, é necessário que o crime esteja previsto expressamente como crime no código civil e que uma das consequências previstas seja a exclusão da herança;
Não basta que o herdeiro tenha sido condenado pela prática de um crime punível com exclusão da herança no juízo penal por decisão definitiva transitada em julgado, é necessário algo mais, ou seja, a propositura de uma ação de exclusão de herança ou exclusão da sucessão a ser ajuizada por aquele outro herdeiro que será beneficiado com a exclusão. Essa ação tem prazo decadencial de até 4 anos contados da abertura da sucessão.
A exclusão não é uma consequência direta da sentença penal condenatória transitada em julgado, sendo então necessário o outro herdeiro ingressar com a ação para a exclusão. Caso não ingresse com a ação, ele receberá a herança.
Ex. Tem 2 filhos e um deles mata os pais, o outro deverá ingressar com a ação. Se for filho único, o legitimado serão os ascendentes. Se não tiver, serão os colaterais até 4º grau. Se não tiver também, quem terá a legitimidade será o Estado.
Como se dá
A exclusão da herança pode se dar por duas
Indignidade
Deserdação
Embora tenham o mesmo objetivo (fazer com que o excluído não receba nada do patrimônio deixado) existem importantes diferenças:
1. A exclusão por indignidade atinge a todos os herdeiros, a qualquer herdeiro legítimo, a qualquer herdeiro testamentário, a qualquer legatário. A exclusão por indignidade ocorre tanto na sucessão legitima como na testamentária. Os atos ilícitos que autorizam a exclusão por indignidade são somente aqueles previstos no art. 1.814, I a III do CC. Já a deserdação, não atinge a todos os sucessores,só é passível de deserdação os herdeiros legítimos necessários, ou seja, só são deserdados descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente. Assim, colaterais só podem ser excluídos por indignidade, nunca um irmão poderá deserdar o outro.
2. A deserdação se diferencia da indignidade porque só existe deserdação na sucessão testamentária, já a indignidade ocorre com mais frequência na sucessão legítima, mas pode ocorrer também na testamentária. Assim, a deserdação é exclusiva da sucessão testamentária, já a indigna é típica da sucessão legítima, mas pode ocorrer na testamentária.
Hipóteses
Indignidade: art. 1.814, I a III.
I. Houverem sido autores ou coautores ou tentativa de homicídio doloso contra o autor da herança, cônjuge, descendente ou ascendente do autor da herança.
II. Houver feito denunciação caluniosa contra o autor da herança perante juízo. Não é contra a honra, mas contra a administração da justiça, pois o bem jurídico é o bom funcionamento da justiça, do judiciário, e não a integridade moral da pessoa. Ir até uma autoridade JUDICIAL, numa audiência, por exemplo, e imputar um crime a alguém, mas este não é verdade. Obs. Se denuncia perante o delegado e este instaura portaria para apuração do crime, denunciando posteriormente, será o crime de denunciação caluniosa, mas está não será perante o juízo, logo não poderá ser excluído da herança.
E ainda, se cometer um dos crimes contra a honra contra o autor da herança ou seu cônjuge ou companheiro.
III. Aquele que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Deve provar. Será excluído, seja por indignidade ou por deserdação.
Deserdação: as mesmas hipóteses da indignação. Mas além das hipóteses do art. 1.814, também autorizam a deserdação as previstas no art. 1.962 e 1.963. São as situações em que os herdeiros necessários serão deserdados, em suma será o ascendente deserdando o descendente.
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes:
I - ofensa física: no código antigo, era “ofensas físicas”, logo deveria haver mais de uma agressão para haver a deserdação. Para alguns doutrinadores, como a lesão corporal leve é um crime de menor potencial ofendido, sendo necessária a representação do ofendido para ingressar com a ação penal, se não houvesse a representação para a punição do agressor, este também não poderia ser punido no cível por intermédio da deserdação. Contudo, o entendimento majoritário é de que a não representação não é argumento suficiente para que o agressor não seja excluído da herança, pois o patrimônio é um bem de caráter disponível e particular, e caracteriza-se por ser do ramo de direito civil, logo de interesse particular.
II - injúria grave: quando pratica injuria grave há o emprego de violência.
III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto: seriam relações ilícitas de caráter bioafetivasexual. Para alguns doutrinadores, esta proibição seria inconstitucional, pois fere princípios como liberdade e dignidade da pessoa humana. Pela interpretação gramatical, poderia ser qualquer relação ilícita, ex. Se unirem para praticar trafico, contudo o código é no sentido de relações afetiva entre o filho do autor da sucessão e seu padrasto ou madrasta.
IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade: uma doença é considerava grave quando não tem cura ou sua cura é improvável, causando algum tipo de limitação. Desamparo não é apenas material, mas principalmente o afetivo.
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:
I - ofensa física;
II - injúria grave;
III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta;
IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
São as mesmas hipóteses do 1.962, contudo são as situações em que o descendente deserda o ascendente.
Ex. A mulher sofre ofensas físicas do marido. Poderia aplicar por analogia estes dispositivos para que ela o deserde? Não, pois trata-se de uma punição e deve observar o principio da tipicidade devendo estar explicito na lei para haver a aplicabilidade, devendo o companheiro ter praticado um dos crimes previstos no art. 1.814 para poder exclui-lo da herança.
Efeitos da Exclusão
Se o excluído tiver descendentes, o quinhão do excluído será entregue/transmitido aos descendentes do excluído, que herdam por representação, herdam como se o excluído morto fosse antes da sucessão.
Na hipótese de o excluído não deixar descendentes, o quinhão do excluído vai para a classe subsequente, na ordem de vocação sucessória nos termos do art. 1.829.
Caso os descendentes sejam incapazes, porque são menores de 18 anos, como ainda tem o poder parental sobre estes, terá o direito de guarda, de educa-los, e ainda de administração e receber usufrutos deste patrimônio. Contudo, não terá direito a tal administração, conforme o parágrafo único do art. 1.816, bem como não terá direito à sucessão de tal patrimônio, caso os seus descendentes venham a falecer.
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
Reabilitação
Aquele que cometeu um ato ilícito passível de exclusão da herança, seja por indignação ou por deserdação (qualquer uma das hipóteses doas art. 1.814, 1.962 ou 1.963), pode vir a ser perdoado pelo autor da herança. De acordo com o art. 1.818, este perdão pode se dar de maneira expressa por um testamento feito após o ato ilícito, no qual o autor da herança tenha reabilitado o sucessor. Tal perdão pode ainda se dar por ato autentico, sendo qualquer documento escrito no qual o autor da herança declare que tenha perdoado o sucessor, pode ser qualquer documento particular com firma reconhecida.
Pode ainda se dar de maneira tácita, quando por exemplo o testador volta a conviver com o excluído após este ter cometido o crime, provando-se a reaproximação destes de modo que será configurada a reabilitação tácita.
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.[ii]

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