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DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA Art. 267 – Epidemia Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. É uma norma penal em branco, ou seja, é incompleta e por isso precisa de complemento de outras leis. Epidemia: contágio de uma doença infecciosa que atinge grande número de pessoas habitantes da mesma localidade ou região. Ocorre quando uma doença que acomete, em curto espaço de tempo e em determinado lugar, várias pessoas. Ex. varíola, febre amarela. Não se confunde com a endemia ou pandemia. Germes patogênicos: são os microrganismos capazes de gerar doenças, como os vírus e as bactérias, dentre outros. Admite tentativa na forma plurissubsistente, ou seja, constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta. Se fosse a conduta do agente voltada somente a alguns indivíduos, estaríamos diante de um crime de lesão corporal, cuja pena é muito menor. Preterdolo - § 1º: deve haver dolo de perigo quanto à conduta antecedente, enquanto a morte deve ocorrer por culpa. Nesse caso, está-se diante de crime hediondo Modalidade culposa - § 2º: caso o agente atue com imprudência, negligência ou imperícia, havendo previsibilidade do resultado. Art. 268 – Infração de medida sanitária preventiva Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. O crime se consuma com o simples desrespeito da determinação do poder público, independente da efetiva propagação da doença. Admite tentativa. Figura qualificada – parágrafo único: se o autor do crime for funcionário da saúde pública (médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro) que exercem a profissão, agrava-se especialmente a pena, pois tais pessoas têm obrigação de evitar a propagação ou introdução de doenças contagiosas. Só há aumento se houver habitualidade na atividade profissional. É uma norma penal em branco, ou seja, é incompleta e por isso precisa de complemento de outras leis. Art. 269 – Omissão de notificação de doença Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Não admite tentativa. Autoridade pública: órgão do Estado encarregado de fazer cumprir as leis ou determinações do poder público. Ex: Ministério da Saúde (União) e da Vigilância Sanitária (municípios). Doença de notificação compulsória: é a enfermidade cuja ciência, pelo poder público, é obrigatória. É uma norma penal em branco, necessitando de complemento para ser compreendida. Art. 270 – Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Admite tentativa, na forma plurissubsistente. Impropriedade da água: Quando o lançamento de alguma substância na água torná-la visivelmente imprópria para consumo, consuma-se o crime. Pode a água estar numa fonte, lago ou qualquer lugar de livre acesso público, ou mesmo em propriedade particular. A Lei 8.072/90 incluiu-o na relação dos delitos hediondos, porém a Lei 8.930/94 o retirou do rol. Modalidade culposa: ocorre se houver imprudência, negligência ou imperícia, havendo previsibilidade do resultado. Art. 271 – Corrupção ou poluição de água potável Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. O momento de consumação do crime se com dá no momento em que a água se torna imprópria para o consumo, independente de ser consumida por alguém. Admite tentativa. Impropriedade do consumo ou nocividade à saúde: a água deve tornar-se imprestável a ser utilizada e ingerida ou prejudicial à saúde. Modalidade culposa: ocorre se houver imprudência, negligência ou imperícia, havendo previsibilidade do resultado. Art. 272 – Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Admite tentativa. Aquele que torna prejudicial à saúde a substância alimentícia ou diminui seu valor nutritivo, será punido com pena idêntica. Figura culposa: imprudência, negligência ou imperícia, com previsibilidade do resultado. Art. 273 – Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Incorre nas mesmas penas quem fabrica, vende, importa, tem em depósito para vender, distribui ou entrega para consumo o alimento que sofreu as ações do caput. Admite tentativa. Trata-se de crime hediondo, salvo na forma culposa. Art. 274 – Emprego de processo proibido ou de substância não permitida Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Trata-se de lei penal em branco, uma vez que depende de complementação efetuada por outra lei. Admite tentativa. Art. 275 - Invólucro ou recipiente com falsa indicação Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Consuma-se com a falsa indicação, não se exigindo que o produto seja entregue ao consumo. Admite-se tentativa. Art. 276 - Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores Sujeito ativo: qualquer pessoa, desde que não seja autor dos crimes dos arts. 274 e 275. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Quem pratica as condutas dos arts. 274 e 275 e, posteriormente, vende o produto, só pratica o crime daqueles artigos, pois este constitui post factum impunível. Admite tentativa. Art. 277 - Substância destinada à falsificação Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. A substância pode ser exclusivamente destinada á falsificação ou eventualmente destinada a tal fim (Delmanto só admite a primeira hipótese). É indispensável que o sujeito tenha conhecimento da destinação da substância. Admite-se tentativa. Art. 278 - Outras substâncias nocivas à saúde pública Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. Pouco importa o grau de nocividade. Isso só deve ser levado em consideração pelo juiz no momento da aplicação da pena. Admite-se tentativa. Art. 279 - REVOGADO Art. 280 - Medicamento em desacordo com receita médica Sujeito ativo: qualquer pessoa que esteja à frente da farmácia (Damásio). Sujeito passivo: a sociedade. Objetividade jurídica: saúde pública. O fornecimento pode ser a título gratuito ou oneroso. O desacordo pode se referir à espécie, qualidade ou quantidade do medicamento. Para Magalhães Noronha, se o desacordo for para melhor, não se caracteriza o delito. Não interessa o fato de o medicamento fornecido possuir o mesmo efeito do substituído. A receita deve ser de médico; se de dentista, psicólogo, etc. o fato é atípico. Se o sujeito fornece o medicamento em desacordo com a receita médica que lhe foi apresentada, visando à morte do doente, responde por homicídio, e não por este crime. Consuma-se com a entrega do medicamento, independentemente da utilização do adquirente. Art. 281 - REVOGADO Art. 282 - Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica Sujeito ativo: na forma típica do exercício sem autorização legal, pode ser qualquer pessoa; na modalidade do exercício excedendo-lhe os limites, trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido por médico, dentista e farmacêutico.. Sujeito passivo: a sociedade e a pessoa atendida. Objetividade jurídica: saúde pública. O crime é habitual, ou seja, exige-se a reiteração de atos, de forma a constituir um estilo de vida. Se o agente exerce outra profissão comete a contravenção do art. 47 da LCP. A eficiência do tratamento não aproveita ao agente, pois o legislador presumiu o perigo. Quanto ao estado de necessidade, existem duas posições: a) não pode ser alegado, em face da habitualidade; b) pode, em determinadas situações(ex.: localidade sem recursos). Não se admite tentativa. Configura o crime: a) manter laboratório de análises clínicas; b) protético que exerce a profissão de dentista. Não configura o crime: a) exercício legal de protético; b) ser proprietário de farmácia; c) exercício ilegal da profissão de massagista e enfermeiro. Art. 283 - Charlatanismo Objeto jurídico: saúde pública. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: sociedade. A diferença para o exercício ilegal da medicina (art. 282) é que no charlatanismo a pessoa sabe que é falsa a cura que apregoa. Não é crime habitual, portanto basta um ato para configurá-lo. O charlatão deve comportar-se com insinceridade e com falsidade. Se o agente acredita, sinceramente, na eficácia dos meios apregoados para a cura, o dolo está excluído. Admite-se tentativa. Se o charlatanismo for utilizado com meio para o estelionato, este absorve aquele. * HOJE EM DIA NÃO SE FALA MAIS NESTE CRIME. CAIU EM DESUSO. Art. 284 - Curandeirismo Objeto jurídico: saúde pública. Sujeito ativo: qualquer pessoa que não possua conhecimento técnicos. Sujeito passivo: sociedade. A distinção entre o curandeiro e o charlatão é que este propala falsamente a cura por meios só dele conhecidos, ou infalíveis, podendo ter ou não conhecimentos técnicos e o curandeiro pratica atividade grosseira de quem não possui conhecimento de medicina. Passes e rezas não configuram o delito, pois fazem parte de ritual de religião. É um crime habitual, ou seja, a prática de um só ato não caracteriza o tipo. * HOJE EM DIA NÃO SE FALA MAIS NESTE CRIME. CAIU EM DESUSO.
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