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CURSO DE DIREITO - Disciplina: Direito de Empresa III - Professora: Sandra Kiefer 1 UCAM Niterói - TÍTULOS DE CRÉDITO - 2017.1 SEMANA 071 5. AVAL 1. Conceito: instituto próprio do Direito Cambial. O aval pode garantir o adimplemento da obrigação cambiária do devedor principal ou de qualquer coobrigado. É uma declaração (ato jurídico) unilateral por meio da qual o avalista assume a solidariedade passiva por certa obrigação constante do TC, comprometendo-se a saldar o débito garantido, quando exigível. É uma garantia (art. 30 LUG e art. 897 CC) cambial de pagamento, formal e autônoma. O avalista/dador do aval pode ser um terceiro estranho ao título ou alguém que já seja obrigado. O avalista simplesmente promete pagar; é uma promessa sem contraprestação; quem dá, nada recebe. O direito não se interessa pelos motivos que geram a dação da garantia. Por ser ato jurídico benéfico, deve ter interpretação restrita (art. 114 CC). O aval deve identificar a pessoa por quem se dá (o devedor em favor de quem foi garantido o pagamento do TC; o avalizado) e, na sua falta, entende-se que o aval é para o sacador (art. 31 LUG). A LC pode receber aval. - princípio da autonomia: qualquer negócio ou relação subjacente ao aval lhe é estranho. O aval é autônomo em relação aos ajustes, jurídicos ou morais, havidos entre avalista e avalizado. É autônomo também em relação ao negócio que o originou, dele guardando independência e se abstraindo. Deve-se, contudo, preservar a boa-fé de terceiros, e dos envolvidos no negócio fundamental. A obrigação do avalista não é a mesma da obrigação do avalizado. A responsabilidade do avalista (sua obrigação cambial) subsiste, mesmo que a obrigação garantida seja nula, inexistente ou ineficaz - exceto nulidade decorrente de vício de forma (art. 32, 2ª alínea da LUG). A falência ou concordata do avalizado não excluem a obrigação do avalista perante o titular do crédito. - onde deve ser dado o aval: no próprio TC (princípio da literalidade), art. 31, 1ª alínea da LUG e 898 CC, resultando da simples assinatura do avalista, com ou sem a expressão que identifique o ato: “por aval”, “bom para aval”, “avalizo”, “garanto o pagamento” ou similar, seguida de assinatura. Pode ser dado no verso ou anverso do TC. Recomenda-se sempre identificar o ato do aval. - na LC: se não houver mais espaço na cártula para o aval, é admitida uma folha anexada ao TC para que nesse alongamento seja colocada a assinatura do avalista (art. 31 LUG) – é o alongue do TC. O avalista da LC deve indicar a pessoa por quem se dá o aval. Sem indicação, presume-se dado em favor do sacador (art. 31 LUG). - cancelamento do aval: o aval cancelado é considerado não escrito (art. 898 par. 2º CC). O avalista pode cancelá-lo até a entrega da cártula; o credor pode cancelá-lo se quiser renunciar da garantia, mas não pode prejudicar terceiros. - o avalizado: a obrigação assumida pelo devedor principal do TC pode ser garantida por aval. Outras obrigações cambiais, como o endosso, também podem ser avalizadas. Em qualquer situação de aval, o avalista equipara-se àquele cujo nome indicar. Em função dessa equiparação, a obrigação do avalista do devedor principal é imediata, decorrendo diretamente do vencimento do TC. Na falta de indicação do avalizado, presume-se dado ao emitente ou devedor final (art. 899 CC – regra geral, há normas específicas que podem regular diferentemente). 2. Responsabilidade do avalista - surgimento da obrigação: basta o vencimento da obrigação, sem o seu adimplemento, para que a obrigação do avalista se torne imediatamente exigível. Estabelece-se uma relação de solidariedade passiva entre o avalista e o avalizado. O credor tem direito de exigir de qualquer um dos coobrigados o pagamento da dívida inteira – é a solidariedade que resulta da lei (art. 265 CC). Ele pode exigir e receber de um, alguns ou de todos os devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento foi parcial, todos os demais devedores continuam coobrigados solidariamente pelo restante (art. 275 CC). - obrigação do avalista: é equiparada à do avalizado; não é a mesma, portanto. Apesar de diferentes na essência, são idênticas nos efeitos; são obrigações autônomas (art. 32, LUG e art. 899 CC). O avalista é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele avalizada, tanto nos efeitos, quanto nas consequências, respondendo pelo pagamento do título perante o credor do avalizado. Realizado o pagamento, equiparando-se ao avalizado, o avalista se sub-roga nos direitos do credor e poderá voltar-se contra o devedor (avalizado ou demais obrigados). Atenção: a obrigação cambial do avalista é autônoma, mesmo que a obrigação garantida seja nula, inexistente ou ineficaz (por vício que não seja de forma), a responsabilidade do avalista persiste (art. 32, 2ª alínea da LUG). A falência ou concordata do avalizado não excluem a obrigação do avalista perante o titular do crédito. No art. 32, atenção: a expressão “afiançada” deve ser problema de tradução, o certo seria “avalizada” ou “garantida por aval”. - extinção do aval: extingue-se com o pagamento da obrigação cambial garantida, o que pode ocorrer: a. pelo pagamento pelo devedor principal; b. pelo pagamento pelo devedor avalizado, cuja obrigação é anterior à de seu avalista, já que principal a essa; c. pelo pagamento por coobrigado que lhe seja anterior, cujo efeito direto é extinguir todas as obrigações cambiárias posteriores; e d. pelo pagamento feito pelo próprio avalista, ocasião em que se sub- rogará nos direitos do credor e poderá exercer direito de regresso contra os coobrigados anteriores, incluindo o 1 OBS: este material foi elaborado com base na legislação, jurisprudência e doutrina de referência para a matéria em questão, especialmente os ensinamentos de Amador P. Almeida Fabio Konder Comparato, Fábio Ulhoa Coelho, Fran Martins, Gladston Mamede, Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa, João Eunápio Borges, José Edwaldo Tavares Borba, Modesto Carvalhosa, Nelson Eizirik, Rubens Requião, Salomão Calixto Filho, Tulio Ascarelli, Waldirio Bulgarelli, dentre outros. Por não esgotar a matéria, é importante que o aluno complemente seus estudos nos livros pertinentes. avalizado. Quando o pagamento é efetuado por outrem (devedor principal, coobrigado anterior ou avalizado), o avalista não tem prova da extinção da sua obrigação – sua proteção é garantida pelos princípios da literalidade e cartularidade - aquele que pagou a cártula a reteve e obteve a quitação no próprio TC. E, se não reteve a cártula, nem pediu quitação no próprio TC, o portador de boa-fé poderá se voltar contra qualquer coobrigado, inclusive o avalista. A solução é pagar o TC e se voltar contra os coobrigados anteriores. 3. Espécies de Aval: há 2 espécies de aval: o completo (abrange a totalidade da obrigação) e o parcial (que se restringe quanto à soma; o avalista garante valor menor que o constante da letra) - art. 30 LUG. - aval parcial ou limitado: regra geral: pelo art. 897 CC, o aval parcial não é permitido, é tido com não escrito, inexistente. Se há aval parcial, não há aval. Essa é a interpretação restritiva do art. 114 CC, necessária em caso de negócios benéficos. Mas a lei especial pode excepcionar a regra geral (art. 903CC). Ou seja, poderá haver aval parcial se a lei especial assim dispuser. Ex.: o pagamento de uma LC pode ser total ou parcialmente garantido por aval (art. 30 LUG); na NP (art. 77 LUG) e no cheque (art. 29 lei do cheque – Lei nº 7.357/85). - aval dado por representante (arts. 657 e 661 par. 1º CC): poderes especiais e expressos (não cabe mandato verbal).- tempo do aval: pode ser dado a qualquer tempo, mesmo após o vencimento do TC, sendo iguais os efeitos à dação da garantia antes do vencimento (art. 900 CC). Validade do aval dado após o vencimento – tema pacificado em função do art. 900 CC, que se aplica, pois a LUG não trata. “Art. 900 CC O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado.” Já não gera efeito o aval dado após o protesto ou depois do prazo para protestar. - aval antecipado: antecede o aceite. Há controvérsia de sua validade. Se o aval é dado ao sacado (antes do aceite), ainda não sendo este obrigado pelo TC, assumiria a obrigação de pagar o TC o avalista? Alguns autores entendem que, para ter validade, depende da aceitação do sacado (Fran Martins, Carvalho de Mendonça). Para outros, pelo princípio da autonomia, o aval teria validade ainda que o sacado não aceite (João E. Borges, Gonçalves). Fabio Ulhoa cita o art. 14 do Decreto nº 2.044/1908 e entende que, por causa do princípio da autonomia das obrigações, o avalista antecipado de sacado que recusa o aceite responde pelo valor do TC na exata medida em que assumiu, com o aval, uma obrigação autônoma, independente de qualquer outra representada no mesmo TC. 4. Consentimento do cônjuge: nos termos do art. 1.647, III, CC, um cônjuge não pode prestar o aval ou fiança sem autorização do outro, exceto se casados no regime de separação absoluta de bens (inovação do CC de 2002). O aval sem autorização é ato jurídico incompleto e, portanto, anulável. Na ausência de autorização, o cônjuge pode demandar a invalidação do aval (art. 1.642, IV CC). Dada a autorização, não pode o cônjuge pretender cancelá-la, depois de entregue o TC. Só pode cancelar a autorização antes de entregar o TC que está em seu poder. Atenção: não são dois avais, não é uma prestação conjunta de aval; o aval é só de 1 cônjuge; o outro só autoriza. Ex.: “Avalizo. Assinado Y. Autorizo o aval. Assinado Z”. É recomendável que o cônjuge autorize em preto. 5. Pluralidade de avais: diversos avalistas podem, sucessiva ou simultaneamente, obrigar-se cambialmente: a. aval simultâneo: vários avalistas garantem diretamente o mesmo avalizado ao mesmo tempo. O avalista que pagou só pode acionar os outros avalistas nas suas cotas-partes. b. aval sucessivo: vários avalistas garantem-se uns aos outros sucessivamente (avalista do avalista). O avalista que pagar pode cobrar do seu avalizado integralmente o que pagou. 6. Em branco ou em preto: o aval pode ser dado em branco ou em preto, como o endosso. Cambial incompleta ou em branco – arts. 3º ao 10 da LUG e SÚM 387 STF – a LC pode ser sacada incompleta, contanto que seja completada pelo credor de boa-fé antes do protesto. - aval em branco: o avalista não indica o avalizado. Ocorre quando o avalista se limita a assinar a frente/anverso do TC, sem mencionar a pessoa a quem se equipara cambialmente. Na LC, como determina o art. 31 da LUG, o aval em branco é dado em favor do sacador; ele é o avalizado pelo aval em branco. - aval em preto: o avalista identifica nominalmente o avalizado, como no endosso (art. 31 alínea 4ª LUG). - Principais diferenças entre FIANÇA e AVAL: FIANÇA: instituto de Direito Civil; visa garantir contratos; afiançam-se devedores em contratos ou em documento apartado; negócio jurídico bilateral - acordo de vontade (natureza jurídica de contrato); obrigação acessória em relação ao afiançado (art. 837 CC); se o contrato principal for derrubado, a fiança também o é, e não pode ser cobrada; admite benefício de ordem (fiador só pode ser cobrado depois da execução dos bens do devedor - arts. 827 e 828 CC); admite exceções pessoais do avalizado para garantir contrato. AVAL: instituto de Direito Cambiário; visa garantir TCs; somente dado em TCs; declaração unilateral de vontade; obrigação autônoma do avalista, independe da do avalizado - relação anterior (credor pode cobrar 1º o avalista) (art. 32 LUG); o avalista não tem benefício de ordem; NÃO admite exceções pessoais do avalizado (autonomia). - Semelhanças entre FIANÇA e AVAL: os 2 institutos são garantias pessoais de cumprimento de obrigação de terceiro/alheia; nos 2, se forem casados, é necessária a vênia conjugal, exceto no regime de separação total de bens; são atos gratuitos, benéficos, sem contraprestação; são dados por escrito; e não se admite interpretação extensiva. 6. PROTESTO: procedimento extrajudicial para se comprovar fato relevante para as relações cambiais. Ato/documento formal e solene, em que se prova (natureza probatória) a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Serve também para assegurar o direito regressivo contra os coobrigados no TC. O protesto não se confunde com o protesto judicial (art. 867 CPC/73 e art. 726 NCPC/2015) e não interrompe o prazo prescricional da ação de cobrança (Súm. 153 STF). - legislação: Lei nº 9.492/97 (serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida) e Decreto nº 2.044/1908 (arts. 28, 29, 30 e 33). A LUG não detalha o tema. - competência: privativa do Tabelião de Protesto de Títulos (art. 3º Lei nº 9.492/97). O protesto é feito pelo Cartório de Protesto de Títulos e Documentos – oficial público do Tabelionato de Protestos, que atua segundo as regras da Lei nº 9.492/97, visando asseverar o inadimplemento da obrigação e noticiá-lo ao mercado. Os cartórios podem oferecer certidões de protestos não cancelados a quaisquer interessados, desde que requeridas por escrito (art. 31 da Lei 9.492/97). Eles devem oferecer às entidades representativas da indústria e do comércio e àquelas vinculadas à proteção do crédito, quando solicitada, certidão diária em forma de relação, dos protestos tirados e dos cancelamentos feitos, sendo informação reservada da qual não se pode dar publicidade pela imprensa, nem parcialmente (art. 29 da mesma lei). Ao tabelião incumbe tutelar interesses públicos e privados envolvidos; efetuar protocolo, intimação, acolhimento da devolução ou do aceite, recebimento do pagamento, lavrar e registrar o protesto, acatar a desistência, proceder às averbações, prestar informações, fornecer certidões, etc... - o protesto indevido de TC: protesto desviado de sua finalidade. É ilícito (o mais grave é a ausência de inadimplemento), constitui lesão à honra e enseja ação por danos morais (SÚM 475 STJ). - 2 funções do protesto: serve como meio de prova e para garantir o direito do credor em face dos coobrigados, quando feito tempestivamente. NÃO tem função de cobrança. - nem sempre o protesto é requisito para o exercício dos direitos inerentes aos TCs: a. protesto facultativo: para acionar o devedor principal e seus avalistas, não é preciso protestar, mas é possível. A obrigação desses devedores está condicionada ao vencimento do TC. É lícito ao credor protestar, mas é facultativo. b. protesto necessário: para acionar os coobrigados, cuja responsabilidade decorre da inadimplência do devedor principal, é necessário o protesto. O exercício do direito está diretamente vinculado ao protesto do TC. - espécies de protesto: nos casos de protesto por falta de aceite ou falta de pagamento, o protesto é a prova literal de que o portador apresentou o TC para aceite ou pagamento, e que nem uma nem outra providência foi tomada por parte do sacado ou aceitante, respectivamente. Se não for feito o protesto por falta de aceite ou de pagamento, ou se for efetuado fora do prazo legal, a consequência será a perda desse direito de regresso por parte do portador do TC contra os demais coobrigados cambiários – sacador, endossantes e seus respectivos avalistas (art. 53 LUG). a. protesto por falta de pagamento: para comprovar a falta de pagamento. Após o vencimento do TC, sempre será protesto por falta de pagamento (art. 21, par. 2º Lei 9.492/97). É vedada a recusa da lavratura do registrodo protesto por motivo não previsto na lei cambial. Feito contra o aceitante do TC ou contra o sacado, se o TC era à vista e houve recusa de aceite e pagamento (tipo de LC que vence ao mesmo tempo em que ela é apresentada). Em virtude da função que o protesto exerce em caso de falta de pagamento – servir como prova de apresentação do TC – é que é instrumento obrigatório com relação aos coobrigados cambiários, sendo facultativo em relação ao devedor principal e seus respectivos avalistas. Com o protesto por falta de pagamento, o credor/portador prova aos demais coobrigados que não recebeu, por parte do devedor principal do TC, a quantia nele inserida, e pode executar o aceitante e qualquer outro coobrigado. Em qualquer caso, a execução poderá ser feita contra 1 deles, contra alguns ou todos. Se não for protestado o TC por falta de pagamento, ao portador resta apenas o direito de crédito contra o aceitante (devedor principal) e seu avalista. - atenção: divergência quanto ao prazo para apresentação da LC a protesto por falta de pagamento: • conforme o art. 28 do Decreto nº 2.044/1908, a LC para ser protestada por falta de pagamento deve ser entregue ao tabelião no primeiro dia útil que se seguir ao vencimento. Alguns autores, incluindo Requião, entendem que, em função da reserva do art. 5º do Anexo II da LUG, o prazo aplicável é o do Decreto, ou seja, o TC deve ser apresentado para protesto por falta de pagamento no dia seguinte ao vencimento. • pelo art. 44 da LUG, o protesto por falta de pagamento deve ser feito nos 2 dias úteis seguintes ao vencimento. Alguns autores entendem que vale a LUG, por ser posterior ao Decreto de 1908. • a Lei 9.492/97 não solucionou a divergência, embora deixe claro que o protesto só pode ser feito após o vencimento. - como se trata de prazo decadencial, os autores costumam orientar que o protesto seja feito no primeiro dia útil seguinte ao do vencimento. Atenção: o prazo decadencial tem eficácia limita aos coobrigados, já que a execução em face do devedor principal e seus avalistas independe de prévio protesto. b. protesto por falta de aceite: só pode ser feito até o vencimento e após o decurso legal para o aceite ou devolução (art. 21, par. 1º da Lei 9.492/97) – para comprovar a recusa do aceite. É feito contra o sacado (assegurando ao credor o direito de regresso contra o sacador, endossantes e avalistas). Atenção: Fabio Ulhoa entende que deve ser extraído contra o sacador, porque sua ordem de pagamento não foi acolhida pelo sacado. Há também divergência entre os autores sobre o prazo para o protesto por falta de aceite: para alguns, o TC deve ser apresentado para protesto no cartório no primeiro dia útil seguinte ao da recusa do aceite (art. 28 Decreto 2.044/1908); para outros, deve ser realizado nos prazos fixados para a sua apresentação – até o dia do vencimento (art. 44, alínea 2, LUG). Se o TC tiver sido apresentado no último dia do prazo para aceite e houver recusa, o protesto poderá ser requerido no dia útil seguinte. Se tiver pedido prazo de respiro, o TC deverá ser apresentado para protesto no dia útil seguinte a este, se o TC não foi aceito. Atenção: não há protesto por falta de aceite após o vencimento do TC, sempre será protesto por falta de pagamento (art. 21, par. 2º Lei 9.492/97). Se foi efetuado o protesto por falta de aceite, o credor pode acionar o sacador ou qualquer coobrigado posterior. Se o portador/possuidor perder o prazo de protesto por falta de aceite, ao credor somente resta a possibilidade de receber de algum avalista antecipado do sacado (pessoa que avalizou o TC antes mesmo da apresentação para aceite), já que não poderá cobrar deste, que não aceitou, nem dos demais devedores, porque não protestou. c. protesto por falta de devolução do título: quando o TC é apresentado para aceite ou pagamento, e o sacado ou aceitante devedor, respectivamente, não devolvem o TC ao portador. É o caso de retenção indevida da LC ou duplicata enviada para aceite. Serve para comprovar a retenção do TC. O protesto deve ser feito com base na 2ª via da LC ou nas indicações da duplicata (art. 21, par. 3º da Lei nº 9.492/1997). d. protesto por falta de data: quando o TC é passado a certo termo da vista e não há a data do aceite, deverá ser protestado, conferindo-lhe uma data para vencimento. - procedimento do protesto: o credor deve levar o TC ao Cartório de Protesto de Títulos e Documentos, que notificará/intimará o devedor, no endereço fornecido (art. 14 da Lei nº 9.492/97), para que, no prazo de 3 dias úteis, cumpra a obrigação em cartório – realize o pagamento, dê o aceite ou devolva o TC. A intimação pode ser feita por funcionário do cartório ou outro meio, incluindo carta registrada que comprove o recebimento, ou por edital. Na intimação, o cartório identifica e discrimina o TC, seu devedor principal e a situação que justifica sua feitura. O devedor pode pagar diretamente no Tabelionato competente, desde que no prazo legal e no seu horário de funcionamento. O Tabelionato dá quitação e colocará o valor à disposição do apresentante no primeiro dia útil subsequente ao seu recebimento. Se o devedor ficar inerte, após esse prazo, o protesto será lavrado e o TC devolvido ao credor juntamente com o instrumento de protesto. - desistência: o credor pode desistir do protesto antes que ele seja efetivado, desde que pague os emolumentos e eventuais despesas cartorárias já realizadas. - cláusula “sem despesas” ou “sem protesto”: feita pelo sacador, endossante ou avalista. Dispensa o portador de fazer o protesto para garantir o exercício do direito de ação judicial. Atenção: se a cláusula tiver sido inserida por um endossante ou avalista, o portador só estará dispensado do protesto perante aquele endossante ou avalista. Para a cobrança perante os demais coobrigados, deve protestar o TC (art. 46 LUG). - do protesto advém consequências nefastas para o crédito e o bom nome da pessoa, física ou jurídica. Por isso, toda pessoa tem interesse jurídico em não ter títulos indevidamente protestados e pode recorrer ao Judiciário para: a. Impedir que o protesto seja feito - sustação do protesto. Intimado para o protesto que ainda não se realizou e, no prazo de 3 dias assinalado para o pagamento junto ao Tabelião de Protestos, pode-se pedir a sustação do protesto. Causa de pedir é a mesma do cancelamento: ilicitude do protesto, visa impedir a existência de protesto ilícito. É um procedimento judicial. b. Cancelar o protesto já ocorrido - cancelamento do protesto. Causa de pedir é a mesma da sustação: ilicitude do protesto; visa impedir a existência de protesto ilícito. Pode ser feito a qualquer momento após a efetivação do protesto, em função do pagamento posterior. Pode ser administrativo ou judicial. Se administrativo, pode ser solicitado diretamente no Tabelionato, por qualquer interessado. Há 3 formas de cancelar 1 protesto: 1. apresentando o TC em cartório (art. 26 da Lei 9.492/97), já que a posse do TC faz presumir a quitação. O tabelionato arquiva cópia do TC. 2. apresentando carta de anuência do credor, se o original não puder ser apresentado. 3. pela via judicial, apresentando a decisão transitada em julgado. Se o cancelamento for fundado em causa diversa do pagamento posterior, é necessário o ajuizamento de ação própria para obter a ordem judicial (art. 26 da Lei nº 9.492/97) – é a sustação do protesto. c. Pedir indenização pelos prejuízos econômicos e morais advindos do protesto indevido. - atenção: recente julgado STJ - RECURSO REPETITIVO - juiz pode exigir prestação de caução, em dinheiro ou outro meio idôneo, para permitir a sustação de protesto cambial. Notícia de 29/10/2015. 2ª Seção do STJ, que em julgamento de recurso repetitivo, definiu que o montante deve ser correspondente ao valor dos títulos levados a protesto. A tese fixada para efeitos do artigo543-C do Código de Processo Civil/73 é: “A legislação de regência estabelece que o documento hábil a protesto extrajudicial é aquele que caracteriza prova escrita de obrigação pecuniária líquida, certa e exigível. Portanto, a sustação de protesto de título, por representar restrição a direito do credor, exige prévio oferecimento de contracautela, a ser fixada conforme o prudente arbítrio do magistrado”. “A sustação do protesto sem a exigência de contracautela, por meio transverso, inviabiliza a própria execução aparelhada pelo título levado a protesto, não havendo nenhum sentido ou razoabilidade que seja feita sem a exigência de caução (contracautela) ou depósito, igualmente exigidos à suspensão da execução”, explicou o relator. Por fim, o ministro acrescentou que “o excepcional deferimento da medida sem contracautela deverá ser devidamente fundamentado pelo juiz”. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ. - SUB-ROGAÇÃO - DIREITO DE REGRESSO: quando um coobrigado paga, pode ingressar com ação de regresso em face do devedor principal e em face de todos os coobrigados anteriores a ele na cadeia de endossos. Pagando o TC, o avalista, na condição de novo credor (a ele são transferidos todos os direitos, ações, privilégios e garantias do credor primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e garantes - art. 349 CC), tem ação de regresso contra seu avalizado e demais coobrigados anteriores, se houver (art. 899, par. 1º CC). Tem também o direito de pleitear de outro (s) que tenham dado aval à mesma pessoa a parte que lhe cabe (art. 283 CC). O direito de regresso pode ser exercido de diversas formas: o avalista que pagar a dívida pode executar o avalizado nos autos do mesmo processo ou fazê-lo em outra ação. Na LC, se o dador do aval paga o TC, fica sub-rogado nos direitos dela emergentes, podendo acionar o avalizado (arts. 7º e 32 LUG). 7. AÇÃO CAMBIAL: medida judicial para cobrança forçada do TC. Em caso de não pagamento, o credor de um TC pode executá-lo, pois são títulos executivos extrajudiciais (ex. LC, NP, cheque e duplicata), de acordo com o art. 585, I CPC/73 e 784, I NCPC/2015. Em regra, é ação de execução por título extrajudicial, mas pode se dar por via monitória ou ação de conhecimento – rito ordinário. Sobre a Monitória, o art. 700 do NCPC/2015 exige também a capacidade do devedor, o que pode ser considerado um erro terminológico, pois o correto seria legitimidade passiva, pois advém de uma norma instrumental e não material, apesar de todo e qualquer ato dever ser promovido por pessoa (física ou jurídica) capacitada. Outra inovação do NCPC, é que não necessariamente a prova seja escrita, podendo ser oralmente documentada, desde que produzida por prova antecipada (art. 381 e 700, § 1°). - o TC deve ser líquido, certo e exigível (vencido - vencimento antecipado ou ordinário), conforme art. 586 CPC/73 e 783 NCPC/2015. O TC também deve estar completo (sem rasuras e todo preenchido) e ser autêntico. O credor pode acrescer ao principal, juros de mora, despesas processuais e de protesto, avisos e outras despesas realizadas para cobrança, honorários e correção monetária a partir do vencimento. Em relação ao devedor principal, poderá executá- lo dentro do prazo prescricional do TC, independente de qualquer formalidade. Se o TC estiver prescrito, servirá como meio de prova na ação de cobrança (rito ordinário) ou na monitória (art. 1.102-A CPC/73 e arts. 700 e segs. NCPC/2015). Local: no lugar indicado para pagamento do TC ou no domicílio do devedor principal (sacado, se a LC estiver aceita; no do sacador, se a LC não foi aceita). Execução direta: se dirigida em face do aceitante da LC e seu avalista; o emitente da NP e seu avalista; o sacado da duplicata e seu avalista. Ação regressiva: dirigida em face dos coobrigados subsidiários. Instrução: com o próprio TC original vencido, não se admitindo cópia, em regra (o TC é documento necessário para obtenção do direito nele contido). Além do TC, deve-se juntar o instrumento de protesto, quando cabível. Se o TC estiver servindo como documento em outro processo, é admitida a execução com base em certidão do cartório em que o TC está acostado nos autos. - Súmulas do STJ: 27 - Pode a execução fundar-se em mais de um titulo extrajudicial relativos ao mesmo negócio. 258 - A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. 279 - É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública. 317 - É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos. 8. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO CAMBIAL: vencido o TC, torna-se eficaz o direito do credor, que poderá exercê-lo. A partir de então, começa a contar o prazo prescricional da obrigação cambial (art. 199 CC). Vencida a LC e não paga, o credor tem o direito de propor ação executiva e, para tanto, terá o prazo de três anos a contar da data do vencimento da cambial. Se deixar passar o prazo para o exercício da referida ação contra o devedor principal e seu avalista, ocasião em que a letra perde a natureza de título executivo extrajudicial, terá, ainda, o direito de propor ação monitória, que é ação de conhecimento, a partir de prova escrita sem eficácia de título executivo, para constituição de título judicial. É o que se extrai da dicção textual do art. 1.102-A do CPC/73. Ver arts. 206 § 5°, 381, 700 e segs do NCPC/2015. Tanto o CPC/73, como o NCPC/2015 não estabeleceram um prazo, mas isto não quer dizer que o credor esteja livre para promover a Monitória quando bem entender – art. 206 § 5°: o prazo prescricional para a Ação Monitória é de 5 (cinco) anos. Os Tribunais Superiores pacificaram a questão. SÚM. 504 STJ. “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.” Prazos prescricionais - regra geral: 3 anos a contar do vencimento (ex. cédulas de crédito), ressalvadas as disposições da lei especial (art. 206 par. 3º, VIII CC e art. 70 LUG). Os prazos prescricionais para ajuizamento da ação cambial são variados (art. 70 LUG): - 3 anos, contados do vencimento: para cobrar do devedor principal e seu avalista. Na LC: ações em face do aceitante (sacado) e avalista. - 1 ano, contado do protesto ou do vencimento se a LC tiver “cláusula sem despesas”: para cobrar dos coobrigados (sacador, endossantes) e seus avalistas (art. 70 LUG). Na LC: ações do portador em face dos endossantes e sacador e seus avalistas. - 6 meses, contados do pagamento ou do dia em que ele foi acionado: direito de regresso (se o pagamento foi realizado por um dos coobrigados). Na LC: ações dos endossantes, uns contra os outros e contra o sacador. - RESSAQUE da LC (art. 52 LUG): é o saque à vista contra qualquer dos coobrigados do título vencido, não pago, protestado e não prescrito, evitando-se o ajuizamento de ação cambial, sendo a LC novamente colocada em circulação. É um novo saque que substitui a ação regressiva; emite-se uma nova LC, apontando como sacado aquele contra o qual deseja dirigir a ação de execução, indicando seu domicílio como lugar de pagamento. Não deve ter havido, no saque da LC, vedação de ressaque. -x-x-x-
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