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Aspectos nutricionais na infância

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Má nutrição na infância 
Obesidade e desnutrição
Propedêutica em saúde na infância e na adolescência
Ana Boros, Ana Lara, Brenda Souza e Maiana Ferraz 
 
“ É que o termo evoca simplesmente a insuficiência da quantidade de 
alimentos, provocando a subnutrição e a “morte pela fome”. Trata-se 
agora de outra coisa. Viemos a saber que não é apenas quando nossa 
alimentação é insuficiente que estamos ameaçados. Também o 
estaremos se ela for mal constituída. Neste último caso, surge uma série 
de estados de subnutrição. Quando essa subnutrição é grave, pode 
tornar-se rapidamente mortal: traduz-se por doenças de há muito 
conhecidas, mas cujas causas permaneciam ignoradas. Se a carência 
de moléculas indispensáveis for menos pronunciada, determinará o mau 
funcionamento do organismo, o desenvolvimento defeituoso das 
crianças, a fraqueza parcial dos adultos, certa desagregação do estado 
mental e, por fim, a degeneração progressiva terminando por provocar o 
desaparecimento de grupos humanos. Os efeitos de uma má 
alimentação são, por conseguinte, muito mais profundos e mais amplos 
do que se pensava. Influem na duração e na qualidade da própria vida, 
na capacidade de trabalho, no estado psicológico das populações”
Geografia da 
fome 
de Josué de 
Castro
Prefácio 9ª edição
André Mayer, p.17
Transição epidemiológica nutricional em crianças e 
adolescentes 
● Avanço nas condições de moradia, 
aumento da escolaridade dos pais, do 
saneamento básico e da prevalência 
do tempo total de aleitamento 
materno e com o sucesso das 
campanhas de vacinação;
● Redução da desnutrição;
● Aumento de sobrepeso e obesidade 
em crianças, sem redução da 
prevalência de carências de 
micronutrientes; 
● “transição epidemiológica nutricional” 
→ diminuição de doenças 
transmissíveis e aumento das doenças 
crônicas não transmissíveis;
● As situações mais comuns 
relacionadas à alimentação 
complementar oferecida de forma 
inadequada são: anemia, excesso de 
peso e desnutrição.
Desnutrição 
● Em todo o mundo cerca de 30% das 
crianças -5 anos apresentam baixo peso;
● Pode ocorrer precocemente na vida 
intra-uterina e freqüentemente cedo na 
infância;
● Interrupção precoce do aleitamento 
materno exclusivo e alimentação 
complementar inadequada nos primeiros 
dois anos de vida, associada, muitas 
vezes, à privação alimentar e à doenças 
infecciosas diarréicas e respiratórias;
● O déficit estatural é melhor indicador de 
má nutrição nos países;
● A baixa estatura é mais freqüente nas 
áreas de piores condições 
socioeconômicas e quatro vezes mais 
prevalente em crianças com baixo peso 
ao nascimento;
● Entre 1996 e 2006→ redução de mais de 
50% na prevalência de desnutrição em 
crianças menores de 5 anos. ( PNDS, 
2006);
Enquanto metade da humanidade não come, a outra 
metade não dorme, com medo da que não come.
Dados sobre a 
desnutrição no Brasil
Número de mortes de crianças desnutridas:
● Segundo a Organização das Nações 
Unidas para a Alimentação e Agricultura 
(FAO), o Brasil conseguiu reduzir em 58%;
● O norte e o nordeste, assim como 
cidades com menos de dez mil 
habitantes é onde a desnutrição é mais 
crítica;
Crianças indígenas:
● Segundo o Ministério da Saúde, 55% das 
mortes de crianças desnutridas são 
indígenas.
 
Obesidade
● A criança se habitua a grande 
concentração de açúcar ou sal, e tende a 
rejeitar outras formas de preparação do 
alimento;
● Baixa qualidade da dieta;
● Aumento do peso e na ingestão deficiente 
de micronutrientes; 
● Conseqüências a curto e longo prazos e é 
preditivo da obesidade na vida adulta; 
dislipidemias e alteração da pressão arterial.
● A influência do micro e macro ambiente 
no desenvolvimento do sobrepeso: 
aumento exagerado do consumo de 
alimentos ricos em gordura e com alto 
valor calórico, associados ao 
sedentarismo, à hábitos que não geram 
gasto calórico;
● Importante mudança no estilo de vida, 
determinada por fatores culturais, sociais 
e econômicos.
Dados da ABESO: Associação Brasileira para o Estudo 
de Obesidade e Doenças Metabólicas 
● Dados em % de valores aproximados para a população infantil, tendo como 
base a POF 2008-2009:
- Norte: 5 a 9 anos: 25,65 / 10 a 19 anos: 17,45;
- Nordeste: 5 a 9 anos: 28,15 / 10 a 19 anos: 16,6;
- Centro-Oeste:5 a 9 anos: 35,15/ 10 a 19 anos: 22,15;
- Sul: 5 a 9 anos: 35,9 / 10 a 19 anos: 24,6.
Artigo sobre hábitos alimentares
Artigo - Hábitos alimentares e comportamento de consumo infantil: influência da 
renda familiar e do hábito de assistir televisão.
Métodos: Estudo qualitativo com análise de conteúdo de manuscritos originados de 
23 grupos focais, realizados em uma escola pública e uma escola particular de 
Florianópolis (SC), compostos por 111 estudantes de 7 a 10 anos. Para verificar a 
renda familiar dos estudantes, dados sobre a ocupação dos pais foram 
classificados pela Classificação Brasileira de Ocupações. Os estudantes da escola 
particular pertenciam a famílias de maior renda em relação aos da escola pública.
Anemia
● A anemia por deficiência de ferro, é 
principal problema em escala de saúde 
pública do mundo; 
● Maior prevalência: África (64,6%);
● Menor prevalência: Europa (16,7%) e 
América do Norte (3,4%). 
● Brasil → prevalência em crianças 
menores de 5 anos. 
● Diversos estudos isolados mostram que as 
prevalências variam de 30% a 70% 
dependendo da região e estrato 
socioeconômico. 
Fonte: @cren.org.br
● Causa prejuízos e atrasos no 
desenvolvimento motor e cognitivo em 
criança; 
● As reservas de ferro da criança que 
recebe com exclusividade o leite 
materno, nos seis primeiros meses de 
idade, atendem às necessidades 
fisiológicas; 
● Entre os quatro e seis meses de idade, 
ocorre gradualmente o esgotamento das 
reservas de ferro, e a alimentação passa 
a ter papel predominante no 
atendimento às necessidades desse 
nutriente. 
IMAGEM
Anemia
Fatores socioculturais
● A significação social da mulher: Acúmulo 
de atribuições domésticas e financeiras e 
Falta de suporte social para reverter essa 
questão;
● A modificação dos espaços físicos e 
mudanças nas relações familiares e 
pessoais: diminuição do compartilhamento 
das refeições em família (ou grupos de 
convívio), e das práticas cotidianas para a 
preparação dos alimentos; 
● A perda da identidade cultural: Mudança 
nas preparações e receitas com a 
chegada da urbanização/globalização;
● O crescente consumo de alimentos 
industrializados: demanda de praticidade;
● A desagregação de valores sociais e 
coletivos: vêm culturalmente sendo 
perdidos em função das modificações 
acima referidas.
“A alimentação do brasileiro tem-se revelado, à luz dos inquéritos sociais realizados, com 
qualidades nutritivas bem precárias, apresentando, nas diferentes regiões do país, padrões 
dietéticos mais ou menos incompletos e desarmônicos. Numas regiões, os erros e defeitos são 
mais graves e vive-se num estado de fome crônica; noutras, são mais discretos e tem-se a 
subnutrição. Procurando investigar as causas fundamentais dessa alimentação em regra tão 
defeituosa e que tem pesado tão duramente na evolução econômico-social do povo, 
chega-se à conclusão de que elas são mais produto de fatores socioculturais do que de 
fatores de natureza geográfica.”
Josué de Castro - Geografia da fome 
Importância da avaliação nutricional 
● Acompanhar o crescimento e a saúde da 
criança e do adolescente;
● Detecção precoce de distúrbios 
nutricionais;
● Estabelecer situações de risco; 
● Diagnóstico nutricional; 
● É importante que os serviços estejam aptos 
para realização da avaliação; 
● Instrumentos regulados, registro dos dados 
na caderneta da criança; 
● Planejamento de ações depromoção e 
prevenção;
O que deve ser considerado na avaliação nutricional?
● Anamnese clínica e 
nutricional;
● Exame físico detalhado;
● Antropometria;
● Exames bioquímicos.
Fonte: @cren.org.br
Hábitos alimentares
A má nutrição é resultado de 
aspectos multifatoriais.
● “Os hábitos alimentares são 
formados por meio de complexa 
rede de influências genéticas e 
ambientais. Por esse motivo, 
considera-se a mudança de 
comportamento alimentar um 
desafio para os profissionais de 
saúde.”
● Importância da amamentação; 
Fonte: Caderno de atenção básica, nº 23, 2009
Formação dos hábitos alimentares
● Importância da estimulação do olfato;
● A estimulação a determinados alimentos 
por meio do afeto e dos sentidos;
● Evitar chantagem, premiação ou coação;
● O comportamento dos pais influenciam 
no comportamento alimentar de seus 
filhos;
● Os pais são responsáveis pelo que é 
oferecido à criança, e a criança é 
responsável por quanto e quando comer.
● A valorização de alimentos pertencentes 
a cultura e ao ambiente da criança e de 
sua família é importante no combate ao 
consumo da alimentação venenosa.
● A valorização da diversidade ecológica 
regional promove uma produção 
alimentar e económica próxima ao 
humano e não ao mercado estrangeiro.
 
Para uma alimentação saudável 
● Acessibilidade física e financeira: acesso a 
alimentos naturais regionais;
● Sabor: variedade de sabores dos alimentos;
● Variedade: maior composição nutricional e 
exposição a novos alimentos 
(experimentação e curiosidade);
● Cor: variedade de minerais e alimentos 
belos e atraentes;
● Harmonia: equilíbrio em quantidade e em 
qualidade para uma nutrição adequada;
● Segurança sanitária: os alimentos devem 
ser seguros para o consumo.
Como orientar para que a criança receba uma 
alimentação complementar saudável?
● Idade de introdução e frequência; 
Fonte: Caderno de atenção básica, nº 23, 2009
Como orientar 
para que a 
criança receba 
uma 
alimentação 
complementar 
saudável?
Como orientar para que a criança receba uma 
alimentação complementar saudável?
● Composição, consistência e variedade
- Variar a dieta para que a criança receba todos 
os nutrientes;
- Evitar monotonia alimentar;
- Estimular o consumo de alimentação básica e 
alimentos regionais;
- A carne deve fazer parte das refeições desde os seis 
meses de idade;
- O profissional deve insistir na utilização de miúdos uma 
vez por semana, especialmente fígado de boi, pois 
são fontes importantes de ferro;
- Crianças que recebem outro leite que não o materno 
devem consumir no máximo 500ml por dia.
Como orientar para que a criança receba 
uma alimentação complementar saudável?
● Cuidados de higiene 
- O profissional deve orientar as mães sobre 
práticas de higiene dos alimentos 
complementares 
- Prevenção e redução da ocorrência das 
doenças diarréicas e suas conseqüentes 
repercussões negativas para o estado 
nutricional das crianças.
Alimentos processados 
● As versões doces ou mais condimentadas 
dos alimentos fazem com que as crianças 
não se interessem por consumir frutas, 
verduras e legumes na sua forma natural; 
● O que deve ser evitados nos primeiros 
anos de vida?
→ Açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, 
balas, salgadinhos, biscoitos recheados e outros 
alimentos com grandes quantidades de açúcar, 
gordura e corantes.
● Estão associados a: 
→ excesso de peso, obesidade infantil, 
dislipidemias e alteração da pressão arterial, 
anemia, alergias e cáries. 
● Evitar o consumo de mel, pelo menos no 
primeiro ano de vida, e alimentos em 
conserva → botulismo;
● Evitar quantidade elevada de sal no 
preparo das refeições ;
Ações do serviço de saúde que podem 
fortalecer a alimentação complementar 
● Programa Nacional de Suplementação de 
Ferro (PNSF)
- anemia por deficiência de ferro é um dos 
maiores problemas de saúde pública do 
mundo;
- suplementação preventiva de todas as 
crianças de 6 a 18 meses com sulfato ferroso;
- Recomendação de alimentos ricos em ferro; 
● Programa Nacional de Suplementação de 
Vitamina A
- A OMS considera a hipovitaminose A um 
problema de saúde pública;
- Distribuição de cápsulas dessa vitamina 
para crianças de seis a 11 meses de de 12 
a 59 meses de idade;
- Distribuição→ associada às campanhas 
de vacinação, na rotina das unidades 
básicas de saúde, ou em visitas feitas 
pelos ACS. 
Indicadores para avaliar as práticas alimentares 
nos dois primeiros anos de vida
● Questionário que irá caracterizar de forma 
ampla o padrão alimentar das crianças, 
utilizando os “marcadores do consumo 
alimentar”, que indicam a qualidade da 
alimentação em suas características tanto 
positivas como negativas.
→ Recomendação do SISVAN (Sistema de Vigilância 
Alimentar e Nutricional) 
Link ficha com marcadores do estado nutricional: 
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/document
os/ficha_marcadores_alimentar.pdf 
Fonte: @cren.org.br
Obrigad@!
Referências Bibliográficas
Avaliação nutricional da criança e do adolescente – Manual de Orientação / Sociedade 
Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. – São Paulo: Sociedade Brasileira de 
Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2009.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação 
complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de 
Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009.
LAMOUNIER, Joel Alves.Transição epidemiológica nutricional em crianças e adolescentes 
argentinos de áreas carentes. Rev. paul. pediatr. [online]. 2009, vol.27, n.2, pp.124-126. ISSN 
0103-0582. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-05822009000200001. 
CASTRO, Josué. Geografia da fome: dilema brasileiro: pão ou aço. 10ª edição, Rio de Janeiro: 
Edições Antares, 1984.
 
BRASIL. Ministério da Saúde e Organização Pan-americana da saúde. Guia alimentar para 
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Acesso em 29 de Agosto de 2017.
RODRIGUES, V.; FIATES, G. Hábitos alimentares e comportamento de consumo infantil: 
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[online]. 2012, vol.25, n.3. ISSN 1678-9865. Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732012000300005> Acesso 
em 27 de agosto de 2017

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