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Processo Penal II

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30/03/2017
7. Procedimento Comum Ordinário
	Nos termos do art. 394 do CPP procedimento comum ordinário será utilizado para todos os fatos dos quais não exista previsão de procedimento especial e que o fato tenha pena cominada igual ou superior a 4 anos no seu máximo.
O procedimento comum ordinário é a primeira forma procedimental prevista no Código de Processo Penal. E os demais procedimentos notadamente o procedimento comum sumário e diversos outros procedimentos especiais são estabelecidos através de adaptação desse procedimento (comum ordinário).
Pode-se afirmar, com certa segurança, que o procedimento comum ordinário é a forma procedimental estabelecida como padrão pelo Código de Processo Penal a partir da sua reforma ocorrida em 2008.
Esse procedimento estabelece as bases para a maioria das demais formas procedimentais. Salvo, um ou outro procedimento que não fazem remissão ao procedimento comum ordinário.
Como visto, o procedimento comum ordinário tem a sua fase postulatória disciplinada no Código de Processo Penal do art. 395 ao art. 399. Esses artigos estabelecem a disciplina da fase postulatória do processo de procedimento comum ordinário. Já as fases de instrução e julgamento, estão regidas do art. 400 ao art. 405 do CPP.
A fase postulatória desse procedimento é caracterizada pela escrituração. Todos os atos que compõe a fase postulatória são praticados por escrito. Não existem atos orais na fase postulatória do processo de procedimento comum ordinário.
Já as demais fases, instrução e decisão (fase instrutória e decisória), são caracterizadas pela oralidade dos atos, se não todos, a maioria dos atos dessa fase podem ser praticados oralmente e a concentração. Os atos das fases de instrução e decisão são atos orais e além da oralidade, existe a reunião dos atos numa mesma oportunidade.
Como é que se chama a oportunidade processual para prática de atos orais num órgão jurisdicional monocrático? Audiência. Se o órgão for colegiado como se chama essa oportunidade? Sessão.
A audiência é a oportunidade processual para a prática de atos orais perante órgãos monocráticos. Já perante órgãos colegiados a oportunidade se chama sessão. Logo, não há audiência de julgamento pelo Tribunal do Júri, porque o Tribunal do Júri é um órgão colegiado. Nesse procedimento há sessão e julgamento.
Como os procedimentos comuns, como o procedimento comum ordinário, funcionam perante um órgão monocrático (órgão togado monocrático), os atos que compõe as fases de instrução e decisão, estão concentrados numa audiência, chamada audiência de instrução e julgamento.
Audiência de Instrução e Julgamento é a oportunidade processual para a prática dos atos das fases instrutória e decisória no procedimento comum ordinário. Lembrando que os atos dessas fases são orais e concentrados.
A pretensão da lei é de que todos os atos dessas duas fases sejam praticados numa mesma oportunidade. Nessa mesma audiência de instrução e julgamento.
Essa audiência de instrução e julgamento é disciplinada basicamente no art. 400 do CPP. Pelo menos os atos instrutórios da AIJ no procedimento comum ordinário estão previstos no art. 400 do CPP.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
§ 1o As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§ 2o Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.
Esse artigo estabelece uma ordem para a colheita das provas na AIJ.
 O primeiro ato probatório é a audição da vítima. Em seguida serão ouvidas as testemunhas arroladas pelas partes, primeiro as testemunhas arroladas pela acusação depois as testemunhas arroladas pela defesa.
No procedimento comum ordinário cada parte poderá arrolar, conforme o art. 401 do CPP até 8 testemunhas. Nesse número não são computadas, testemunhas não compromissadas, testemunhas referidas (que na verdade nem são testemunhas arroladas pelas partes), e em relação à defesa esse número é por acusado. Independente de ser uma ou mais defesas técnicas.
São oito testemunhas compromissadas que cada parte poderá arrolar. No caso de serem dois ou mais acusados, para a defesa (e não para a acusação) o limite é por acusado, mesmo que os dois acusados tenham a mesma defesa técnica.
Segundo a doutrina, esse limite para acusação e para defesa seria por crime. Se a denúncia descrever dois ou mais crimes, seriam oito testemunhas para cada crime, tanto para a acusação quanto para defesa, por crime e por acusado.
Em respeito ao princípio do contraditório há uma ordem lógica da audição das testemunhas. Primeiro são ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação. Não existem testemunhas de acusação e testemunhas de defesa. As testemunhas representam um meio de prova para o processo penal, na busca da construção da melhor verdade processual. O que existem são testemunhas cuja audição foi requerida pela acusação ou testemunhas cuja audição foi requerida pela defesa. São testemunhas arroladas pela acusação ou testemunhas arroladas pela defesa.
Mas o princípio do contraditório exige uma ordem lógica, primeiro são produzidas as provas por iniciativa da acusação e só depois as provas de iniciativa da defesa é que serão produzidas. Então, em relação a prova testemunhal que serão produzidas em AIJ no processo de procedimento comum ordinário, obrigatoriamente, primeiro são ouvidas todas as testemunhas arroladas pela acusação e só depois serão ouvidas as testemunhas arroladas pela defesa. Se houver inversão na audição das testemunhas/na produção de provas testemunhal, essa inversão importará em nulidade.
Se a testemunha arrolada pela defesa, for ouvida antes das testemunhas arroladas pela acusação essa inversão será considerada um vício processual. Nesse caso a jurisprudência entende que essa nulidade é uma nulidade relativa, e, portanto, demandaria a demonstração do prejuízo. Mas a doutrina entende que essa nulidade é absoluta, porque ofende a garantia constitucional do contraditório. Por ofender o contraditório o prejuízo decorrente dessa nulidade seria evidente não precisando ser demonstrado.
Na verdade toda nulidade, se a jurisprudência puder seria relativa. Existem algumas decisões do STJ e do STF que depois da leitura, conclui-se que não existe nulidade absoluta. Na verdade eles não conseguem trabalhar com a idéia de nulidade com o prejuízo evidente ou com o prejuízo presumido. Para eles se não houver prejuízo - só há prejuízo quando eles querem declarar um vício - não haveria propriamente nulidade.
Até porque, como é que se pode demonstrar prejuízo da omissão em observar a ordem estabelecida pelo contraditório? Prejuízo maior nesse caso é da defesa/do acusado. Se ele foi condenado à própria condenação é o prejuízo, mas não, existe a demonstração de que se estivesse sido ouvida aquela testemunha antes da outra, tivesse sido observada a ordem do contraditório, o resultado seria diferente. Então é nulidade absoluta, mas a jurisprudência trata como se fosse nulidade relativa.
O problema surge, quando alguma testemunha arrolada pela acusação, tiver que ser ouvida através de Carta Precatória. Se a testemunha arrolada pela acusação não residir na mesma base territorial do juízo, será ouvida através de carta precatória, será ouvida pelo órgão jurisdicional do local onde ela reside. Quando isso ocorrer o juiz deverá ao expedir a carta precatória informar a data de realização da AIJ, e solicitar ao juízo deprecado que ouça aquela testemunha antes da data de realização da AIJ perante o juízo deprecante. É a forma para evitar a inversão da ordem. Porque mesmo testemunhas ouvidas por carta precatória, a audiçãodelas deverá ser na ordem do contraditório. Primeiro devem ser ouvidas todas as testemunhas de acusação depois as de defesa.
O próprio início do caput do art. 400 do CPP dispõe que a audiência de instrução de julgamento será realizada pro prazo de 60 dias.
Então se o juiz verificar na situação em concreto que uma das testemunhas arroladas pela acusação deverá ser ouvida através de carta precatória deverá utilizar um prazo um pouco maior. Poderia designar a audiência de instrução e julgamento para 40 ou 50 dias depois e emitir a carta precatória informando a data para o juiz deprecado e solicitando que ele ouça aquela testemunha antes daquela data. Se o juiz deprecado atender então a ordem do contraditório será observada.
No caso de testemunhas arroladas pela defesa a serem ouvidas por carta precatória o procedimento deve ser o mesmo. O juiz designa data para a audiência de instrução e julgamento emite a carta precatória informando aquela data e solicita ao juiz deprecado que ouça aquela testemunha depois daquela data, para que primeiro seja ouvida as testemunhas arroladas pela acusação na própria audiência de instrução e julgamento perante o juízo deprecante e só depois seja ouvida a testemunha por carta precatória a testemunha arrolada pela defesa no juízo deprecado. 
Então com certa organização e algum planejamento é possível mesmo para testemunhas ouvidas em outra jurisdição evitar que a ordem estabelecida pelo contraditório seja inobservada.
Testemunha arrolada pela defesa que mora fora do país, como funciona? Será ouvida por carta rogatória. O juiz vai fazer a audiência de instrução e julgamento antes e vai ficar pendente só a audição daquela testemunha que foi arrolada pela defesa.
Depois de ouvidas as testemunhas arroladas pelas partes, caso tenha havido requerimento, serão colhidos esclarecimentos periciais. Os esclarecimentos periciais representam uma forma de contraditório na prova pericial.
Os peritos que procederem a exame pericial e firmarem o laudo pericial, podem por iniciativa das partes prestarem esclarecimentos sobre a sua atuação na colheita da prova pericial. Esses esclarecimentos periciais podem ser prestados por escrito ou oralmente. Então a parte pode requerer que os esclarecimentos sejam prestados por escrito, nesse caso basta que a parte encaminhe através do juiz os questionamentos ou a parte pode requerer que os esclarecimentos sejam prestados oralmente, sendo este último caso, os peritos prestam esclarecimento na audiência de instrução e julgamento. E prestarão esses esclarecimentos nos termos do caput do artigo 400 do CPP, após a audição das testemunhas arroladas pelas as partes. Então não necessariamente na audiência de instrução e julgamento serão colhidos esclarecimentos periciais.
Em seguida, serão realizados reconhecimentos de pessoas ou coisas e acareações. E só depois de tudo isso (uma das grandes inovações na reforma do CPP de 2008) o acusado será interrogado. Até 2008 o interrogatório do acusado era o primeiro ato de instrução, deixando de forma bastante clara a natureza jurídica desse ato nos termos da lei.
Como a lei entendia que o interrogatório era um meio de prova e sendo um meio de prova só pode ser o principal meio de prova, antes da reforma do CPP em 2008 o primeiro ato da instrução era o interrogatório, o processo começava basicamente através do interrogatório do acusado.
Mas a partir da reforma do CPP em 2008 foi adotado para os procedimentos comuns e para muitos procedimentos especiais algo que já tinha sido introduzido no procedimento sumaríssimo, que era o interrogatório após a colheita das provas.
 Então o que era exceção até então no procedimento sumaríssimo, se tornou regra nas demais formas procedimentais; e o interrogatório passa a ser realizado depois de colhidas as provas isso em atenção a natureza jurídica do ato. O interrogatório não é meio de prova é um meio de autodefesa, é a principal oportunidade para o exercício da autodefesa.
Diante disso, para que a autodefesa possa ser exercida na sua forma plena (embora disponível é meio de defesa e portanto pode ser exercida na sua plenitude), o acusado tem o direito de prestar informações sobre o fato depois que as provas foram colhidas, possibilitando até mesmo a ele, adaptar a versão que dará sobre o fato, às provas que acabaram de ser colhidas.
E não deixa de haver também o interesse do próprio estado persecutor no interrogatório ser realizado depois da colheita das provas. Porque é relativamente comum que o acusado depois de acompanhar toda a instrução probatória se renda a evidência das provas produzidas e acabe, se for o caso, dispondo da autodefesa confessando ou exercendo o direito ao silencio.
Considerando que o estado de inocência é presumido, ele não é pretendido pelo acusado no processo penal, o acusado não tem que ao começo do processo deduzir a sua pretensão, daí ele não tem que ser interrogado no começo do processo e, portanto correto o artigo 400 do CPP ao estabelecer que o interrogatório seja após a produção das provas.
A dúvida emerge no sentido de que, se o interrogatório é meio de prova (e ninguém discute mais isso na doutrina, tendo um ou outro que discute isso na jurisprudência minoritariamente) e sim um meio de defesa, o interrogatório não poderia ser situado na fase instrutória. O interrogatório deveria ser localizado na fase decisória. Só que nos termos do artigo 400 do CPP ele está na fase instrutória, sendo o último ato de instrução.
Pode-se constatar que é ainda fase instrutória porque depois de colhidas todas as provas requeridas, as partes têm a oportunidade de requerer uma complementação da instrução, em razão de informações obtidas na própria instrução contraditória. As partes podem requerer uma complementação da instrução em decorrência de qualquer informação que acabou de ser obtida, é possível uma renovação da instrução.
Requerida alguma diligência pelas partes, verificando o juiz a pertinência e relevância daquela diligência, se for possível, ela será realizada imediatamente. Não sendo possível, o juiz suspenderá a audiência de instrução e julgamento, designando data para a sua continuação se a diligência for realizável em audiência.
Exemplo: ouvida uma testemunha da defesa surge a informação de outra testemunha do fato até então desconhecida, essa testemunha é chamada de testemunha referida. Testemunha tem que ser ouvida em audiência, e a testemunha não está lá. A defesa pode requerer a audição daquela testemunha, o juiz então, como a diligência requerida (se o juiz deferir é claro, sendo ela relevante e pertinente) é pra ser praticada em audiência, o juiz suspenderá a audiência em curso e designará outra data para a sua continuação. Agora, se a diligência não for cumprida/realizável em audiência, o juiz conclui a audiência determinando a realização da audiência.
Tudo isso em observância ao §1° do artigo 400 do CPP que estabelece a unidade instrutória. O que caracteriza as fases de instrução e julgamento desse procedimento é a concentração dos atos, todos reunidos em uma mesma oportunidade. A audiência de instrução e julgamento é UNA, é uma só. Se não der pra fazer tudo em uma mesma oportunidade o juiz suspende, determinando a continuação em outra oportunidade, em outro dia. Agora, se tudo que poderia ou deveria ser feito em audiência já o foi, ainda que o processo não tenha sido concluído, ele encerra/conclui a audiência. 
Não havendo diligências, nos termos do artigo 403 do CPP a audiência prosseguirá para a fase de julgamento. A audiência segue para a fase decisória daquele processo.
A fase decisória do processo de procedimento comum ordinário é composta basicamente por dois atos: as alegações finais das partes (ato instrutório das partes) e a prolação da sentença pelo juiz.
No procedimento comum ordinário, as alegações finais são, em regra, orais proferidas na própria audiência de instrução e julgamento. Essa é a regra embora tenha exceções, essas exceções são taxativas em lei.
O juiz concederá por 20 minutos a palavra para cadauma das partes para que profiram suas alegações finais, prorrogável por mais 10 minutos. O prazo que cada parte dispõe para apresentar suas alegações finais oralmente é de até 30 minutos, salvo a defesa, se houver mais de um acusado. Então esse prazo de até 30 minutos é individual para cada acusado mesmo que tenham a mesma defesa técnica.
Quem apresenta as alegações finais primeiro? Sempre o Ministério Público, sempre a acusação, e depois a defesa. Se houver assistente do Ministério Público habilitado no processo, ele terá 10 minutos para apresentar alegações finais depois do Ministério Público e antes da defesa. Essa é a regra estabelecida pelo artigo 403 do CPP.
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
As alegações finais podem ser convertidas em memoriais em três hipóteses, e somente nestas três hipóteses/situações.
As duas primeiras estão mencionadas no artigo 403, §3º do CPP. São elas: complexidade da causa e o número de acusados.
Conforme a complexidade da causa e o número de acusados, o juiz poderá converter as alegações finais em memoriais. Lembrando que o prazo de 30 minutos é individual para cada acusado, se tiver, por exemplo, 10 acusados no processo seriam 300 minutos, ou seja, 5 horas só de alegações finais da defesa, então seria o caso de o juiz converter as alegações finais em memoriais. Ou, dependendo da complexidade da causa.
A complexidade da causa, somente determinará essa conversão se os 30 minutos forem insuficientes para que as partes se manifestem sobre o processo.
Exemplo: o processo cuja denúncia descreve três crimes praticados por duas pessoas em situações das mais diversas. Um processo que tenha mais de 10 volumes. Não tem como, a própria acusação em 30 minutos diante de uma instrução que acabou de ser feita, apresentar as alegações finais orais. Nesse caso diante da complexidade da causa o juiz converterá as alegações finais em memoriais.
	O terceiro e último caso de conversão, será na hipótese de diligência requerida e deferida pelo juiz que não precisa ser realizada em audiência. Se na instrução surgiu à informação de que um determinado objeto se encontrava em determinado local e a acusação ou a defesa requereu a busca domiciliar no intuito de tentar apreender aquele objeto naquele local.
Esta diligência não precisa de audiência, na verdade não é realizável em audiência, então o juiz deferindo essa busca domiciliar ele encerrará a audiência de instrução e julgamento, determinará a realização da busca domiciliar, e feita à busca domiciliar, não tem sentido ele designar uma audiência só para as partes apresentarem as alegações finais e depois ele proferir a sentença.
É diferente se a diligência tiver que ser cumprida em audiência. Pois nesse caso, na continuação da audiência ele praticará a diligência, já colherá as alegações finais e proferirá sentença. Então neste caso, se a diligência que tiver sido requerida não demandar audiência para a sua prática; as alegações finais automaticamente estão convertidas em memoriais.
São três hipóteses taxativas de conversão das alegações finais em memoriais: complexidade da causa, número de acusados e deferimento de diligência que não precisa de audiência para ser realizada. Por qualquer outro motivo o juiz não pode converter as alegações finais em memoriais. E não pode porque se o fizer estará indo contra a regra, que é a concentração dos atos, estabelecida no artigo 400 do CPP. Os atos devem ser todos praticados, afinal de contas se a instrução acabou ser feita o melhor momento que as partes têm para apresentar seus argumentos finais é aquele porque as provas acabaram de ser produzidas. E o melhor momento para o juiz sentenciar é aquele porque ficou um bom tempo discutindo aquela causa, discutindo aquele processo.
Não se converte alegação final em memorial por mera conveniência do juiz ou das partes.
Exemplo: advogado chegou à audiência e falou que não está preparado pra fazer as alegações finais, vai ter alegação final do mesmo jeito e se não fizer direito o juiz irá declarar o acusado indefeso e suspenderá a audiência, marcando outra data pra continuação e outro advogado é quem fará. Ou então um promotor diz não conhecer o processo, pode até levar a estagiária para apresentar as alegações finais, mais as alegações são orais. Ou, está na hora do salão da juíza, isso também não converte. 
Em relação à hipótese de número de acusados, tem um marco de número de acusados? Não. Isso é questão de bom senso e depende das circunstâncias do fato em concreto. Se a instrução foi pequena, foram ouvidas duas testemunhas, tudo muito rápido, tem três acusados e tem tempo ainda, a audiência não está se alongando por muito tempo, então não tem sentido converter ainda que a defesa tenha direito de fazer uso da palavra por uma hora e meia, neste caso haverá alegações finais. 
Então nas duas primeiras hipóteses complexidade da causa e número de acusados a conversão depende da motivação em concreto, é a partir da situação em concreto do processo, daquela própria audiência. A causa pode ser extremamente complexa mais a solução pode estar clara/evidente, ou seja, a causa pode ser de uma complexidade extrema mais toda a prova produzida apontou que o acusado não tem nada haver com aquele fato. Por mais complexa que seja a causa não tem sentido neste caso, converter em memoriais.
No entanto, a conversão pela realização de diligencia é obrigatória, independe da situação em concreto, porque não tem sentido o juiz colher todas as provas, interrogar o acusado, a parte requerer diligencia ele deferiu, a diligencia não precisa ser feita em audiência, não tem sentido depois ele marcar a continuação daquela audiência só para colher alegações finais e proferir a sentença, neste caso é mais eficaz que os atos sejam praticados por escrito.
Apresentadas as alegações finais, será proferida a sentença que em regra será também proferida em audiência. Logo, a sentença é o ato que encerrará a audiência de instrução e julgamento proferida oralmente pelo juiz. Na hipótese das alegações finais terem sido convertidas em memoriais (de atos orais serem praticados por escrito), a sentença também o será, o juiz proferira a sentença por escrito.
A fase decisória do processo de procedimento comum ordinário, composta por esses dois tipos de ato: alegações finais e sentença, ou será toda oral ou ela será excepcionalmente toda escrita. É aceitável um meio termo? Parte dela oral e parte dela escrita? 
Exemplo: o Ministério Público apresenta oralmente as suas alegações finais, o juiz poderia converter só as alegações finais da defesa em memoriais? Ou as partes apresentaram oralmente as suas alegações finais, o juiz poderia converter só a sentença em ato escrito, deixando de proferir a sentença na oportunidade para ser depois por escrito?
Não há previsão legal para isso e toda a interpretação do artigo 403 e 404 do Código de Processo Penal levam ao sentido de que os atos ou serão todos orais ou serão todos escritos.
Mas, não há propriamente prejuízo na hipótese da alegação final do Ministério Público ser oral e a alegação final da defesa ser escrita, não tem prejuízo por causa da própria idéia da plenitude de defesa, do próprio princípio do contraditório; a acusação já é restrita e a defesa é ampla.
Entretanto, o juiz não pode, se a mesma razão para a defesaestiver presente em relação à acusação, converter só as alegações finais da defesa em memoriais, mas se o fizer não há prejuízo nem violação ao princípio do contraditório.
O mesmo ocorre no caso de só a sentença ser escrita, as partes apresentaram as suas alegações finais e a sentença ser proferida por escrito. Então é uma irregularidade procedimental sem dúvida alguma, porém, esse vício não importa em nulidade pela ausência de prejuízo. Não existe plena acusação, existe plena defesa, e se a defesa é plena a acusação naturalmente é restrita.
Os atos na audiência de instrução e julgamento são praticados oralmente todos os atos. Em regra, o registro dos atos orais se dá através de escrituração. A forma do ato é oral, não quer dizer que o ato praticado oralmente será todo reduzido a termo, pois não teria sentindo. Assim o ato perde a forma oral e passa a ter uma forma escrita. Os atos são orais mais o registro do ato e não a redução a termo dele, em regra, é por escrito.
Até que o artigo 405 do CPP introduziu formas alternativas de registros dos atos praticados na audiência de instrução e julgamento, não de todos os atos.
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos.
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações.
Então não são todos os atos são os atos de instrução, logo, o registro dos atos de instrução podem ser feitos nos termos do art.405 §1° por qualquer uma dessas formas alternativas. É o que hoje em dia se tornou padrão, ninguém mais fica reduzindo a termo o depoimento de testemunha, simplesmente é colocado uma câmera e é gravado som e imagem do depoimento prestado pela testemunha e aquela gravação é o registro do ato.
Da audiência de instrução e julgamento será lavrado por escrito o termo de audiência (forma obrigatória). No termo de audiência, devem ser apontados todos os atos praticados naquela oportunidade e nele constarão as alegações finais das partes e a sentença do juiz.
No termo de audiência deverá mencionar todas as testemunhas que foram ouvidas através da gravação de som e imagem que contém o depoimento daquela testemunha, então não precisa falar nada sobe o depoimento no termo de audiência, mais tem que dizer que foram ouvidas tais e tais testemunhas arroladas pela acusação, a acusação dispensou tal e tal testemunha, depois foram ouvidas tais e tais testemunhas arroladas pela defesa e por ai vai.
No termo de audiência constará, no entanto, as alegações finais das partes e a sentença (não podem ser por gravação de som e imagem), ou seja, os atos da fase decisória da audiência.
Em princípio não é necessário transcrever as alegações finais das partes. O juiz poderia registrar na ata de audiência de forma resumida as alegações finais das partes.
Exemplo: foi dada a palavra a acusação, e a acusação após fazer o relato do processo, apontar fazendo referência de tal e tal prova, concluiu pedindo a condenação do acusado pela a prática do fato tal, do dia tal, em tal local, considerando crime nos termos do artigo tal do código tal. Ele pode fazer assim, não precisa da acusação ditar as alegações finais, mais tem que estar transcrita na ata. E o mesmo acontece em relação à defesa.
Se a sentença não for proferida naquela oportunidade ai é recomendável que as alegações finais da defesa e da acusação sejam transcritas, então se o juiz vai proferir a sentença naquele momento não precisa determinar que tudo que a acusação e a defesa falarem constem da ata de audiência.
A sentença é toda reduzida a termo na ata da audiência, ela é toda transcrita, não é um breve resumo da sentença, toda a sentença deve constar da ata.
Quais são os atos que compõe o procedimento comum ordinário?
Oferecimento da denúncia
Recebimento da denúncia
Citação do acusado
Resposta à acusação
Ratificação do recebimento com designação de data para a audiência de instrução e julgamento 
Audiência de instrução e julgamento
Na audiência de instrução e julgamento quais ao os atos praticados?
Audição da vítima 
Audição das testemunhas arroladas pela acusação 
Audição das testemunhas arroladas pela defesa
Esclarecimentos periciais
Reconhecimento de pessoas ou coisas e acareações
Interrogatório do acusado
Interrogado o acusado, o juiz indaga as partes ou ele próprio verifica de oficio se tem alguma diligência necessária para esclarecer o fato. Se o juiz entender que não precisa, que não tem nenhuma diligência, e as partes não requererem ou ainda que tenham requerido, se foi indeferido pelo juiz, ele declara naquele momento encerrada a instrução, encerrada a fase instrutória, e serão praticados os atos da fase decisória.
Alegações finais da acusação: 20 minutos prorrogáveis por mais 10. Se houver assistente do Ministério Público habilitado terá 10 minutos.
Alegações finais de defesa: 20 minutos prorrogáveis por mais 10, para cada acusado.
Sentença: encerrando a audiência de instrução e julgamento e o procedimento comum ordinário.
8. Procedimento Comum Sumário
O procedimento comum ordinário é utilizado como forma procedimental padrão no código de processo penal. Diante disso o legislador, simplesmente não estabeleceu todos os atos do procedimento comum sumário. Na verdade o legislador apresenta o procedimento comum sumário a partir de alterações promovidas no procedimento comum ordinário.
O procedimento comum sumário está previsto a partir do artigo 531 do CPP e as diferenças deste procedimento para o procedimento ordinário são apenas três:
	Procedimento Comum Ordinário
	Procedimento Comum Sumário
	Cada parte pode arrolar 08 testemunhas.
Prazo de AIJ: 60 dias.
Possibilidade de conversão de alegações finais em memoriais.
	Cada parte pode arrolar 05 testemunhas.
Prazo de AIJ: 30 dias
Não há possibilidade de conversão de alegações finais em memoriais.
1ª A quantidade de testemunhas que cada parte pode arrolar: no procedimento comum ordinário são 8, já no procedimento comum sumário (nos termos do artigo 532 do CPP) são 5 testemunhas.
2ª O prazo de realização da audiência de instrução e julgamento: se no procedimento comum ordinário o prazo é de 60 dias, no procedimento comum sumário o prazo é de 30 dias. O artigo 531 caput do CPP tem uma redação muito parecida com a do artigo 400 caput do CPP, porém, estabeleceu um prazo menor.
3ª A impossibilidade de conversão das alegações finais em memoriais
Quais são as hipóteses taxativas em que ocorre a conversão? Complexidade da causa; número excessivo de acusados; e realização de diligencia fora de audiência. São três casos e no terceiro caso a conversão é obrigatória, nos dois primeiros a conversão fica a critério da necessidade aferida concretamente na situação, o juiz examinará.
Só que no procedimento comum sumário não há previsão dessa conversão. Aquela previsão mencionada no artigo 403, §3° do CPP e a previsão do artigo 404, §1° do CPP, simplesmente não existem no caso do artigo 534 do CPP, que é o artigo que regula a fase decisória do procedimento comum sumário.
Onde a lei estabeleceu a diferença, essa diferença existe e tem que ser reconhecida. Então se fosse possível, das duas uma: ou não existira o artigo 534 do CPP ou se existisse faria uma referência ao artigo 403 do CPP e não faz. Não há previsão, se não há previsão neste procedimento e existe uma previsão no procedimento anterior significa que no procedimento ordinário pode mais no sumário não pode. No procedimento comum sumário não é possível a conversão das alegações finais em memoriais, obrigatoriamente tem que ser oralmente e consequentemente a sentença deverá também ser proferida em audiência (ao final da audiência).
Essas são as três únicas diferenças entre o procedimento comum ordinário e o procedimento comum sumário.Apesar de não ser possível diante da ausência de previsão do artigo 534 do CPP estabelecendo como regra absoluta que as alegações finais e as sentenças serão proferidas oralmente na audiência de instrução e julgamento, se o juiz aplicar o artigo 403, §3° do CPP e converter as alegações finais e sentença em atos escritos, haverá alguma nulidade? Não. Existe uma irregularidade, pois não foi observada uma norma de procedimento. No entanto, essa irregularidade não prejudicou ninguém. Pelo contrário, favoreceu as partes nesta conversão, então como não há prejuízo, nesse caso essa irregularidade não se constitui esse vício não representa uma nulidade. Então a validade desse processo não está comprometida.
Isso pode ser estabelecido como regra. A utilização de um procedimento mais amplo quando cabível um procedimento mais restrito não importa em nulidade.
Exemplo: o juiz errou o procedimento, o fato era de procedimento comum sumário mais o juiz adotou o ordinário, tem nulidade nisso? Não, porque não restringiu e sim ampliou. Agora, se ocorrer o contrário, era um procedimento comum ordinário e o juiz adotou o sumário, tem nulidade? Sim, porque o sumário restringiu a atuação das partes, basta ver, por exemplo, se tivesse observado o procedimento correto cada parte poderia arrolar 8 testemunhas, como não observou cada parte poderia arrolar 5.
De todo o modo o artigo 538 do CPP diz expressamente pra que serve o procedimento comum sumario.
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
Então o próprio artigo reconhece que o procedimento tem como utilidade essa hipótese, de infração de menor potencial ofensivo que por uma razão ou outra não tem processo perante o juizado especial.

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