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ESTADO DE MINAS GERAIS Advocacia-Geral do Estado Procuradoria de Tributos e Assuntos Fiscais Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível, Criminal e Vec da Comarca de Matozinhos Ref. Proc. n 0040415-60.2016.8.13.0411 Autor: Eustáquio de Souza Réu: Estado de Minas Gerais A Fazenda Estadual de Minas Gerais apresenta, a seguir, sua contestação aos pedidos formulados pela autora nesta ação. I - DOS FATOS Trata-se de ação declaratória cumulada com pedido de fazer, proposta por Eustáquio de Souza em face do Estado de Minas Gerais, na qual o autor pugna pela declaração de indébito tributário, em função de extravio do veículo por agentes do Estado. Alega que em julho/2009 fora negociado com a pessoa de Eduardo Ribeiro a transferência do veiculo em questão, e que este ficara com a incumbência de promover os necessários atos para transferir o veículo. Eduardo teria falecido e o autor só soubera meses depois. A transação não foi então concluída, e isso, por si só, é indicado como defesa do autor, que também não tomou nenhuma providencia e apenas assevera que o Estado detém o poder do veículo, impedindo a fruição deste. II- DA IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS Como disposto pelo próprio autor, Eduardo fora quem tivera a incumbência de comunicar ao DETRAN e realizar a transação. No entanto, como não ocorrera nenhum comunicado ao DETRAN/MG, ou à Secretaria de Estado da Fazenda ou mesmo à Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais sobre a suposta alienação do veículo, o veículo se encontra regularmente cadastrado em nome do autor, tornando-se, assim, legítima a cobrança questionada. Por mais plausível que seja o argumento do autor, não se pode deixar de observar que o Estado está adstrito ao princípio da legalidade e não pode se sujeitar a um mero acordo entre vendedor e comprador. O cancelamento puro e simples das taxas e tributos devidos, neste caso, seria uma verdadeira concessão de imunidade tributária ao autor que está com veículo regularmente inscrito nos seu nome no DETRAN/MG. Ademais, vale ressaltar que o autor não se encarregou de anexar aos autos, prova inequívoca da venda e transferência do veículo. Ainda que a suposta venda tenha ocorrido, de acordo com o artigo 134 do Código de Trânsito Brasileiro, no caso de transferência de propriedade, o dono antigo do carro deverá encaminhar ao órgão executivo de trânsito do seu Estado uma cópia autenticada do comprovante de transferência de propriedade assinado e datado no prazo de 30 dias, “sob pena de ter de se responsabilizar solidariamente pelas penalidades impostas e suas reincidências até a data da comunicação”. Constata-se dos autos que o autor não produziu provas acerca de devida notificação de transferência do veículo ao Detran/MG. Muito pelo contrario, anexou documento que comprova que o veiculo ainda está em seu nome, cf. fls. 16. Só com a comunicação feita, o “ex-proprietário” se isenta de eventuais pontuações e ou responsabilidades que o novo proprietário de seu “ex-veículo” possa vir adquirir (impostos, taxas, etc.). Sendo assim, as alegações do autor não merecem prosperar, uma vez que há expressa previsão legal que a venda do veículo não o exime das obrigações vinculadas ao respectivo proprietário, até que haja a devida transferência ou notificação ao órgão executivo de trânsito de seu Estado, sendo neste caso o Detran/MG. Nesse sentido, jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. ALIENAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO AOS ÓRGÃOS COMPETENTES. PAGAMENTO DO IPVA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ALIENANTE. NÃO CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 83/STJ. ACÓRDÃO FUNDAMENTADO EM LEI FEDERAL. ART. 134 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. SÚMULA N. 280/STF. INAPLICABILIDADE. I - É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça segundo o qual a obrigatoriedade de a parte alienante do veículo comunicar a transferência de propriedade ao órgão competente, sob pena de responder solidariamente em casos de eventuais infrações de trânsito, prevista no art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro, não se aplica extensivamente ao pagamento do IPVA, tendo em vista que a mencionada exação não se confunde com qualquer tipo de penalidade. II - O recurso especial, interposto pela alínea a e/ou pela alínea c, do inciso III, do art. 105, da Constituição da República, não merece prosperar quando o acórdão recorrido encontra-se em sintonia com a jurisprudência dessa Corte, a teor da Súmula n. 83/STJ. III - Tendo o acórdão recorrido analisado a controvérsia à luz do art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro, ainda que mencione a lei local, revela-se inaplicável o verbete da Súmula n. 280 do Supremo Tribunal Federal. Precedente. IV - A Agravante não apresenta, no regimental, argumento suficientes para desconstituir a decisão agravada. V - Agravo Regimental improvido. Portanto, no mérito melhor sorte não assiste ao autor, pelo que o pedido deduzido na peça de ingresso deve ser julgado improcedente da sua integralidade. III - REQUERIMENTOS. Diante da fundamentação acima exposta, requer o Estado de Minas Gerais seja indeferido o pedido da parte autora, julgando sua improcedência, condenando-se os mesmos nos ônus sucumbenciais de praxe. B. Horizonte, 16.02.17 Francisco de Assis V. Barros Procurador do Estado/MG 18 www.age.mg.gov.br Rua Espírito Santos, nº 495, Centro - Belo Horizonte/MG - CEP 30160-030 (31) 3218.0700
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