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1 SEED-Secretária do Estado da Educação PREFEITURA MUNICIPAL DE CRUZ MACHADO-PR SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO SECRETÁRIA DE AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE COLÉGIO ESTADUAL BARÃO DO CERRO AZUL CASA FAMILIAR DE CRUZ MACHADO-PR PROJETO PROFISSIONAL DE VIDA DO JOVEM Implantação de apiários Rayssa Kloczko Monitores (professores): William Otto (Médico Veterinário) CRUZ MACHADO-PR 2017 2 SEED-Secretária do Estado da Educação PREFEITURA MUNICIPAL DE CRUZ MACHADO-PR SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO SECRETÁRIA DE AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE COLÉGIO ESTADUAL BARÃO DO CERRO AZUL CASA FAMILIAR DE CRUZ MACHADO-PR PROJETO PROFISSIONAL DE VIDA DO JOVEM Implantação de apiários Este projeto de vida é uma exigência para a conclusão do curso técnico em agropecuária da Casa Familiar Rural de Cruz Machado e, será implantado na propriedade da família CRUZ MACHADO-PR 2017 3 SUMÁRIO 1.0 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 6 1.1 DADOS DA PROPRIEDADE ONDE SERÁ IMPLANTADO O PROJETO DE VIDA DO JOVEM ........................................................................................................ 6 1.1.1 Nome do proprietário ............................................................................... 6 1.1.2 Localização da propriedade (logradouro) ................................................ 6 1.1.3 Dados do registro de imóveis .................................................................. 7 1.1.4 Para implantação do projeto de vida ....................................................... 7 1.1.5 Roteiro para chegar na propriedade ........................................................ 7 2.0 PROJETO PROFISSIONAL DE VIDA DO JOVEM .......................................... 8 2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8 2.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 9 2.3 OBJETIVOS ................................................................................................... 9 2.3.1 Geral ........................................................................................................ 9 2.3.2 Específicos .............................................................................................. 9 2.4 METAS ........................................................................................................... 9 3.0 DESCRIÇÃO DO PROJETO (METODOLOGIA) ............................................ 11 3.1 MORFOLOGIA E ANATOMIA DAS ABELHAS ............................................ 11 3.2 DIVISÃO DA COLMEIA ................................................................................ 12 3.3 ESCOLHA DA LOCALIZAÇÃO DO APIÁRIO .............................................. 13 3.3.1 Flora apícola .......................................................................................... 13 3.3.2 Água ...................................................................................................... 14 3.3.3 Segurança ............................................................................................. 15 3.3.4 Sombreamento ...................................................................................... 15 3.3.5 Acesso e topografia ............................................................................... 15 3.4 EQUIPAMENTOS E PRODUTOS NECESSÁRIOS ..................................... 16 3.4.1 Colmeia ................................................................................................. 16 3.4.2 Fumigador ............................................................................................. 18 3.4.3 Vestimentas ........................................................................................... 19 3.4.4 Outros equipamentos ............................................................................ 19 3.5 INSTALAÇÃO DO APIÁRIO ......................................................................... 20 3.5.1 Preparo do terreno ................................................................................. 20 3.5.2 Quantidade de colmeias por apiário ...................................................... 20 3.5.3 Disposição das colmeias ....................................................................... 21 4 3.5.4 Época do ano......................................................................................... 21 3.5.5 Cavaletes ............................................................................................... 21 3.5.6 Preparo das colmeias ............................................................................ 22 3.6 POVOANDO AS COLMEIAS ....................................................................... 22 3.6.1 Captura de enxames através de caixa-iscas ......................................... 23 3.6.2 Captura de enxames em voos de deslocamento ................................... 23 3.6.3 Remoção de colônias alojadas na natureza .......................................... 24 3.6.4 Divisão de colônias fortes ...................................................................... 24 3.6.5 Aquisição de colmeias povoadas........................................................... 25 3.7 MANEJO PRODUTIVO DAS COLMEIAS .................................................... 25 3.7.1 Revisão das colmeias ............................................................................ 26 3.7.2 Fortalecimento das colônias .................................................................. 26 3.7.3 Controle da enxameação ....................................................................... 27 3.7.4 Controle de pilhagem ............................................................................. 28 3.7.5 Substituição de rainhas ......................................................................... 28 3.7.6 Substituição de quadros ........................................................................ 29 3.7.7 Derretimento da cera de abelha ............................................................ 29 3.7.8 Raspagem da própolis ........................................................................... 30 3.8 DOENÇAS E INIMIGOS DAS ABELHAS .................................................. 30 3.8.1 Doenças das abelhas ............................................................................ 31 3.8.2 Inimigos naturais das abelhas ............................................................... 31 3.9 COLHEITA DO MEL ................................................................................. 32 3.10 EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DO MEL ........................................... 33 3.10.1 Casa do mel........................................................................................... 33 3.10.2 Equipamentos e utensílios ..................................................................... 34 3.10.3 Processamento ...................................................................................... 35 3.10.4 Comercialização .................................................................................... 35 4.0 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO .......................................... 37 4.1 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO (2017) ......................... 37 4.2 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO (2018) ......................... 38 5.0 ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA ....................................................39 5.1 PLANILHA DE CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO ............................................. 39 5.2 PLANILHA DE CUSTOS DE PRODUÇAO E MANUTENÇÃO (ANUAIS) .... 40 5.3 PLANILHA DE RENDIMENTO ..................................................................... 40 5 5.3.1 Planilha de rendimento do primeiro ano ................................................ 40 5.3.2 Planilha de rendimento do segundo ano ............................................... 41 5.4 PLANILHA DE AVALIAÇÃO ......................................................................... 41 5.5 PLANILHA DE SALDO ANUAL DO TERCEIRO ANO ................................ 41 5.6 PLANILHA DE SALDO ANUAL A PARTIR DO QUARTO ANO ................... 42 5.7 SÍNTESE DO ESTUDO DA VIABILIADE ECONÔMICA ..................................... 42 6.0 CONCLUSÃO ................................................................................................. 43 7.0 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 44 6 1.0 APRESENTAÇÃO O PPVJ (Projeto Profissional da Vida do Jovem) é um elemento curricular das Casas Familiares Rurais no terceiro ano letivo, sendo obrigatório para a conclusão do curso. É elaborado através de conhecimentos teóricos e práticos, adquiridos em sala de aula ou em pesquisas. Ele deve servir para que o jovem em formação busque permanecer no campo, diversificando a propriedade, aumentando a renda da família e assim garantindo a qualidade de vida. O jovem com ajuda e orientação da família e dos monitores avalia as condições climáticas e ambientais da região, a realidade do comércio, a infraestrutura da propriedade e o capital disponível, para então escolher o tema a ser trabalhado e depois implantado na propriedade familiar. Pensando nisso, o tema escolhido para produzir o projeto foi a apicultura. A apicultura é um tipo de criação que reúne biologia, manejo e produção de abelhas com ferrão e produtos apícolas, de modo geral. Uma vez que a área escolhida para o projeto contém recursos naturais para o bom desenvolvimento das mesmas. Assim apresentarei de forma clara e objetiva um pouco sobre as abelhas do gênero Apis, e explicarei sobre a produção de mel; desde a instalação e manejos do apiário, sua colheita, seu beneficiamento e sua comercialização até a construção da unidade de extração do mesmo. 1.1 DADOS DA PROPRIEDADE ONDE SERÁ IMPLANTADO O PROJETO DE VIDA DO JOVEM 1.1.1 Nome do proprietário Anselmo Kloczko. 1.1.2 Localização da propriedade (logradouro) A propriedade está localizada na Linha Potingal, sentido Santana. No município de Cruz Machado, estado do Paraná. 7 1.1.3 Dados do registro de imóveis Terreno rural com área total de 277.000 metros quadrados (27,7 hectares), denominado fração B-1 da fração B, sob a matricula nº 21.258. 1.1.4 Para implantação do projeto de vida Para a implantação do projeto –um apiário com 30 colmeias e a estrutura da Casa do Mel- serão utilizados 100 m2 de pasto nativo de pouca qualidade (potreiro) e de uma área inativa com mata. 1.1.5 Roteiro para chegar na propriedade Para chegar até a propriedade precisamos seguir em direção ao distrito de Santana e entrar na linha Potingal, (lado esquerdo) cerca de 15 km do centro do município de Cruz Machado. Deve-se seguir na direção esquerda por mais 3 km. A propriedade está localizada do lado direito. 8 2.0 PROJETO PROFISSIONAL DE VIDA DO JOVEM 2.1 INTRODUÇÃO A apicultura é uma atividade muito antiga, mergulhando suas origens na pré- história. A exploração dessa atividade sempre foi feita de maneira muito rudimentar, anti econômica, obtendo-se o mel e a cera em pequenas quantidades, pouco se interessando pela vida do enxame. Os enxames eram quase totalmente destruídos no momento da colheita do mel, tendo que se refazer a cada ano. Porém, com o conhecimento adquiro através do tempo, hoje o convívio com a abelha é diferente. Atualmente existem técnicas que não prejudicam as abelhas e garantem a segurança do apicultor. As abelhas se tornaram sem dúvida, os insetos de maior utilidade ao homem. Além de realizarem a polinização das flores, fornecem ainda cera, geleia real, mel, pólen, própolis e seu veneno (apitoxina), todos produtos amplamente aproveitados como alimento natural ou com finalidade medicinais preventivas ou curativas. Porém o seguinte projeto visa implantar um apiário e construir uma unidade de extração do mel para realizar a produção, extração e a comercialização do mesmo. E como complemento obter ainda a cera e a própolis. O mel é feito a partir do néctar das flores, possuindo um alto valor nutricional. É usado também em produtos de higiene e cosméticos, como sabonetes e cremes. O mel é a base econômica da apicultura atualmente e o seu consumo vem crescendo significativamente por conta dos hábitos saudáveis e a preferência por produtos naturais, principalmente no âmbito internacional. Além do mercado apícola estar crescendo a apicultura apresenta outras vantagens. Ela corresponde ao tripé da sustentabilidade: o social, o econômico e o ambiental. O social por se tratar de uma forma de geração de ocupação e emprego no campo. O fator econômico onde há a possibilidade de obtenção de lucro. E na questão ambiental pelo fato das abelhas atuarem como polinizadores naturais, preservando espécies e consequentemente, contribuindo para o equilíbrio do ecossistema e manutenção da biodiversidade. Além disso, a atividade apícola não exige uma grande área para sua implantação, não exige mecanização, não necessita de uma quantidade excessiva de 9 mão de obra e é uma boa fonte de renda, tanto como renda principal como complementar. Espero que este projeto seja de grande proveito, passando todos os conhecimentos necessários e possíveis, mostrando o quanto a apicultura é fascinante e que pode ser economicamente viável. 2.2 JUSTIFICATIVA A apicultura foi o tema escolhido por que é uma atividade que não requer uma grande área para sua implantação, podendo ser aplicada em pequenas propriedades; utiliza pouca mão de obra, permitindo que nela se trabalhe de forma familiar; e se torna muito rentável se explorada corretamente. Além disso, contribui para preservação ambiental, podendo ser implantada em áreas de preservação legal. 2.3 OBJETIVOS 2.3.1 Geral Obter o maior lucro possível, com poucos custos e com mão de obra familiar. 2.3.2 Específicos Tornar uma área que esta inativa, em uma área com alguma atividade lucrativa; Produzir produtos apícolas de qualidade; Construir uma Casa do mel, para extrair o produto; Utilizar a mão de obra presente na família; Preservar a flora nativa da região. 2.4 METAS Para execução deste projeto pretendo montar um apiário com 30 colmeias em um prazo de um ano, em cada colmeia pretendo colher 25 quilogramas de mel ao ano. 10 O mel colhido será extraído na Casa do Mel, a construção da mesma está planejada para o ano de 2018. 11 3.0 DESCRIÇÃO DO PROJETO (METODOLOGIA) 3.1 MORFOLOGIA E ANATOMIA DAS ABELHAS Ramos & Carvalho (2007) conceituam a abelha como um inseto que pertenceà ordem dos himenópteros e à família dos apídeos. São conhecidas cerca de vinte mil espécies diferentes e, são as abelhas do gênero Apis mellifera que mais se prestam para a polinização, ajudando a agricultura, produção de mel, geleia real, cera, própolis e pólen. Os autores destacam que o corpo da Apis mellifera é dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome. Na cabeça, estão localizados os olhos - simples e compostos - as antenas, o aparelho bucal e, internamente, as glândulas. Nogueira & Couto (2007) explicam que os olhos compostos estão localizados na parte lateral da cabeça, já os olhos simples ou ocelos, em número de três, localizam-se na região frontal da cabeça, formando um triângulo. As antenas, em número de duas, são localizadas na parte frontal mediana da cabeça. O aparelho bucal é composto por duas mandíbulas e a língua ou glossa. As mandíbulas são estruturas fortes, utilizadas para cortar e manipular cera, própolis e pólen. Servem também para alimentar as larvas, limpar os favos, retirar abelhas mortas do interior da colmeia e na defesa. A língua é uma parte bastante flexível, utilizada na coleta e transferência de alimento, na desidratação do néctar e na evaporação da água para controlar a temperatura da colmeia. A Embrapa (2007) acrescenta que na cabeça se fazem presentes duas importantes glândulas: as mandibulares, que dissolvem a cera e ajudam a processar a geleia real e as hipofaríngeas, que transformam o alimento comum em geleia real. De acordo com Ramos & Carvalho o tórax é formado por três segmentos, e nele destacam-se os órgãos locomotores -pernas e asas- e a presença de grande quantidade de pelos, que possuem importante função na fixação dos grãos de pólen quando as abelhas entram em contato com as flores. As pernas posteriores das operárias são adaptadas para o transporte de pólen e resinas. Além da função de locomoção as pernas auxiliam também na manipulação da cera e própolis, na limpeza das antenas, das asas e do corpo. Possuem ainda dois pares de asas de estrutura membranosa, que possibilitam o voo a uma velocidade de 24 km/h, como conta a Embrapa (2007). 12 Nogueira & Couto citam também o abdome, que é formado por segmentos unidos por membranas bastante flexíveis que facilitam o movimento do mesmo. Nesta parte do corpo, encontram-se os órgãos do aparelho digestivo, circulatório, reprodutor, excretor, órgãos de defesa e glândulas produtoras de cera. No final do abdome, encontra-se o órgão de defesa das abelhas –o ferrão- presente apenas nas operárias e rainhas, que é ligado a uma pequena bolsa onde o veneno fica armazenado. 3.2 DIVISÃO DA COLMEIA As abelhas apresentam 3 castas de indivíduos: rainha, operárias e zangões. Todas essas castas passam por fases (ovo/ larva/ pupa/ adulto) para atingir a forma adulta. Esse período de desenvolvimento é definido por Nogueira & Couto (2007) como ciclo evolutivo. Segundo o Senar (2005) as operárias são os indivíduos mais numerosos - 1.500 a 100.000 e se dedicam a todos os serviços da colmeia. Tem órgãos de reprodução atrofiados, não podem acasalar e colocam ovos não fecundados, quando o enxame fica sem rainha. Desempenham as seguintes funções pela ordem: de 1 a 3 dias são as faxineiras, fazem a limpeza e reforma, polindo os alvéolos; aos 3 a 7 dias, são chamadas de nutrizes, alimentam com mel e pólen as larvas com mais de 3 dias; de 7 a 14 dias alimentam as larvas com menos de 3 dias com geleia real. Algumas cuidam da rainha; de 12 a 18 dias são as lixeiras, encarregadas de fazer a limpeza do lixo da colmeia; dos 14 a 18 dias são as construtoras, segregam cera e constroem favos; aos 18 a 20 dias tem a função de guardas, defendem a colmeia contra inimigos, inclusive contra o apicultor; e por fim, depois de 21 dias até a morte trazem néctar, pólen, água e própolis para a colmeia, são chamadas de campeiras. O zangão é o macho da família –cerca de 400 dentro da colmeia. O Senar (2005) descreve ele como maior que a operária e mais pesado. Nasce de célula maior e mais larga que a da operária e de ovo não fecundado. Demora 24 dias para nascer e atinge a maturidade sexual aos 12 dias A Embrapa (2007) acrescenta que eles servem apenas para esquentar a colônia e fecundar as rainhas virgens, morrendo em seguida. Não ficam mais de 2 horas sem alimento e comem por 20 abelhas; em épocas de escassez são expulsos da colmeia, em geral no final das floradas. Não possuem ferrão, não possuem 13 corbícula, não coletam nem desidratam o néctar. E é o único elemento da família que tem livre acesso a qualquer colmeia. Já a rainha, como afirma a Embrapa (2007) e o Senar (2005), é a única que põe ovos férteis que vão gerar as abelhas operárias, as rainhas novas e os zangões. A rainha nasce de um ovo comum igual ao da operária. Para que se transforme em rainha é alimentada com geleia real, que faz desenvolver o aparelho reprodutor. Leva 16 dias para nascer, atinge a maturidade sexual entre 6 e 10 dias e pode viver até 5 anos. Acasala-se uma única vez na vida do 5º ao 10º dia com 10 a 14 zangões e 2 a 5 dias depois inicia a postura, não saindo mais para o acasalamento, pois guarda espermatozoides para o resto da vida, numa bolsa chamada espermateca. Nas épocas de abundância de alimento uma boa rainha põe de 1.600 a 2.000 ovos por dia, o que corresponde a duas vezes o seu peso. Depois de dois anos diminui a postura e deve ser substituída. Além de pôr ovos a rainha mantêm a família unida e faz isto liberando um hormônio produzido por um conjunto de glândulas, chamado hormônio da coesão grupal. Quando faltar a rainha em uma colmeia e as abelhas não conseguirem produzir outra, o enxame acaba em 60 a 65 dias, por falta de ovos para renovação daqueles que vão morrendo. 3.3 ESCOLHA DA LOCALIZAÇÃO DO APIÁRIO De acordo com Lampeitl apud Wolff et al (1991) “colmeias que são instaladas em locais adequados para as abelhas são os que proporcionam melhores rendimentos”. Já para a Embrapa (2002), para que o apicultor consiga obter elevada produtividade e sucesso na atividade apícola, é necessário escolher cuidadosamente, o local de instalação do apiário, levando em consideração os fatores: flora apícola, água, segurança, sombreamento, acesso, topografia e proteção contra ventos. Ou seja, precisamos explorar as condições favoráveis do local visando o desenvolvimento satisfatório das colônias. 3.3.1 Flora apícola 14 Wolff et al. (2010) afirma que “o néctar é a matéria prima da qual depende diretamente a produção do mel e da cera, complementado pelo pólen, é fundamental para a nutrição das crias e das abelhas adultas”. Assim compreendemos que precisamos de uma flora apícola abundante e próxima do apiário para apresentarmos uma boa produção, uma vez que quanto mais próximas as fontes de néctar e pólen, mais rápido será o transporte pelas abelhas campeiras e maiores serão o desenvolvimento e rendimento das colmeias. Segundo a Embrapa (2002), a flora disponível pode ser natural ou proveniente de culturas agrícolas e reflorestamentos da indústria da madeira. A diversidade da flora apícola é uma situação que deve ser buscada. Acrescenta ainda, que o apicultor pode e deve introduzir na área próxima ao apiário espécies apícolas adaptadas à região. A área escolhida para implantação do apiário é de Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), e existem espécies como Eucalyptus spp. (Eucalipto), Ilex paraguariensis (Erva-mate), Mimosa scabrella. (Bracatinga comum), Prunus brasiliensis (Pessegueiro bravo), Syagrus romanzoffiana (Jerivá), Butia eriospatha (Butiá), Eugenia uniflora L. (Pitangueira),Campomanesia xanthocarpa (Guabiroba) que de acordo com Rocha et al. (?) são espécies com potencial melífero na região com Floresta de Araucária no Paraná. Assim concluímos que existe uma abundante e ideal florada nesta área. 3.3.2 Água Segundo a Embrapa (2002) “uma colmeia pode consumir até 20 litros de agua por semana”, por isso a água se torna indispensável para a manutenção dos enxames. A fonte de água pode ser natural, como rios, nascentes, ou artificial, que consiste na instalação de um bebedouro. Deve ser limpa e pura. Em seu artigo a Embrapa (2002) acrescenta que a água fornecida deve estar em uma distância de 100 a 500 metros do apiário. Já que distâncias menores que 100 metros podem provocar contaminação pelos próprios dejetos das abelhas, que só liberam fora da colônia, durante o voo. E distâncias maiores que 500 metros causam um grande desgaste no enxame. Por essa razão foi escolhida uma área onde existe um pequeno rio, para que não houvesse a necessidade de implantar um bebedouro, diminuindo um possível gasto. 15 3.3.3 Segurança Meirelles et al. apud Wolff (1978) afirma que “as abelhas africanizadas são famosas por sua defensividade, seus ataques incontroláveis e suas intensas e dolorosas ferroadas e a ocorrência de incidentes envolvendo as mesmas é relativamente grande no Brasil. ” Pensando nisso Wolff et al (2010) recomenda que os apiários sejam instalados a uma distância mínima de 400 metros de currais, galinheiros, chiqueiros, casas, estradas e trilhas por onde circulem sistematicamente animais e moradores da região e pelo menos 3 km de outros apiários, evitando a concorrência. 3.3.4 Sombreamento De acordo com a Embrapa (2002) “o apicultor deve procurar instalar seu apiário em área sombreada, já que as altas temperaturas afetam a qualidade do mel e o desenvolvimento normal das crias”. Por isso devemos instalar as colmeias em uma área rodeada por árvores, além de utilizar telhas de fibrocimento para cobrir as colmeias. Lampeitl apud Wolff et al. (1991) conta que aquelas que permanecem na sombra a partir do meio dia proporcionam melhores rendimentos, já que suas campeiras não precisam ocupar-se tanto em trazer água para regular a temperatura interna da caixa, já que temperaturas internas acima de 35 a 38 Cº não são mais suportáveis pelas abelhas. Wolff et al. (2010) finaliza dizendo que “os primeiros raios solares do dia são, por outro lado, benéficos às colônias, com eles, as campeiras iniciam seu trabalho mais cedo e a radiação ultravioleta, inimiga de bactérias e fungos, contribui para a saúde da colônia”. Desta forma concluímos que é favorável instalar as mesmas em uma posição que permita a penetração do sol matutino. 3.3.5 Acesso e topografia A Embrapa (2002) relata que o apiário deve ser instalado em um local de fácil acesso, que possibilite aproximação de veículos para manejo e transporte das colmeias e da produção. E conclui recomendando que o terreno seja plano, facilitando o deslocamento do apicultor. 16 Então a área deve ter boas estradas que permitam o acesso dos veículos para as colheitas de mel, por exemplo. Além disso o terreno não deve ser muito acidentado, o que dificultará o acesso e o deslocamento de pessoas até a área. 3.4 EQUIPAMENTOS E PRODUTOS NECESSÁRIOS A prática da apicultura requer algumas ferramentas específicas, tanto para a preparação das colmeias, como para o seu manejamento. A Embrapa (2002) afirma que a utilização correta das ferramentas e demais adereços é fundamental para garantir a produção dos diversos produtos apícolas, a segurança das abelhas e a segurança dos apicultores. 3.4.1 Colmeia Magnecio (2006) considera as colmeias como sendo “peças fundamentais na prática de uma apicultura racional. Existem vários modelos, entretanto, o apicultor deve padronizar seu apiário, evitando a utilização de diferentes modelos”. Wolff e Mayer (2012) acrescentam que a padronização de suas dimensões internas e dos quadros favorece a troca de materiais e de experiências sobre práticas e procedimentos entre os apicultores de diferentes localidades. Assim, uma padronização nos apiários em apenas um modelo de colmeia ajudará muito em diversos aspectos práticos do dia a dia dos apicultores. Pensando nisso o modelo de colmeia que será utilizado será a Langsthoth. Nas palavras de Wolff e Mayer (2012) este é o modelo mais empregado em apiários comerciais do Brasil e do mundo, apelidado de “caixa americana”, uma vez que suas dimensões foram propostas por um norte-americano, o padre Lorenzo Langsthoth. Ressaltam ainda, que a caixa Langsthoth é a colmeia adotada pela Confederação Brasileira de Apicultura como padrão nacional, e é a colmeia recomendada pelos órgãos de pesquisa agrícola e extensão rural no Brasil. Neste contexto Magnecio (2006) conta que “Langsthoth desenvolveu sua colmeia quando descobriu o “espaço-abelha”, que é o menor espaço livre que pode existir no interior de uma colmeia, para permitir a livre movimentação das abelhas. [...] elas vedam, com própolis, todas as frestas inferiores a 4,8mm e constroem favos nos espaços superiores a 9,5mm”. Segundo a Embrapa (2002) as medidas oficiais da 17 colmeia Langstroth (em milímetros) são: NINHOS: Comprimento: 465; Largura: 370; Altura: 240; FUNDO: Comprimento: 555; Largura: 410; TAMPA: Comprimento: 545; Largura: 440; VARETA SUPERIOR: Comprimento: 481; Largura: 25; Espessura: 20; ACABAMENTO DA VARETA NAS PONTAS: Comprimento: 25; Largura: 15; Espessura: 12; PEÇAS LATERAIS: Comprimento: 233; Largura: 35 e 25; Espessura: 10. E importante entendermos o funcionamento da colmeia, para realizarmos com efetividade os manejos necessários. Pensando nisso, Sousa e Araújo (1995) comentam sobre a constituição básica de uma colmeia: um fundo; um ninho, que é compartimento reservado ao desenvolvimento da família; a melgueira, compartimento onde é armazenado o mel; os quadros, nos quais são moldados os favos de mel ou de cria; e uma tampa, que reveste toda a colmeia. Todas essas peças são móveis, facilitando o trabalho de intervenção do apicultor. Isso vem ao encontro de Magalhães e Borges (2012) que destaca como imprescindível que as partes da colmeia sejam móveis, pois dessa forma possibilita um melhor manejamento, além de permitir que a colmeia receba mais melgueiras na época de floradas abundante, aumentando assim a produção de mel, e por outro lado, seja reduzida nos períodos de escassez. Magnecio identifica que as colmeias devem ser construídas usando madeiras de boa qualidade (cedro, aroeira, pau d’arco, eucalipto, etc.), que garantam uma maior vida útil para a caixa. A madeira deve estar bem seca, evitando a posterior deformação. A espessura da tábua pode variar, desde que sejam respeitadas as medidas internas das colmeias e externas dos quadros. Tendo em vista que temos em abundância madeiras de reflorestamento, com preços relativamente baixos, utilizaremos madeira de Eucalipto. Em seu artigo “Criação de abelhas”, a Embrapa (2007, pág. 43) identifica que existem outros instrumentos que devem ser incorporados na colmeia para garantir a alta produtividade e qualidade dos produtos apícolas, como a tela excluidora de rainha, a tela excluidora de alvado e a tela de transporte. Para tanto, a Embrapa (2007) conceitua a tela excluidora de rainha como uma armação de madeira e malha de metal ou plástico, colocada entre o ninho e a sobrecaixa, ela evita que a rainha passe para as sobrecaixas e ponha ovos nas áreas utilizadas para a produção de mel. Podemos dizer então, que por ser maior que as operárias, a rainha nãoconsegue ter acesso as melgueiras, consequentemente, nesses favos teremos somente o mel, havendo uma melhor qualidade do produto. Outro instrumento usado é a tela excluidora de alvado, 18 que segundo a Embrapa (2007) “ela se encaixa no alvado (abertura de entradae saída das abelhas) e evita a saída da rainha da colmeia (enxameação) ”. Já a tela de transporte é usada para o transporte da colmeia, ao ser colocada todas as campeiras que entrarem dentro da colmeia não conseguiram sair, assim é possível transportar o enxame inteiro. 3.4.2 Fumigador A Embrapa (2007) considera o fumigador como um equipamento indispensável no trabalho com as abelhas. É usado para produzir fumaça, que é de grande importância para a segurança do apicultor durante o manejo das colmeias. A Embrapa (2007) enfatiza essa questão explicando que a fumaça produzida simula um incêndio florestal. As abelhas entram em alerta e tentam se organizar para salvar o enxame. Com medo de perder toda a produção, elas consomem a maior quantidade possível de mel. Com o estômago cheio, as abelhas parecem menos aptas para defender-se. Isto deve-se ao fato delas não conseguirem acionar o sistema defensivo do ferrão por que são incapazes de dobrar o abdómen. Além disso a fumaça estrangula o sistema de comunicação das abelhas. Com esta ação evitam-se mais ataques e portanto reduz-se o número de mortes de abelhas e de picadas. Oliveira et al. (2012) comenta como deve ser o uso do fumigador, reforçando que o material de combustão deve ser inócuo, que não provoque odores que irritem as abelhas e que seja barato. Deve-se evitar o uso de materiais com produtos tóxicos na sua composição, pois liberam fumaça escura e tóxica, prejudiciais para a saúde do operador, das abelhas e o provocam risco de contaminação dos produtos apícolas. Contudo, existem várias possibilidades de material de combustão, como por exemplo, serragem, caroços de espiga, serapilheira, plantas aromáticas secas, casca de eucalipto, acículas de pinheiro, tecidos naturais, musgo seco, entre outros. Assim escolhemos a serragem grossa de Pinus, um material abundante na região, e que não terá custos para aquisição. O autor acrescenta que o fumigador deve ser aceso antes de chegar ao apiário. Uma vez aceso o fogo adiciona-se o material combustível escolhido, sempre ajudando-se com o fole. O objetivo consiste em conseguir um fumo denso, branco e fresco. Isso vem ao encontro de Carvalho e Marchini (1998) que concluem que “se a 19 fumaça for quente poderia ferir as abelhas, queimando asas e outras partes externando de seus corpos”. 3.4.3 Vestimentas A apicultura é considerada atividade insalubre pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e na Norma Reguladora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura - NR-31, está estabelecido no item “g” a obrigatoriedade do uso de EPI de corpo inteiro nos trabalhos que haja perigo de lesões, o que torna indispensável o uso de vestimentas apropriadas nas atividades apícolas para a própria segurança do apicultor. De acordo com Rocha (2008) a vestimenta básica é composta por uma máscara, um macacão, um par de luvas e um par de botas. Além disso Wolff et al. (2007) descreve como é simples o procedimento de vestir esses equipamentos de proteção, “ as peças das extremidades devem recobrir o macacão. A máscara recobre a gola, as luvas recobrem os punhos e as botas recobrem as pernas do macacão”. Em seu artigo Junior (?) frisa que as máscaras devem estar em perfeito estado, pois as abelhas se irritam com a nossa respiração e atacam de preferência a cabeça. Usa-se para fazer a máscara tecido de algodão cru e tela plástica ou arame de preferência de cor preta ou escura, pois é nessa cor que melhor enxergamos. Quanto ao macacão Wolff et al. (2007) relata que deve ser confeccionado em tecido de brim grosso e de cor clara. Deve ser bem fechado, por isso deve-se ter elástico nos punhos e nas barras das pernas, e para fechar não se deve usar botões e sim zíper. As luvas são confeccionadas de vaqueta ou borrachas, é importante conserva-las limpas, secas e pulverizadas com talco. E as botas devem ser de borracha ou couro, flexíveis, de cor clara, de cano longo ou médio. Sob orientações dos autores a utilização das vestimentas específicas deve ser usada em qualquer manejo com abelhas, por isso a aquisição das mesmas será realizada, analisando o valor e qualidade do produto. 3.4.4 Outros equipamentos Rocha (2008) enumera outros equipamentos que serão necessários: formão do apicultor, o espanador, a faca e a carretilha de apicultor. Ao se referir- se a tal assunto, 20 Rocha (2008) explica que o formão do apicultor é uma ferramenta de metal com tamanho de 20 cm de comprimento e é utilizada para abrir o teto da colmeia, que, normalmente, é soldada à caixa pelas abelhas com a própolis. Já o espanador é empregado para remover as abelhas dos quadros da colmeia sem feri-las. A faca deve ter o tamanho de 35 cm, ela é utilizada para destampar os alvéolos dos favos, assim é liberado o mel armazenado. E a carretilha de apicultor é uma peça que serve para fixar a cera no arame. 3.5 INSTALAÇÃO DO APIÁRIO 3.5.1 Preparo do terreno Hooper apud Wolff et al. (1981) menciona que todas as palhas e outros resíduos orgânicos devem ser afastados para não servirem de ninho para formigas ou de esconderijo para predadores das abelhas. Por isso, é importante que seja roçado o mato em um bom perímetro ao redor da área escolhida para o apiário e que seja capinado o lugar onde vão ser colocadas as colmeias. Além disso, Hooper apud Wolff et al. (1981) acrescenta que “o acesso do apiário também deve ser limpo e roçado, assim há menores chances de que galhos ou espinhos possam rasgar a roupa do apicultor, facilita o trânsito e o manejo das abelhas”. 3.5.2 Quantidade de colmeias por apiário Winston apud Wolff et al. (1987) identifica que a decisão sobre a quantidade de colmeias a ser instalada em cada apiário deve levar em consideração o potencial apícola ou capacidade de suporte da região, a existência de outros apiários nas proximidades e a facilidade de manejo. Em seu artigo Wolff (2010) ressalta ainda, que em apiários fixos o ideal seria manter entre 25 a 30 colmeias. Se houver necessidade de colocação de uma maior quantidade de colmeias, recomenda não ultrapassar o número de 50 colmeias por apiário. A área escolhida possui uma florada abundante e diversificada o que possibilita a instalação de um número grande de colmeias, entretanto, pelas recomendações dos autores, irão ser instaladas 30 colmeias, onde gradativamente vamos aumentar esse número. 21 3.5.3 Disposição das colmeias Wolff (2010) aponta que os cavaletes dever ser distribuídos pelo apiário, de forma irregular, para facilitar o reconhecimento de suas caixas pelas abelhas. Reforça dizendo que quanto mais nítida for a orientação e a entrada de cada colmeia, melhor para as abelhas, que apressadamente retornam carregadas de pólen e de néctar. Para as abelhas que serão utilizadas (abelhas africanizadas) o autor recomenda afastamento de 1 metro e 3 metros uma das outras; linhas de voo desobstruídas; e cavaletes individuais. 3.5.4 Época do ano Segundo Carvalho e Marchini (1998) a melhor época para se instalar um apiário é quando ocorre o período de maior florada na região. Nessa época a atividade de postura da rainha é maior e as operárias aumentam a produção de cera usada na construção dos favos e intensificam a coleta e armazenamento de néctar e pólen.3.5.5 Cavaletes A Embrapa (2007) recomenda que as colmeias sejam instaladas sobre cavaletes individuais de 50 centímetros de altura, levemente inclinados para que a frente da colmeia fique mais baixa, o que evita que a água da chuva entre e se acumule nas caixas. Wolff (2008) menciona os cavaletes “Duplo H”, que foram desenvolvidos pela Embrapa: “os cavaletes Duplo H são cavaletes do tipo individual, indicados para a correta instalação de colmeias de abelhas melíferas africanizadas e próprios tanto para apiários fixos, quanto para a apicultura migratória”. Completa dizendo que apresentam grande durabilidade, são leves, práticos e de fácil instalação e remoção. Como há grande disponibilidade de madeira na região, optou-se por usar essa matéria prima para confecção dos cavaletes, pois haverá menores custos. Isto vem ao encontro de Wolff et al. (2006) que cita que “os cavaletes podem ser feitos de madeira, ferro ou alvenaria. [...] cavaletes de madeira são baratos e de fácil obtenção”. 22 3.5.6 Preparo das colmeias A Embrapa (2007) aponta que na preparação das colmeias para a produção, é necessário montar os quadros colocando o arame e a placa de cera alveolada. Alguns fabricantes oferecem colmeias com quadros prontos (com arame colocado). Esse tipo facilita o trabalho do apicultor e deve ser preferido. Caso os quadros não tenham arame, o apicultor deverá colocá-lo. Segundo o Projeto Recanto Feliz (2015) depois deve-se colocar a cera alveolada nos quadros, que “são lâminas de cera, feitas a partir de cera bruta, para preencher os quadros de mel, é utilizada para economizar mel, pois as abelhas gastam de 6 a 8kg de mel para produzir 1 kg de cera, e para direcionar na construção dos favos”. A Embrapa (2007) descreve o processo de fixação da cera alveolada: acertar a extremidade da placa de cera, deixando-a bem reta; passar a placa por entre os fios de arame do quadro, de forma alternada; derreter um pouco de cera, para ajudar na fixação da placa de cera no quadro; colocar um pedaço de madeira embaixo da placa, para servir de apoio para a passagem da carretilha; passar a carretilha para fixar a cera no arame. 3.6 POVOANDO AS COLMEIAS A Embrapa (2007) relata que a apicultura no país se iniciou com enxames trazidos pelos imigrantes com a colonização. Contudo, somente com a introdução de abelhas africanas, em meados de 1956, é que se deu a revolução da apicultura no Brasil, com o cruzamento das duas populações, produzindo um híbrido conhecido hoje de abelhas africanizadas, que são altamente resistentes a doenças, o que nos permite produzir um mel livre do uso de medicamentos. A Embrapa (2007) acrescenta ainda, que a abelha africanizada, no Brasil, é um híbrido das abelhas européias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata. A variabilidade genética dessas abelhas é muito grande, havendo uma predominância das características das abelhas européias no Sul do País. A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razão da maior adaptabilidade dessa raça às condições climáticas do 23 País. Muito agressivas, porém, menos que as africanas, a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade, tolerância a doenças e adapta-se a climas mais frios, continuando o trabalho em temperaturas baixas, enquanto as europeias se recolhem nessas épocas. Além de que na região há predominância deste hibrido, facilitando a troca de experiências entre os apicultores e simplificando o encontro dessa variedade. Por essas razões serão usadas as abelhas africanizadas. 3.6.1 Captura de enxames através de caixa-iscas Wolff et al. (2006) explica como deve ser feita a captura de enxames através de caixa-iscas, frisando que deve-se distribuir algumas caixas com três a cinco quadros com cera alveolada (perto de fonte de água, engenhos, etc.) nas épocas de enxameação. Wolff et al. (2006) enfatiza que além da cera, outros produtos aromáticos e atraentes costumam ser aplicados dentro das caixas-isca. Entre os produtos utilizados, destacam-se extrato de própolis, folhas de capim-santo (Cymbopogon citratus), erva-cidreira (Lippia alba) e laranjeira (Citrus sinensis). Podem ser borrifadas ou esfregadas nas paredes internas das caixas-iscas. Colmeias velhas, anteriormente usadas por outros enxames, são muito atraentes para abelhas em vias de enxameação. Alguns feromônios sintéticos encontrados em estabelecimentos comerciais também podem ser usados com essa finalidade. Winston apud Wolff et al. (1987) conta que a cada 10 a 20 dias, é necessário que se realize uma inspeção nas caixas para verificar as que foram povoadas. Após verificada a captura do enxame, ele deve ser transportado para o apiário em alguns dias (apenas o necessário para o início da postura pela rainha), pois sem o acúmulo de alimento, o enxame comporta-se menos agressivamente, facilitando o seu transporte. 3.6.2 Captura de enxames em voos de deslocamento De acordo com a Embrapa (2007) um enxame em voos de deslocamento trata- se de um enxame de abelhas (em forma de cacho) instalado provisoriamente em árvores, postes, telhados, etc. nesse cacho, o apicultor não notará a presença de favos. Para a captura do enxame, basta pegar o cacho completo e colocar na caixa contendo quadros com cera alveolada. Pode-se utilizar um balde ou simplesmente 24 colocar a caixa embaixo do enxame e sacudir as abelhas. A caixa deve ser fechada imediatamente e transportada para o apiário. 3.6.3 Remoção de colônias alojadas na natureza Sobre a remoção de colônias alojadas na natureza Wolff et al. (2006) afirma que “é um procedimento mais trabalhoso, uma vez que é necessário transferir os favos e as abelhas para colmeia”. Ainda nesta mesma linha de considerações Wolff et al. (2006) explica que após localizar a colônia, deve-se aplicar fumaça no local (devidamente trajado), e com o uso de ferramentas necessárias ter acesso aos favos. Depois que eles ficarem expostos, devem ser cortados e removidos. Os favos contendo mel e os vazios são aproveitados para o derretimento, extração e reaproveitamento da cera. Já os favos com cria e pólen devem ser preparados para serem colocados na colmeia. A fixação dos favos nos quadros é realizada com auxílio de uma liga de elástico ou um barbante. A Embrapa (2007) reforça que todos os vestígios da antiga colmeia devem ser removidos, e a colmeia deve permanecer no mesmo local onde estava o enxame, com o alvado voltado para o mesmo lado da antiga entrada da colônia, por três dias, no mínimo (tempo necessário para que as abelhas fixem os favos transferidos). Wolff et al. (2006) acrescenta que o transporte só deve ser realizado à noite, evitando que as abelhas que estão no campo fiquem perdidas na região. 3.6.4 Divisão de colônias fortes Segundo Silva & Freitas (2004) apud Wolff et al. (2006) a divisão de uma colônia é o procedimento mais adequado a adotar quando se pretende produzir uma nova colônia. A época propícia para este trabalho é quando os enxames estão com bastante cria, populosos e propensos a enxamear, o que acontece nos períodos com abundante florada e condições climáticas favoráveis. A Embrapa lembra que “uma quantidade excessiva de abelhas fora da colmeia é um indicativo de que a colmeia está muito populosa e prestes a enxamear”. Um dos métodos mais simples é o descrito por Marques & Wiese (1985) apud Wolff et al. (2006) onde a colmeia escolhida é deslocada por dois metros de distânciae uma colmeia vazia é colocada na posição da primeira, recebendo as abelhas 25 campeiras que, ao voltarem do campo, permanecem na nova moradia. A colmeia antiga ficará com todas as abelhas novas, alguns quadros com cria madura, metade dos favos com mel e pólen, a rainha antiga e quadros com cera alveolada até completar a colmeia. A colmeia nova, ocupando o lugar da antiga, ficará com todas as abelhas campeiras, todos os quadros com cria nova e ovos, um ou dois favos com cria madura para reforço das abelhas nutrizes, metade dos favos com mel e quadros com cera alveolada até completar a colmeia. Se o número de abelhas campeiras estiver pequeno, é recomendado sacudir as abelhas aderentes de um ou dois quadros da colônia de origem, para reforçar a população da nova colônia, cuidando apenas para que a rainha não esteja nos favos. Na nova colmeia, as abelhas campeiras e as nutrizes vão criar uma nova rainha, aproveitando a existência de larvas e ovos nos favos. Como em minha propriedade não existe a atividade apícola, não é possível realizar esse método para a implantação do projeto. Entretanto será usado depois que algumas colmeias estiverem populosas, para aumentar o apiário. 3.6.5 Aquisição de colmeias povoadas Icea (1982) apud Wolff et al. (2006) comenta que a compra de colmeias ou núcleos povoados é o método mais simples e rápido, embora oneroso, de se povoar um apiário. Entrando em entendimento com um apicultor que possa fornecer colônias de boa qualidade genética e sanitária, e a um preço justo, as mesmas devem ser deslocadas durante à noite até o local escolhido para o apiário. De acordo com Wolff (2006) a época apropriada para isso é ás vésperas da principal florada. O autor recomenda que a distância mínima para o transporte é de mais de dois quilômetros, para evitar a posterior perda de abelhas campeiras, que retornariam ao local conhecido, gravado em suas memórias visuais. É um método simples, onde não precisamos depender da natureza para conseguir o enxame, porém, para adquirir essas colmeias o capital de investimento deverá ser maior, por isso esse método não será utilizado para implantação do projeto. 3.7 MANEJO PRODUTIVO DAS COLMEIAS 26 3.7.1 Revisão das colmeias Nogueira & Couto (2002) apud Lopes et al. (2006) afirma que as revisões das colmeias é uma atividade necessária que permite avaliar as condições das colmeias do apiário, objetivando uma posterior providência. Assim para tomadas de decisões precisamos realizar revisões periódicas. Lopes et al. (2006) recomenda revisões antes das principais floradas, verificando o estado das caixas e quadros, para deixar o apiário em condições para o início da produção; durante as floradas as melgueiras devem ser revisadas a cada 15 dias, para verificar se há necessidade de acrescentar ou não mais melgueira; depois das principais floradas, para ver se existe anormalidades que devem ser corrigidas, com o objetivo de preparar a colmeia para o período de entressafra; na entressafra, as revisões devem ser mensais, para evitar o desgaste dos enxames, pois estão mais fracos, deve-se observar se há necessidade de fornecer alimentação, reduzir o alvado, controlar inimigos naturais ou unir enxames. Para realizar uma revisão eficiente o apicultor deve trabalhar em dias ensolarados, de preferência entre 8h e 11h e entre 15h e 17h 30 aproveitando o período em que a maioria das operarias encontram-se no campo. Recomenda-se também realizar a revisão com calma, sem movimentos bruscos, porém, rapidamente, evitando que a colmeia fique aberta por muito tempo. 3.7.2 Fortalecimento das colônias Conforme Couto (1993) apud Lopes (2006) geralmente, as colônias ficam fracas em consequência da falta de alimento no campo; quando ocorre a enxameação; quando as rainhas estão velhas e quando são enxames recém- capturados. Além de não serem produtivas, essas colônias são mais suscetíveis a pragas e doenças. Além disso, as abelhas africanizadas, quando atingem um nível populacional critico, costumam abandonar as colmeias. Como bem nota Wiese (2000) apud Lopes (2006) “a obtenção de uma boa produtividade depende mais da predominância de colmeias fortes o apiário do que da existência de grande número de colmeias”. Visto que uma colmeia forte requer menos trabalho e pode oferecer maior recompensa do que quatro colmeias fracas. 27 O fortalecimento pode ser feito através da alimentação artificial, pela introdução de crias e união de colônias. A alimentação artificial serve para estimular a postura da rainha, acelerando o crescimento da família. Assim, com uma população maior, a colônia terá maior capacidade de coleta e armazenamento de alimento. De acordo com Embrapa (2007) essa alimentação deve ser energética e proteica. Um dos alimentos energéticos mais utilizados é o xarope de açúcar e água na proporção de 1:1. Recomenda-se o fornecimento de 500 ml por colmeia duas vezes por semana. Para a alimentação proteica, pode ser utilizada uma mistura de farelo de soja e farinha de milho (2:3) finamente moída. Pode ser oferecida as abelhas tanto em alimentadores individuais quanto em alimentadores coletivos. A Embrapa (2007) cita alguns alimentadores, como o Boardman, que é instalado na entrada da colmeia e é utilizado somente para alimentos líquidos e o alimentador Doolitle que é do tamanho de um quadro de ninho, é usado dentro da colmeia, em substituição a um dos quadros. Segundo Lopes et al. (2006) o aumento da população pela introdução de crias é feito colocando favos com cria fechada, prestes a nascer, nas colônias fracas. Esses favos devem ser retirados de colmeias populosas, colocando-se no lugar quadros com cera alveolada. Já a prática de união de colônias consiste em se juntar duas a três colônias fracas, de tal forma que se obtenha uma colônia mais forte e populosa, de maneira harmoniosa e eficiente. 3.7.3 Controle da enxameação De acordo com Nogueira & Couto (2002) apud Lopes et al. (2006) a enxameação é um processo natural caracterizado pela formação e saída do enxame à procura de outro local para nidificação. Pode ocorrer por divisão do enxame (reprodutiva) ou abandono da colmeia. A tendência à enxameação está relacionada a fatores genéticos e ambientais. Em seu artigo Oliveira et al. (2012) destaca os fatores que causam a enxameação reprodutiva: ocorrência de elevada população de adultos e grande área de favos utilizada; congestionamento do ninho com crias, isto é, grande quantidade de alvéolos ocupados com crias, restando poucos disponíveis para a postura da rainha; e redução na dispersão de feromônios da rainha em virtude da superpopulação. Lopes et al. (2006) reforça que o processo de enxameação deve ser evitado, pois mesmo sendo natural, causa enfraquecimento do enxame e diminuição da 28 produtividade. Assim, quando for observado sinais de enxameação o apicultor deve eliminar as realeiras formadas, providenciar espaço suficiente da colônia (colocação de sobreninho ou melgueira) ou utilizar a tela excluído de alvado, até que sejam tomadas outras medidas. Por outro lado Oliveira et al. (2012) afirma que o apicultor pode optar por dividir seus enxames com riscos de enxameação, aumentando o número de colmeias do apiário. 3.7.4 Controle de pilhagem Winston (2003) apud Lopes et al. (2006) define pilhagem como um comportamento onde as abelhas de uma colônia conseguem acessar o ninho de outra colônia, roubando-lhe o mel. Tal tipo de ataque pode durar dias e pode resultar na morte de milhares de abelhas. Para evitar o saque a Embrapa (2007) descreve alguns cuidados que devemser tomados: evitar colônias fracas no apiário; no manejo ou revisões das colmeias tentar ser rápido, cuidadoso e não derramar mel ou alimento próximo; alimentar as caixas somente ao entardecer; deixar as colmeias a 3 metros de distância uma das outras; identificar as colmeias saqueadoras e trocar a rainha; e utilizar cavaletes individuais. 3.7.5 Substituição de rainhas Lopes et al. (2006) cita como uma das causas do enfraquecimento de enxames e por consequência baixa produtividade das colmeias é a diminuição da taxa de postura das rainhas em função do seu envelhecimento. Por essa razão, recomenda- se a substituição anual da rainha, pois, sendo peça chave para o desenvolvimento do enxame. Segundo Neto (2009) o apicultor poderá adquirir novas rainhas de suas formas: comprando de produtores conhecidos e produzindo suas próprias rainhas. Existem diversas técnicas de produção de rainhas, que podem ser empregadas. Entretanto, é necessário que ele seja capacitado, para que possa realizar esse manejo com sucesso. A Embrapa afirma que uma das maneiras mais simples consiste em induzir a criação de novas rainhas pelas abelhas, por meio da eliminação das rainhas das colmeias onde se pretende fazer a substituição e introdução de um quadro com crias 29 novas (com até 3 dias) retirado de colmeias que apresentem características desejáveis. Posteriormente, eliminam-se todas as realeiras formadas nos quadros originais da colmeia. Oito dias após a introdução do quadro, o apicultor poderá selecionar as realeiras, eliminando as menores, que dariam origem a rainhas menores e com capacidade de postura limitada. 3.7.6 Substituição de quadros Lopes et al. (2006) descreve a substituição de quadros como uma prática de manejo de grande importância e que interfere diretamente na produtividade e na qualidade do mel. “O uso de favos velhos limita o espaço para a postura da rainha, contribui para baixa produtividade, enxameação, ataque de traça-da-cera e abandono das colmeias”. Além disso, a Embrapa (2007) acrescenta que a deposição de mel em favos velhos e escuros pode afetar suas características físico-químicas, alterando a coloração, por exemplo. A Embrapa (2007) indica que sejam trocados 20% dos quadros anualmente. Durante as revisões, o apicultor deverá marcar os quadros com cera velha. Os favos velhos ou danificados com crias devem ser transferidos para as laterais da colmeia até o nascimento das abelhas, para então serem substituídos por quadros com cera alveolada. 3.7.7 Derretimento da cera de abelha Os favos velhos podem ser reutilizados para produzir cera. Segundo Lira (2011, pág. 14) a cera de abelha pode ser obtida por meio dos opérculos que recobrem os alvéolos do favo. A cera oriunda de opérculos é considerada a mais pura. Como a cera de abelhas possui características físicas muito estáveis pode também ser reaproveitada sucessivamente a partir de pedaços de favo, favos velhos ou tortos, de raspas de cera que ficam em cima dos quadros e na parte interna da tampa da colmeia De acordo com Nunes (2012, pág. 17) para extrair e purificar a cera existem vários métodos, como: fervura, extrator solar, extrator a vapor e prensa manual. O método que será utilizado será o de fervura (banho-Maria). O método de banho-Maria é citado por Nunes (2012, pág. 17) como eficiente e de baixo custo. A cera é colocada em um tambor dentro de outra maior com água. Enquanto ocorre o aquecimento da 30 água a cera vai derretendo. Depois deve-se derreter a cera novamente, filtrar e formar os blocos. Os blocos são feitos utilizando baldes. Freitas (2004) apud Lira (2011, pág.10) afirma que a produção de cera de abelha é uma alternativa bastante interessante, pois seu sistema de produção é fácil, a cera não é perecível nem precisa de cuidados especiais, e pode-se agregar grande valor. Além disso, possui um mercado amplo e em franca expansão com o crescimento atual da apicultura. 3.7.8 Raspagem da própolis De acordo com a Embrapa (2007) a própolis é um produto produzido pelas abelhas a partir de substâncias coletadas em brotos, flores, folhas e cascas de plantas. A estas substâncias as abelhas adicionam secreções salivares, cera e pólen para elaboração do produto final. O seu uso pelas abelhas está relacionado à proteção da colônia. É utilizada também para vedar ou reduzir aberturas da colmeia, auxiliando a regulação da temperatura interna e defesa contra inimigos naturais. A própolis é utilizada para fins terapêuticos em humanos e animais, e pode ser uma alternativa de renda importante para o apicultor. Os preços variam de acordo com sua qualidade, origem botânica e mercado a que é destinada. Segundo Breyer et al (2016, pág. 02) a produção da própolis na apicultura racional, seja de forma complementar ou de forma especializada, tornou-se nos últimos anos uma importante fonte de renda para o apicultor brasileiro. Entretanto a Embrapa (2007) lembra que a produção da própolis diminui a produção de mel, como esse projeto visa como principal a produção de mel, a extração da própolis será realizada de forma tradicional, que se resume na coleta por raspagem durante o manejo rotineiro das colmeias. 3.8 DOENÇAS E INIMIGOS DAS ABELHAS Segundo Lopes et al. (2004) as abelhas também podem sofrer danos provocados por doenças e inimigos naturais, entretanto, no Brasil, a ocorrência e os danos provocados por doenças e certas pragas são menores, principalmente devido à maior tolerância das abelhas africanizadas e às condições climáticas. Assim, para 31 que os produtores brasileiros continuem a ter essa vantagem, os apicultores devem estar atentos a situação sanitária das colmeias, sabendo reconhecer anormalidades. 3.8.1 Doenças das abelhas De acordo Rocha (2008) as doenças podem causar grandes prejuízos para o apicultor, principalmente as que atacam as crias. Por isso é importante durante as revisões observar a aparência dos favos com crias. Áreas de crias falhas indicam algum problema, que pode ser a ocorrência de doenças. Assim, o apicultor deve examinar cuidadosamente tanto as crias abertas como as operculadas, verificando a cor a forma e as suas posições. As principais doenças que afetam as crias são: Cria pútrica europeia, Cria pútrica americana e cria giz. Lopes et al. (2004) descreve e seu artigo essas doenças. A Cria Pútrida Europeia (CPE) é causada pela bactéria Melissococus pluton. As crias são infectadas quando comem alimento contaminado. Os sintomas são: larvas mortas nos alvéolos não operculados (cor escura); favos falhados; cheiro pútrido das larvas; e algumas famílias doentes executam limpeza. Quando for observado esses sintomas, o apicultor deve retirar os quadros com cria doente, trocar a rainha por outra mais tolerante às doenças e evitar o uso de equipamentos contaminados quando manejar colmeias sadias. Outra doença é a Cria Pútrida Americana (CPA) causada pela bactéria Paenibacillus larvae, os sintomas são idênticos aos da Cria Pútrica Europeia, entretanto o tratamento é bastante difícil, ao se deparar com esses sintomas o apicultor deve anotar as colmeias afetadas relatar a órgãos e instituições competentes para poder mandar amostras a laboratórios. Após a comprovação da doença deve-se destruir as colônias afetadas. Lopes et al. (2004) cita ainda, a cria de giz, que é causada pelo fungo Ascosphaera apis. Os sintomas são favos de cria com falhas e opérculos perfurados, e a cria morta apresenta coloração branca ou cinza-escuro e aspecto mumificado. Para o controle podemos substituir a rainha por uma linhagem mais resistente e evitar instalarcolmeias em lugares com umidade excessiva. 3.8.2 Inimigos naturais das abelhas 32 Em seu artigo Lopes et al. (2004) comenta sobre alguns inimigos naturais das abelhas que podem vir a atacar as colmeias, são eles o ácaro Varroa destructor, as traças-da-cera, as formigas e os cupins. Entretanto não se recomenda em nenhum deles o controle por produtos químicos. O Varroa destructor trata-se de um ácaro, de coloração marrom, que ataca tanto as crias como abelhas adultas. As fêmeas do ácaro vivem sobre operárias e zangões e nas crias, onde se reproduzem. Alimentam-se sugando a hemolinfa. As colmeias que apresentarem infestações frequentes do ácaro devem ter suas rainhas substituídas por outras provenientes de colônias mais tolerantes. Lopes et al. (2004) cita também as traças-da-cera, são insetos de duas espécies: Galleria mellonela (traça maior) e Achroia grisella (traça menos). Os adultos colocam seus ovos em pequenas frestas dos quadros e caixas. As larvas se alimentam da cera, construindo galerias nos favos onde depositam fios de seda. Como o controle químico não é recomendado, a Embrapa (2007) ensina manejos preventivos, como: manter sempre colmeias fortes; reduzir o alvado das colmeias em épocas de entressafra; não deixar colmeias vazias nem restos de cera no apiário; trocar periodicamente os quadros com cera velha; e caso encontre algum foco de infestação matar as larvas e pulpas e remover a cera e própolis atacadas. As formigas também podem causas grandes prejuízos, podem consumir o alimento e crias, além de causar grande desgaste e mortalidade das abelhas adultas na tentativa de defender a colônia. Os cupins danificam a madeira das caixas e cavaletes, diminuindo sua vida útil e favorecendo a entrada de outros inimigos naturais. Como medidas preventivas e de controle a Embrapa (2007) recomenda não colocar as colmeias diretamente sobre o solo, destruir os ninhos de formigas e cupins encontrados próximos dos apiários, e utilizar cavaletes com protetores contra formigas 3.9 COLHEITA DO MEL Camargo (2002) descreve essa etapa como uma das mais importante para manter a qualidade original do mel. Para a colheita do mel o apicultor deve estar usando vestimentas próprias para a pratica apícola e em condições ótimas de higiene. Em função de sua característica higroscópica (apresenta alta capacidade de absorver a umidade do ambiente) o apicultor deve evitar sua colheita em dias chuvosos ou com 33 umidade elevada. Em dias ensolarados o apicultor deve dar preferência entre os horários de 9 e 16 horas. De acordo com a Embrapa o mel é um produto com característica aromática acentuada, podendo absorver odores com facilidade, por isso, é imprescindível que o apicultor tome cuidados em relação a fumaça. Camargo (2002) enfatiza que nunca deve-se utilizar no fumigador qualquer material contaminante, nunca direcionar diretamente para os quadros fumaça, que deve ser fria, limpa e livre de fuligem, e aplicar apenas o necessário. De acordo com a Embrapa (2002) a colheita de mel deve ocorrer de forma seletiva, ou seja, o apicultor deve inspecionar cada quadro, priorizando a retirada apenas dos quadros que apresentarem no mínimo 80% de seus alvéolos operculados. Camargo (2002) reforça dizendo que não se deve colher os quadros que apresentem crias em qualquer fase de desenvolvimento, grande quantidade de pólen, e o mel “verde”, que ainda não está maduro e com altos índices de umidade (a quantidade elevada de água facilitará a proliferação de leveduras). Para que o apicultor não seja obrigado a se curvar para colocar as melgueiras no chão, uma vez que isso pode levar a contaminação do mel por sujidades presentes no terreno, além de favorecer o aparecimento de problemas na coluna, Camargo (2002) recomenda o uso de um suporte, que pode ser um ninho vazio ou cavalete, colocado ao lado da caixa para receber as melgueiras. Apoiado nesse suporte, coloca- se uma bandeja ou uma tampa de colmeia, que servirá de base para a melgueira vazia, que receberá os quadros de mel. Uma segunda tampa também é utilizada de forma a isolar os quadros, impedindo o saque e indesejada presença excessiva de abelhas. O veículo que será usado para o transporte das melgueiras deve passar por um processo de higienização. A superfície da área de carga do veículo deve ser revestida com material devidamente limpo e livre de impureza. 3.10 EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DO MEL 3.10.1 Casa do mel Segundo Camargo et al. (2002) para que se possa manipular produtos alimentícios de forma higiênica e segura, garantindo ao consumidor a qualidade do 34 produto final, é indispensável que esses procedimentos sejam realizados em instalações e condições adequadas. No caso do mel, o local destinado para a sua extração chama-se unidade de extração, normalmente denominada “casa do mel”. A construção deve obedecer as normas sanitárias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- MAPA (portaria nº 006/986). A Embrapa enfatiza que deve conter requisitos de construção que favoreçam a higienização do local, a contaminação do ambiente por agentes externos (insetos, poeira, etc.) ou por contaminação cruzada. Conforme Camargo et al. (2002) as unidades de extrações devem apresentar as seguintes áreas: recepção, área de manipulação do mel, expedição (onde a produção a ser distribuída documentada e armazenada) e banheiro. Elas devem seguir as seguintes orientações de construção: conter um piso antiderrapante, resistente e impermeável e de fácil higiene, apresentando declividade adequada para evitar o acúmulo de água; as paredes construídas e revestidas com material não absorvente, lavável e de cor clara; o teto construído de forma a evitar o acúmulo de sujeiras; as janelas e portas devem ser de com material resistente, não absorvente e de fácil limpeza; os banheiros devem ser separados da área de manipulação; recomenda-se instalações hidráulicas de caixas d’ água; o projeto deve favorecer a entrada de luz natural, no caso de iluminação artificial deve-se dar preferência a luminárias de luz fria; e deve favorecer a ventilação e a circulação de ar no ambiente. 3.10.2 Equipamentos e utensílios A Embrapa (2002) afirma que para que o mel possa ser extraído dos favos, dentro de um processo com qualidade, são necessários alguns equipamentos especiais. No caso dos equipamentos e utensílios que irão ter contato direto com o produto, todos devem ser de aço inox. Camargo et al. (2002) descreve os equipamentos e utensílios utilizados: O garfo desoperculador tem vários filetes pontiagudos, e ao ser introduzido paralelamente à superfície do quadro, os opérculos são retirados com movimentos de torção do garfo; a faca desoperculadora é uma espécie de lamina com empunhamento de plástico, passada paralelamente sobre a superfície do quadro, retira a camada de cera protetora dos alvéolos; a mesa desoperculadora é um equipamento utilizado para dar suporte a desoperculação dos favos de mel; as peneiras são utensílios que retiram as partículas presentes no mel oriundas do processo de desoperculaçao e 35 centrifugação; o balde é um recipiente destinado ao recebimento do mel centrifugado, servindo de suporte para as peneiras e para o transporte do mel até o decantador; a centrifuga é o equipamento que recebe os quadros já desoperculados, e por meio de movimento de rotação em torno do seu próprio eixo, retira o mel dos alvéolos; O decantador é um recipiente destinado ao recebimento do mel já centrifugado, tem como finalidade deixar o mel “descansar” por um período determinado (mínimo de 48 h). 3.10.3 ProcessamentoA Embrapa (2007) relata que “as melgueiras, ao chegarem na casa do mel, devem ser depositadas em área isolada onde ocorrerá a extração do mel e as outras etapas do beneficiamento”. Assim, só os quadros devem ser transportados para a manipulação. Todas as etapas posteriores (desoperculação dos quadros, centrifugação, filtragem e decantação do mel) devem também seguir as normas higiênico-sanitárias indicadas pelas BPF (Boas Práticas de Fabricação). Para tal, devem-se tomar cuidados especiais e relação às vestimentas e higiene pessoal envolvido e aos procedimentos de manipulação. Camargo et al. (2002) apud Embrapa (2007) descreve o processo seguinte, onde os quadros são encaminhados para a centrifugação, que deverá ocorrer lentamente no início para ao quebrar os quadros que estão cheios de mel. Uma vez extraído, o mel pode ser retirado da centrifuga por gravidade escoando-o para um balde ou diretamente no decantador. No decantador ele “descansará”, por pelo menos, 48 horas, a fim de que as eventuais partículas que não foram retiradas pela filtragem e as bolhas criadas durante o processo se desloquem para a porção superior do decantador. Além disso, Camargo et al. (2002) ressalta os cuidados especiais que devem ser tomados em relação ao armazenamento, e relação à higiene do ambiente, e em relação a temperatura altas temperaturas durante todo o processo de estocagem são prejudiciais a qualidade do produto final. O mel será armazenado em gradeis de 300 kg até a comercialização. 3.10.4 Comercialização 36 O consumo de mel aumentou durante os últimos anos, sendo atribuído ao aumento geral nos padrões de vida e também a um interesse maior em produtos naturais e saudáveis. De acordo com Mendes, et al. apud Gomes e Santos (2016) “além de sua qualidade como alimento, o mel é dotado de inúmeras propriedades terapêuticas, sendo utilizado pela medicina popular sob diversas formas e associações como fitoterápicos”. A nossa região tem um alto potencial apícola, por conta da nossa flora nativa, e além disso pela presença de uma empresa que compra esses produtos pra beneficia-los e revender em todo território nacional e para exportação. Está localizada na cidade de União da Vitória, cerca de 38 km do município de Cruz Machado. Segundo apicultores o preço pago pelo quilograma do mel varia entre 10 a 15 reais, e de 100 a 120 o quilograma de própolis. Outra vantagem é que a empresa vem buscar pelo produto. Assim a comercialização dos produtos apícolas produzidos é garantida. 37 4.0 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO A pesquisa para a elaboração deste projeto aconteceu nos meses de setembro e outubro, e sua execução acontecerá nos anos de 2017 e 2018. A escolha da área foi realizada em outubro de 2017, seguindo as recomendações descritas na metodologia. No preparo do terreno será realizada a roçada, deixando a área limpa. A compra dos equipamentos e produtos necessários será feita nos meses de novembro e dezembro, dentre eles as 30 colmeias, para então em dezembro, janeiro e fevereiro serem realizados as capturas de enxames para o povoamento das mesmas. O povoamento deve ser feito nessa época, pois são os meses que há mais florada, assim os enxames enxameiam com mais facilidade. Depois do povoamento das colmeias, será realizado a instalação no apiário. As revisões e outros manejos produtivos acontecerão uma vez por mês nos meses mais frios, e a cada 15 dias nos meses mais quentes. A casa do mel será construída nos meses de abril, maio e junho, os equipamentos para extração e beneficiamento do mel também serão instalados nesta época. Em outubro e novembro de 2018 será realizada a colheita do mel e sua extração na casa do mel e seguidamente sua comercialização. 4.1 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO (2017) Mês Etapas Set. Out. Nov. Dez. Pesquisa e elaboração do projeto X X Escolha da área X Preparo do terreno X Compra dos equipamentos X Povoamento das colmeias X X 38 4.2 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO (2018) Mês Etapas J F M A M J J A S O N D Instalação das colmeias X Manejo produtivo X X X X X X X X X X Construção da casa do mel X X X Colheita do mel X X Extração do mel X Comercialização X 39 5.0 ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA 5.1 PLANILHA DE CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO PRODUTO QUANTIDA DE UNIDADE DE MEDIDA CUSTO UNITÁRIO (R$) TOTAL (R$) Colmeia completa 30 Unidade 75,00 2.250,00 Tela excluidora de rainha 30 Unidade 20,00 600,00 Telhas de fibrocimento 10 Metros2 20,00 200,00 Cavaletes 30 Unidade 10,00 210,00 Alimentador Doolitle 30 Unidade 10,00 300,00 Macacão 2 Unidade 100,00 200,00 Bota 2 Unidade 40,00 80,00 Luva 2 Unidade 20,00 40,00 Fumigador 1 Unidade 90,00 90,00 Carretilha 1 Unidade 40,00 40,00 Espanador (vassourinha) 1 Unidade 20,00 20,00 Faca 2 Unidade 15,00 30,00 Formão 1 Unidade 15,00 15,00 Casa do Mel 20 Metros2 900,00 18.000,00 Garfo desoperculador 2 Unidade 25,00 50,00 Mesa desoperculadora 1 Unidade 350,00 350,00 40 Peneira 1 Unidade 40,00 40,00 Balde 10 Unidade 15,00 150,00 Centrifuga extratora 1 Unidade 600,00 600,00 Decantador 1 Unidade 200,00 200,00 Derretedor de cera (30 L) 1 Unidade 200,00 200,00 TOTAL 23.665,00 5.2 PLANILHA DE CUSTOS DE PRODUÇAO E MANUTENÇÃO (ANUAIS) PRODUTO QUANTIDADE UNIDADE DE MEDIDA CUSTO UNITÁRIO (R$) TOTAL (R$) Cera alveolada 1 Quilogramas 50,00 50,00 Depreciação e manutenção 5 Porcentagem 236,65 1.183,25 Transporte (Gasolina) 30 Litros 4,30 129,00 Alimentação artificial 30 Quilogramas 5,00 150,00 TOTAL 1.612,25 5.3 PLANILHA DE RENDIMENTO 5.3.1 Planilha de rendimento do primeiro ano 41 PRODUTO QUANTIDADE POR COLMEIA (KG) NÚMERO DE COLMEIAS PREÇO (R$) TOTAL (R$) Mel 20 30 12,00 7.200,00 Cera 1,0 30 45,00 1.350,00 Própolis 0,2 30 120,00 720,00 TOTAL 9.270,00 5.3.2 Planilha de rendimento do segundo ano PRODUTO QUANTIDADE POR COLMEIA (KG) NÚMERO DE COLMEIAS PREÇO (R$) TOTAL (R$) Mel 25 30 12,00 9.000,00 Cera 1,5 30 45,00 2.025,00 Própolis 0,2 30 120,00 720,00 TOTAL 11.745,00 5.4 PLANILHA DE AVALIAÇÃO Rendimento do primeiro e segundo ano Custos de implantação Custos de produção e manutenção (anual) 21.015,00 23.665,00 1.612,25 5.5 PLANILHA DE SALDO ANUAL DO TERCEIRO ANO ITEM ESTIMATIVA ANUAL (R$) Custos de implantação restantes 4.262,25 Receitas estimadas 11.745,00 Despesas estimadas 1.612,25 Saldo anual estimado 5.870,50 42 5.6 PLANILHA DE SALDO ANUAL A PARTIR DO QUARTO ANO ITEM ESTIMATIVA ANUAL (R$) Receitas estimadas 11.745,00 Despesas estimadas 1.612,25 Saldo anual estimado 10.132,75 5.7 SÍNTESE DO ESTUDO DA VIABILIADE ECONÔMICA A primeira planilha (5.1) mostra todos os custos para a implantação do projeto, desde os gastos com o apiário até a Casa do mel, totalizando um valor estimado de R$ 23.665,00. No primeiro ano os custos são mais elevados, pois é neste momento que é formada toda a estrutura.
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