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Procedimentos Lei Maria da Penha

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Lei Maria da Penha
A Lei n.º 11.340, de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, é uma lei que visa proteger a mulher da violência doméstica e familiar. A lei ganhou este nome devido à luta da farmacêutica Maria da Penha para ver seu agressor condenado. Maria da Penha Maia Fernandes é uma farmacêutica brasileira que, no ano de 1983, sofreu severas agressões de seu próprio marido, o professor universitário colombiano Marco Antônio HerediaViveros. Marco AntônioHeredia tentou matar Maria da Penha em duas ocasiões. Na primeira, com um tiro de espingarda, deixou-a paraplégica. Depois de passar quatro meses no hospital e realizar inúmeras cirurgias, Maria voltou para casa, ocasião em Marco Antônio Heredia tentou eletrocutá-la durante seu banho.Maria pôde sair de casa graças a uma ordem judicial e iniciou uma árdua batalha para que seu agressor fosse condenado. Isso só aconteceria em 1991, mas a defesa alegou irregularidades no procedimento do júri. O caso foi julgado novamente em 1996, com nova condenação. Mais uma vez, a defesa fez alegações de irregularidades e o processo continuou em aberto por mais alguns anos. Enquanto isso, Antônio Heredia continuou em liberdade.Com isso, Maria da Penha lançou um livro, no ano de 1994, em que relata as agressões que ela e suas filhas sofreram do marido. Passados alguns anos, conseguiu contato com duas organizações – Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) – que a ajudaram a levar seu caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1998.No ano de 2001, o Estado brasileiro foi condenado pela Comissão por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres. Foi recomendada a finalização do processo penal do agressor de Maria da Penha (que ocorreria finalmente no ano de 2002); a realização de investigações sobre as irregularidades e atrasos no processo; reparação simbólica e material à vitima pela falha do Estado em oferecer um recurso adequado para a vítima; e a adoção de políticas públicas voltadas à prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher. Desse modo, o governo brasileiro se viu obrigado a criar um novo dispositivo legal que trouxesse maior eficácia na prevenção e punição da violência doméstica no Brasil. Em 2006, o Congresso aprovou por unanimidade a Lei Maria da Penha, que já foi considerada pela ONU como a terceira melhor lei contra violência doméstica do mundo.A lei 11.340/2006, criada em 07 de agosto de 2006, serve para todas as pessoas que se identificam com o sexo feminino, heterossexuais e homossexuais. Isto quer dizer que as mulheres trans também estão incluídas. Igualmente, a vítima precisa estar em situação de vulnerabilidade em relação ao agressor. Este não precisa ser necessariamente o marido ou companheiro, podendo ser um parente ou uma pessoa do seu convívio. A lei Maria da Penha não contempla apenas os casos de agressão física, mas, também, estão previstos as situações de violência psicológica como afastamento dos amigos e familiares, ofensas, destruição de objetos e documentos, difamação e calúnia. Com o advento da lei 11.340/2006, surgiram grandes inovações como a prisão do suspeito de agressão, a violência doméstica passou a ser um agravante para aumentar a pena, não é mais possível substituir a pena por doação de cesta básica ou multa, ordem de afastamento do agressor em relação à vítima e seus parentes e assistência econômica no caso da vítima ser dependente do agressor. Entre as inovações, está, também, a velocidade no atendimento aos casos. Depois que a vítima apresenta queixa na delegacia de polícia ou na Justiça, o juiz tem o prazo de até 48 horas para analisar a concessão de proteção. A lei nº 11.340/2006 criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, o que ainda não existia em nosso ordenamento jurídico. Com o surgimento, vários questionamentos foram feitos se a lei era inconstitucional, uma das mais frequentes acusações é que a lei fere a garantia do artigo 5º da Constituição de que todos são iguais perante a lei. O Supremo Tribunal Federal aduz que não se trata de uma lei inconstitucional, pois a mulher em relação ao homem se encontra como parte hipossuficiente, ou seja, a mulher se torna invulnerável na relação. Vale ressaltar, que os casos de violência doméstica eram julgados em juizados especiais criminais, que são os responsáveis pelo julgamento de crimes considerados de menor potencial ofensivo. A Lei Maria da Penha também abriu caminho para que fosse criada a Lei do Feminicídio (Lei 13.104). Sancionada em 2015, a lei classifica o homicídio qualificado como crime hediondo, o que aumenta a pena para o autor. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking global de homicídios de mulheres. O termo “feminicídio” é usado para designar o assassinato de uma mulher pelo simples fato de esta ser mulher.Em 2015, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou um estudo que estimou o impacto da lei nas taxas de homicídios de mulheres. Segundo a pesquisa, a lei Maria da Penha contribuiu para reduzir, em 10%, o número de feminicídios no Brasil.Destarte, atualmente, esse tipo de infração se encontra com um potencial ofensivo grave.Com relação à aplicabilidade da lei, existem os requisitos que devem ser observados para que tenha a aplicação, nos quais são a existência primordial da mulher no polo passivo de uma infração penal, Assim, a Lei Maria da Penha, por sua vez, não se aplica apenas ao sexo “mulher” vítima de violência doméstica, em que o agressor tenha sido o companheiro ou marido, pai, filho ou irmão, mas também ao gênero feminino, quando este possui uma relação homoafetiva e sofreu de seu companheiro uma agressão.O segundo requisito é o ambiente familiar, pois se o fato ocorre fora do ambiente familiar e se o agressor não tiver vínculo com a vítima, embora responda pela infração penal não terá a severidade da Lei Maria da Penha. No que concerne o vínculo o primeiro se trata da unidade doméstica, o segundo é a família já o terceiro é a relação íntima de afeto. O fato deve ter pelo menos um dos três tipos de vínculos, pois somente a parte passiva ser mulher não é suficiente para que seja aplicada a severidade da lei. Denota-se que presente o sujeito passivo mulher, obtendo uma das formas de vínculo descrito pelo legislador e presente uma das formas de violência terá a aplicabilidade da lei. 
 A denúncia não precisa ser exclusivamente realizada nas delegacias de defesa da mulher, porém todos os distritos policiais podem receber a queixa e transferir posteriormente o caso para a uma das delegacias especializadas. A autoridade policial deverá ouvir a vítima, lavrar o boletim de ocorrência, colher todas as provas e remeter no prazo de 48 horas para analisar a concessão. Após o registro da ocorrência, a autoridade policial deverá determinar a realização do exame de corpo de delito.A autoridade policial também deverá ouvir o agressor e testemunhas, ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, bem como remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.

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