Buscar

Direito Ambiental (G2) - PUC-RIO - Profa. Danielle Moreira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PUC-RIO – 2017.2
Anotações realizadas para estudo para a G2 de Direito Ambiental – Profa. Danielle Moreira
Aluno: João Victor Macedo
Competência executiva 
Arts. 23 II, VI e VII CF, Lei Complementar nº 140 – competência comum, pertence aos 3 entes (interpretação conjunta ao art. 225). Existem competências privativas, como por exemplo: nuclear, aguas, etc (União). É possível que haja o duplo licenciamento, ou seja, deva pedir autorização para órgão municipal e estadual, pex. A regra é quem licencia é que fiscaliza. Não existe sobreposição de competência, a União não deve fiscalizar o licenciamento do Estado. A competência Municipal é definida pelo impacto local da atividade. 
Competência legislativa
É um caso de competência concorrente, havendo ainda circunstâncias privativas, como por exemplo águas e petróleo (União). Novamente o Município tem capacidade legislativa quando houver impacto local. O Estado também novamente terá competência residual ao legislar. Ponto importante: o Estado pode legislar e atuar por conta própria enquanto não houver lei hierarquicamente superior, se editada lei federal, perderá a eficácia a estadual. Em geral, a função da União é legislar de maneira geral, para que o Estado possa legislar também, segundo as diretrizes estabelecidas pela União. Uma norma específica de um Estado não poderá atentar contra os preceitos gerais editados pela União (ex.: determina a União que deva haver estudo de impacto ambiental para cultivo de eucalipto, determinado Estado cria lei que dispensa estudo prévio. Essa situação não poderia ocorrer). A norma geral é o mínimo que deve ser observado. Exemplo de lei geral (federal – União): lei do amianto, que estipula que só pode ser usado na construção civil. Uma lei estadual não poderia dispor do contrário. *A regra é: o Estado não pode ser menos protetivo que a lei geral, em teoria, a norma Estadual serviria para complementar a norma federal, e não dispor contra. 
Licenciamento ambiental
Definição: procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou possivelmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. (Art. 2º LC 140/11). Destinada a qualquer atividade que possa ocasionar mudanças no meio ambiente (Resolução nº 237 CONAMA – estipula as atividades que precisam realizar o licenciamento, estas atividades necessitam deste ainda que o empreendedor alegue a pouca interferência no meio ambiente). 
- Estudo de Impacto Ambiental (EIA): é o mais comum e geralmente vem acompanhado de relatório, chamado RIMA.
Falamos agora da Lei 6.938/1981 – esta estrutura o sistema do direito ambiental no Brasil, criando o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente) e o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 
- CONAMA – órgão colegiado, com função normativa, presidido pelo ministro do meio ambiente. Edita resoluções (ex.: Resolução CONAMA 01/86 – expõe a lista de atividades que necessitam estudo de impacto ambiental). Previsão de necessidade de estudos: Art. 225, §1º, IV CF. O STF já usou resolução do CONAMA em seus julgamentos, legitimando estas. Existem também as ZEE (Zoneamento Ecológico Econômico – áreas apontadas por suas particularidades locais, porém estas não suprimem a autonomia dos Estados, ou seja, não é vinculante) 
O Licenciamento Ambiental é atividade administrativa que visa explorar determinado recurso ambiental com potencial poluidor ou capazes de ensejar poluição/degradação. O licenciamento é precedido de estudo prévio (EIA/RIMA). Instrumentaliza o princípio da precaução/prevenção (em contraposição à livre iniciativa). O licenciamento pode autorizar certos danos ambientais relativos, exigindo, nesses casos, medidas compensatórias. Institui os parâmetros que aquela empreitada deve obedecer. Ele é público (princípio da publicidade e participação popular). A licença ambiental pode ainda ser complementada com outras (porém o licenciamento ambiental é único) como por exemplo: licença de construir, edificar, urbanístico, etc. Caso não sejam respeitados os prazos pelo órgão licenciador (em dar a resposta ao empreendedor), este poderá, de forma suplementar, enviar o mesmo licenciamento a outro órgão, que poderá assim aprova-lo. 
O licenciamento divide-se em três etapas: licenciamento prévio (analisa a viabilidade ambiental e os possíveis danos, momento da realização da audiência pública), licenciamento de instalação (impactos da obra) e licenciamento de operação (impactos do funcionamento); em alguns casos há a quarta fase, que é a de recuperação (no caso dos postos de gasolina, por exemplo, que degradam e contaminam a área que se encontram). Toda licença tem prazo de validade (nisso é o que diferencia da autorização – discricionariedade técnica) e deve ser renovada (isso é um grande problema atualmente, imagine construir um hotel e ter que fechá-lo, STJ entende que não há direito adquirido nesse caso, não ensejando qualquer tipo de reparação), porém é uma fase criada para realizar eventuais ajustes que sejam necessários em prol da área. Por esses motivos, a natureza jurídica do licenciamento ambiental é de peculiaridade, pois existe a possibilidade de alteração durante a vigência. Licenciamento ocorre caso sejam cumpridos todos os requisitos, então a pessoa passa a ter o direito de realizar o que deseja, podendo ainda ser cancelada a qualquer momento, já a autorização é um ato discricionário, ou seja, não há parâmetro, pode o poder público não autorizar por sua própria vontade. 
Resolução 237/97 do CONAMA – Regras específicas de licenciamento (procedimentos, prazos). A operação das atividades sem licenciamento passou a ser considerada crime. Existia a dúvida sobre em qual órgão deveria ser postulada esta autorização. Surge então a LC 140/2011 para acabar com estas dúvidas. Por exemplo, o Complexo Turístico, de acordo com a Res. 237 necessita de licenciamento, ou seja, por menor que este seja, ainda precisará realizar o licenciamento, gera-se uma presunção absoluta das atividades que podem causar degradação ambiental. Nestes estudos prévios aponta-se tudo: tamanho do projeto, se haverá supressão da vegetação, etc. Atenção que este anexo da resolução não traz um rol taxativo, e sim exemplificativo. Ainda lembrando: não se pode reduzir o que é protegido pela norma geral, que, em tese, já estipula o mínimo. Importante: caso pela lista deste anexo não haja necessidade de licenciamento e posteriormente faça-se necessário realiza-lo, o empreendedor não arcará com multas, meramente será dado um prazo para que ele se adeque ao estipulado pelo órgão. 
Estudos Ambientais
Tratados em especial nas resoluções 01/86 e 237. É item imperioso para que ocorra o licenciamento. Deve salientar que existem estudos que não necessariamente estão ligados ao processo de licenciamento, como por exemplo a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE). Os estudos estão intimamente ligados aos princípios da precação e prevenção e também ao princípio da avaliação de impactos ambientais.
Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA/RIMA)
Previsto no art. 225 §1º, IV CF. Não faz sentido falar em EIA sem falar em licenciamento. Este estudo é feito justamente para analisar o pedido de uma atividade que possa causar dano ambiental. Este estudo é complexo, necessariamente público e é relevante que haja participação social. É necessário que seja feito um relatório abrangendo toda e qualquer possibilidade de impacto ambiental, porque é imperioso que a população esteja ciente das informações deste estudo (principio da publicidade e participação social). Se pegar o EIA de uma atividade qualquer, provavelmente não entenderá nada, é algo mais restrito a profissionais da área, porém, com o RIMA é diferente, este necessariamente tem que ser algo para que a população possa entender. Por isso, todo EIA tem que ter RIMA. 
O órgão ambiental ao receber uma atividade que não está disposta na lista da resolução, pode ainda entender que é caso sim de EIA e, portanto, determinar arealização deste. Havendo um pedido de atividade já constante neste rol da resolução, jamais poderá ser dispensado o EIA/RIMA, mesmo que a empresa prove que não causará dano significativo. Não se realiza um estudo da área somente de seu conteúdo ambiental, realiza-se um estudo socioeconômico, de amplas previsões em relação a afetação da área, em seguida, faz-se a analise dos impactos ambientais (positivos e negativos, por esse motivo, faz parte do estudo propor atividades mitigadoras e compensatórias deste impacto). Por fim, realiza-se o estudo de acompanhamento e monitoramento, que diz como os impactos serão acompanhados. Por esses motivos, fica claro que é um processo lento e caro, exigindo ainda a realização de uma audiência pública, sempre, porém esta audiência não tem relação nenhuma com a concessão ou não do licenciamento. 
Requisitos do EIA: (i) transparência administrativa (todo processo é público); (ii) consulta aos interessados (audiência pública); (iii) motivação da decisão ambiental. Primeiro acontece a declaração de viabilidade pelo poder público (nesta o empresário ainda não poderá fazer absolutamente nada), em seguida uma autorização de instalação, que é quando poderá começar a construir. 
Tipos de Proteção Ambiental (ETEPs – Espaços Territoriais Especialmente Protegidos)
APP, Reserva Legal e Unidades de Conservação
Em geral instituem-se APPs com foco na qualidade da agua, para que esta não seja impactada (são APPs áreas localizadas até 50m das nascentes de água, também as matas que acompanham o curso das águas – mata ciliar – encostas de morros com 45’ ou mais, a fim de evitar deslizamento). Nestas áreas não se aplica o princípio da função social da propriedade. A CF diz que é obrigação do poder público instituir áreas de especial proteção (Art. 225, §1º). A alteração e supressão destas áreas só pode ocorrer por lei e há vedação da utilização do que pode comprometer a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção (ex.: cria-se parque nacional para proteger determinada espécie, não posso permitir que o uso desse parque vá comprometer isso). 
Para eventualmente suprimir estas áreas, é necessário estudo que se comprove interesse social, baixo impacto e caso de utilidade pública. A lei traz exemplos do que seria a utilidade pública. O órgão ambiental avaliará essas necessidades e emitirá a autorização da supressão por meio de ato administrativo. Portanto, por mais que a lei diga que só pode suprimir estas áreas por meio de lei, poderá também suprimir via ato administrativo (que encontra previsão legal). 
As Unidades de Conservação, por sua vez, podem ser criadas por qualquer ato do poder público (ato ou decreto) e só podem ser alteradas por lei. Criadas por qualquer das 3 esferas (União, Estados e Municípios, ficando a cargo de quem chegar primeiro, normalmente entra-se em comum acordo). A própria lei que institui as unidades de conservação exige lei para alteração nos regimes das tais, logo, não cabe a discussão do parágrafo anterior, porque a própria lei dessa unidade de conservação exige lei posterior que a possa suprimir (regime mais rígido). **Com a implementação do Código Florestal de 2008, aqueles que não cumpriam com o estipulado em lei (construção em até 30m da mata ciliar, e tinha uma piscina, pex.) continuarão descumprindo, enquanto os que cumpriam, continuarão tendo que cumprir. O lógico seria mandar os que usaram a área erroneamente a recuperar, porém isso não aconteceu. Todos os crimes realizados em APPs antes de 2008 foram suspensos. Houveram 3 ADINs para cancelar essa anistia. 
O conceito de APP encontra-se no Art. 3º, II do Código Florestal. A APP não perderá a característica se não estiver coberta por mata ou vegetação nativa, ou seja, é o local que determina se aquela área é de APP ou não. Toda APP possui função ambiental – vegetação ciliar, águas, paisagem, etc.; elas podem existir tanto nas áreas urbanas quanto rurais. A reserva rural, por sua vez, só existe em área rural. Não é necessária declaração pelo poder público das áreas que são APPs, estas já estão expostas no Art. 4º desta lei (as APPs já estão instituídas). Existem também as APPs Administrativas, essas sim criadas pelo poder público (pouco existentes, entretanto). 
Para as áreas urbanas consolidadas, não é necessário comprovar a perda da APP, pois havendo a perda da função ambiental daquela área fica claro que não há como restaura-la, já vai estar estabelecida a perda da APP. Pacificado no RJ. Nasce uma discussão quanto a revitalização de rios urbanos. 
Dispensas e exceções legais para definição de APP: Art. 4º §1º reservatórios artificiais, antigos (anteriores a 2001), Art. 62. Área urbana consolidada é quando não há mais função ambiental naquela área e por isso ela deixa de ser APP. Existe a exceção que é o Art. 3º, XXVI (área de interesse social – população de baixa renda que necessite residir no local, Minha Casa Minha Vida; pode também ser por interesse específico do município, Jacarepaguá por exemplo, destituiu uma área pra fazer um condomínio de luxo). Outro problema: as obras das olimpíadas foram consideradas de interesse público, podendo, portanto, instalarem-se em áreas de APP.
É utilizado o módulo fiscal (ITR/IPTU) para que se calcule o quanto haverá necessidade de reflorestamento por parte do ocupante da área. Área rural consolidada: imóvel cuja área de APP tenha sido ocupada anteriormente a 22/07/2008 (por ocupada entende-se edificações, benfeitorias ou atividades rurais, caso um desses exista, torna-se área rural consolidada). Há, sem dúvidas, um enorme beneficio aos que já eram descumpridores da legislação em 2008. Aqueles que cumpriam a legislação continuam tendo que a cumprir e, caso desrespeitem qualquer dos atributos de sua APP, são obrigados a retornar ao status quo ante (reflorestamento, recomposição da mata ciliar, etc.). Percebemos aqui um enorme retrocesso na lei ambiental.
Reserva legal: área que já admitia algum uso sustentável, objetivando proteger somente uma parcela dessa área, o tamanho da proteção varia de acordo com a necessidade de proteção do bioma da área (proteção da biodiversidade). Os percentuais encontram-se no Art. 12, I. Só propriedade rural pode resultar em área de reserva legal, não cabendo a unidades urbanas. 
Funciona da seguinte forma: o proprietário escolhe a área que deseja realizar a reserva legal, incluindo-a quando decidir fazer seu cadastro (todo imóvel rural tem que fazer seu Cadastro Ambiental Rural – CAR – Art. 14 § 2º), ou seja, é um ato auto declaratório, de exclusividade do proprietário do imóvel. Cabe mencionar que não há mais a necessidade de averbar a reserva legal. A partir desse momento, o proprietário torna-se regular, suspendendo suas multas e crimes ambientais, podendo assinar com o programa de recuperação de área degradada. Curioso é que ele mesmo analisa o que precisa ser feito e recuperado e ganha um certificado ao final constando que realizou a recuperação. Porém, a qualquer momento, pode o órgão ambiental fiscalizar e verificar a veracidade das informações prestadas. A área da reserva legal é perpétua e não pode ser alterada. Art. 15 – anteriormente era necessário computar em separado as áreas de APP e a de reserva legal (funções ambientais diferentes), hoje em dia isso não se faz mais necessário, pode uma área de APP ser também uma reserva legal, diminuiu consideravelmente a área de proteção exigida.
Área Rural Consolidada: algumas observações a serem feitas: (i) é possível desmatar, contanto que mantenha um limite entre 20-80% da área com vegetação nativa; (ii) àquele que usava 100% da área rural, com uma casa no imóvel possui algumas opções: a) recomposição florestal, que poderá fazer em até 20 anos; b) fechar a área para que ela se recomponha naturalmente (isso não existe em outros biomas se não na Amazônia); c) compensação ambiental – não realizar nada no imóvel afetado, porém escolher outro e recuperá-lo, como comprando uma Cota em Reserva Ambiental (CRA – 1 CRA é igual a um Ha de vegetação nativa),é uma transação com o poder público (problema: isso não gera acréscimo da vegetação nativa). Áreas acima de 04 módulos fiscais não necessitam fazer nada, se nada fizeram, nada precisam fazer.
Existem alguns incentivos para proteção do meio ambiente agrícola: redução de ITR, dação de crédito agrícola, contratação de seguros em melhores condições, etc. 
Hoje em dia, o chamado CRA é comercializado na bolsa de valores do RJ, por exemplo, se o proprietário mandar emitir 10 CRAs, ele se compromete em manter aquela vegetação pelo prazo de 10 anos, não podendo fazer nenhuma supressão. A bolsa de valores notifica o proprietário B, que tem uma obrigação de ter uma área de até 10 Ha, dando a lei a ele 3 opções: (i) fazer ele a regeneração natural; (ii) compensação; (iii) realizar compensação em outra área. Caso escolha a última opção, terá o proprietário B interesse em comprar os títulos do proprietário A. Afinal, quem tem que manter a vegetação nativa é o proprietário A, não é o B que tem que fiscalizar. Esse sistema é problemático, não gera área verde, afinal, o proprietário não é obrigado a reflorestar sua área já desmatada, então acaba reflorestando uma área que já era protegida anteriormente. 
Relembrando: a APP possui função ambiental específica relacionada ao local no qual está situada (ex.: mata ciliar, nascente de água); a reserva legal visa somente manter uma parcela da biodiversidade e pode ser em qualquer lugar da propriedade. 
Lei nº 9.985 – Lei que institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação
Definição: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais. Essa definição possui 5 características importantes: (i) só há unidade de conservação se houver interesse ambiental relevante (ex.: espécies ameaçadas, espaço essencial para determinada população, etc.); (ii) a UC só serve ao propósito de conservar aquele aspecto relevante; (iii) o ato tem que ser necessariamente oficial para criação, só há UC havendo lei ou decreto instituindo-a. As APPs já estão criadas no Código Florestal, mas para haver um parque, uma reserva biológica, deverá haver ato do poder público que o institua; (iv) o ato instituidor deverá delimitar onde começa e onde termina a UC; (v) a partir da criação da UC, todas as atividades realizadas naquele espaço seguirão, necessariamente, outras regras de administração e proteção, haverá limitação do que define a política urbanística. 
Em geral, as UCs são criadas via decreto, e são dividas em alguns tipos, abordaremos primeiro: (i) Unidades de Conservação Integral – permitem somente o uso indireto dos recursos da área – são dividias em: a) estação biológica; e b) estação ecológica – na primeira só é permitido o uso para estudos científicos, vedado o acesso ao público, já na segunda é possível haver visitação (exemplo: área da restinga de Guaratiba – estação biológica; Parque Nacional de Itatiaia – turismo ecológico. Nestas unidades não seria compreensível a possibilidade de haver propriedade privada, portanto, há a desapropriação de todos os proprietários localizados nos limites daquela área; (ii) Unidade de Conservação de Uso Sustentável (Art. 14) – permite uso direto de recursos naturais da área. 
Para que seja criada uma UC deverá, necessariamente, realizar estudos técnicos e consultas públicas. O poder público não poderá instituir uma UC do nada (entendimento pacífico do STJ). O poder público, no entanto, tem uma tendência a permitir empreendimentos em UCs, o que tecnicamente é contra legis, porém ainda assim o fazem (exemplos: hotel no Parque Nacional da Tijuca, hotel no Parque Iguaçu, bondinho do Cristo). Eles fazem isso exigindo medidas compensatórias, para que aqueles que se instalarem nessas localidades, deverão necessariamente contribuir com a região. As UCs são unidades extremamente restritivas, ao passo que as APAs (Art. 15) são unidades bem menos restritivas. Autores defendem que as APAs não deveriam nem ser unidades de conservação, pois transferem para a União uma responsabilidade que deveria ser dos Municípios, além dessas possuírem muito mais um caráter de zoneamento urbanístico. As propriedades dentro das APAs não precisam ser desapropriadas, pois há uma delimitação administrativa (dada por lei). Só haveria necessidade de desapropriar em caso de uma área delimitada ter sofrido interferência e nada ali puder fazer, nesse caso nasce direito de indenização ao proprietário e desapropriação por parte do poder público. 
Reserva Extrativista (RESEX) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS). São voltadas as áreas onde residem população tradicional (que vivem da pesca, caça, etc.) que tem seu modo de vida relacionado àquele espaço. Só tem população tradicional porque este espaço é preservado. Para estas razões, o MP age quando quiser proteger um espaço utilizado por população tradicional. Essas UCs são propriedades públicas que concedem a posse privada somente à população tradicional, àquele que não seja de população tradicional da área tem sua propriedade desapropriada. Quem não quiser mais morar ali, o Estado paga uma indenização pequena (não pode ser alta para não estimular a saída de todos). Caso haja uma comunidade local, o poder público não pode simplesmente declarar aquela uma área de proteção integral, deve prevalecer o princípio da proteção cultural, aquela população tem o direito de ali permanecer.
Reserva Particular do Patrimônio Nacional (RPPN). É perpétua e será sempre uma UC, porém registrada no RGI. Todos os usos que eram permitidos à RPPN foram em seguida rejeitados, passando a ter caráter de preservação integral, portanto só sendo permitida a visitação e exploração científica. O proprietário que gera esse gravame em sua inscrição no RGI ganha isenção de ITR, além de lucrar com a visitação pública. A ideia é ser um parque privado. Quem pede esse gravame geralmente são pessoas com conexão sentimental ao local, com medo que seus herdeiros possam se desfazer daquilo. É uma UC, embora esteja na lista das UC de Uso Sustentável, na prática se dá como UC de uso integral. É interessante ao poder público, pois este deixa de gastar com desapropriação e criação de parques. 
Art. 22 – suscita que as UCs podem ser criadas tanto por decreto quanto por lei, porém, alteradas somente por lei (por conta do Art. 225, § 1º, III CF), isso ocorre porque significaria diminuição da proteção. 
Art. 27 – Plano de Manejo – elaboração, prazo de 5 anos, abrangência. Órgão ambiental vai instituir o parque, e sendo parque, sabemos que é uma UC integral, com suas peculiaridades. Sabendo disso, quais seriam as regras deste Parque, por exemplo? Eu poderia acampar ali? Posso ter acesso a qualquer trilha? Art. 11 trata de bastante coisa, porém, neste caso, quem determina as “leis” deste parque é o Plano de Manejo, um documento técnico, que distribui todas as possibilidades do parque (andar de bicicleta, áreas inacessíveis, etc.). os planos de manejo devem ser criados em até 5 anos após a instituição da UC, ele é aprovado por portaria do órgão ambiental.
Zonas de Amortecimento. Ao instituir uma UC, o poder público precisa de uma zona de amortecimento, que reduz (amortece) os impactos da área externa à UC (exceto RPPNs e APAs). Cria-se uma faixa com limitações administrativas, que não se confunde com áreas de conservação. Não há na RPPN porque o próprio proprietário é quem a institui, não teria como ter zona de amortecimento porque essa seria uma limitação administrativa criada pelo Estado.
Licenciamento Ambiental em UCs. A LC 140 traz os casos de competência de licenciamento ambiental em unidades de conservação. A competência é ditada pelo ente que instituiu a UC. A APA é a única UC que não define o licenciamento ambiental, porque é mais flexível e permite construções (ex.: Petrópolis encontra-se dentro de uma área de APA federal, se tivesse necessidade de licenciamento, toda e qualquer obra ali deveria ser licenciada pelo IBAMA.
Compensação ambiental. Licenciamento ambiental de empreendimento de significativoimpacto ambiental (EIA/RIMA). Admite compensação, destinando a apoiar a manutenção da UC. UC de Uso Sustentável pode ser beneficiária do empreendimento, excepcionalmente, caso este afete-a diretamente ou até mesmo sua zona de amortecimento. A natureza da compensação ambiental é de tributo, o fato gerador é o uso do ambiente (princípio do poluidor pagador). Se, por estudo, comprovar que não haverá qualquer impacto, o empreendimento está livre de pagar qualquer compensação.
Responsabilidade Ambiental
Art. 225, § 3º - A CF estabelece que a reponsabilidade ocorre em três esferas: administrativa, penal e cível. O mesmo ato de impacto ao meio ambiente enseja a responsabilização nas 3 esferas, aplicáveis a PF e PJ. Porém, esses três regimes possuem suas particularidades ao caso concreto. A Lei de Crimes Ambientais (L. 9.695) traz os tipos, sanções e algumas regras de procedimento. 
A sanção administrativa, por exemplo, não se aplica junto ao judiciário, é pelo poder executivo, administração pública. A administração pode aplicar quando há descumprimento da licença, quando são cometidas infrações administrativas (supressão de vegetação nativa, pex.).
A responsabilidade civil é objetiva (Art. 14, § 1º e Art. 3º, IV) e, por sua vez, cuida da reparação do dano. O dano ambiental possui uma faceta individual e outra coletiva. A inversão do ônus da prova resulta dos princípios do direito ambiental. Não há dúvida no STJ quanto a questão do ônus da prova. Se discute, no entanto, quem deverá pagar a perícia do caso concreto, mas havendo a inversão é a empresa (se a empresa pagar e não for condenada?). 
O STF já afastou a questão do caso fortuito ou força maior, não é excludente de responsabilidade, ou seja, há a teoria do risco integral. Mesmo tendo todas as licenças, estando em dia, regularizado, venha um terceiro e pratique um ato terrorista na sua empresa, você ainda será responsabilizado pelos danos ambientais. Há o acórdão de quando a Petrobrás contratou empresa e esta deu causa a um vazamento de óleo no mar, ainda assim a Petrobrás foi responsabilizada, mas entendeu que nada impede a Petrobrás de entrar com ação de regresso contra esta empresa causadora. Porém fica a dúvida, eu posso ser responsabilizado criminalmente por uma conduta causada por terceiro? A sanção é só para quem praticou a conduta, lembremos. Muitos julgados, como no outro caso, da Ipiranga, entenderam que a responsabilidade administrativa (multa) é subjetiva, por ser mais próxima da penal, não objetiva. Leva-se em conta a pessoalidade da conduta, discute-se a tipicidade, culpa ou dolo para aplicar a sanção. Recentemente, o entendimento é de que a responsabilidade administrativa é mesmo objetiva (decisão não foi unanime no STF, então a discussão continua). Pode ainda haver solidariedade na indenização do dano ambiental (exigir de um ou todos). 
Responsabilidade do Estado por omissão, o MP sempre coloca o Estado como responsável por omissão (importante para responsabilidade civil). A responsabilidade é ilimitada, solidária, objetiva e portanto, não faz sentido dizer que ela é subsidiária, porque se ela é solidária e objetiva, então o MP poderia ir direto no Estado e exigir o cumprimento daquela obrigação. Porém, normalmente se você condena o Estado, na verdade está condenando a sociedade duas vezes. A responsabilidade do Estado é sim solidária, entretanto, ele não responde como os outros responsáveis de uma solidariedade normal – fica ele como guardador da obrigação se os agressores diretos não fizerem. Primeiro executa-se o causador direto e só depois o Estado.

Outros materiais