Buscar

2010.1TeoriaGeraldosContratosApostila3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
MATERIAL DE APOIO 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS – APOSTILA COMPLEMENTAR 
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA 
PROF. PABLO STOLZE GAGLIANO 
Querido (a) Amigo (a), 
Fizemos aqui uma interessante seleção de jurisprudência, referente a importantes temas que iremos 
abordar em sala de aula. 
Bom estudo! 
Um abraço, o amigo, 
Pablo. 
1. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM 
Direito civil. Contrato de locação de veículos por prazo determinado. Notificação, pela locatária, 
de que não terá interesse na renovação do contrato, meses antes do término do prazo 
contratual. Devolução apenas parcial dos veículos após o final do prazo, sem oposição expressa 
da locadora. Continuidade da emissão de faturas, pela credora, no preço contratualmente 
estabelecido. 
 
Pretensão da locadora de receber as diferenças entre a tarifa contratada e a tarifa de balcão 
para a locação dos automóveis que permaneceram na posse da locatária. Impossibilidade. 
Aplicação do princípio da boa-fé objetiva. 
Honorários advocatícios. Julgamento de improcedência do pedido. 
Aplicação da regra do art. 20, §4º, do CPC. Inaplicabilidade do §3º desse mesmo dispositivo 
legal. Precedentes. 
 
- A notificação a que se refere o art. 1.196 do CC/02 (art. 575 do CC/02) não tem a função de 
constituir o locatário em mora, tendo em vista o que dispõe o art. 1.194 do CC/16 (art. 573 do 
CC/02). Ela objetiva, em vez disso, a: (i) que não há a intenção do locador de permitir a 
prorrogação tácita do contrato por prazo indeterminado (art. 1.195 do CC/16 - art. 574 do 
CC/02; (ii) fixar a sanção patrimonial decorrente da retenção do bem locado. Na hipótese em 
que o próprio locatário notifica o locador de que não será renovado o contrato, a primeira 
função já se encontra preenchida: não é necessário ao locador repetir sua intenção de não 
prorrogar o contrato se o próprio locatário já o fez. A segunda função, por sua vez, pode se 
considerar também preenchida pelo fato de que é presumível a ciência, por parte do locatário, 
do valor das diárias dos automóveis pela tarifa de balcão. Haveria, portanto, em princípio, direito 
em favor da locadora à cobrança de tarifa adicional. 
 
 
2 
- Se o acórdão recorrido estabelece, contudo, que não houve qualquer manifestação do credor 
no sentido da sua intenção de exercer tal direito e, mais que isso, o credor comporta-se de 
maneira contraditória, emitindo faturas no valor original, cria-se, para o devedor, a expectativa 
da manutenção do preço contratualmente estabelecido. 
 
- O princípio da boa-fé objetiva exerce três funções: (i) a de regra de interpretação; (ii) a de 
fonte de direitos e de deveres jurídicos; e (iii) a de limite ao exercício de direitos subjetivos. 
Pertencem a este terceiro grupo a teoria do adimplemento substancial das obrigações e a teoria 
dos atos próprios ('tu quoque'; vedação ao comportamento contraditório; "surrectio'; 
'suppressio'). 
 
- O instituto da 'supressio' indica a possibilidade de se considerar suprimida uma obrigação 
contratual, na hipótese em que o não-exercício do direito correspondente, pelo credor, gere no 
devedor a justa expectativa de que esse não-exercício se prorrogará no tempo. 
 
- Nas hipóteses de improcedência do pedido, os honorários advocatícios devem ser fixados com 
fundamento no art. 20, §4º do CPC, sendo inaplicável o respectivo §3º. Aplicando-se essa norma 
à hipótese dos autos, constata-se a necessidade de redução dos honorários estabelecidos pelo 
Tribunal. 
 
Recurso especial parcialmente provido. 
 
(REsp 953.389/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2010, 
DJe 15/03/2010) 
 
TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO MOVIMENTO "SEM TERRA". PERDA DO 
DOMÍNIO E DOS DIREITOS INERENTES À PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA SUBSISTÊNCIA DA 
EXAÇÃO TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 
 
1. Conforme salientado no acórdão recorrido, o Tribunal a quo, no exame da matéria fática e 
probatória constante nos autos, explicitou que a recorrida não se encontraria na posse dos 
bens de sua propriedade desde 1987. 
 
2. Verifica-se que houve a efetiva violação ao dever constitucional do Estado em garantir a 
propriedade da impetrante, configurando-se uma grave omissão do seu dever de garantir a 
observância dos direitos fundamentais da Constituição. 
 
 
3. Ofende os princípios básicos da razoabilidade e da justiça o fato do Estado violar o direito de 
garantia de propriedade e, concomitantemente, exercer a sua prerrogativa de constituir 
ônus tributário sobre imóvel expropriado por particulares (proibição do venire contra factum 
proprium). 
 
4. A propriedade plena pressupõe o domínio, que se subdivide nos poderes de usar, gozar, 
dispor e reinvidicar a coisa. Em que pese ser a propriedade um dos fatos geradores do ITR, 
essa propriedade não é plena quando o imóvel encontra-se invadido, pois o proprietário é 
tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel. 
 
5. Com a invasão do movimento "sem terra", o direito da recorrida ficou tolhido de praticamente 
todos seus elementos: não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; 
consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a partir dele, qualquer tipo de 
geração de renda ou de benefícios para a proprietária. 
 
 
3 
6. Ocorre que a função social da propriedade se caracteriza pelo fato do proprietário condicionar 
o uso e a exploração do imóvel não só de acordo com os seus interesses particulares e 
egoísticos, mas pressupõe o condicionamento do direito de propriedade à satisfação de 
objetivos para com a sociedade, tais como a obtenção de um grau de produtividade, o respeito 
ao meio ambiente, o pagamento de impostos etc. 
 
7. Sobreleva nesse ponto, desde o advento da Emenda Constitucional n. 42/2003, o pagamento 
do ITR como questão inerente à função social da propriedade. O proprietário, por possuir o 
domínio sobre o imóvel, deve atender aos objetivos da função social da propriedade; 
por conseguinte, se não há um efetivo exercício de domínio, não seria razoável exigir desse 
proprietário o cumprimento da sua função social, o que se inclui aí a exigência de pagamento 
dos impostos reais. 
 
8. Na peculiar situação dos autos, ao considerar-se a privação antecipada da posse e o 
esvaziamento dos elementos de propriedade sem o devido êxito do processo de 
desapropriação, é inexigível o ITR diante do desaparecimento da base material do fato gerador e 
da violação dos referidos princípios da propriedade, da função social e da proporcionalidade. 
9. Recurso especial não provido. 
 
(REsp 1144982/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 
13/10/2009, DJe 15/10/2009) 
 
 
PROCESSUAL CIVIL – REEXAME NECESSÁRIO – AUSÊNCIA DE APELAÇÃO DO ENTE PÚBLICO – 
INADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL – PRECLUSÃO LÓGICA. 
 
1. É fato público e notório que as reformas processuais implementadas no Código de Processo 
Civil ao longo dos últimos anos tem como objetivo dar efetividade a garantia constitucional 
do acesso à justiça, positivada no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. Como 
exemplo desse louvável movimento do legislador tem-se a dispensa do reexame necessário 
nas causas de competência do Juizado Especial Federal, consoante prevê o art. 13 da Lei 
10.259/2001, e nas demais causas mencionadas nos §§ 2º e 3º do art. 475 do diploma 
processual, na redação que lhes deu a Lei 10.352/2001. 
 
2. À luz dessa constatação, incumbe ao STJ harmonizar a aplicação dos institutos processuais 
criados em benefício da fazenda pública, de que é exemplo o reexame necessário, com os 
demais valores constitucionalmente protegidos, como é o caso do efetivo acesso à justiça. 
 
3. Diante disso, e da impossibilidade de agravamento da condenação imposta à fazenda 
pública, nos termos da Súmula 45/STJ, chega a serincoerente e até mesmo de 
constitucionalidade duvidosa, a permissão de que os entes públicos rediscutam os 
fundamentos da sentença não impugnada no momento processual oportuno, por intermédio 
da interposição de recurso especial contra o acórdão que a manteve em sede de reexame 
necessário, devendo ser prestigiada a preclusão lógica ocorrida na espécie, regra que, 
segundo a doutrina, tem como razão de ser o respeito ao princípio da confiança, que orienta 
a lealdade processual (proibição do venire contra factum proprium). 
 
4. A ilação de que fraudes e conluios contra a fazenda pública ocorrem principalmente no 
primeiro grau de jurisdição, levando à não-impugnação da sentença no momento processual 
oportuno pelos procuradores em suas diversas esferas do Poder Executivo, por si só, não 
tem o condão de afastar a indispensável busca pela efetividade da tutela jurisdicional, que 
envolve maior interesse público e não se confunde com o interesse puramente patrimonial 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e de suas respectivas autarquias e fundações. 
 
 
4 
Ademais, o ordenamento jurídico possui instrumentos próprios, inclusive na seara penal, 
eficazes para a repressão de tais desvios de conduta dos funcionários públicos. 
 
5. É irrelevante, ainda, o fato de o art. 105, III, da Constituição Federal não fazer distinção entre 
a origem da causa decidida, se proveniente de reexame necessário ou não, pois o recurso 
especial, como de regra os demais recursos de nosso sistema, devem preencher, também, 
os requisitos genéricos de admissibilidade que, como é cediço, não estão previstos 
constitucionalmente. Em outras palavras, a Carta Magna não exige, por exemplo, o preparo 
ou a tempestividade, e nem por isso se discute que o recurso especial deve preencher tais 
requisitos. 
 
6. Recurso especial não conhecido em razão da existência de fato impeditivo do poder de 
recorrer (preclusão lógica). 
 
(REsp 1085257/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/12/2008, 
DJe 24/03/2009) 
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRETENSÃO INFRINGENTE. 
NATUREZA PECULIAR DA CONTROVÉRSIA. NECESSIDADE DE CELERIDADE PROCESSUAL. CONVERSÃO 
EM AGRAVO REGIMENTAL. ENSINO SUPERIOR. TRANSFERÊNCIA EX OFFICIO. AUSÊNCIA DE 
CONGENERIDADE. SENTENÇA PELA DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA MANTIDA PELO TRIBUNAL DE 
ORIGEM. OPÇÃO DO RECORRENTE EM PERMANECER NA UNIVERSIDADE PÚBLICA MESMO SEM 
AMPARO EM DECISÃO JUDICIAL. TEORIA DO FATO CONSUMADO. INAPLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA 
BOA-FÉ OBJETIVA QUE, NO CASO CONCRETO, AFASTA O PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. 
PROIBIÇÃO DO COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO (VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM). 
 
1. Tratam-se de embargos de declaração opostos por estudante da graduação de 
enfermagem da UFPR com o objetivo de reverter o provimento desta Corte 
Superior no sentido de que não há direito líquido e certo à matrícula em 
universidade pública. Sustenta o embargante que já está no nono período da 
faculdade e requer o reconhecimento do fato consumado. 
 
2. É pacífico o entendimento desta Corte Superior quanto à possibilidade de converter 
os embargos de declaração em agravo regimental quando assim exigir o caso 
concreto, em atenção aos princípios da fungibilidade e da economia processual. 
Precedentes. 
 
3. É verdade que o Superior Tribunal de Justiça, embora reconhecendo o desacerto 
das decisões da instância ordinária, vem firmando sua orientação no sentido de 
que situações de fato fundadas em decisões judiciais e consolidadas pelo decurso 
do tempo não podem ser desconstituídas. Trata-se da teoria do fato consumado. 
Precedentes. 
 
4. Contudo, existem duas peculiaridades por que há de se afastar, no caso concreto, 
a incidência da referida teoria. 
 
5. Em primeiro lugar, a liminar que foi indeferida pelo magistrado de primeiro grau e 
só foi obtida em 19.3.2003, via efeito suspensivo ativo em agravo de instrumento, 
prontamente perdeu efeitos em 16.7.2003 (quando o recorrente ainda estava, 
provavelmente, no segundo período da graduação), com a superveniência de 
sentença denegatória de segurança. O Tribunal de origem manteve a sentença 
denegatória em 20.4.2004, ocasião em que nem metade do curso de graduação 
estava completo. Quando o recurso especial foi primeiramente apreciado, em 
 
 
5 
4.4.2008, o recorrente ainda não havia completado o curso e, por ocasião desta 
julgamento, também não o finalizou. 
 
6. Em segundo lugar, quando houve a ciência da remoção do pai - que 
eventualmente daria ensejo à transferência ex officio do recorrente -, o recorrente 
ainda não estava cursando a graduação de enfermagem. 
 
Apenas depois que soube da remoção de seu pai, o recorrente prontamente prestou 
vestibular para uma faculdade particular, a fim de poder preencher um dos requisitos 
autorizadores da transferência ex officio. Essa realidade veio noticiada pelo Ministério 
Público Federal e foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. 
 
7. Essas sutilezas do caso concreto ensejam o afastamento da aplicação da teoria do 
fato consumado e atraem a incidência do princípio da boa-fé objetiva, impedindo 
que o recorrente, agora, pretenda se valer da própria torpeza (nemo potest venire 
contra factum proprium). 
 
8. É que a teoria do fato consumado tem como objetivo principal, além de resguardar 
a estabilidade das relações sociais, também garantir que aquele que, confiando 
em provimento judicial (e, portanto, de boa-fé), não seja prejudicado pela 
morosidade e pela burocracia judiciais. 
 
9. Ora, isso em nada se aplica à presente hipótese, pois (i) o recorrente não estava 
matriculado em faculdade quando soube da remoção de seu pai - apenas se 
matriculou depois -; (ii) o provimento judicial que lhe garantiu a matrícula foi 
revertido em 2003 (quando o recorrente ainda estava nos períodos iniciais da 
graduação) - ou seja, a situação consolidou-se sem amparo em decisão judicial 
(não há requisito básico da teoria do fato consumado) -; e (iii) ainda não houve 
consolidação da situação, considerando que não houve término do curso. 
Precedente da Primeira Seção. 
 
10. Toda vez que se aplica a teoria do fato consumado quando não é caso de fazer 
incidi-la, ao invés de garantir o mínimo existencial, há desrespeito a ele, porque se 
está desconsiderando o mínimo existencial alheio, ou seja, daqueles que, embora 
não façam parte da presente relação processual, poderão sofrer conseqüências 
dela advindas. Toda vez que se autoriza a permanência de um aluno em uma 
faculdade na qual ele não tinha direito de estar, está desprestigiando-se o direito 
subjetivo à educação daqueles que poderiam lá estar legalmente, direito este 
integrante do rol de seu mínimo existencial. 
 
11. A parte que, matriculando-se ardilosamente em universidade privada (porque os 
fatos asseverados pela Corte a quo concluem isso) e conhecendo reiteradas 
decisões contrárias a sua pretensão (como ocorre no caso concreto, em que a 
sentença, o acórdão e o próprio Supremo Tribunal Federal - na ADIn 3.324/DF, Rel. 
Min. Marco Aurélio - manifestaram-se contra a pretensão do recorrente), prefere 
trazer a questão ao Superior Tribunal de Justiça na esperança de que, ao cabo do 
processo, veja reconhecida a teoria do fato consumado, além de incorrer em 
evidente litigância de má-fé (art. 17, inc. III, do CPC), está assumindo riscos com os 
quais deve arcar. 
 
12. Eventual manutenção da decisão agravada, nos termos que ora se propõe, não 
tem o condão de anular tudo o que o recorrente fez até agora, pois ele poderá 
aproveitar os créditos cursados na UFPR em uma universidade particular. Muito 
 
 
6 
provavelmente não se formará na data em que pretendia - pois a adequação 
entre as grades curriculares poderá exigir-lhe alguns semestres a mais -, mas esse 
é o encargo por ter preenchidouma vaga que não era sua, mesmo tendo ciência 
de que essa permanência na universidade pública era ilegal e contrariava a 
sentença e o acórdão da origem proferidos nesses autos e a decisão do STF. 
 
13. Mesmo que se desconsiderasse tudo quanto foi dito até agora, por ocasião da 
apresentação do recurso especial, não foi sustentada a incidência da teoria do fato 
consumado (muito embora o recorrente já estivesse há algum tempo na 
graduação de enfermagem da recorrida), motivo pelo qual pedir que a 
monocrática seja reconsiderada com fundamento na dita teoria importa inovação 
da pretensão recursal em agravo regimental, o que não é admitido pela 
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Precedentes. 
 
14. Agravo regimental não-provido, com determinação de comunicação imediata à 
recorrida para que, se for o caso, não proceda à expedição do diploma do 
recorrente, em razão da inexistência de direito líquido e certo para tanto, 
conforme reconhecido há cinco anos pela origem e confirmado por esta Corte 
Superior. 
 
(EDcl no REsp 675.026/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 20/11/2008, DJe 16/12/2008) 
 
TRIBUTÁRIO – AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL - PRODUTORA DE SEMENTES - ALÍQUOTA 
REDUZIDA - ART. 278 DO RIR - ART. 30 DO DECRETO N. 81.877/78, QUE REGULAMENTA A LEI N. 
6.507/77. 
 
1. É fato incontroverso nos autos que a recorrida encontra-se registrada no Ministério da 
Agricultura como "produtora de sementes." É o próprio art. 30 do Decreto n. 81.877/78 que 
conceitua produtor de semente como "toda pessoa física ou jurídica devidamente 
credenciada pela entidade fiscalizadora, de acordo com as normas em vigor". Tendo a 
recorrida obtido o registro competente, não cabia à União indagar ou desclassificar essa 
situação jurídica sem o procedimento adequado, a fim de excetuá-la da alíquota reduzida 
descrita no art. 278 do RIR (Decreto n. 85.450/80). 
 
2. Ademais, ao assim pretender fazer, está a União inserida em patente comportamento 
contraditório, vedado pelo ordenamento jurídico pátrio, pois a ninguém é dado venire contra 
factum proprium, tudo em razão da caracterização do abuso de direito. 
 
Assim, diante da especificidade do caso, sem razão a recorrente em seu especial, pois é o 
registro no órgão de fiscalização competente, diante do reconhecimento da própria União do 
cumprimento dos requisitos legais, que faz com que a pessoa jurídica ora recorrida seja 
qualificada como produtora de sementes. 
 
Agravo regimental improvido. 
 
(AgRg no REsp 396.489/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 
11.03.2008, DJ 26.03.2008 p. 1) 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA 
CAUSA - PRAZO DA FAZENDA PÚBLICA - NECESSIDADE DE PERÍCIA. 
 
1. A interpretação sistemática do art.188 c/c art.261, CPC, impõe a conclusão de que o prazo 
deferido à Fazenda Pública para formular incidente de impugnação ao valor da causa é 
abrangido pela contagem em quádruplo. 
 
2. O art.188, CPC, afirma que se contará em quádruplo o prazo para contestar, quando a parte 
for a Fazenda Pública. O art. 261, CPC, prescreve que o réu poderá impugnar, no prazo da 
contestação, o valor atribuído à causa pelo autor. O incidente de impugnação ao valor da 
causa tem prazo de exercício serviente ao homólogo lapso para contestar. Se a Fazenda 
Pública tem o necessário e justo privilégio de contestar no prazo quádruplo, o ato de 
impugnação deverá ser manifestado em idêntico intervalo. Imaginar diversamente é 
quebrar o paralelismo das formas e a lógica da técnica processual prestigiada no CPC. 
 
3. O juiz é soberano, desde que motivadamente, para decidir acerca da pertinência de 
realização de prova pericial, especialmente quando se tratar de incidente de impugnação ao 
valor da causa, por definição sumário e expedito. 
 
4. Na espécie, como salientado no decisório de primeiro grau, o valor da causa foi elevado em 
razão do pedido deduzido na inicial, consistente na condenação do Município em quantia 
expressiva. O valor primitivo da causa era uma fração do quantum postulado a título 
ressarcitório contra a Fazenda Pública. 
 
5. A agravante foi alcançado por sua própria conduta anterior. 
Venire contra factum proprium, como bem definiram os antigos romanos, ao resumir a 
vedação jurídicas às posições contraditórias.Esse princípio do Direito Privado é aplicável ao 
Direito Público, mormente ao Direito Processual, que exige a lealdade e o comportamento 
coerente dos litigantes. 
 
Essa privatização principiológica do Direito Público, como tem sido defendida na Segunda 
Turma pelo Min. João Otávio de Noronha, atende aos pressupostos da eticidade e da 
moralidade. 
 
6. Não poderia a agravante, sob o color de uma perícia, desejar o melhor dos dois mundos. 
Ajuizar ações é algo que envolve risco (para as partes) e custo (para a Sociedade, que 
mantém o Poder Judiciário). O processo não há de ser transformado em instrumento de 
claudicação e de tergiversação. A escolha pela via judiciária exige de quem postula a 
necessária responsabilidade na dedução de seus pedidos. 
 
Agravo regimental improvido. 
 
(AgRg no REsp 946.499/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 
18.10.2007, DJ 05.11.2007 p. 257) 
 
PROMESSA DE COMPRA E VENDA. CONSENTIMENTO DA MULHER. ATOS POSTERIORES. " VENIRE 
CONTRA FACTUM PROPRIUM ". BOA-FE. PREPARO. FERIAS. 
 
1. TENDO A PARTE PROTOCOLADO SEU RECURSO E, DEPOIS DISSO, RECOLHIDO A IMPORTANCIA 
RELATIVA AO PREPARO, TUDO NO PERIODO DE FERIAS FORENSES, NÃO SE PODE DIZER QUE 
DESCUMPRIU O DISPOSTO NO ARTIGO 511 DO CPC. VOTOS VENCIDOS 
 
 
8 
 
2. A MULHER QUE DEIXA DE ASSINAR O CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA 
JUNTAMENTE COM O MARIDO, MAS DEPOIS DISSO, EM JUIZO, EXPRESSAMENTE ADMITE A 
EXISTENCIA E VALIDADE DO CONTRATO, FUNDAMENTO PARA A DENUNCIAÇÃO DE OUTRA LIDE, 
E NADA IMPUGNA CONTRA A EXECUÇÃO DO CONTRATO DURANTE MAIS DE 17 ANOS, TEMPO 
EM QUE OS PROMISSARIOS COMPRADORES EXERCERAM PACIFICAMENTE A POSSE SOBRE O 
IMOVEL, NÃO PODE DEPOIS SE OPOR AO PEDIDO DE FORNECIMENTO DE ESCRITURA DEFINITIVA. 
DOUTRINA DOS ATOS PROPRIOS. ART. 132 DO CC. 
 
3. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 
 
(REsp 95.539/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 
03.09.1996, DJ 14.10.1996 p. 39015) 
 
PROCESSUAL CIVIL. DOCUMENTO. JUNTADA. LEI GERAL DAS TELECOMUNICAÇÕES. SIGILO 
TELEFÔNICO. REGISTRO DE LIGAÇÕES TELEFÔNICAS. USO AUTORIZADO COMO PROVA. 
POSSIBILIDADE. AUTORIZAÇÃO PARA JUNTADA DE DOCUMENTO PESSOAL. ATOS POSTERIORES. 
"VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM". SEGREDO DE JUSTIÇA. ART. 155 DO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL. HIPÓTESES. ROL EXEMPLIFICATIVO. DEFESA DA INTIMIDADE. POSSIBILIDADE. 
 
- A juntada de documento contendo o registro de ligações telefônicas de uma das partes, 
autorizada por essa e com a finalidade de fazer prova de fato contrário alegado por essa, não 
enseja quebra de sigilo telefônico nem violação do direito à privacidade, sendo ato lícito nos 
termos do art. 72, § 1.°, da Lei n.º 9.472/97 (Lei Geral das Telecomunicações). 
 
- Parte que autoriza a juntada, pela parte contrária, de documento contendo informações 
pessoais suas, não pode depois ingressar com ação pedindo indenização, alegando violação do 
direito à privacidade pelo fato da juntada do documento. Doutrina dos atos próprios. 
 
- O rol das hipóteses de segredo de justiça não é taxativo, sendo autorizado o segredo quando 
houver a necessidade de defesa da intimidade. 
 
Recurso especial conhecido e provido. 
 
(REsp 605.687/AM, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02.06.2005, 
DJ 20.06.2005 p. 273) 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONTRATO DE COMPRA E VENDA DOS 
DIREITOS FEDERATIVOS DE ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. VÍCIO NA CONSTITUIÇÃO DOTÍTULO 
EXEQÜENDO. AUSÊNCIA DA ASSINATURA DO VICE-PRESIDENTE FINANCEIRO DO CLUBE. IMPOSIÇÃO 
DO ESTATUTO. FORÇA EXECUTIVA RECONHECIDA. TEORIA DA APARÊNCIA. BOA-FÉ OBJETIVA. 
RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 
 
1. Incensurável o tratamento dado ao caso pela Corte de origem, não só pela distinção feita 
entre a natureza do contrato exeqüendo (art. 585, II, do CPC), face aos títulos executivos 
extrajudiciais relacionados na regra estatutária, cujo descumprimento teria o condão de 
inviabilizar o processo executivo, mas, principalmente, pela repulsa à invocação de suposto 
vício na constituição do pacto, levado a efeito pelo próprio executado, uma vez havendo o 
recorrido agido de boa-fé e alicerçado na teoria da aparência, que legitimava a 
representação social por quem se apresentava como habilitado à negociação empreendida. 
 
 
 
9 
2. Denota-se, assim, que a almejada declaração de nulidade do título exeqüendo está 
nitidamente em descompasso com o proceder anterior do recorrente (a ninguém é lícito 
venire contra factum proprium). 
 
3. Interpretação que conferisse o desate pretendido pelo recorrente, no sentido de que se 
declare a inexeqüibilidade do contrato entabulado entre as partes, em razão de vício formal, 
afrontaria o princípio da razoabilidade, assim como o da própria boa-fé objetiva, que deve 
nortear tanto o ajuste, como o cumprimento dos negócios jurídicos em geral. 
 
4. Recurso especial não conhecido. 
 
(REsp 681.856/RS, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 
12.06.2007, DJ 06.08.2007 p. 497) 
 
2. EVICÇÃO 
1. Veda-se a argüição per saltum de matérias sob pretexto de prequestionamento. O chamado 
"pós-questionamento" encontra óbice na jurisprudência desta Corte Superior, conforme 
entendimento desta Egrégia 4ª Turma (REsp 404.113/SP, Rel. Ministro FERNANDO 
GONÇALVES, julgado em 16/03/2004, DJ 01/07/2004 p. 201). 
 
2. Segundo precedentes da 2ª Turma deste Egrégio Superior Tribunal de Justiça, sobre o tema 
aquisição veículos importados ilegalmente com conseqüente pena de perdimento pela 
Receita Federal, firmou-se o entendimento de que o adquirente, uma vez não se cercando 
das cautelas de praxe no momento da compra entre particulares, assume o risco pela 
irregular importação e tem, em razão disso, a boa-fé afastada. (REsp n. 436.342/SC, rel. 
Ministra Eliana Calmon; REsp n.587.615-RS, rel. Min. João Otávio de Noronha). 
 
3. Todavia, se reveste de boa-fé o adquirente de veículo importado que ignorando a 
litigiosidade do bem, vez que os documentos públicos nada registravam, paga preço de 
mercado ante a omissão do vendedor no momento do negócio jurídico. 
 
4. O direito de demandar pela evicção não supõe, necessariamente, a perda da coisa por 
sentença judicial. A autoridade administrativa aduaneira, que decretou o perdimento do 
bem, em razão da ilegal circulação de veículo importado no país, equipara-se a autoridade 
policial para fins do exercício da evicção, porquanto exerce o mesmo poder de apreensão. 
 
5. Recurso especial conhecido em parte, e nessa extensão, não provido. 
 
(REsp 1047882/RJ, Rel. Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR 
CONVOCADO DO TJ/AP), QUARTA TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe 30/11/2009) 
 
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. EVICÇÃO. ATO DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
"Para exercício do direito que da evicção resulta ao adquirente, não é exigível prévia sentença 
judicial, bastando que fique ele privado do bem por ato de autoridade administrativa". (REsp 
19.391/SP e 129.427/MG) Agravo Regimental improvido. 
(AgRg no Ag 1165931/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
20/10/2009, DJe 29/10/2009) 
 
 
10 
 
CIVIL E PROCESSUAL. VENDA DE VEÍCULO OBJETO DE ULTERIOR LIMINAR DE BUSCA E APREENSÃO. 
EVICÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA DA RESPONSABILIZAÇÃO DO CONSÓRCIO. REEXAME. 
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7-STJ. DISSÍDIO NÃO DEMONSTRADO. 
 
I. Inobstante se reconheça a possibilidade do direito à evicção independentemente 
da existência de sentença judicial decretando a perda do bem, no caso dos autos, na 
compreensão sobre os fatos da causa, não foi identificado, pelo Tribunal estadual, prova 
para a responsabilização do consórcio em face da cadeia sucessória na alienação do 
veículo, entendido ter havido liberalidade de sua parte, controvérsia essa estranha ao 
âmbito do recurso especial, ao teor da Súmula n. 7 do STJ. 
 
II. Dissídio jurisprudencial não demonstrado, seja pela ausência de confronto 
analítico, seja pela peculiaridade da espécie retratada nos autos. 
 
III. Recurso especial não conhecido. 
 
(REsp 473.981/MG, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado 
em 21.02.2008, DJ 17.03.2008 p. 1) 
 
Direito civil e processual civil. Recurso especial. Compra e venda de imóvel rural. 
Evicção. Ação de indenização por perdas e danos. 
 
Denunciação da lide. Ausência de obrigatoriedade. Natureza da venda. Reexame de 
fatos e provas. Interpretação de cláusulas contratuais. Embargos de declaração. Ausência 
de omissão, contradição ou obscuridade. Juros moratórios. Sucumbência recíproca. 
 
- Para que possa exercitar o direito de ser indenizado, em ação própria, pelos efeitos 
decorrentes da evicção, não há obrigatoriedade de o evicto promover a denunciação da 
lide em relação ao antigo alienante do imóvel na ação em que terceiro reivindica a 
coisa. Precedentes. 
 
- Adentrar na discussão sobre a natureza da venda, demandaria a incursão no campo de 
fatos e provas apresentados no processo, bem assim, a interpretação de cláusulas 
contratuais, expedientes vedados pelas Súmulas 5 e 7 do STJ. 
 
- Não se conhece do recurso especial quando o Tribunal de origem decidiu 
fundamentadamente as questões necessárias ao deslinde da controvérsia, sem 
omissões, contradições, tampouco obscuridades no julgado, embora em sentido diverso 
do pretendido pelos recorrentes. 
 
- Os juros moratórios são fixados a partir da citação, no patamar de 0,5% ao mês, até a 
data de 10/1/2003; a partir de 11/1/2003, o percentual dos juros moratórios incide à 
razão de 1% ao mês. 
 
- Verificada a sucumbência recíproca, devem ser compensados os honorários 
advocatícios. 
 
Primeiro recurso especial não conhecido. 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Segundo recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. 
 
Ônus sucumbenciais redistribuídos na lide secundária. 
 
(REsp 880.698/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
10.04.2007, DJ 23.04.2007 p. 268) 
 
3. VÍCIO REDIBITÓRIO 
DIREITO CIVIL. VÍCIO DE CONSENTIMENTO (ERRO). VÍCIO REDIBITÓRIO. DISTINÇÃO. VENDA 
CONJUNTA DE COISAS. ART. 1.138 DO CC/16 (ART. 503 DO CC/02). INTERPRETAÇÃO. 
TEMPERAMENTO DA REGRA. 
 
- O equívoco inerente ao vício redibitório não se confunde com o erro substancial, vício 
de consentimento previsto na Parte Geral do Código Civil, tido como defeito dos atos 
negociais. O legislador tratou o vício redibitório de forma especial, projetando inclusive 
efeitos diferentes daqueles previstos para o erro substancial.O vício redibitório, da forma 
como sistematizado pelo CC/16, cujas regras foram mantidas pelo CC/02, atinge a 
própria coisa, objetivamente considerada, e não a psique do agente. O erro substancial, 
por sua vez, alcança a vontade do contratante, operando subjetivamente em sua esfera 
mental. 
 
- O art. 1.138 do CC/16, cuja redação foi integralmente mantida pelo art. 503 do CC/02, 
deve ser interpretado com temperamento, sempre tendo em vista a necessidade de se 
verificar o reflexo que o defeito verificado em uma ou mais coisas singulares tem no 
negócio envolvendo a venda de coisas compostas, coletivas ou de universalidades de 
fato. 
 
Recurso especial a que se nega provimento. 
 
(REsp 991.317/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
03/12/2009, DJe18/12/2009) 
 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO QUANTI MINORIS - VÍCIO OCULTO - PROVA ORAL - 
UTILIDADE - INDEFERIMENTO - CERCEAMENTO DE DEFESA - ADVOGADO SUBSTABELECIDO - 
VISTA DOS AUTOS - DIREITO. 
 
I - Ação quanti minoris pressupõe a existência de vício oculto (Código Bevilácqua; Art. 
1.101). Para que seja redibitório, não basta que o defeito da coisa esteja escondido. É 
necessário que ele seja desconhecido pelo comprador. Provado o anterior conhecimento 
do defeito redibitório, por testemunho do comprador, o pedido de abatimento é 
improcedente, porque o vício não era oculto. 
 
II - É lícito ao vendedor provar, mediante provas orais, que os vícios redibitório 
já eram conhecidos pelo comprador na oportunidade em que o contrato foi 
celebrado. 
 
III - É direito do advogado substabelecido obter vista para conhecimento do 
processo. 
 
 
12 
(REsp 299.661/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 02.09.2004, DJ 04.10.2004 p. 282) 
 
CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. MÚTUO HIPOTECÁRIO. VÍCIO REDIBITÓRIO. 
LEGITIMIDADE PASSIVA. 
 
I. A CEF, credora hipotecária, é legitimada passivamente para integrar ação onde se 
discute vício redibitório em imóvel objeto do contrato. Precedentes do STJ. 
II. Agravo desprovido. 
 
(AgRg no REsp 666.585/RJ, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, 
julgado em 03.02.2005, DJ 25.04.2005 p. 357) 
 
 Aquisição de imóvel. Financiamento da Caixa Econômica Federal sob o regime do 
PES/CP. Legitimidade passiva. 
 
1. Discutindo a inicial não apenas a questão dos vícios de construção, mas também a 
existência de encargos abusivos com pedido de rescisão e devolução dos valores 
pagos, o fato de ter sido efetuado pelo agente financeiro somente o financiamento 
da compra não ampara, desde logo, a decisão de ilegitimidade passiva, ainda mais 
considerando a alegação de que a própria ré determinou a realização de avaliação 
sobre os defeitos apontados, tendo mandado fazer obra para corrigi-los. 
 
2. Recurso especial não conhecido. 
 
(REsp 696.494/RJ, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 27.03.2007, DJ 25.06.2007 p. 233) 
4. ARRAS 
CIVIL E PROCESSUAL. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. ARRAS. DESISTÊNCIA. AÇÃO 
PRETENDENDO A RESCISÃO E RESTITUIÇÃO DAS IMPORTÂNCIAS PAGAS. RECONVENÇÃO DA 
CONSTRUTORA PARA RETENÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR OCUPAÇÃO E ESTRAGOS 
NO IMÓVEL. PROCEDÊNCIA PARCIAL DE AMBOS OS FEITOS. RESTITUIÇÃO DE 50% DO SINAL 
FIXADA PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SITUAÇÃO PECULIAR DOS AUTOS. RAZOABILIDADE. 
MATÉRIA DE FATO E INTERPRETAÇÃO DE CONTRATO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. 
SÚMULAS N. 5 E 7-STJ. VERBA HONORÁRIA. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA JÁ CONSIDERADA 
MEDIANTE CONCESSÃO DE PERCENTUAL MENOR. 
 
I. A c. 2ª Seção do STJ, em posição adotada por maioria, admite a possibilidade de 
resilição do compromisso de compra e venda por iniciativa do devedor, se este 
não mais reúne condições econômicas para suportar o pagamento das 
prestações avençadas com a empresa vendedora do imóvel (EREsp n. 
59.870/SP, rel. Min. Barros Monteiro, DJU de 09.12.2002). 
 
II. O desfazimento do contrato dá ao comprador o direito à restituição das parcelas 
pagas, porém não em sua totalidade. 
 
III. Situação peculiar, corretamente decidida pelo Tribunal estadual, em que além de 
não identificada responsabilidade da construtora, o comprador teve a posse 
precária do imóvel e nele empreendeu reforma parcial, alterando as 
características originais, a justificar a retenção de metade dos valores pagos a 
 
 
13 
título de ocupação e ressarcimento pelos prejuízos administrativos e físicos 
causados à ré. 
 
IV. Verba honorária estabelecida em percentual menor de condenação que o 
usualmente fixado pela Câmara Cível, já considerando, segundo o acórdão 
estadual, a reciprocidade sucumbencial, procedimento que não está a merecer 
reparo. 
 
V. Recursos especiais não conhecidos. 
 
(REsp 187.963/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado 
em 19/03/2009, DJe 20/04/2009) 
 
 
PROCESSUAL CIVIL – RECURSO ESPECIAL - PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÃO A 
DISPOSITIVO LEGAL - DIVERGÊNCIA – CONFRONTO ANALÍTICO – INOCORRÊNCIA. 
 
I - Em consonância com o artigo 1.097 do Código Civil anterior, reproduzido no artigo 
418 do atual diploma, se a parte que deu as arras não cumprir o contrato, poderá a 
outra parte desfazer o negócio e reter o sinal recebido. 
 
II - Não se conhece de recurso especial pela alínea "c" do permissivo constitucional se o 
dissídio jurisprudencial não estiver comprovado nos moldes exigidos pelos arts. 541, 
parágrafo único, do Código de Processo Civil, e 255, parágrafo 2.º, do Regimento Interno 
do Superior Tribunal de Justiça, com a descrição da similitude fática e dos pontos em que 
consiste a divergência de decisões. 
 
Recurso especial em parte conhecido e provido. 
 
(REsp 782.999/SP, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 
22.03.2007, DJ 16.04.2007 p. 187) 
 
5. FIQUE POR DENTRO 
Auxílio-acidente é devido apenas quando houver perda da capacidade laborativa - 27/05/2010 
Para a concessão do auxílio-acidente, o beneficiário deve comprovar a perda de 
capacidade laborativa, além do dano à saúde. Esse foi o entendimento da Terceira Seção 
do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em processo relatado pelo ministro Napoleão Maia 
Filho. O julgamento seguiu o rito dos processos repetitivos (artigo 543-C do Código de 
Processo Civil e Resolução n. 8/2008 do STJ), que permite a aplicação dessa decisão a 
todos os demais processos sobre o mesmo tema. 
Um operário de obra comprovou sofrer de perda auditiva, por exercer atividade 
laborativa em ambientes com elevados níveis de ruído. O trabalhador solicitou o 
benefício ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), porém o instituto negou, 
alegando que o beneficiário não se enquadraria nas exigências para a concessão do 
auxílio-acidente. 
 
 
14 
O obreiro recorreu à Justiça. No julgado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), 
considerou-se que a perda de audição diminuíra a capacidade laboral para qualquer 
atividade. Além disso, não seria exigível, para a concessão do auxílio, a total certeza do 
nexo causal (relação de causa e efeito) entre a doença e as atividades exercidas pelo 
trabalhador. 
Em recurso ao STJ, a defesa do INSS alegou que o julgado do TJSC teria sido contrário à 
perícia médica, que determinou que o operário não teria ficado incapacitado para o 
exercício de suas atividades habituais. Afirmou, ainda, que o auxílio só poderia ser 
concedido se fosse comprovada a redução de capacidade laborativa. 
Em seu voto, o ministro Napoleão Maia Filho considerou que o artigo 84 da Lei n. 
8.213/1991, que define os benefícios da Previdência Social, estabelece que o auxílio-
acidente, para casos de perda de audição, só pode ser concedido se for comprovada 
perda ou redução da capacidade de trabalho. O ministro também destacou que o perito 
não indicou haver perda dessa capacidade e, segundo o magistrado, o auxílio-acidente 
exige a comprovação de perda da capacidade laborativa. “Não basta, portanto, apenas a 
comprovação de um dano à saúde do segurado, quando o comprometimento da sua 
capacidade laborativa não se mostra configurado”, apontou. 
O ministro destacou que jurisprudência do STJ é clara no sentido de negar a concessão 
do benefício nesse caso. Ele afirmou, ainda, que incide a Súmula n. 7 do Tribunal, já que 
não houve reexame de prova, mas apenas a valoração do conjunto probatório já 
presente nos autos do processo. Com esse entendimento, o recurso do INSS foi acatado 
e o auxílio-acidente suspenso. 
 
Tramitação de projeto de lei não motiva suspensão de processo judicial - 19/11/2009 
A simples existência de projeto de lei em tramitação no Poder Legislativo, visando àdeclaração de interesse social de área para fins de desapropriação, não constitui 
hipótese de suspensão de processo judicial. O entendimento é da Primeira Turma do 
Superior Tribunal de Justiça (STJ). 
O tema foi discutido no julgamento de um recurso especial em que a recorrente, pessoa 
física, pretendia a suspensão de decisão judicial antecipatória de tutela que autorizou o 
desfazimento de parcelamento de solo e demolição das edificações realizadas em área 
conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). A recorrente alegou que a 
decisão não poderia produzir efeitos enquanto estiver em tramitação o projeto de lei de 
iniciativa da Câmara Municipal, visando à declaração de interesse social da área para fim 
de desapropriação e construção de habitações populares. 
A ministra Denise Arruda, relatora do caso, ressaltou que o artigo 265, inciso IV do 
Código de Processo Civil prevê a suspensão do processo quando a sentença de mérito se 
enquadrar em uma das três hipóteses: (a) "depender do julgamento de outra causa, ou 
da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto 
principal de outro processo pendente"; b) "não puder ser proferida senão depois de 
verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo"; c) 
"tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração 
incidente". 
 
 
15 
Da doutrina de Cândido Rangel Dinamarco, na obra Instituições de Direito Processual 
Civil, a relatora concluiu que a suspensão do processo com fundamento no referido 
dispositivo legal pressupõe relação de prejudicialidade entre demandas judiciais, o que 
não ocorre no caso julgado. Como a existência de projeto de lei sobre o caso não se 
enquadra nas hipóteses legais de suspensão do processo, o recurso foi negado, por 
decisão unânime a Turma. 
Processos: Resp 1082623 
 
Pensão e partilha: controvérsias são decididas no STJ - 31/05/2009 
As diversas formas de colocar um ponto final ao casamento ou união estável, de 
maneira amigável ou não, são objeto de milhares de ações que chegam ao Superior 
Tribunal de Justiça (STJ). Vasta jurisprudência sobre o tema foi fixada pelos ministros da 
Corte em decisões que se referem principalmente ao pagamento de pensão e à partilha 
de bens. 
Entre os processos julgados no STJ, consta a decisão segundo a qual a última vontade de 
um falecido declarada em testamento prevalece sobre o direito de usufruto do cônjuge 
sobrevivente. Com esse entendimento, o Tribunal negou a incidência do artigo 1.611 do 
Código Civil de 1916 e aplicou o 1.725 do mesmo Código no caso em que uma mulher, 
ao dispor de seu patrimônio em testamento público, não mencionou o marido. Assim, 
ele foi excluído da sucessão. Para a Turma, por ter a mulher deixado a parte disponível 
de seu patrimônio por meio do testamento (resguardando os direitos dos herdeiros 
necessários) e excluído o cônjuge sobrevivente, este não tem direito ao usufruto dos 
bens. 
Já sobre pensão, se o direito ao benefício ainda está sendo discutido pelo ex-casal na 
Justiça, a concessão de pensão alimentícia provisória tem efeito retroativo, ou seja, não 
pode ser desconstituída caso o Judiciário entenda depois que o cônjuge não tem o 
direito. Segundo o ministro Aldir Passarinho Junior, a decisão que fixa alimentos 
provisórios (enquanto não sai o julgamento definitivo) produz efeitos imediatos, 
integrando ao patrimônio do alimentando um direito que, embora provisório, é 
existente, efetivo e juridicamente protegido. 
Em outro julgado, o STJ também determinou que os efeitos da ação que extingue a 
pensão não retroagem à citação da parte sobre o processo, mas apenas incidem a partir 
do trânsito em julgado da decisão judicial (quando não cabe mais recurso). E, atenção, 
se o ex-cônjuge renunciar à pensão alimentícia, com renúncia firmada durante o acordo 
de separação homologado conforme a lei, não poderá solicitar o benefício 
posteriormente. Esse entendimento tem, no entanto, uma exceção prevista na Súmula 
336/STJ e com relação à pensão por morte: a mulher que renunciou aos alimentos na 
separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, 
comprovada a necessidade econômica superveniente, ou seja, se ela provar que depois 
surgiu a necessidade de receber esses valores. 
Ainda que o casal não tenha efetivado a divisão dos bens em comum, a pensão pode 
ser revisada, mesmo sem alteração das condições financeiras das partes. No entanto, 
deve haver o devido cuidado com a questão. Em julgado de 2008, ao analisar o pedido 
 
 
16 
da ex-mulher para aumentar sua pensão, o STJ acabou liberando o ex-marido de pagar 
os valores, pois concluiu que ela teria plenas condições de se manter. Para a ministra 
Nancy Andrighi, o artigo 1.694 do novo Código Civil cita que os alimentos devem 
garantir modo de vida compatível com a condição social, mas esse conceito deve ser 
interpretado com moderação. 
 
 
 
Em alguns casos, a pensão pode ser disputada entre esposa (casamento) ou companheira 
(união estável) e concubina (amante). Decisões recentes do STJ negaram pedidos de 
concubinas para receber pensão e até mesmo dividi-la com a esposa do falecido. Em voto 
no processo que negou à concubina o direito a dividir pensão com esposa, o ministro 
Hamilton Carvalhido destacou que “o reconhecimento impuro, concubinagem ou 
concubinato adulterino, simultâneo à relação de casamento, mantém-se à margem da 
legislação previdenciária”. Para o ministro, mesmo com a vigência de uma nova visão de 
valores em matéria familiar, o instituto da união estável efetiva importante distinção 
entre relações livres e relações adulterinas. 
Já em processo que discutia o rateio de pensão entre ex-esposa e viúva, o Tribunal 
concluiu que a divisão deve ser feita em partes iguais. Segundo a ministra Laurita Vaz, no 
caso em análise e “nos termos do artigo 354 do Decreto nº 83.080/79, aplicável à 
espécie e vigente à época do óbito do instituidor do benefício pleiteado, a ex-mulher 
divorciada que percebe pensão alimentícia concorrerá em igualdade de condições com a 
esposa do de cujus [falecido]”. 
Em outro caso de concubinato, o Tribunal rejeitou pedido de concubina por pensão de 
militar falecido. O ministro Jorge Mussi ressaltou que a proteção do Estado à união estável 
alcança apenas as situações legítimas e nelas não está incluído o concubinato. A união 
estável pressupõe que não haja impedimentos para o casamento ou, pelo menos, que 
esteja o companheiro separado de fato, não podendo ser conferido status de união 
estável à relação concubinária concomitante a casamento válido. 
A respeito de pensão com referência à união estável, a Corte proferiu, em 2006, 
importante decisão: validou o direito de receber pensão de companheira que teve união 
estável reconhecida após a morte do companheiro. Com o reconhecimento e a respectiva 
dissolução da união estável, o STJ deu o direito a uma dona de casa de ingressar no 
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com o pedido de pensão. Em outro julgado, o 
STJ definiu que a mulher que viveu com o companheiro em união estável até a morte 
dele tem direito à pensão, mas não faz jus à indenização por serviços domésticos 
prestados. A pensão deve-se à relação de companheirismo e mútua colaboração, e não 
por serviços domésticos. 
 
Pedaços da união 
 
 
17 
Na separação, a partilha de bens pode ser um momento complicado e o Judiciário deverá 
dar a palavra final. Decisões do STJ definiram vários aspectos da partilha, como valores 
que devem ou não integrar o montante a ser dividido entre o ex-casal. Segundo a Corte, 
devem integrar a partilha de bens as verbas de aposentadoria junto ao INSS, caso geradas 
durante o casamento, mesmo que recebidas após a separação. 
De acordo com o Tribunal, também integram a partilhade bens durante separação, 
quando o casamento for sob o regime de comunhão universal: a indenização trabalhista 
correspondente a direito adquirido durante o matrimônio, os bens que porventura forem 
sonegados por um dos cônjuges durante processo de separação amigável (neste 
julgamento, o STJ determinou a sobrepartilha dos bens sonegados, totalmente 
desconhecidos pela ex-mulher) e os bens obtidos pelo falecido na constância do 
casamento, com o recebimento de honorários advocatícios. 
 
 
Por outro lado, o STJ concluiu que não integram a partilha de bens o seguro e a 
indenização obtidos em virtude de acidente de trabalho e a pensão recebida por 
invalidez. Para o ministro João Otávio de Noronha, a indenização recebida em razão de 
acidente de trabalho é personalíssima, pois a reparação deve-se àquele que sofreu o 
dano e carrega consigo a deficiência adquirida. Já a pensão por invalidez não integra a 
partilha porque, segundo a Terceira Turma, isso poderia comprometer a subsistência do 
segurado. O Tribunal também entendeu não compor a partilha, para a meação da viúva, 
imóvel comprado pelo marido antes do casamento, mesmo que registrado durante o 
matrimônio. 
Ao analisar uma partilha de bens com o fim de uma união estável, a Corte concluiu que 
ex-companheiro tem direito à metade dos bens adquiridos durante a convivência, mesmo 
sem contribuir financeiramente. Para os ministros, neste caso, deve-se levar em conta 
também a contribuição indireta (não material) de cada um na construção de uma família, 
não apenas as provas de contribuição direta com recursos financeiros. No julgado, eles 
reconheceram o direito do ex-companheiro à metade da casa erguida durante a união 
estável. O terreno, recebido pela ex-companheira por meio de doação do pai, fica só para 
ela. 
Um caso não permitido em partilha no STJ é o envolvimento de bem de terceiro na 
divisão. O Tribunal entendeu nulo esse tipo de partilha, visto que o bem não pertencia 
nem ao ex-marido nem à ex-esposa, mas a terceiros (pais da ex-mulher). Ainda sobre 
partilha, a Corte definiu que a divisão de bens também influencia o registro de nova 
relação. No caso de um viúvo em segundas núpcias, o registro da nova união no regime 
de comunhão universal somente é possível se já efetivada a partilha amigável dos bens 
da relação anterior, para não haver confusão patrimonial entre os bens do novo casal e os 
do primeiro matrimônio. 
O STJ editou, ainda, uma súmula sobre o tema “partilha” – a de número 197 – segundo a 
qual o divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha dos bens. 
 
 
18 
Processos: RESP 802372; RESP 343719; RESP 918173; RESP 878516; RESP 895344; RESP 
848998; RESP 553639; RESP 701902; RESP 886537; RESP 264736; RESP 373648; RESP 
933355; RESP 1046296; RESP 1016574 
Um abraço! Fiquem com Deus, sempre! 
 
O amigo, 
Pablo. 
www.pablostolze.com.br 
 
 Revisado.2010.1ok C.D.S.

Continue navegando