Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROTOCOLO DE AULAS PRÁTICAS FISIOLOGIA VEGETAL DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL 2016/2 2 I. COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA VEGETAL Introdução Uma planta herbácea típica, como o pé-de-milho ou o tomateiro, contém cerca de 90% de água. Quando está água é removida por aquecimento do material vegetal, em estufa entre 60 e 105 ºC, o que resta, cerca de 10% do peso do material fresco, constitui a matéria seca da planta. A matéria seca é formada de mais ou menos 44% de Carbono, 44% de Oxigênio, 6% de Hidrogênio e 2% de Nitrogênio. Os restantes 4% são constituídos por quantidades bastante diminutas de diferentes componentes minerais. Pode-se considerar, então, que mais de 99% do material fresco da planta é formado pelos elementos Carbono, Hidrogênio e Oxigênio, presentes na água e nas substâncias orgânicas. Estes três elementos são oriundos do meio, seja como água absorvida pelas raízes, seja como gás carbônico atmosférico fixado pela fotossíntese. Os elementos minerais provêm do solo, onde existem na forma de íons ou em combinações orgânicas degradáveis. Pela incineração da matéria seca a temperaturas em torno de 500 ºC, os componentes orgânicos volatilizam em sua maior parte e, nas cinzas restantes, permanecem os elementos minerais. A presença de alguns destes elementos nas cinzas do material vegetal pode ser comprovada através de reações químicas específicas. Objetivos 1. Determinação das porcentagens de água e componentes orgânicos e minerais 1 a etapa: porcentagem de a) água livre em relação à matéria fresca (63 ºC). b) água coloidal em relação à matéria fresca (105 ºC). c) água total em relação à matéria fresca. d) água livre em relação à água total. e) água coloidal em relação à água total. f) matéria seca em relação à matéria fresca. 2 a etapa: porcentagem de g) componentes voláteis (C, H, O, N) em relação à matéria fresca. h) componentes voláteis em relação à matéria seca. i) cinzas em relação à matéria fresca. j) cinzas em relação à matéria seca. 3 2. Identificação da presença de alguns elementos minerais nas cinzas. Alguns reagentes químicos serão usados para identificar os elementos minerais nas cinzas do material vegetal. Protocolo 1. Água e Matéria Seca Material 10 g de folhas, fruto cortado, sementes ou uma plantinha pequena recém colhida (se possível, anotar o nome da espécie vegetal utilizada) Potes de vidros, etiquetas, almofariz e pistilo Balança, estufa, dessecador e mufla Procedimento 1a etapa: Secagem 1. Pesar cerca de 10g do material no recipiente, cujo peso foi previamente determinado. 2. Colocar, com identificação, na estufa a 63 ºC. 3. Pesar novamente, de dois em dois dias, ou após uma semana, até que ocorra estabilização do peso. 4. Recolocar na estufa, agora a 105 ºC. 5. Pesar novamente, como antes, até a estabilização do peso. 6. Calcular as porcentagens dos objetivos da 1 a etapa (a-f). OBS: Nestas pesagens, particularmente a partir do item 6, deve-se usar o dessecador: o material é retirado da estufa e colocado no dessecador, que é tampado; permanece aí por 15 a 20 minutos para esfriar. Isto evita a reabsorção de umidade pelo esfriamento ao ar livre. 2a etapa: Incineração 1. Por um cadinho de porcelana bem limpo na estufa a 105 ºC por um dia. 2. Esfriar no dessecador e determinar seu peso. 3. Pulverizar o material seco da 1 a etapa usando almofariz e pistilo; colocar no cadinho e pesar. 4. Incinerar o material em uma mufla a 550 ºC por 24 horas. 4 5. Esfriar o cadinho ao ar por alguns minutos, depois colocar no dessecador por 20 minutos. 6. Pesar o conjunto e calcular os itens dos objetivos da 2 a etapa (g-j). Resultados Peso do material fresco: ______________________________________ Peso do material seco a 63 ºC: _________________________________ Peso do material seco a 105ºC: _________________________________ Peso das cinzas: _____________________________________________ OBS: para obtenção destes pesos, já descontar o peso do recipiente Cálculo das porcentagens Componentes Pesos (g) % na mat. fresca % na água total Água livre (a) % (d) % Água coloidal (b) % (e) % Água total (c) % Matéria seca (f) % % na mat. seca Componentes voláteis (g) % (h) % Cinzas (i) % (j) % 5 II. NUTRIÇÃO MINERAL Introdução Os nutrientes minerais identificados nas cinzas do material vegetal são em sua maioria essenciais para o desenvolvimento normal da planta. Quando um deles está ausente, ou sua disponibilidade no meio é insuficiente, o vegetal manifesta os efeitos desta deficiência através de diversos sintomas. Entre os sintomas de carência mais típicos de um nutriente mineral estão a deformação, a clorose e a necrose das folhas, associadas frequentemente à desfoliação prematura. Alguns elementos minerais são necessários à planta em quantidades relativamente mais elevadas e são, por isto, denominados macronutrientes (N, P, K, S, Ca e Mg). Outros, cujas quantidades exigidas pela planta são tão pequenas que mesmo traços contaminantes podem suprir as necessidades, são chamados micronutrientes (Fe, B, Cl, Cu, Mn, Mo, Zn, Ni). Excepcionalmente, alguns grupos de plantas podem exigir outros elementos como essenciais (Na, Co, Si, Al). Um nutriente mineral é considerado essencial quando: a) sua ausência no meio de cultivo impede que a planta complete o estágio vegetativo ou reprodutivo do seu ciclo vital; b) sua carência é específica, só sendo corrigida pelo seu fornecimento, tornando-se impossível sua substituição por outro elemento; E c) sua implicação na vida da planta é direta, fazendo parte de uma molécula essencial ou atuando num processo decisivo do metabolismo. A ação de um elemento no controle eventual de condições biológicas, físicas ou químicas adversas no meio de cultivo não basta para caracterizar sua essencialidade. O método mais utilizado para definir a essencialidade de um determinado elemento na nutrição mineral das plantas consiste em cultivá-las em soluções nutritivas ou hidropônicas. Neste tipo de cultivo, as raízes, ao invés de crescerem no solo, desenvolvem- se mergulhadas na água destilada contendo sais inorgânicos em proporções adequadas. A cultura em soluções nutritivas objetiva: a) determinar os elementos que a planta necessita para o seu desenvolvimento normal (nutrientes essenciais); b) observar os sintomas de carência provocados na ausência de um certo elemento; e c) determinar as condições nutritivas ótimas, isto é, a concentração adequada de cada elemento e o equilíbrio ótimo entre as concentrações dos diferentes elementos essenciais Objetivos 6 Cultivar plantinhas de feijão, milho, pepino ou outras em solução nutritiva completa e em soluções nas quais se omite um elemento de cada vez. No final da experiência, por comparação do crescimento da parte aérea e das raízes de cada planta, estudar o efeito da carência de cada um dos elementos no desenvolvimento total, e observar os sintomas visuais que aparecem. Protocolo Material Soluções-estoque previamente preparadas. Jarras para as soluções nutritivas. Tampas apropriadas, espuma. Sementes de pepino pré-germinadas por 10 dias Procedimento 1a etapa: 1. Lavar bem as jarras, enxaguar comágua destilada. Deixá-las de borco até a outra etapa. Se as jarras forem transparentes, cobri-las com papel escuro para evitar a proliferação e algas e a iluminação das raízes. 2. Preparar também as tampas adequadas. 3. Pôr as sementes a germinar em rolos de papel filtro colocadas em câmara úmida até a outra etapa. 2a etapa: 1. Preparar as soluções conforme o quadro da outra página. Colocar quantidade suficiente na jarra (nível da solução a ~2 cm abaixo da tampa). Montar as plantinhas na tampa, firmando-as com algodão seco ou esponja plástica (Fig.1). 2. Substituir completamente a cada duas semanas. Acompanhar com anotações as variações que forem surgindo. 7 SOLUÇÕES – ESTOQUE SOLUÇÕES NUTRITIVAS (ml/l) SAIS g/l M Completa -N -P -K -Ca -Mg -S -Fe* -Fe** ‒Micronutrientes NH4H2PO4 23 0,20 5 – – 5 5 – – 5 5 5 NH4NO3 40 0,50 – – 1 6 8 6 – – – – Ca(NO3)2 189 1,15 5 – 5 5 – 5 5 5 5 5 CaCl2 29 0,26 5 21 5 5 – 5 – 5 5 5 MgCl2.6H2O 41 0,20 – – – – – – 5 – – – Mg(NO3)2.6H2O 51 0,20 – – – – – – 5 – – – MgSO4.7H2O 99 0,40 5 5 5 5 5 – – 5 5 5 KH2PO4 27 0,20 – 5 – – – 5 5 – – – KNO3 121 1,20 5 – 5 – 5 1 5 5 5 5 K2SO4 87 0,50 – 5 – – – 4 – – – – FeCl3.6H2O 10 0,04 – – – – – – 2 – 2 – Micronutrientes (ver abaixo) (ver abaixo) 2 2 2 2 2 2 2 2 2 – Fe-EDTA 2 2 2 2 2 2 _– – – 2 Micronutrientes: em 1 litro de água destilada dissolver 0,72 g de H3BO3 (ácido bórico), 0,02 g de CuCl2.2H2O (cloreto de cobre), 0,45g de MnCl2.4H2O (cloreto de manganês), 0,06 g de ZnCl2 (cloreto de zinco) e 0,01 g de Na2MoO4.2H2O (molibdato de sódio). Fe-EDTA: dissolver 13,4 g de Na2C10H14O8N2.2H2O (etilenodiamino-tetracetato de sódio) em 500 ml de água destilada e aquecer. Quando estiver quente, adicionar 9,9 g de FeSO4.7H2O (sulfato de ferro) e agitar vigorosamente. J. O . Dutt & E. L. Bergman, 1966. 8 NUTRIÇÃO MINERAL ELEMENTO FUNÇÃO SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA N Proteínas, aminoácidos, ácidos nucléicos, clorofila. Crescimento reduzido, clorose foliar, senescência precoce; degeneração dos ápices. Aumento na razão raiz:parte aérea * P Açúcares fosfatados, ATP, DNA, RNA, fosfolipídios. Reações de fotofosforilação. Folhas escurecidas, às vezes avermelhadas, margens chamuscadas. Aumento na razão raiz:parte aérea* Mg Clorofila; necessário na atuação de várias enzimas Folhas manchadas, clorose seguida de cor alaranjada, vermelha ou roxa; pontos de necrose; margens curvadas para cima; diminuição da dominância apical.* K Não é constituinte de substâncias; cofator de várias enzimas; papel no controle estomático Crescimento reduzido, necrose marginal das folhas; pontos de necrose nas margens ou junto às nervuras; caules frágeis.* Ca Pectatos de Ca da lamela média; cofator de enzimas; estabilidade de membranas Crescimento muito reduzido, folhas jovens retorcidas e com margem amarelada; necrose nos pontos de crescimento; morte da gema terminal e gemas laterais dormentes. murcha das folhas; aparência gelatinosa nos ápices das raízes. S Aminoácidos (ex: cisteína) e proteínas; óleos voláteis Clorose; folhas enroladas para baixo; coloração vermelha, laranja ou roxa; necrose e desfolhamento; entrenós curtos; enrijecimento foliar. Fe Citocromos; catalisador na formação da clorofila Folhas cloróticas (nervura principal verde), margens queimadas; caules frágeis; diminuição no crescimento; raízes semelhantes a “espinha de peixe”. Mn Formação de O2 na fotossíntese; catalisador em oxi-reduções. Pontuações de necrose nas folhas; clorose (nervuras menores mais verdes; formas anormais das folhas. B Complexos com carboidratos; pode estar envolvido no transporte de carboidratos Folhas pálidas na base, curvadas, pequenas, com clorose, mais grossas, quebradiças, com nervura suberificada e saliente de cor vermelha ou roxa; morte do meristema apical do caule. Cu Componente de enzimas de transporte de elétrons; redução NO2-NH3 Folhas com aspecto murcho; manchas aquosas e depois necróticas ; desfoliamento precoce; diminuição no crescimento e ramificação; cessação do crescimento radicular e radículas enegrecidas . Zn Desidrogenases (respiração); influi na ação do AIA Pontuações de necrose nas folhas; folhas grossas, pequenas, estreitas e alongadas; clorose entre nervuras; entrenós curtos.* Mo Fixação do N; nitrato redutase Clorose malhada geral entre nervuras, manchas amarelo- esverdeadas ou laranja brilhantes; murcha das margens e encurvamento do limbo. Cl Estimula fotólise da água na fotossíntese Folhas pequenas, com aspecto murcho; manchas cloróticas e necróticas; raízes curtas e não ramificadas. Ni Urease Pontos de necrose nas folhas. * Sintomas predominam nas folhas mais velhas, devido à mobilidade do elemento no floema. 9 III. COLÓIDES: ADSORÇÃO E EMBEBIÇÃO Introdução Quando colocamos sementes, pedaços de madeira ou gelatina seca em contato com a água, estes materiais incham, aumentando de volume. Nas partes superficiais de solos mais argilosos, podemos observar, em épocas secas, o aparecimento de rachaduras resultantes da contração pela perda de água. Este solo estava anteriormente inchado. O fenômeno de inchamento, característico de substâncias constituídas por fibras muito finas ou por partículas de dimensões coloidais, recebe a denominação genérica de embebição. O aumento de volume da gelatina quando umedecida é um dos exemplos mais característicos. Um sistema coloidal, como a gelatina, a argila ou partes do protoplasma, é constituído por partículas (micelas) ou fibrilas com diâmetro aproximado entre 0,001µm e 0,1µm, dispersas em um meio líquido. Partículas de tamanho menor formam as soluções e de tamanho maior constituem as suspensões. As micelas ou fibrilas, devido às suas dimensões e estrutura molecular, apresentam cargas eletrostáticas, que originam fenômenos de superfície, tais como a adsorção, na interface com o meio dispersante. Estas cargas são geralmente negativas quando o meio dispersante é a água. A água, cuja molécula é um dipolo, adsorve-se às partículas, formando capas de hidratação, que mantêm o equilíbrio das cargas. Quando um colóide quase seco é posto em contato com a água, esta é adsorvida fortemente, aumentando o volume do sistema. Ao redor de cada micela, atraídas pela diferença de carga, as moléculas de água vão se ordenando, passando a ocupar menor espaço do que ocupavam quando estavam desordenadas fora do sistema. Assim, o volume final do sistema será menor do que a soma dos volumes de suas partes. A embebição resulta do que denominamos forças de hidratação das superfícies. É um fenômeno muito importante no estudo das relações hídricas das plantas e, particularmente, do solo. Isto porque muitas das estruturas vegetais e partículas do solo têm dimensões e características coloidais que lhes conferem propriedades de hidratação ou adsorção da água. Na literatura moderna, a capacidade que paredes celulares, protoplasma e partículas do solo possuem de reter ou atrair a água pelas forças ditas de superfície, recebe a denominação de potencial mátrico ou de matriz. 10 Objetivos 1. Demonstrar a embebição diferencial de solventes por um colóide. 2. Verificar a manifestação das forças de hidratação ou adsorção, como pressão. Protocolo 1. Embebição diferencial de solventes Material Gelatina em folha: 3 quadrados de gelatina de 4 cm 2 de superfície, água, acetona, álcool absoluto Régua, placas, balança, tesoura Procedimento 1. Cortar 3 quadrados de gelatina de 4 cm 2 de superfície2. Determinar o peso de cada quadro até centigramas. 3. Colocar um deles em água, outro em acetona e o outro em álcool absoluto, em placas de Petri, por cerca de 20 minutos, cobrindo as placas. 4. Retirar as gelatinas do meio líquido e secar superficialmente com papel de filtro. 5. Repetir a medida de área e pesagem. 6. Determinar os aumentos de peso ou área. 2. Força de adsorção ou pressão de embebição Material Sementes de feijão, pedrinhas pequenas, gesso em pó, água Funil, frasco, papel filtro, placa de Petri Procedimento 1. Forrar com papel de filtro um funil sustentado na boca de um frasco. 2. Colocar o gesso em pó até a metade do funil e umedecer. 3. Espalhar cerca de 10 sementes na superfície e completar o volume do funil, cobrindo as sementes com mais gesso em pó. Molhar sem encharcar. 4. Deixar o gesso endurecer por meia hora, e então retirar o papel filtro. 5. Colocar o cone formado, com a base para baixo, numa placa de Petri com água. 6. O resultado pode ser observado em 2 a 3 horas. 11 7. Montar um sistema controle, substituindo feijões por pedrinhas de tamanho similar. 12 IV. OSMOSE Introdução Quando acrescentamos uma quantidade de água pura a uma solução aquosa de açúcar, o açúcar da solução se difundirá nesta nova porção de água, enquanto a água se difundirá na solução. A tendência à difusão depende da energia livre da substância e de sua concentração; quanto mais concentrada for a substância (maior quantidade por unidade de volume), maior será a energia livre e a tendência à difusão. Consideremos, porém, que entre a solução aquosa de açúcar e a água pura exista uma membrana com poros tão pequenos que só permitam a passagem das moléculas de água, impedindo a passagem das moléculas do açúcar (membrana de permeabilidade diferencial ou semipermeável). A água na solução é menos concentrada (menor quantidade por volume) do que quando está pura. A água pura tem, então, maior tendência à difusão do que a água misturada ao soluto. Assim, embora a água tenha livre passagem para qualquer lado da membrana, deverá passar uma quantidade maior da água pura para o lado da solução. A difusão da água, ou de outro solvente qualquer, predominantemente em uma direção através de uma membrana permeável, denomina-se osmose. A osmose é, pois, uma forma especial de difusão. Como resultado da permeabilidade diferencial da membrana e da maior tendência da difusão da água pura, ocorrerá, pela osmose, um aumento no volume da solução. E esta irá, por sua vez, sendo gradativamente diluída pela entrada de mais água. O aumento de volume continuará até que uma diferença de nível (representada por uma pressão hidrostática) contrabalance a tendência de difusão da água no sentido da solução. O equilíbrio ocorrerá numa diferença de nível tanto maior quanto maior for, inicialmente, a diferença da concentração entre a água pura e a água na solução. Em outras palavras, quanto mais concentrada for uma solução (em termos de soluto), maior será a tendência de entrada da água pura, maior será o desnível e, portanto, maior será a pressão hidrostática que equilibrará o sistema. A capacidade de uma determinada solução de produzir um dado desnível pela osmose de água pura denomina-se potencial osmótico, o qual pode ser expresso em uma pressão osmótica através de unidades de pressão (atm, bar ou MPa) . A pressão osmótica de uma solução pode ser determinada com um aparelho denominado osmômetro, criado por Pfeffer (1877). Objetivos 1. Demonstração da osmose através de tecido vegetal. 2. Construção de osmômetro simples usando saco de diálise. 13 Protocolo 1. Osmose em batata Material Um tubérculo de batata-inglesa, glicose ou sacarose, amido Placa de Petri com água, faca ou bisturi. Procedimento 1. Partir a batata ao meio transversalmente. 2. Escavar as duas metades, fazendo duas "panelinhas". 3. Colocar um pouco de sacarose dentro de uma das "panelinhas" e amido na outra. 4. Pôr os dois conjuntos dentro de uma placa de Petri com um pouco de água destilada. 5. Após 30 minutos, observar os resultados. Comparar e discutir. 2. Osmômetro de saco de diálise Material Saco de diálise, tubo de vidro, linha de costura (ou barbante) e gilete Solução de sacarose a 10%. Suportes, frasco com água destilada, pipeta. Procedimento 1. Retirar 2 sacos de diálise do recipiente de água destilada onde foram estocados e fechar uma das extremidades com linha ou barbante fino. 2. Encher, com auxílio de pipeta, os sacos de diálise. Um deles será preenchido com água destilada e o outro com a solução de sacarose. 3. Amarrar com linha ou barbante a outra extremidade do saco à extremidade de uma pipeta ou tubo de vidro, certificando-se que parte da solução penetre na pipeta ou tubo. É importante evitar bolhas e manter o saco bem túrgido. 4. Lavar externamente o sistema com água destilada. 3. Marcar o nível da solução no tubo. 4. Introduzir cada conjunto em um béquer com água destilada, de modo que o nível marcado no tubo fique acima do nível da água do frasco. 5. Acompanhar a variação do nível do tubo. 14 V. PLASMÓLISE Introdução A célula vegetal pode ser considerada como um sistema osmótico perfeito. A parede celular, porém, não faz parte deste sistema, já que é completamente permeável à maior parte das soluções ou substâncias. Somente as membranas do protoplasma (plasmalema e tonoplasto) são semipermeáveis. Em uma célula vegetal madura, a camada de citoplasma tende a ser bastante delgada. Assim, pode-se considerar a existência de uma membrana semipermeável de três camadas (plasmalema, citoplasma, tonoplasto) envolvendo o vacúolo. Este, por sua vez, contém substâncias osmoticamente ativas. Colocando-se uma célula não túrgida em água pura ou em uma solução de concentração menor do que a do suco celular (meio hipotônico), haverá difusão de água através do protoplasma para dentro do vacúolo (endosmose). O vacúolo irá aumentar de volume e pressionar a camada protoplasmática contra a parede celular. O processo continuará até que a parede, pouco elástica, não ceda mais. Nesta situação, o conteúdo celular exerce sobre a parede de celulose uma pressão que corresponde, aproximadamente, à pressão hidrostática que surge no sistema físico. No caso da célula, falamos em pressão de parede ou turgescência. Se, porém, a célula for colocada em uma solução de concentração maior do que a do suco celular (meio hipertônico), a difusão será no sentido inverso, isto é, o vacúolo perderá água para a solução externa (exosmose). Esta perda de água determinará uma redução no volume do vacúolo com o consequente aumento da concentração do suco celular e diminuição da pressão de parede. Quando a turgescência desaparece completamente e a exosmose continua, o protoplasma se contrai ao redor do vacúolo e começa a separar-se da parede celular. Este fenômeno denomina-se plasmólise. A situação de início da plasmólise, quando mal se percebe a separação do protoplasma da parede celular, é denominada de plasmólise incipiente ou limitante. Se colocarmos um tecido vegetal em uma solução que provoque somente uma plasmólise limitante em suas células, esta solução deverá ser apenas um pouco mais concentrada do que o suco celular. O potencial osmótico do meio será, portanto, praticamente igual ao potencial osmótico das células do tecido. Pela plasmólise limitante podemos, então, determinar aproximadamente o potencial osmótico de um tecido vegetal. Isto se consegue colocando partes deste tecido em contato com soluções de concentrações diferentes, mas conhecidas. Há tabelas quedão os valores de pressão osmótica correspondentes a diferentes concentrações de um determinado soluto. A solução de equilíbrio a ser considerada será aquela que provocar plasmólise em pelo menos 50% das células observadas. 15 Objetivos Observar o fenômeno da plasmólise em células vegetais. Protocolo Material Cebola roxa Sacarose ou NaCl 0,5 M e água destilada Microscópio, lâmina e lamínulas Vidros-de-relógio, pipetas, pinça de ponta fina, gilete Procedimento 1. Fazer pequenas incisões com uma gilete na epiderme da cebola 2. Usando uma pinça de ponta fina, destacar, a partir das incisões, retalhos da epiderme. 3. Colocar alguns retalhos de epiderme na solução 0,5 M ou em água destilada por cerca de 30 minutos. 4. Montar alguns destes cortes ou folhas em lâmina e lamínula, com uma gota da solução em que estavam, e observar ao microscópio. 5. Observar o fenômeno da plasmólise no material incubado na solução de açúcar ou sal e comparar com a turgidez celular do material incubado em água. 16 VI. POTENCIAL HÍDRICO Introdução Em fisiologia vegetal, é costume se expressar a energia livre da água através do chamado Potencial Hídrico, simbolizado pela letra grega w. O potencial hídrico expressa a quantidade de energia livre por unidade de volume de água (unidades de pressão, como bar, MPa, atm), comparado com o potencial hídrico da água pura, a pressão atmosférica e a mesma temperatura que a água do sistema. Como o potencial hídrico da água pura nestas condições tem, por convenção, valor zero, o potencial hídrico de soluções assume valores negativos. Ou seja, quando acrescentamos um soluto qualquer à água pura, estamos diminuindo o seu potencial hídrico, tornando-o mais negativo. Portanto, quanto mais concentrada é uma solução, mais negativo é seu potencial hídrico. O efeito do soluto sobre o potencial hídrico é o de diminuí-lo. A osmose, que é um tipo especial de difusão, ocorre quando existe uma diferença de potencial químico ou potencial hídrico entre sistemas separados por uma membrana semipermeável. Esta diferença determinará a direção predominante em que o solvente se difundirá. Se de um lado do sistema houver água pura (w = 0), e do outro uma solução aquosa (w < 0), o movimento predominante da água se dará do compartimento com água pura (maior w) para o compartimento da solução (menor w). No caso da osmose, a difusão da água causará o surgimento de uma pressão hidrostática ou de parede, a qual contrabalançará a tendência de difusão de água pura para a solução. Isto significa que a pressão consegue anular o efeito do soluto. Se o soluto faz diminuir o potencial hídrico, a pressão, por sua vez, faz com que ele aumente, alcançando o valor do potencial hídrico da água pura ou o da solução que esteja do outro lado da membrana. Portanto, se o potencial hídrico de uma célula for igual a zero, significa que a pressão hidrostática ou de parede que atua sobre a célula é de valor igual ao seu potencial osmótico, porém com sinal contrário. Assim, podemos distinguir dois componentes principais do potencial hídrico: um potencial de soluto ou potencial osmótico, cujo efeito é reduzir o potencial hídrico, e um potencial de pressão, que, via de regra, aumenta o potencial hídrico. Obs: em contraste com a pressão de parede ou de turgescência, normalmente presente em células vegetais, a água nos vasos condutores do xilema se encontra normalmente sob tensão, o que significa uma pressão negativa, que resulta na diminuição do potencial hídrico. O potencial hídrico pode ser representado pela seguinte equação: w = p + , sendo: w = potencial hídrico da solução ou o do suco celular. p = pressão hidrostática ou de parede. = potencial osmótico da solução ou do suco celular 17 Objetivos Determinar o potencial hídrico de um tecido vegetal através da identificação de uma solução de equilíbrio em que não haja alteração no peso do tecido (método da pesagem do tecido). Protocolo 1. Método da pesagem do tecido Material Batata inglesa. Fura-rolhas de 2-3 cm de diâmetro (ou tampa de garrafa rosqueada). Balança, faca ou gilete, pinça, placas de Petri, papel de filtro. Sacarose ou NaCl 0,5M (a partir desta preparar 0,1 - 0,2 - 0,3 - 0,4M), água destilada Procedimento 1. Colocar 30ml de água destilada e de cada uma das cinco soluções de sacarose ou NaCl em 6 diferentes placas de Petri. Anotar a concentração existente em cada uma. Daqui em diante trabalhar o mais rápido possível. 2. Tomar uma batata e retirar 6 cilindros de 4 cm cada um, com o fura-folhas (retirar casca das extremidades). 3. Cortar os cilindros em fatias de 3 a 5 mm de espessura e pesá-los separadamente. 4. Colocar os discos de cada cilindro nas placas com as respectivas soluções, onde deverão permanecer por cerca de 1 hora. 5. Retirar os discos, secar com papel de filtro e pesá-los novamente. 6. Calcular a diferença entre os pesos iniciais e finais dos discos de cada solução. 7. Se ocorrer o caso em que não exista variação de peso, a concentração da solução será igual a do tecido da batata. Portanto, os potenciais hídricos serão iguais. Consultar a tabela de potencial osmótica da página 18. 8. É mais comum ocorrerem variações de peso para mais ou para menos, ou seja, em algumas soluções o tecido absorve água e em outras perde. Fazendo-se um gráfico semelhante ao da figura 2 (na ordenada as variações positivas ou negativas no peso e na abscissa, as molaridades), é possível localizar a solução de equilíbrio no ponto em que a reta gerada pelos valores de aumento e perda de peso corta a linha de variação zero. Os valores de pressão poderão ser encontrados na tabela de potencial osmótico da página 18. tecido absorve água tecido perde água Molaridade V ar ia çã o d e pe so 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0 + - te ci do a bs or ve á gu a te ci do p er de á gu a 18 Fig. 2 tecido absorve água tecido perde água Molaridade V ar ia çã o d e pe so 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0 + - te ci do a bs or ve á gu a te ci do p er de á gu a 19 TABELAS DE POTENCIAL OSMÓTICO* Valores de potencial em atm Soluções molares de sacarose a 20◦C _________________________________________________________________ Molaridade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 _________________________________________________________________ 0,0 0 -0,3 -0,5 -0,8 -1,1 -1,3 -1,6 -1,9 -2,1 -2,4 0,1 -2,6 -2,9 -3,2 -3,4 -3,7 -4,0 -4,2 -4,5 -4,7 -5,0 0,2 -5,3 -5,6 -5,9 -6,1 -6,4 -6,7 -7,0 -7,3 -7,5 -7,8 0,3 -8,1 -8,4 -8,7 -9,0 -9,3 -9,6 -9,9 -10,2 -10,5 -10,8 0,4 -11,1 -11,4 -11,7 -12,1 -12,4 -12,7 -13,0 -13,3 -13,7 -14,0 0,5 -14,3 -14,6 -15,0 -15,3 -15,6 -16,0 -16,3 -16,7 -17,1 -17,4 0,6 -17,8 -18,1 -18,5 -18,9 -19,2 -19,6 -20,0 -20,4 -20,7 -21,1 0,7 -21,5 -21,9 -22,3 -22,7 -23,1 -23,4 -23,8 -24,3 -24,7 -25,1 0,8 -25,5 -26,0 -26,4 -26,8 -27,2 -27,6 -28,0 -28,4 -28,8 -29,3 0,9 -29,7 -30,2 -30,7 -31,1 -31,6 -32,1 -32,6 -33,1 -33,6 -34,1 1,0 -34,6 -35,1 -35,7 -36,2 -36,7 -37,2 -37,7 -38,2 -38,8 -39,3 Valores de pressão osmótica de Urspring & Blum (1916) - Ber. Deutsch. Bot. Ges. 34: 525-554, citado por Meyer, Anderson & Swanson (1955) convertidos em valores de potencial osmótico pela atribuição de sinal negativo. Soluções molares de NaCl a 20◦C __________________________________________________________________ Molaridade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 __________________________________________________________________0,0 0 -0,4 -0,9 -1,3 -1,7 -2,2 -2,6 -3,0 -3,5 -3,9 0,1 -4,3 -4,8 -5,2 -5,6 -6,1 -6,5 -6,9 -7,3 -7,8 -8,2 0,2 -8,6 -9,1 -9,5 -9,9 -10,3 -10,8 -11,2 -11,7 -12,1 -12,5 0,3 -13,0 -13,5 -13,8 -14,3 -14,7 -15,1 -15,6 -16,0 -16,4 -16,9 0,4 -17,3 -17,7 -18,2 -18,6 -19,0 -19,5 -19,9 -20,3 -20,8 -21,2 0,5 -21,6 -22.1 -22,5 -22,9 -23,4 -23,8 -24,2 -24,6 -25,1 -25,5 0,6 -25,9 -26,4 -26,8 -27,2 -27,7 -28,1 -28,5 -29,0 -29,4 -29,8 0,7 -30,3 -30,7 -31,1 -31,6 -32,0 -32,4 -32,9 -33,3 -33,7 -34,2 0,8 -34,6 -35,0 -35,5 -35,9 -36,3 -36,8 -37,2 -37,6 -38,1 -38,5 0,9 -38,9 -39,4 -39,8 -40,2 -40,6 -41,1 -41,5 -42,0 -42,4 -42,8 1,0 -43,2 -43,7 -44,1 -44,5 -45,0 -45,4 -45,8 -46,3 -46,7 -47,1 Segundo Salisbury & Ross (1992), com valores de pressão osmótica convertidos em valores de potencial osmótico pela atribuição de sinal negativo. *Em soluções submetidas apenas à pressão atmosférica, o potencial osmótico é igual ao potencial hídrico da solução. 20 VII. TRANSPIRAÇÃO Introdução A transpiração é a perda de água sob a forma de vapor por uma planta viva. No vegetal ocorre transpiração caulinar e foliar sendo que a primeira é de pouca importância para os mecanismos fisiológicos. A taxa transpiratória foliar é diretamente proporcional à diferença de pressão parcial do vapor de água entre a folha e a atmosfera circundante (demanda evaporativa da atmosfera), e inversamente proporcional ao somatório das resistências oferecidas à saída do vapor d'água: resistências da folha (estomática ou cuticular) e do ar (camada limítrofe). A transpiração foliar pode ser cuticular e estomática. A cuticular não é regulável a curto prazo, dependendo apenas da espessura da cutícula e depósitos lipídicos sobre a mesma, sendo que seus valores representam em média 1 a 10% da estomática. A transpiração estomática, ao contrário, é regulável em curto prazo através da abertura e fechamento dos estômatos, razão pela qual todo e qualquer fator que atue sobre o mecanismo estomático atuará sobre a taxa transpiratória. Luz, temperatura, umidade atmosférica e estado de hidratação da plantas são fatores importantes que atuam sobre o grau de abertura dos estômatos. Tanto a transpiração estomática como cuticular são ainda afetadas pela presença de uma camada de ar parado e úmido junto à superfície da folha, chamada camada limítrofe. A espessura desta camada depende da velocidade do vento e do tamanho da folha. Existem diferentes metodologias para se avaliar a transpiração, entre as quais podemos destacar: perda de peso de planta envasada, perda de peso de ramos ou folhas destacados, potometria, porometria e métodos psicrométricos. Objetivos 1. Quantificar a transpiração através de diferentes métodos 2. Determinar os efeitos de alguns fatores externos na transpiração 3. Demonstrar a teoria coeso-tenso-transpiratória. Protocolo I. Potometria Material Ramos de árvores, pipetas de 10ml, suportes, mangueiras, baldes. Ventilador, lâmpadas, tesoura, papel, barbante, faca. 21 Procedimento 1. Monte uma pipeta conectada a uma mangueira e encha todo o sistema com água. 2. Corte um ramo de uma planta sob a água e coloque imediatamente uma gota de água sobre a região cortada. 3. Conecte a mangueira ao vegetal de tal forma que não se forme bolha de ar, amarrando com barbante. 4. Deixe o sistema em repouso por cerca de 10 minutos, nas condições existentes no laboratório (condição controle). 5. Passados os 10 minutos meça a quantidade de água absorvida em um período de 10 a 20 minutos. 6. Coloque o sistema nas condições estabelecidas para o seu grupo* e deixe o sistema se equilibrar com as novas condições por cerca de 10 minutos. 7. Repetir o procedimento do item 5. 8. Calcule o volume de água absorvido (transpirado) pelo ramo tanto nas condições controle (item 5) quanto nas condições experimentais (item 8). Expresse esse valor em ml H2O / min. 9. Calcule a razão entre o volume de água absorvido por minuto nas condições experimentais e a mesma taxa nas condições controle. *: serão testados os efeitos do vento e luz sobre a transpiração foliar. Os tratamentos a serem impostos deverão incluir a presença e ausência de fonte luminosa, combinados com a presença e ausência de vento. Um grupo manterá seu ramo nas condições controle. II. Demonstração da Teoria Coeso-Tenso-Transpiratória (Fig. 3) Material Galho de árvore com 10 a 15 folhas, tubo de vidro, tubo de borracha Barbante, suporte, béquer de 100ml, água com corante, atmômetro de gesso. Procedimento 1. Cortar um ramo cujo diâmetro da extremidade permita introduzir o mesmo no tubo de borracha. 2. Introduzir uma das extremidades do tubo de vidro até a metade do tubo de borracha e amarrar bem com barbante. 22 3. Encher os tubos com água. 4. Introduzir a parte cortada do ramo na abertura superior do tubo de borracha evitando bolhas de ar. 5. Introduzir a parte inferior do tubo de vidro no béquer com mercúrio. 6. Fixar o conjunto a um suporte e observar a ascensão do mercúrio. 7. Montar um conjunto semelhante, utilizando um atmômetro de gesso e comparar. 8. Interprete os resultados à luz da teoria coeso-tenso-transpiratória. cone de gesso corante corante Fig. 3 23 VIII. PIGMENTOS VEGETAIS Introdução Compõem-se os pigmentos cloroplastídicos das plantas de clorofilas a e b e de carotenóides (carotenos e xantofilas) (fig. 4). Todas as clorofilas possuem a mesma estrutura fundamental do tipo porfirina, com um núcleo tetrapirrólico. Neste núcleo encontra-se o magnésio em forma não iônica, unidos aos vértices dos pirróis. Os carotenoides (carotenos e xantofilas) são terpenos de 40 carbonos, de estrutura simétrica com anéis nas extremidades. São de cor amarela ou alaranjada, sendo que as xantofilas possuem oxigênios. Quase todas as clorofilas absorvem luz de banda vermelha e azul violeta do espectro, salvo a bacterioclorofila, que absorve no infravermelho, no azul violeta e ultra- violeta. Sob iluminação com diversos comprimentos de onda, a clorofila mostra uma banda fluorescente no vermelho, ou seja, ela emite fluorescência vermelha quando excitada com luz visível. Esta é uma de suas propriedades características. Uma técnica simples de separação dos pigmentos cloroplastídicos é a cromatografia em papel, baseada nas diferentes partições do tipo líquido-líquido dos componentes de uma mistura sobre um suporte de papel de filtro. Os componentes básicos da cromatografia em papel são: fase estacionária, constituída pelo sistema água- celulose; fase móvel, constituída pelo solvente ou mistura de solventes. Os constituintes separados são identificados pelo Rf ("Retardation factor"), que corresponde ao quociente da distância percorrida pelo solvente, e variando de 0 a 1. O Rf depende da afinidade (solubilidade) do soluto para com as fases móvel e estacionária. β-caroteno Xantofilas β-caroteno Fig. 4 24 Objetivos 1. Separar os pigmentos cloroplastídicos 2. Verificar algumas propriedades dos pigmentos vegetais Protocolo 1 – Cromatografia em Papel Material Folhas verdes, almofariz e pistilo Carbonato de Magnésio, Álcool 96º Proveta 10 ml Câmara cromatográfica, etanol Papel Watmann no 1 ou Watmann 3MM para cromatografia Régua, lápis, clips, cordão, algodão Micropipeta, secador de cabelos Procedimento 1. Pese cerca de 1g de folhas verdes desprovidas das nervuras principais, introduzindo num almofariz pequeno. 2. Adicione uma pitada de carbonato de magnésio. 3. Triture com opistilo até obtenção de polpa fina. 4. Adicione 5 ml de álcool 96º GL e continue triturando. 5. Transfira para proveta de 10 ml filtrando através de algodão. 6. Repita a extração com mais 5 ml de álcool. 7. Sature uma câmara cromatográfica com etanol até uma altura de 2 cm. 8. Utilize um retângulo de papel filtro de 5 X 15 cm. 9. Dobre o papel pela metade o coloque em pé em uma placa de petry 10. deseje o seu extrato na placa de petry e observe a separação dos pigmentos no papel. 11. após obter uma separação dos pigmentos seque o papel com secador de cabelo. 12. Cessado o desenvolvimento, examine imediatamente o cromatograma. 13. Calcule o Rf dos pigmentos separados no cromatograma e discuta os resultados em função da afinidade dos mesmos para com os solventes utilizados. 25 14. Responda: por que se utiliza carbonato de magnésio no processo de extração? 2. Fluorescência das Clorofilas Material Extrato de clorofila, fonte luminosa Procedimento 1. Tome cerca de 3ml de extrato do experimento de cromatografia ou dissolução, coloque em tubo de ensaio e observe junto à fonte luminosa a luz emitida. 2. Por que as clorofilas apresentam fluorescência e de que cor é a mesma? 26 IX. FOTOSSÍNTESE Introdução A energia mediante a qual todas as células vivas mantêm sua complexa organização e finalizam seus processos vitais provém diretamente da energia contida nas ligações químicas das moléculas orgânicas. A energia necessária para produzir estas moléculas provém, em última análise, da energia solar através da fotossíntese. No processo fotossintético, a energia absorvida pela clorofila converte-se em energia química, sendo utilizada no processo de redução do CO2 na fase escura da mesma. Existem vários fatores que afetam a fotossíntese: teor de clorofila, concentração de gás carbônico e oxigênio, intensidade luminosa, temperatura, acumulação de produtos fotossintéticos e disponibilidade de água. Todos os fatores mencionados anteriormente podem influir simultaneamente na fotossíntese. Se um deles é limitante, vai limitar a intensidade da fotossíntese independentemente dos demais. Assim, mesmo com luz intensa, a respiração ou liberação do CO2 poderá exceder a fotossíntese ou assimilação do CO2 se não for oferecido CO2 à planta. A sacarose e o amido são os principais açúcares produzidos na fotossíntese, sendo o primeiro produzido quando há demanda de crescimento e/ou de energia, e o segundo quando a produção fotossintética excede a demanda. Neste caso, o amido produzido é estocado nos plastídios (cloroplastos ou amiloplastos) e convertido em sacarose quando a demanda por este açúcar exceder a produção fotossintética. Assim, o amido estocado ao longo do dia tende a ser consumido durante a noite, quando não há atividade fotossintética. Objetivos Estudar alguns fatores (luz, CO2, clorofila) que interferem no processo fotossintético e relacioná-los entre si. Protocolo 1. Efeito da Luz, Clorofila e CO2 na Formação de Amido Material Copo de 250 ml, placa de vidro ou de Petri. Álcool etílico, água em ebulição. Banho-maria Lugol (solução de iodo-iodeto de potássio). Folhas variegadas de Coleus sp. submetidas a diferentes tratamentos 27 Procedimento 1. Tome uma folha variegada de Coleus e desenhe-a mostrando a forma e coloração das manchas. 2. Mergulhe a folha por um minuto em água fervente, mantendo-a presa a um barbante. 3. Transfira para álcool etílico em banho-maria até completa despigmentação. 4. Coloque-a com a face dorsal para cima em placa de vidro e aplique água sobre sua superfície para reidratação. 5. Com o auxílio de papel absorvente, remova o excesso de água sobre a folha. Então, aplique lugol sobre sua superfície. 6. Efetue o mesmo procedimento com uma outra folha que tenha permanecido no escuro ou desprovida de CO2 por 3 a 4 dias. 7. Responda: que relação existe entre clorofila, luz e CO2 e a formação de amido? Como se explica o acúmulo de amido em órgãos não fotossintetizantes? 28 X. RESPIRAÇÃO Introdução Respiração é a oxidação de substâncias em células vivas com a consequente liberação de energia, que se processa de forma gradual graças à ação de enzimas. Como resultado do processo respiratório, a energia química potencial, que reside nas ligações de açúcares, é transferida para as ligações de fosfato de alta energia, sendo então armazenada sob a forma de ATP. Vários produtos intermediários, ao invés de serem oxidados, podem servir para a síntese de novos compostos como proteínas e outros. Durante o processo respiratório, é consumido oxigênio e liberado gás carbônico segundo a equação: C6H12O6 + 6O2 — 6H2O + 6CO2 + 745Kcal/mol Desta forma é possível quantificar a respiração, tanto através da absorção de Oxigênio quanto através da liberação de gás carbônico. A taxa respiratória é variável para diferentes órgãos vegetais de uma mesma planta, sendo que as maiores taxas são encontradas nas folhas. A respiração é normalmente elevada em tecidos de intensa atividade metabólica, que requerem consideráveis quantidades de energia, como meristemas e sementes em germinação. Vários fatores externos influem no processo respiratório, podendo ser destacados temperatura, concentração de oxigênio e gás carbônico, e o grau de saturação hídrica do tecido, o qual depende da disponibilidade externa de água. Objetivos Demonstração do fenômeno da respiração (liberação de CO2 e consumo de O2). Protocolo 1. Consumo de O2: Material Balão de vidro, tubo de ensaio, rolha de borracha atravessada por tubo de vidro Béquer de 100 ml com água corada, suporte de laboratório com anel de sustentação KOH em pastilhas ou bastões, 5 bananas Procedimento: 29 1. Colocar o material a respirar dentro do balão, pendurando-o com a boca do gargalo para baixo, no anel do suporte. As sementes ou pétalas podem ser sustentadas por uma mecha de algodão no gargalo do balão. 2. O balão será fechado pela rolha atravessada pelo tubo de vidro. Antes de fechar o balão, introduzir no gargalo o tubo de ensaio curto contendo KOH, sustentando-o então com a rolha. 3. A extremidade inferior do tubo que atravessa a rolha deve mergulhar no béquer contendo água corada. 4. Observar, por 1 a 2 horas, a ascensão da água corada. Explicar. 30 XI. FERMENTAÇÃO Introdução Alguns organismos obtêm a energia necessária para a manutenção de seus processos metabólicos através de degradações incompletas de compostos orgânicos. Essas degradações se dão comumente em meio anaeróbico e levam o nome de fermentação. Após uma série de degradações, resultam produtos finais que não são mais transformados, mas acumulam-se no meio. Conforme o produto resultante, caracteriza-se o tipo de fermentação: alcoólica, láctica, acética, butírica, oxálica, cítrica, etc. O tipo mais frequente de respiração anaeróbica em plantas é a fermentação alcoólica. O primeiro passo no processo de fermentação, a glicólise, ocorre da mesma forma que na respiração aeróbica. Porém o ácido pirúvico formado não entra no ciclo de Krebs, ocorrendo uma descarboxilação do ácido, formando-se acetaldeído que será reduzido originando álcool etílico. Este processo é menos eficiente que a respiração aeróbica no que se refere a energia liberada. A equação a seguir ilustra a fermentação alcoólica: C6H12O6 enzimas 2 CO2 + 2 CH3-CH2-OH + 21 Kcal/mol GLICOSEETANOL Este processo é realizado pelos levedos, por algumas bactérias e até mesmo por plantas superiores, quando estas não dispõem de oxigênio devido ao mau arejamento dos tecidos. O exemplo clássico do organismo que realiza este tipo de fermentação é o levedo de cerveja, Saccharomyces cerevisiae. Durante a fermentação pelo levedo, um dos produtos, o CO2, é liberado constantemente, enquanto o álcool etílico se acumula no meio. Se a quantidade de álcool atinge um certo nível no meio (de 12 a 16%), a atividade da levedura é inibida, embora nem todo o substrato tenha sido fermentado. Objetivos Comprovar que nem todos os açúcares servem de substrato para fermentação pela levedura. Protocolo 1. Açúcares fermentáveis e não fermentáveis Material Tubos de fermentação ("einhorn" - Kuhne) Soluções de glicose, sacarose, maltose, amido, lactose e frutose a 1% 31 Fermento de padeiro (Fleischmann) em tablete, pastilhas de KOH Procedimento 1. Encher vários tubos, inclusive o ramo mais longo, cada um com uma solução de açúcar diferente. 2. Introduzir nos tubos quantidades iguais (mais ou menos 200mg) de fermento. 3. Colocar os tubos na estufa a 35◦C por uma hora. 4. Comparar as diferentes quantidades de gás formadas em cada tubo. 5. Identificar o CO2: colocar uma pastilha (ou mais) em cada tubo, arrolhar, inverter uma ou mais vezes, desarrolhar. 6. Explicar os resultados obtidos. Obs: não havendo tubos "einhorn", usar dois tubos de ensaio de diâmetro diferente, emborcando o menor dentro do maior, ambos cheios com a solução de açúcar e com o fermento no fundo interno do maior. 32 XII. REGULADORES HORMONAIS DE CRESCIMENTO VEGETAL (RCV) Introdução Os reguladores hormonais de crescimento vegetal (RCV) são agentes importantíssimos nos processos de morfogênese, diferenciação e crescimento, atuando na resposta das plantas ao meio ambiente e a fatores intrínsecos. Os hormônios vegetais são compostos orgânicos, que precisam de quantidades muito pequenas para atuar. A atuação dos mesmos pode-se dar no próprio local de síntese ou em outra parte da planta, para onde são translocados, induzindo respostas bioquímicas, fisiológicas e/ou morfológicas específicas, tendo a capacidade de promover, inibir ou alterar qualitativamente o crescimento e o desenvolvimento vegetal. Estes efeitos são resultantes de sua ação sobre o metabolismo e a regulação gênica. Algumas classes de hormônios são bastante conhecidas, como as auxinas, giberelinas, citocininas, ácido abscísico e etileno. As auxinas são derivadas do indolil (como o triptofânio) e possuem ação variada, podendo promover ou inibir o crescimento, dependendo da concentração; estimular a formação de raízes e outros tecidos; manter a dominância apical; promover o alongamento celular etc. As giberelinas são diterpenos derivados do ácido mevalônico e atuam semelhantemente às auxinas, mas possuem ação específica na reversão do nanismo, promovendo a elongação de entre-nós e a quebra da dormência de gemas e sementes induzindo a síntese de alfa-amilase e a germinação de sementes fotoblásticas, etc. As citocininas são reguladores derivados da adenina e atuam na promoção da divisão celular, na força de dreno, no retardo da senescência e, em combinação com auxina, na determinação da morfogênese. O ácido abscísico (ABA) induz o fechamento estomático, a supressão do crescimento em geral, o processo de maturação de sementes, etc. O etileno é um gás derivado da metionina, tendo ação inibitória geral sobre o crescimento, elongação de entre-nós (aumentando o crescimento radial) e gemas laterais; é promotor da senescência e amadurecimento de frutos climatéricos, da formação de aerênquima, da epinastia foliar, etc. Objetivos 1. Observar alguns dos efeitos dos hormônios no crescimento e desenvolvimento vegetal. 2. Reconhecer a complexidade dos efeitos dos hormônios vegetais. 33 Protocolo 1. Ação da auxina sobre o crescimento direcional Material 3 plantas envasadas de Impatiens (Beijo ou ‘sempre-em-flor’) ou Coleus Vaselina sólida + 10 mg AIA (misturar o pó na vaselina) Papel laminado Procedimento 1. Aplicar de um dos lados do caule, a vaselina em pasta com AIA, da seguinte forma: a - a 3 cm do ápice da planta b - na porção média do caule c - na base do caule da planta 2. Cobrir o local da aplicação cuidadosamente com papel alumínio. 3. Colocar as três plantas na bancada para cultivo. 4. Observar os resultados após uma semana. 2. Efeito de auxina no enraizamento de estacas Material 5 boréis de 50 ml de capacidade 5 plantas de feijão com 12 dias de idade Ácido indol-butírico (AIB) nas concentrações de 0,1, 1, 10 e 50 mg/l 1 balão volumétrico de 100 ml, pipetas, bastão de vidro, proveta de 100 ml. Pinça, régua, balança Procedimento: 1. Preparar as soluções de AIB, fazendo primeiro a mais concentrada. 2. Colocar as soluções nos boréis (30 ml) nas seguintes concentrações: a - 30 ml de água destilada (controle) b - 30 ml de AIB 0,1 mg/l c - 30 ml de AIB 1 mg/l d - 30 ml de AIB 10 mg/l e - 30 ml de AIB 50 mg/l 3. Cortar as plantas 4 a 5 cm abaixo da inserção dos cotilédones (rapidamente colocá-las nos boréis com solução tratamento para evitar estresse). 4. Colocar um chumaço de algodão na boca do borel para evitar evaporação. Envolver o borel com folha de alumínio. 34 5. Cultivar até 7 dias sob luz em qualquer fotoperíodo, cuidando de manter o nível do líquido no borel. 3. Ação de citocininas no retardo da senescência foliar Material Folhas verdes de couve Tesoura Placas de petri Papel de alumínio Soluções de cinetina (2,5 e 5 ppm) Água destilada Procedimento 1. Recortar 3 pequenos quadrados (~2 x 2 cm) das regiões mais verdes da folha de couve, evitando a nervura central. 2. Colocar, em cada uma de 3 placas de petri, 1 quadrados de couve e cobrir os mesmos com cerca de 5 ml de cada uma das duas soluções de cinetina ou 5 ml de água destilada (controle). 3. Colocar as placas em ambiente escuro 4. Analisar o grau de senescência dos quadrados de couve após uma semana 4. Efeito de giberelinas no crescimento de ramos laterais em feijão Material 2 plantas de feijão com cerca de 12 dias de idade. 2 boréis, pipetas, gilete, algodão, etiquetas Solução GA3 (50 ppm), água destilada. Procedimentos: 1. Cortar as plantas junto ao solo colocando-as imediatamente num borel com água. 2. Cortar o caule logo acima da inserção das folhas primárias (retiram-se assim as primeiras folhas trifolioladas). 3. Colocar no local do corte, acima das gemas laterais, um pequeno chumaço de algodão. 4. Gotejar sobre o algodão algumas gotas de GA3, em uma das plantas. 5. Gotejar na outra planta, algumas gotas de água. 6. Após uma semana de cultivo na bancada sob luz, medir o comprimento dos ramos formados. 35 XIII. MOVIMENTOS VEGETAIS Introdução As plantas apresentam vários tipos de movimentos, como os tropismos e as nastias. Estes movimentos podem obedecer a estímulos externos ou ao ritmo endógeno do vegetal. Os movimentos direcionais em resposta a estímulos exógenos são chamados tropismos, e são causados por crescimento devido ao alongamento celular diferencial. Este crescimento pode ser atribuído à distribuição assimétrica de promotores ou inibidores do alongamento. Os fatores externos que afetam estes movimentos são muitos, como luz (fototropismo), gravidade (gravitropismo), contato (tigmotropismo), gradiente de potencial hídrico (hidrotropismo) e gradientesquímicos (quimiotropismo). As nastias são formas de movimento por crescimento não direcional ou por variação na turgescência celular (rápida e reversível). As nastias por crescimento são a epinastia e hiponastia, sendo devidas a diferenças de crescimento na parte superior ou inferior, respectivamente, do órgão. As nastias por variação de turgescência são a nictinastia e sismonastia. Os movimentos násticos são causados pela interação de fatores, como luz e temperatura, com os ritmos endógenos. Objetivos 1. Demonstrar diferentes tipos de tropismos vegetais e o fenômeno da epinastia 2. Discutir os possíveis mecanismos envolvidos nos diferentes tropismos na epinastia Protocolo 1. Epinastia (e gutação) Material 2 plantas envasadas de Coleus sp. comparáveis em tamanho (6 a 7 cm de altura) 2 campânulas de vidro, 1 maçã bem madura, 1 bacia Procedimento 1. Medir as alturas das plantas. 2. Cobrir cada planta com uma campânula, sendo numa delas previamente colocada a maçã. 3. Colocar as 2 campânulas na bacia. 4. Adicionar água até cobrir as bordas das campânulas uns 3 a 4 centímetros. 5. Verificar os resultados após 24 horas e após uma semana. 36 2. Gravitropismo negativo Material 2 plantas de Impatiens balsamina ou Coleus sp. envasadas Algodão, placa de petri, caixa de papelão ou câmara escura Procedimento 1. Colocar as plantas envasadas deitadas, apoiando o vaso em algodão umedecido contido em placa de Petri. 2. Acondicionar uma planta em câmara escura e a outra sob luminosidade homogênea. 3. Verificar o resultado diariamente ou após uma semana. 3 Fototropismo Material Sementes de milho ou alpiste Caixão de papelão (caixa opaca), papel filtro Vasos com terra, água destilada Procedimento 1. Colocar sementes de milho ou alpiste para germinar em dois vasos com terra. 2. Colocar um dos vasos sob luminosidade homogênea e o outro em uma câmara escura contendo uma janela lateral para iluminação. 3. Observar o crescimento dos dois conjuntos após uma semana. 37 XIV. GERMINAÇÃO Introdução Germinação é a retomada da atividade metabólica e crescimento pelos tecidos da semente, envolvendo a reidratação e a utilização de reservas nutritivas. Posteriormente, com o gradual desenvolvimento do sistema fotossintetizante, a jovem planta passa a assumir uma existência autotrófica. O primeiro processo que ocorre na germinação é a absorção de água, que envolve tanto embebição quanto osmose. A embebição coloidal é dominante na fase inicial da tomada de água. À hidratação, segue-se um estágio de intensa atividade metabólica. O desenvolvimento segue agora um curso diferente nas duas regiões funcionais da semente. O crescimento geralmente pode ser visualizado na radícula antes do que na plúmula. A emergência da radícula é frequentemente tomada como um critério de germinação. O metabolismo dos tecidos de reserva é dirigido para a hidrólise das reservas armazenadas e a translocação dos produtos solúveis resultantes para as regiões de crescimento. Um dos métodos mais simples, para se averiguar se um lote de sementes está vivo ou não consiste em fazer germinar uma amostra de sementes sob certas condições padronizadas, o qual é denominado teste de germinação. A desvantagem deste teste é que as sementes levam vários dias para germinar. Um outro método consiste em se expor a superfície de uma semente a um regente especial, que é uma solução de tetrazólio, a qual é incolor; tal procedimento é baseado na diferença de coloração produzida nos tecidos vivos colocados em contato com a solução, originalmente incolor. A reação das moléculas de tetrazólio se faz com átomos de hidrogênio liberados por enzimas do grupo das desidrogenases. Estas enzimas estão ligadas à respiração dos tecidos vivos e, pela reação, há produção de um pigmento vermelho insolúvel em água denominado Formazan. C19H15ClN4 2H + + 2e - C19H16N4 + HCl (Tetrazólio) (Formazan) Sementes de muitas espécies de angiospermas e gimnospermas não germinam logo após a colheita, mesmo sob condições de umidade, temperatura e tensão de oxigênio favoráveis ao crescimento. Estas sementes apresentam dormência, que resulta de condições internas da própria semente. Diversas causas de dormência têm sido reconhecidas, e sementes de muitas espécies exibem duas ou mais simultaneamente. Entre os fatores mais comuns que promovem dormência estão a impermeabilidade do tegumento à água e gases, a imaturidade do embrião, a necessidade de um período de 38 pós-colheita de armazenamento a seco, a resistência mecânica do tegumento, a presença de inibidores na semente ou fruto, a necessidade de luz ou escuro e a necessidade de temperatura baixa em condições hidratadas. Objetivos 1. Comparar e avaliar dois diferentes métodos de avaliação de lotes de sementes. 2. Analisar o efeito do potencial osmótico do meio externo no processo de germinação. 3. Compreender o papel do tegumento da semente no processo de dormência. Protocolo 1. Teste de germinação Material Sementes de soja, feijão, milho, trigo ou outras Placas de petri de 9 cm de diâmetro, papel filtro Hipoclorito de sódio a 2%, água destilada Procedimento 1. Tome 10–25 sementes de cada um dos materiais e submerja-os por 5 minutos em hipoclorito de sódio a 2%, lavando-as posteriormente em água corrente e destilada. 2. Distribua as sementes em placas de Petri forradas de papel filtro e 8ml de água destilada. 3. Ponha as sementes para germinar no escuro observando-as durante uma semana, adicionando água se necessário. 4. Ao final de uma semana, desmonte o experimento, conte as sementes germinadas (emissão de radícula) e expresse os resultados em porcentagem, comparando as espécies 5. Faça uma tabela com as porcentagens de germinação para as diferentes espécies e discuta-os. 2. Teste de viabilidade Material Sementes de soja, trigo, milho, feijão ou outros Placas de Petri, lâmina de barbear Solução de tetrazólio a 0,1% 39 Procedimento 1. Hidrate as sementes de soja, feijão, milho e trigo por um período de 12 horas em placa de Petri com papel filtro saturado. 2. Corte 10–25 sementes longitudinalmente através do embrião com uma lâmina de barbear, desprezando uma das metades. 3. Coloque a outra metade numa placa de Petri com a superfície cortada para baixo e cubra o fundo da placa com solução de tetrazólio. 4. Coloque as placas no escuro a uma temperatura de 35ºC por um período de 1– 2 horas. 5. Examine as sementes, comparando-as com o quadro fornecido, e expresse em porcentagem o número de sementes viáveis. 6. Compare os resultados obtidos com os testes de germinação e discuta-os. 3. Germinação e potencial de água Material Sementes de milho, soja, feijão, trigo, alface ou outra espécie Placas de Petri, papel filtro Hipoclorito de sódio a 2%, água destilada Soluções de NaCl 0,1 - 0,2 - 0,3 - 0,4 - 0,5 M Procedimento 1. Tome 6 lotes de 10–25 sementes dos materiais escolhidos e submerja-os por 5 minutos em hipoclorito de sódio a 2%, lavando-as posteriormente em água corrente e destilada. 2. A seguir seque-as rapidamente com papel filtro e pese-as. 3. Distribua as sementes de cada lote e espécie em placas de Petri forradas com papel filtro e 8 ml de cada solução de NaCl e água destilada. 4. Coloque as placas no escuro, observando-as durante uma semana, adicionando mais solução ou água se necessário. 5. Ao final de uma semana, desmonte o experimento, conte as sementes germinadas (emissão da radícula) e pese-as.6. Construa um gráfico relacionando o potencial hídrico da solução (consultar tabelas na página 17) e água absorvida. Construa um histograma com o número de sementes germinadas e tratamentos. 4. Quebra de dormência Material Sementes de maricá, canafístula, leucena ou outro material apropriado 40 Béquer de 100 ml, placas de Petri, papel filtro, lixa, lâmina de barbear ou tesoura Ácido sulfúrico a 70% Hipoclorito de sódio a 2%, água destilada Procedimento 1. Tome 3 lotes de 10–25 sementes cada um. 2. Coloque um dos lotes em béquer contendo ácido sulfúrico a 70% por 20–30 minutos. 3. Decante na pia e lave as sementes várias vezes com água corrente. 4. Coloque para germinar em placa de Petri com papel filtro e 8 ml de água destilada. 5. Tome o segundo lote, desinfeste-o em hipoclorito de sódio por 10 minutos, e com cuidado lixe as sementes ou faça um pequeno corte no tegumento e coloque-as para germinar. 6. Coloque o terceiro lote para germinar sem prévio tratamento, após desinfestá- lo com hipoclorito de sódio. 7. Após uma semana conte o número de sementes germinadas. 8. Compare os resultados expressando-os em percentagem de germinação e discuta-os em função do tegumento e mecanismos fisiológicos da germinação. 41 N. 1. GERMINABLE. Entire embryo stained bright red. N. 2-4. GERMINABLE. Extremities of scutellum unstained. N. 5-6. GERMINABLE. Extremities of scutellum unstained; non-critical portions of radicle unstained. N. 7-8. NON-GERMINABLE. Areas where seminal roots originate is unstained. N. 9. NON-GERMINABLE. Plumule unstained. N. 10. NON-GERMINABLE. Central portion of scutellum and area of seminal root development unstained. N. 11. NON-GERMINABLE. Plumule and radicle unstained. N. 12. NON-GERMINABLE. Unstained area or lower scutellum and radicle extends into region where seminal roots develop. N. 13. NON-GERMINABLE. Scutellum entirely unstained. N. 14. NON-GERMINABLE. Scutellum and radicle unstained N. 15. NON-GERMINABLE. Stain very faint pink N. 16. NON-GERMINABLE. Entire embryo unstained. DELOUCHE, STILL, RASPET & LIENHARD. 1962. The tetrazolium test for seed viability. Mississippi Agricultural Experimental Station Technical Bulletin 51:1-63.
Compartilhar