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Lei 9784 de 1999 Comentada Artigo por Artigo parte 2

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Para uniformizar as regras administrativa em relação aos processos administrativos no âmbito da Administração Pública - Lei 9784/99.
Continuação: 
CAPÍTULO VI 
DA COMPETÊNCIA
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Competência administrativa é a quantidade de poderes atribuídos a um órgão ou a agente da Administração Pública para realização de funções no âmbito administrativo. A Avocação no processo administrativo, a que a norma se refere, admite a avocação no processo administrativo, restringindo a hipótese de exceção e com a justificativa da autoridade responsável pelo avocatório. A lei estabelece requisitos, como por exemplo: Excepcionalidade, a Relevância do motivo e a Motivação da Transferência. 
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
Não fica muito clara a intenção do legislador, quanto a locução ‘’matéria de interesse especial’’. Os órgãos públicos e entidades, são dotados de uma sede. Como a sede, em regra, é o centro básico de atuação e decisão, dispõe a lei que deverão eles informar publicamente o loca de suas sedes.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.
Nos casos, onde a competência genérica, normalmente não está bem definida, a autoridade que será dotada de poderes específicos será as autoridades de menor grau hierárquico. Observa-se que é relevante atentar para o aspecto relativo ao poder de decidir conferido à autoridade, como prescreve a lei. Há uma série de agentes administrativos, ocupantes de patamares inferiores na hierarquia administrativa, cujas funções denotam obviamente serem eles destituídos de poder decisório.
CAPÍTULO VII
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:
SENTIDO – Impedimento é o fato que afasta o juiz do exercício de suas funções em determinada hipótese, em virtude de sua relação com o objeto do processo.
Ou seja, as questões que constituem os impedimentos não acarretariam, em tese, a incapacidade do administrador, como sucede também com o juiz, que, em certas ocasiões, poderiam ter imparcialidade para julga.
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
Há impedimento do administrador quando este possui interesse direto ou indireto com a matéria.
A diferença entre tais categorias de interesse reside no vínculo maior ou menor do interesse do agente no que se relaciona com a matéria do objeto do processo. Inexiste, contudo, uma linha demarcatória precisa para distingui-los. 
Será direito o interesse: quando não houver qualquer dúvida de que a autoridade desejaria ver a matéria tratada de determinada forma.
Será indireto o interesse: quando não será tão óbvio, mas resultara de uma série de indícios de que o agente receberá vantagem ou sofrerá prejuízo conforme a solução imprimida à matéria em questão.
II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
Há impedimento do agente quando este participa ou venha participar do processo como perito, testemunha ou representante. Essa hipótese, diferente a hipótese do inciso anterior, a denúncia será clara e objetiva.
A intenção da lei, é impedir que o agente funcione no processo administrativo em mais de uma função.
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
O litígio entre o agente e o interessado, ou qualquer outra figura, deste, seja qual for a via em que deduzido, provoca inegável desarmonia entre os litigantes. Dessa maneira, mesmo que o administrador fosse um modelo de imparcialidade e de impassibilidade, sempre poderia ter suas decisões influenciadas e carregadas, do decorrente litígio. 
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.
Normalmente, a competência para receber a comunicação é de seu superior hierárquico imediato, mas a lei pode indicar autoridade diversa para tomar ciência do fato. Se o administrador deixar de cumprir o dever de comunicar o impedimento, incorrerá em falta grave para fins disciplinares.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. 
A falta grave se caracterizara se o agente tiver plena consciência de que tem impedimento para intervir no processo. Nesse caso, é de supor-se que pretende agir sem a necessária igualdade de distância do interesse dos administradores e talvez se prevalecer de sua condição de agente público para fins não interessados em lei. 
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
O litígio pode gerar inimizade entre o interessado e o administrador. Observando esse fato, esse caso será de suspeição, que pode ser arguida pelo interessado ou declarada EX OFFICIO pela autoridade, casos em que está se afastará do processo. Haverá casos em que o agente sequer saberá que naquele caso há impedimento. Pode ocorrer que o agente já tenha funcionado em processo, mesmo com o impedimento, sem que nenhuma infração grave se atribuiu ao agente, porque claramente este não era o objetivo da lei. Fica entendido que, cada hipótese deve ser analisada com cuidado para evitar-se má aplicação da norma punitiva. 
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
São casos de recurso quando, não se conformando o interessado com a decisão indeferitória, poderá recorrer da decisão. Vale lembrar que o recurso, porém, como regra, não tem efeito suspensivo, significando que o ato de indeferimento da arguição produz seus efeitos normalmente, ou seja, o ato não tem paralisados seus efeitos pela interposição do recurso. 
Se o recurso for provido, sendo reconhecido o status de suspeição, o ato de indeferimento será anulado, e o efeito do provimento será o de anulação do processo a partir da intervenção do agente suspeito. Pode ocorrer, contudo, que, ao momento em que é provido o recurso, o processo já tenha definido a conduta do administrador suspeito em favor do administrado arguente. 
 
CAPÍTULO VIII
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
Primeiramente, torna-se relevante esclarecer o conceito de forma, sendo esta, um aglomerado de solenidade que precisam ser verificados para a plena eficácia do ato jurídico. Desta feita, entende-se que é em razão da forma que a vontade alcança a realidade, se transformando em um ato jurídico processual. 
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.
A condição de validade dos atos do processo administrativo é que sejam eles escritos. Dependendo de algumas especificidades de certas circunstâncias, possam ser verbais e depois reduzidos a termo e formalizadas no processo. Exige-se ainda que sejam os atos formalizados em vernáculo, ou seja, os atos processuais deveram ser escritos na língua do país. Em caso onde uma das partes sejam estrangeiras, deverá ser providenciada a tradução do documento, iniciativa essa que, como regra, deve caber ao interessado. E por fim, a formalização dos atos do processo se completa om a assinatura d autor e com a menção á data e ao local em que foram praticados. 
§ 2o Salvo imposição legal,o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
Em regra, as assinaturas são consideradas verdadeiras. Só será exigido o reconhecimento de firma, caso haja dúvidas quanto a autenticidade. De fato, a norma tem inegável alcance prático, pois que não só acelera o procedimento como ainda evita gastos dos interessados com Ofícios de Notas.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo.
A autenticação pelo órgão administrativo, tendem a ser mais apropriadas, porque além o meio mais rápido é também, o meio mais econômico para o interessado. Sempre que possível, a autenticação deverá ser realizada pelos órgãos administrativos ou pelos Ofícios de notas. 
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubricadas.
Isso ocorre para garantia dos interessados e da própria Administração. A numeração das páginas serve para indicar, de fato, a sequência em que os atos de autoridades e dos interessados se apresentam no processo e em que são acostados eventuais documentos apresentados por eles. Dessa forma, os atos processuais acabam ficando mais organizados, de maneira a ajudar o seu desenvolvimento. 
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.
A expressão ‘’dias úteis’’ acarreta as vezes imprecisão em seu sentido. Para alguns o entendimento é o de que a expressão indica o antônimo de feriados. Nenhuma lei, declara feriado aos sábados, de modo que, se o órgão administrativo funcionar aos sábados, poderão ser praticados atos nesses dias considerando-se, pois, que nesse caso serão tidos como dias úteis. 
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. 
O prosseguimento do ato constitui exceção e só é admissível quando o adiamento causar prejuízo ao procedimento ou provocar danos ao interessado ou a Administração. 
No CPC, há admissibilidade de semelhante no art. 172, parágrafo 1°: se o ato não for concluído até as 20 horas, pode ter continuidade se o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. 
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
A fixação de prazos pode variar. Depende da unidade federativa que disciplina seu processo administrativo. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o legislador optou pelo prazo de 15 dias, prazo bem superior ao fixado para a esfera federal. O prazo serve para evitar problemas indesejáveis no processo administrativo, dessa forma, ficou estabelecido o prazo de 5 dias, para os interessados participarem do feito. 
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.
Os prazos são estipulados para que os interessados procurem agilizar e otimizar o tempo para os andamentos do processo. Em casos onde ocorram a perda do prazo, é possível a dilatação do prazo, proporcionando a supremacia do princípio da segurança e da celeridade sobre aquele axioma. O prazo poderá ser estendido em casos onde haja motivo de força maior e que de fato, o motivo seja comprovado. 
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.
Preferencialmente os atos do processo devem ser realizados na sede do órgão. Entretanto, não existe problema ou motivos que impeçam de realizar em diversos lugares. A lei exige que em casos onde o ato for realizado em local diverso do da sede do órgão, o interessado deverá ser devidamente cientificado, para que ele tenha conhecimento do que está acontecendo. Se acaso isso não acontecer o ato praticado não terá qualquer eficácia em relação ao interessado, e este terá o direito de requer a repetição do ato, agora com a sua ciência prévia. 
CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
Esses procedimentos são chamados de: Objeto Específico. Esses objetos são categorias determinadas de atos processuais que devem ser objeto das intimações. São esses objetos que devem comunicar o interessado por meio de intimações. Os objetos são divididos em dois grupos: os atos restritivos e os atos benéficos. 
Os atos restritivos são aqueles que impõem deveres, ônus, sanções ou restrições a direitos e atividades do interessado. Esses deveres são obrigações que não podem deixar de ser cumpridas. O ônus é a situação que decorre do poder de opção conferido ao indivíduo. As sanções são os atos punitivos, praticados em virtude de conduta que infrinja determinada norma legal. E as restrições são as situações jurídicas que retratam a perda, temporária ou definitiva, de elemento constitutivo o exercício do direito. 
E por fim, temos os atos benéficos que são aqueles favoráveis aos interesses do administrado, porque representam, de certa forma, um ganho, ou um acréscimo. 
§ 1o A intimação deverá conter: 
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;
Como comum, a intimação deverá indicar qual o destinatário ou os destinatários da intimação, ou seja, deverá ter uma real identificação. Deverá indicar o nome do órgão ou entidade responsável pela intimação, elemento de extrema relevância para que o destinatário saiba a qual repartição deverá dirigir-se.
II - finalidade da intimação;
A intimação tem como finalidade, fazer com que o destinatário tome ciência de algum ato ou proporcionar-lhe uma oportunidade de diligência.
III - data, hora e local em que deve comparecer;
Essas informações só serão necessárias em casos onde é preciso o comparecimento do interessado. Sendo diferente disso, não será exigida, como nos casos em que a intimação só se destina para ciência de certo ato ao intimado. 
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;
Na relação dos elementos, impõe a lei que a intimação informe sobre se o intimado deverá comparecer pessoalmente ou não, para se apresentar. Isso deverá constar também, se haverá possibilidade do interessado, ser representado por terceiro, em casos excepcionais. 
V - informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento;
Esse inciso, deixa claro que o não comparecimento do intimado, não comprometera o seu prosseguimento, ou seja, a sua presença constitui ônus a seu cargo e que, mesmo estando ausente, o processo terá continuidade.
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
Como todo procedimento, é necessário fazer um relato dos acontecidos e deixar relatado o conflito. A intimação ato de ciência, não caberia o detalhamento excessivo dos fatos e fundamentos legais, já que estes já se encontram ou poderão encontrar-se no processo. 
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
Os instrumentos empregados para as intimações devem proporcionar a efetiva ciência, pelo destinatário, de que houve certa decisão no processo administrativo ou é necessário efetivar alguma diligência.
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
É necessário a ciência no processo, pois, é o fato pelo qual o interessado toma conhecimento, dentro do próprio processo, da decisão ou da providência a ser adotada.
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administradosupre sua falta ou irregularidade.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
No Processo Administrativo, diferente do processo judicial, a lei não admite a presunção de veracidade dos fatos, como ocorre no processo judicial em relação ao ato de citação. Isso importa que, o não comparecimento do interessado pode não lhe acarretar qualquer efeito gravoso, bastando que haja no processo outros elementos que supram o pedido solicitado. 
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado.
Então, o interessado não comparecendo para ser cientificado de alguma decisão, importante ou fundamental para a tutela de seu direito, de modo que, embora o processo tenha prosseguimento, poderá o desfecho ser prejudicial, resultando assim arcado com o ônus de sua própria inércia.
Da mesma forma que, o desatendimento da intimação não gera a renúncia do direito do interessado.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.
Conforme exposto no art.26: Esses procedimentos são chamados de: Objeto Específico. Esses objetos são categorias determinadas de atos processuais que devem ser objeto das intimações. São esses objetos que devem comunicar o interessado por meio de intimações. Os objetos são divididos em dois grupos: os atos restritivos e os atos benéficos. 
Os atos restritivos são aqueles que impõem deveres, ônus, sanções ou restrições a direitos e atividades do interessado. Esses deveres são obrigações que não podem deixar de ser cumpridas. O ônus é a situação que decorre do poder de opção conferido ao indivíduo. As sanções são os atos punitivos, praticados em virtude de conduta que infrinja determinada norma legal. E as restrições são as situações jurídicas que retratam a perda, temporária ou definitiva, de elemento constitutivo o exercício do direito. 
E por fim, temos os atos benéficos que são aqueles favoráveis aos interesses do administrado, porque representam, de certa forma, um ganho, ou um acréscimo.

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