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LINGUAGEM PUBLICITÁRIA REFERIDA ÀS MULHERES¹ Isadora Sine² Resumo: Este trabalho teve como objetivo geral analisar como a linguagem publicitária referida às mulheres evoluiu a partir dos anos 50 até os dias de hoje. Para atingir o objetivo, foi feita uma pesquisa descritiva exploratória de dados secundários, com o intuito de entender o que já foi publicado sobre o tema e como é vista a figura feminina no contexto social e cultural. Em um segundo momento, foi realizado um estudo de caso com campanhas dos anos 50 e após os anos 2000 para compreender como se deu a evolução da representação da mulher na publicidade ao longo dos anos. Palavras-chave: Publicidade. Mulheres. Linguagem publicitária. Abstract: This paper aimed to analyze how the advertising language developed from the 50s until nowadays. To achieve this goal, an exploratory descriptive research of secondary data was made, in order to understand what has already been published on the subject and how the female figure is seen in the social and cultural context. In a second moment, a case study was conducted with campaigns from the 1950s and after the year 2000 to understand how the evolution of the representation of women in advertising over the years has taken place. Keywords: Advertising. Women. Advertising language ________________________ ¹ Trabalho de Conclusão do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda – apresentado em novembro de 2017 – Centro Universitário Iesb – Brasília. ² Graduando em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda – Isadora Sine – email: isadorasine@gmail.com 1. Introdução Além de parte integrante fundamental de todas as sociedades existentes, a mulher também sempre possuiu um papel muito visado pela indústria: o poder de compra. Nos primórdios, onde não se cogitava existir consumo de hoje, a mulher já ditava importâncias em seu meio de convivência. Gilles Lipovetsky sintetizou em seu livro “A terceira mulher”, a existência dos três tipos de mulheres que existiram ao longo da história. Eva, primeira mulher, pecadora, suja e odiada pelo homem; a segunda mulher, na idade média, nasce com ideia contrária à Eva, sendo um anjo que acalenta o macho dominante pai, e seduz o macho dominante marido. A terceira mulher, segundo o autor, é a mulher- sujeito, que está sendo reconstruída nos tempos atuais. Ela ainda é assombrada pela mulher-objeto da Idade Média, ainda que tenha que contribuir com sua tripla jornada de mulher, mãe e profissional. Nos últimos cinquenta anos a condição feminina mudou mais do que a soma dos últimos milênios [...] A revolução feminina é inédita. A contracepção e o engajamento profissional da mulher jamais existiram. E não se trata de uma questão de sua natureza, foi uma construção social”. (LIPOVETSKY, 2000) Desde os primórdios da publicidade impressa, com enfoque no advento da televisão, a publicidade tem praticamente toda a sua visão voltada para a consumidora mulher. Começando pela criança, indo para adolescência, independência financeira, maternidade, mãe, em nenhuma fase da vida a mulher deixa de consumir. O mundo mudou, a mulher evoluiu, e a publicidade tenta se adaptar constantemente à essa nova consumidora, que antes era vista como opinante, e agora além disso, também é pagante. Segundo o especialista em marketing Mario Persona, além de consumir, a mulher também é grande responsável pelas compras do lar, e dos integrantes da família: “Por sua própria natureza, as mulheres são também grandes compradoras por causa de sua capacidade de atenção pulverizada. [...] São poucos os homens que compram para suprir necessidades da mulher, mas são muitas as mulheres que compram para suprir necessidades do homem. Daí seu extraordinário poder de compra e consumo” Entretanto, ao longo dos anos, a representação feminina na sociedade evoluiu, assim como a forma de retratar a mulher na mídia. A partir dessa premissa, este trabalho tem como objetivo geral analisar como a linguagem publicitária referida às mulheres evoluiu a partir dos anos 50 até os dias de hoje. Para alcançar esse objetivo, será realizada uma pesquisa descritiva exploratória de dados secundários, a partir de diferentes autores e estudiosos da linguagem publicitária para compreender como se deu sua evolução com o surgimento de novas mídias e estratégias publicitárias de comunicação e persuasão. Também será feito um estudo a partir de dados secundários de autores da figura feminina na sociedade e sua representação na publicidade, com o intuito de entender essa visão da figura feminina no contexto social e cultural e suas transformações ao longo dos anos. Em um segundo momento, será realizado um estudo de caso com a comparação de campanhas dos anos 50 e após os anos 2000, do segmento de higiene e beleza, que tende a ser voltado para o público feminino. O objetivo dessa etapa será compreender como se deu a evolução da representação da mulher na publicidade ao longo dos anos na prática. 2. A linguagem publicitária e a mídia A linguagem publicitária utiliza diversos recursos para influenciar o comportamento do consumidor por meio da argumentação e expressividade, como afirma Gonzalez (2003). Entre as técnicas usadas para o discurso publicitário está a persuasão ou convencimento, presente nos estudos de linguagem desde muito tempo atrás, na arte retórica de Aristóteles, que retrata formas textuais para provar, demonstrar, justificar e, portanto, persuadir alguém, segundo Citelli (2008). Para Dos Santos e Barbosa (2007), a publicidade tem um caráter persuasivo, comercial e sedutor, transmitido por meio da mídia. Para compreender como a linguagem publicitária evoluiu, é essencial entender as mudanças históricas que influenciaram a publicidade como um todo. Neste caso, é possível afirmar que as principais transformações ocorreram com o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, como sugerem Dos Santos e Barbosa (2007), bem como com o surgimento das mídias digitais. Este capítulo tem o objetivo de estudar a linguagem publicitária e os recursos utilizados para a técnica de argumentação, expressividade e persuasão do consumidor, bem como o seu desenvolvimento com o surgimento de novas mídias até os dias de hoje. 2.2 Evolução da mídia Ao longo do tempo, a tecnologia influenciou transformações na comunicação, principalmente na mídia. De acordo com Parry (2012), os canais de mídia objetivam entregar o conteúdo do emissor para o receptor por meio do discurso, da música, da imagem ou da escrita. Inicialmente, a comunicação era basicamente por meio de desenhos, música ou discurso sem intermediários. Após a escrita, o conteúdo passou a ser mediado e ampliado de um emissor para muitos receptores. A partir de então surgiu a imprensa e, com ela, a radiodifusão e a internet, que massificaram a comunicação. Vale ressaltar que as mídias novas não substituem as anteriores, mas evoluem e trazem novos elementos. Na figura 1 é possível notar essa evolução cronologicamente, com o desenvolvimento dos formatos de mídia. Figura 1 – Principais formatos de mídia Fonte: Parry, 2012 Ainda que todos os formatos sejam complementares, alguns foram mais significativos do que outros, pelo menos para a publicidade e a comunicação de massa. A televisão foi um dos meios que se sobressaiu, ao possibilitar o acesso à linguagem audiovisual dentro das casas e criar um vínculo maior do emissor com o receptor. 2.2.1 A televisão e o American Way of Life Após a primeira guerra mundial, na década de 20, mais especificamente após o tratado de Versalhes, os Estados Unidos da América se tornou uma potência mundial, não só a partir de sua exportação de produtos, mas também como um potencial influenciador de cultura, que viria ser reconhecido em âmbito mundial no futuro. Tal influência se denominou American Way of Life, que consistia em basicamente possuir felicidade por meio do consumo de produtos. Desde um aspirador de pó, até produtos de beleza, tal comportamento se tornou dominante, se fazendo necessário para a autoimagem do cidadão norte- americano, caracterizando sua identidade social. A expressão se tornou muito utilizada pela imprensa, se tornando cada vez mais atribuída aos cidadãos, no intuito de caracterizá-lo como um ser superior, fundamentando uma sociedade de patriotismo e nacionalismo extremo. Durante o século XX, o American way of life espalhou-se pelos quatro cantos do mundo, sendo adotado, incorporado e adaptado pelas mais diferentes culturas: do Japão ao México, do Leste Europeu ao Brasil. Os meios de comunicação tiveram papel fundamental na disseminação desse modo de vida, apresentando ao mundo suas características e seus procedimentos, de modo sedutor e convincente (GONÇALVES, 2003, p. 1). Na década de 1930, um acontecimento essencial e importante ocorreu: a introdução do televisor na sociedade. Este, que ganhou reparos até se transformar em um produto com tamanha visibilidade comercial que hoje possui, foi incrivelmente empregado para a divulgação do regime liderado por Hitler no nazismo e pouco tempo depois, investido por franceses, britânicos e americanos na construção de estúdios e na transmissão de imagens. Desde os primórdios da publicidade, enfaticamente após a introdução desse eletrodoméstico ao lar americano, a publicidade revolucionou com seu papel fundamental no que diz respeito ao consumo como um todo. 2.3 A mídia no Brasil No Brasil, a televisão é essencial no que diz respeito à publicidade, uma vez que a TV aberta alcançava 97% em 2015, segundo dados do IBGE (Teleco, 2016) e acumulava 55% da compra de anúncios publicitários em 2016, de acordo com dados da Kantar IBOPE Media (Adnews, 2017). Essa cobertura quase absoluta explica o alto investimento em publicidade no meio. A televisão paga também tem muita relevância para a publicidade, mas tem suas especificações. De acordo com a ABTA, cerca de 19 milhões de brasileiros assinam do serviço. Uma das características é ser um meio mais segmentado, uma vez que os assinantes tendem a ser de classes médias a altas. Outra mídia de radiodifusão de alcance alto é o rádio. Nas principais regiões metropolitanas do Brasil, o meio é ouvido por 89% da população, como afirmam dados da Kantar IBOPE Media. Ainda que as mídias tradicionais sigam com sua devida importância, o digital evolui e a se torna mais relevante a cada dia. Segundo dados do estudo Target Group Index, a internet cresceu 135% em dez anos, em algumas regiões metropolitanas do Brasil. Hoje alcança 61% da população dessas regiões. Com a internet, as marcas passaram a interagir com o consumidor e criou ainda mais vínculo por meio das redes sociais. De acordo com a pesquisa Internet Pop, mais de dois terços dos que acessam internet em casa navegam em redes sociais. Entre os internautas jovens, a proporção chega a 92%. 3. Figura feminina Os direitos femininos evoluíram nas últimas seis décadas, mas a mulher ainda sofre discriminação, principalmente nos países menos desenvolvidos, assim como continua a existir um padrão em que o corpo da mulher é objetificado para determinar seu valor, como sugerem Pereira e Veríssimo (2008). Para Dos Santos (2009), as mudanças do século XX ocorreram pela participação efetiva da mulher no mercado de trabalho e pela transformação de sua relação com o corpo, o que contribuiu para a construção de sua sexualidade. Dessa forma, o corpo passa a ter importância para o reconhecimento si própria, portanto pode ser a razão de algumas mulheres terem o desejo de alterá-lo por meio de mudanças estéticas e, logo, o corpo passa a ter valor de objeto, como já foi citado anteriormente. Para entender como a figura feminina chegou nesse papel apresentado pelos autores citados anteriormente, Lipovetsky (2000) faz uma construção ao longo da história. Após séculos de dominação dos homens na cultura, a mulher passa a assumir um papel cada vez maior. Ele considera a primeira mulher como a mais tradicional, como nos mitos de Eva e Pandora, inferiorizada e desprezada. A segunda surge na Idade Média e passa a ser idealizada, em vez de demonizada passa a ser adorada como a musa. No século XXI aparece a terceira mulher, emancipada, politizada, artista, executiva e em todos os papéis sociais. A mulher sujeito. Nesse contexto, a imprensa passa a ter importância para a construção da identidade da mulher, exercendo influência nos padrões de moda, na autoestima e na autenticidade e determinando a aparência como uma esfera essencial para a identidade feminina, como afirma Santaella (2008). 3.1. A figura feminina na publicidade A publicidade pode ser considerada como uma reprodução da realidade social, segundo Pereira e Veríssimo (2008). Por isso, é possível afirmar que os papéis femininos retratados na publicidade estão relacionados com a realidade social de cada época. Segundo os autores, o uso da mulher na publicidade se deve ao seu poder de influência na compra e pelo poder de sedução feminino. No entanto, Cugler e De Oliveira (2016) afirmam que enquanto a publicidade contribuía para a naturalização do conservadorismo a respeito do papel da mulher historicamente, o movimento feminista tentava acabar com os estereótipos feminino nas práticas culturais, sociais e psicológicas. Dessa forma, a publicidade não apenas retrata e reproduz a realidade social, mas reforça os discursos de gênero, além de criá-los e promovê-los. Hoje ainda existem muitas campanhas em que a mulher aparece como objeto ou submissa, mas o papel da mulher mudou e a figura feminina na publicidade começa a acompanhar essa realidade. Por exemplo, as mulheres foram retratadas como objeto por muito tempo nas campanhas de cerveja, como demonstra a propaganda da cerveja Brahma na Figura 2. Entretanto, a mesma marca fez uma campanha em que a mulher passa a ser a autoridade, como “mestre cervejeira”, lançada em 2017, vista na Figura 3. Figura 2 – Campanha Brahma Sheilas Fonte: Santos, 2011 Figura 3 – Campanha Brahma “Quando você se sente... isso pede Brahma” Fonte: YouTube Brahma, 2017 Vale destacar que existe um projeto de lei em análise pela câmara, o PL 6191/16, que propõe que “qualquer publicidade veiculada em meios de comunicação impressos, audiovisuais ou eletrônicos não poderá conter materiais que exponham, divulguem ou estimulem violência sexual e estupro, ou que fomentem a misoginia e o sexismo”, de acordo o portal Época Negócios (2017). Esse tipo de iniciativa demonstra como a imagem da mulher evoluiu como tempo e que é necessário adaptar a legislação aos padrões atuais. 4. Estudo de caso - campanhas dos anos 50 e atuais Para compreender como se deu essa evolução da figura feminina na publicidade na prática, foram analisados anúncios dos anos 50 e dos anos 2000 de segmentos voltados para o público feminino, como produtos de higiene e beleza, no caso sabonetes e absorvente feminino. 4.1 – Campanha do sabonete Lux dos anos 50 e sabonete Dove dos anos 2000 Conforme citado anteriormente, a figura feminina tende a ser utilizada por motivo de sedução, não apenas para seduzir o sexo masculino, mas também as próprias mulheres no aspiracional. Esse recurso pode ser percebido na campanha do sabonete Lux dos anos 50, “9 a cada 10 estrelas”. Nesta campanha, a marca utilizou celebridades, como Susan Strasberg (Figura 4), para que as mulheres se sentissem como uma celebridade ao usar o sabonete. Na peça, a atriz diz que usa o sabonete para tornar sua pele melhor. Subjetivamente, as mulheres pensariam que o sabonete as fariam ter a mesma aparência de uma atriz de Hollywood. Pode pode ser identificada aqui a visão de Lipovetsky (2000) da segunda mulher, ou seja, como musa e idealizada. Figura 4 - Sabonete Lux “9 de cada 10 estrelas” - Anos 50 Fonte: Portal Propagandas Históricas, 2014 Já na campanha dos sabonetes Dove iniciada nos anos 2000, “Real Beleza”, a marca sugere que todas as mulheres são belas e que não precisam seguir os padrões de beleza e estereótipos impostos pela mídia. Na Figura 5, a peça mostra diferentes mulheres, cada uma com um biotipo diferente, mas todas estão felizes, sorridentes e sem sentir vergonha de expor seu corpo. Logo, passa a ideia de que o sabonete Dove vai fazer a mulher se sentir bem com ela mesma, da forma como ela é. O recurso utilizado aqui é a autoestima, também citado anteriormente, como fator de construção da identidade feminina utilizado pela imprensa. Nesta campanha, aparece a terceira mulher de Lipovetsky (2000), emancipada e diversificada, a mulher sujeito. Figura 5 – campanha Dove “Real Beleza” – anos 2000 Fonte: Blog Sortimento, 2011 As duas campanhas de sabonete analisadas demonstraram diferenças significativas na figura da mulher. Na primeira, dos anos 50, o recurso da sedução denota um sentimento de inferioridade, uma vez que parte da premissa que para a mulher se sentir bem, precisaria utilizar o mesmo produto que uma celebridade, ou seja, essa celebridade é superior à mulher comum. Já na segunda campanha, dos anos 2000, a figura da mulher comum é valorizada, despertando o sentimento de autoestima, já que demonstra que a mulher pode ser como ela é e se sentir bem e feliz. 4.2 – Campanha do absorvente Modess dos anos 50 e absorvente Always de 2015 As campanhas analisadas a seguir são de absorventes íntimos, uma da Modess, dos anos 50 e uma da Always dos anos 2000. Na campanha dos anos 50 (Figuras 6 e 7), a mulher é retratada como segura, líder e moderna, mas em ambas as peças, ela está acompanhada de um homem. A representação da mulher segura é daquela que estava acompanhada de um homem, ou seja, o homem era a segurança da mulher. Nessa época, os absorventes íntimos eram novidade, por isso a importância de passar a imagem da mulher moderna e segura. Também é possível notar o fator da sedução citado na análise anterior, uma vez que essas mulheres seduziram os homens e as mulheres que as admiram ao fundo da peça, novamente com o sentimento aspiracional de querer ser igual à protagonista da peça. Figura 6 - Modess (Johnson & Johnson) - Anos 50 Fonte: Portal Propagandas Históricas, 2014 Figura 7 - Modess (Johnson & Johnson) - Anos 50 Fonte: Portal Propagandas Históricas, 2014 Já na campanha do absorvente íntimo Always lançada em 2015, a ideia é quebrar os padrões femininos impostos até então. Para isso, o alvo da campanha são as consumidoras mais jovens, recém usuárias de absorvente, que estão na fase de enfrentar os desafios da adolescência, como a menstruação. A campanha mostra diferentes meninas citando afirmações que já foram ditas a elas, como “garotas não podem ser corajosas” e como a Always quer quebrar esse padrão, dizendo a elas que elas podem ser o que quiserem (Figura 8). Figura 8 – Campanha Always “#TipoMenina - Nada Pode te Deter” Fonte: YouTube Always Brasil, 2015 As características encontradas na campanha da Always seguem o conceito da campanha do sabonete Dove, em que as mulheres são encorajadas a se sentirem bem como elas são, mas neste caso, vai além da aparência e passa a ser uma questão comportamental. A mulher não é mais objetificada e novamente é observada a terceira mulher de Lipovetsky (2000), a mulher sujeito. E ambas as campanhas de absorvente íntimo, dos anos 50 e 2015, as mulheres são representadas como líderes e seguras, mas a forma de retratar é diferente de acordo com a época. Nos anos 50, a mulher segura era aquela que tinha um homem para acompanhá-la, já em 2015, as meninas são encorajadas a ter o papel que anteriormente era exclusiva do homem. A figura feminina passa a ser mais independente e emponderada. 6. Considerações Finais A linguagem publicitária pode ser considerada persuasiva e convincente. Ao longo dos anos a publicidade pode ter influenciado nas esferas sociais, culturais e psicológicas, como a figura da mulher ao longo dos anos. Alguns autores acreditam que a publicidade dificultou a luta feminina ao estereotipar o papel da mulher, enquanto outros afirmam que ela só retrata a realidade social. De qualquer forma, é notável o avanço da figura feminina tanto no aspecto social e cultural, como na representação publicitária. A partir da análise das campanhas dos anos 50 comparadas a aquelas veiculadas após os anos 2000, foi possível concluir que a imagem da mulher passou de idealizada e submissa para realista e independente. Nos anos 50, a mulher ideal era retratada como a celebridade glamorosa, cobiçada pelos homens e invejada pelas mulheres. Após os anos 2000, a mulher ideal é aquela que aceita a sua aparência e sua personalidade, sem se importar com os padrões impostos pela sociedade. Essa conclusão foi alcançada a partir de alguns exemplos, mas ainda há um território vasto para expandir sobre o estudo da representação feminina. Parte da publicidade ainda segue o estereótipo feminino de outrora, mas já é possível ver uma tendência de melhora a partir do estudo apresentado. Resta ver no futuro se serão realizados novos estudos de monitoramento para esse fim. Referências BARALDO, Cecília Contani; BLASQUE, Roberta Maria Garcia. A persuasão e o estereótipo na propaganda feminina. IX SEPECH, 2012. 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