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FICHAMENTO A constituição na vida dos povos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
Fichamento da Obra: A Constituição na vida dos povos: da Idade Média ao século XXI
Dourados, MS.
2017
A CONSTITUIÇÃO NA VIDA DOS POVOS
As características da Constituição foram definidas e afirmadas, por meio de um longo processo histórico: O Constitucionalismo. Teve raízes na Idade Média. E cuja última etapa iniciou-se com a publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
O conhecimento dos fundamentos do constitucionalismo implica, antes de tudo, a verificação das circunstâncias, despertaram a consciência do ser humano que necessitam de convivência, que por sua vez, implica a necessidade de uma organização dotada de um governo. A diferença que caracteriza os grupos humanos, é que estes se constituem e se modificam pela vontade de seus integrantes, sofrendo influência de desejos, interesses e convicções de todo o grupo ou algum de seus membros. 
É preciso ter em conta, porém, que o constitucionalismo, apesar de impulsionado sempre pelos mesmos objetivos básicos, teve características diversificadas, segundo as circunstâncias de cada Estado. Com efeito, surgindo num momento em que a doutrina econômica predominante era o liberalismo, incorporou-se o constitucionalismo ao acervo de ideias que iriam configurar o liberalismo político. 
O Constitucionalismo, expandiu-se como ponto de convergência das lutas a favor dos direitos e da liberdade do indivíduo. Dessa forma, em alguns Estados o constitucionalismo foi o instrumento de afirmação política de novas classes econômicas, já em outros, foi a expressão de anseios intelectuais, nascidos de um romantismo político sem caráter utilitarista. Naqueles, em consequência, o constitucionalismo teve caráter verdadeiramente revolucionário, consagrando mudanças estruturais e implicando limitações ao governo e ao Estado. Nos demais teve um sentido quase simbólico, gerando as monarquias constitucionais, cujo absolutismo perdeu o caráter pessoal para adquirir um fundamento legal.
A CONSTITUIÇÃO EM DIFERENTES SENTIDOS: SOCIOLÓGICO, POLÍTICO E JURÍDICO
Sentido Sociológico
Trata da constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro estado. Estudar a constituição no sentido sociológico é verificar de que elementos tais coisas se compõe e de que modo esses elementos estão organizados para formar uma unidade. A partir da consideração de fatos que passavam a ter nova significação nas relações sociais, os juízes começaram a introduzir importantes mudanças nas concepções do direito de família. Ao analisarem os casos de homens que se separavam da primeira esposa informalmente, não seguindo as formalidades da lei, para regularizar a separação do casal.
O reconhecimento desse fato e das injustiças que decorriam da aplicação automática da lei com rigoroso formalismo, como se todos conhecessem os preceitos legais e pudessem obedece-los, levou a formação de uma jurisprudência favorável aos reconhecimentos dos direitos da companheira, legitimando seu direito nos bens do companheiro, mesmo sem o segundo casamento sendo formalizado, modificando a própria legislação. Desse modo, a partir do reconhecimento do fato social pelos juízes, acabaram ocorrendo mudanças na jurisprudência e na legislação, finalmente com a Constituição de 1988, ambos passaram a ter reconhecimento jurídico, expresso e pacifico, consagrado em norma constitucional, o que solucionou muitos conflitos sociais, evitando muitas injustiças e colocando no mundo jurídico, como parte da normalidade, uma pratica social, que se tornará mais frequente e que, em parte, já era sancionada pela sociedade. 
Sentido Político
Busca-se o fundamento da Constituição na decisão política fundamental que antecede a elaboração, aquela decisão sem a qual não se organiza ou funda um Estado. Seja qual seja a concepção que se tenha do direito, ou dando-lhe o sentido de norma costumeira ou entendendo-o como regra posta do Estado, o fator político estará sempre presente, influindo sobre a formação do direito, suas mudanças e aplicação.
Em relação a Constituição dos Estados, as dimensões jurídicas e política são facilmente perceptíveis por estarem sempre presentes, no tocante as normas constitucionais, seu alcance e sua aplicação, são muitas as possibilidades de conflito entre as exigências jurídicas e as conveniências políticas. 
A constituição, atuando em circunstancias políticas diferentes, pretende também a mudança de regime político e a implantação de uma nova organização social. A predominância dessa concepção política fica muito evidente quando se faz a simples verificação das principais mudanças ocorridas na constituição francesa.
O que se pode concluir é que a orientação adotada pelos franceses levou a definição de uma concepção política de constituição, embora a forma seja de lei. A constituição seria uma espécie de manifesto político formal e solene, definindo um regime político, organizando o poder público e fixando regras de participação do povo no exercício do poder político. 
Sentido Jurídico
A atribuição de sentido jurídico à palavra “constituição”, levando os significados moderno da expressão, começou a ser feita na Inglaterra medieval, quando na ocorrência de conflitos entre poderosos, se alega que os costumes antigos deveriam ter força de lei, impedindo decisões em sentido contrário. 
Como resultado desse processo foram acumulados, costumes, instituições, leis, decisões sobre conflitos de direitos, elementos que, no seu conjunto compunham a ideia de constituição da sociedade. Esse conjunto, reconhecido pelos que tinham o poder de decidir e acatado pelo povo, foi sendo aceito como um sistema de regras legais superiores, costumeiras em sua maioria, mas parcialmente escritas. Assim se chegou à Constituição jurídica, que nos seus primórdios, foi quase que exclusivamente costumeira. 
A partir do século XVI, começaram a surgir, com forma semelhante as antigas legislações, mas com inspiração na realidade social, e não apenas na vontade e nos interesses dos governantes e dos grupos mais poderosos. 
Um ponto extremamente importante, referente a origem histórica da Constituição em sentido jurídico, é a constatação de que ela teve por base a realidade social e não uma doutrina política ou a proposta de algum teórico. Evidentemente fazem parte dessa as crenças, o apego a determinados valores e as ideias, bem como as considerações racionais do povo e dos governantes, fatores que levaram a consolidação de certos costumes e a adoção reiterada de determinadas orientações na decisão de conflitos. 
O século XVIII foi importante para o desenvolvimento da ideia jurídica de Constituição. Manteve-se a convicção da existência de direitos naturais, mas na sequência das lutas contra a interferência política da igreja católica estabeleceu-se a separação entre o poder espiritual e o temporal. 
Em primeiro lugar afastou-se a ideia de que a constituição da sociedade deveria ser necessária e exclusivamente o produto de costumes longamente reiterados, pois passou-se a dar importância a valores fundamentais, relacionados com os direitos naturais. 
Os criadores da primeira Constituição escrita estavam conscientes da necessidade de afirmação de um conjunto de preceitos fundamentais, dotados de forca jurídica, para a garantia da liberdade, mas também tinham consciência de que novas regras jurídicas deveriam ser criadas em função das novas circunstancias políticas e dos conflitos de interesses. Por esse motivo procuraram conferir a pessoas e instituições diferentes, de um lado, a atribuição de fixar novas regras, e de outro a de efetuar ou garantir a aplicação das regras jurídicas estabelecidas. Daí colocaram na própria constituição a separação tripartida dos Poderes, então reconhecida como indispensável, para que a ordem política e as relações sociais ficassem subordinadas ao Direito. Assim se definiu a Constituição em sentido jurídico. 
ETAPAS HISTÓRICAS DO CONSTITUCIONALISMOConstitucionalismo medieval: legitimação do direito e fundamento de privilégios
A Idade Média é marcada pela época do despotismo, pela soberania dos governantes tratados como deuses. Uma verdadeira forma absolutista de governar, vez que não existiam limitações a suas condutas, aplicavam penalidades e impunham condutas desumanas não previstas em leis, não havia um poder maior que o do próprio governante, logo esse estava imune de qualquer sanção.
Todavia, foi durante a Idade Média, mais precisamente na Inglaterra, que culminou o anseio por uma luta de liberdades e garantias fundamentais ao indivíduo, objetivando romper com o padrão absolutista e centralizador até então vigente. Contudo, é ainda na Idade Média que o constitucionalismo reaparece como o movimento de conquista de liberdades individuais, como bem o demonstra a aparição de uma Magna Carta. Não se limitou a impor balizas para a atuação soberana, mas também representou o resgate de certos valores, como garantir direitos individuais em contraposição à opressão estatal. 
O constitucionalismo nasceu durante as disputas medievais pelo predomínio sobre terras e populações, com a afirmação de lideranças e costumes próprios de cada região. A consciência da existência de uma constituição, como expressão da individualidade e da história de um povo, surgiu e se desenvolveu no quadro das lutas contra o absolutismo. Na segunda metade da Idade Média já aparecem as primeiras referências à constituição de um povo, como expressão de sua organização e das regras consagradas pelos seus costumes. 
Constitucionalismo e absolutismo: histórias paralelas
A possibilidade de preservação de sistemas substancialmente absolutistas, apesar da Constituição, deveu-se a um desdobramento do próprio conceito de Constituição que permite distinguir entre um sentido material e um sentido formal.
As mesmas circunstâncias histórico-sociais que deram origem ao constitucionalismo levaram também ao absolutismo medieval. O Absolutismo é referido por muitos autores como a marca definidora de um período histórico em que o poder foi obtido e exercido sem qualquer regra limitadora, sem controle de espécie alguma e, em última análise, sem legitimidade jurídica. Outros preferem identificar o absolutismo como sendo um modelo de poder político, sem identificação com um período histórico, no qual o governante impõe arbitrariamente sua vontade, sem possibilidade de contestação. Na realidade, são essas as características do poder político no absolutismo, não se podendo negar, a partir do conhecimento dos Fatos, que numa determinada fase da história da humanidade foi marcante a presença dessa espécie de poder. 
Em um estudo jurídico, e tendo em vista o conhecimento do constitucionalismo e de sua evolução, é preciso procurar conhecer mais profundamente o absolutismo, suas raízes, suas características básicas e também sua diversidade. Esse conhecimento é necessário porque houve, efetivamente, uma diversidade dentro do absolutismo, e disso decorreu uma diversificação de características e de rumos quando o constitucionalismo prevaleceu. Além disso é preciso ressaltar que o absolutismo não foi eliminado de um momento para outro, dando lugar, imediatamente, a outro modelo político. Essa eliminação se deu, muitas vezes, por meio de uma luta prolongada e por etapas, exigindo a superação de resistências, de diferentes espécies, o que influiu para que no seu desenvolvimento o constitucionalismo seguisse diferentes caminhos e adotasse características diversas. 
Versão inglesa do absolutismo
O absolutismo britânico tem suas peculiaridades ligadas à história do povo inglês e também as condições geográficas da Inglaterra. Mesmo havendo vários tipos de governos absolutistas na Europa, o absolutismo na França se tornou o mais destacado e simbólico para o estudo da época, tanto por sua opulência quanto por sua duração e efeitos.
O absolutismo Francês, ainda que tenha raízes medievais, entra pra história como um movimento predominantemente moderno, uma vez que atravessa séculos da Idade Moderna, exercendo influência notória da política francesa.
Essas raízes medievais remetem ao século X, quando Hugo Capeto se torna o governante do país, saindo de sua posição de vassalo mais importante da França, ocupando o trono e dando início à chamada dinastia Capetíngia, que governará a França com seus muitos representantes por cerca de 800 anos.
Versão francesa do absolutismo
A França viveu sob o absolutismo durante alguns séculos de sua história, mas por uma série de razoes o absolutismo francês não se caracterizou pela ação violenta de governantes absolutistas ou pelo uso arbitrário da força.
O Estado absolutista francês instalou-se no topo de uma complexa pirâmide de hierarquias sociais. Se em sua "política externa" não admitia nenhuma potência acima de si mesmo, no interior do reino sufocou qualquer discurso que fosse desfavorável à propaganda monárquica, que foi estendida até aos campos de batalha.  
Na França, os principais arquitetos do Estado fortalecido e centralizado na figura do rei foram o cardeal Richelieu (1585-1642), e Jacques Bossuet (1627-1704), teólogo que engendrou uma das principais defesas teóricas do absolutismo, reivindicando, inclusive, a relação íntima desse tipo de governo com a própria dinâmica da História.
Richelieu preparou o terreno para a centralidade do poder na figura do rei: limitou a influência dos nobres nas decisões políticas administrativas, ampliou a força dos funcionários reais e criou uma forte burocracia controlada pelo rei. Tudo isso amparado naquilo que ele denominava de “razão de estado”. Jacques Bossuet, por sua vez, foi um dos principais seguidores e admiradores do rei Luís XIV, sucessor de Luís XIII. Para afirmar-se como modelo político, o absolutismo precisou ser implacavelmente autoritário.
Constitucionalismo liberal-burguês: do humanismo ao metro-formalismo 
 - Origem civilista da teoria jurídica
Os séculos XVII e XVIII foram marcados pela Ascenção política da burguesia, tendo por consequência a afirmação de novos padrões de organização política, superando o absolutismo e eliminando os privilégios da nobreza. 
Para dar segurança jurídica às relações econômicas e financeiras, bem como para deixar o caminho livre para novos empreendimentos, era necessário fixar regras claras e duráveis, não sujeitas a decisões arbitrárias de governantes e aos caprichos de uma classe social parasitária e detentora de privilégios, como era a nobreza. A consciência dessa necessidade contribuiu muito para que se desenvolvesse a ideia de Constituição como estatuto político-jurídico fundamenta, limitador das ações políticas, sem que chegasse a concebê-la como a base jurídica das relações sociais. 
Esse conjunto de fatores teve importância fundamental para o desenvolvimento de novas concepções de direitos, que culminavam com a criação e o desenvolvimento da moderna teoria jurídica. Entretanto por circunstancias históricas e políticas, a teoria jurídica foi, no início e durante muitas décadas, apenas teoria civilista, vindo só mais tarde teoria jurídica constitucional.
A teoria jurídica civilista desenvolvida na França, incorporava também a necessidade de integração racional de regras de convivência. Foi acolhida por outros sistemas jurídicos também apoiados na tradição romanística e teve grande influência no direito de muitos povos, foi durante muitas décadas apenas uma teoria civilista, porque na França a Constituição foi adotada, antes de tudo, com o significado de compromisso político com a liberdade e a igualdade de direitos.
Componentes filosófico-teóricos da teoria jurídica
Um dado importante, que terá reflexo na evolução do constitucionalismo, era a existência de um variado sistema de dominação privilegiada. Havia a dominação exercida por lideranças de grupos sociais, como acontecia, por exemplo com as corporações que passaram a controlar e restringir atividades econômicas, inclusive o comércio e o exercício de ofícios, para garantiruma situação privilegiada para os que dominavam a corporação. 
No Brasil, a teoria crítica do direito compartilhou dos mesmos fundamentos filosóficos que a inspiraram em sua matriz europeia, tendo se manifestado em diferentes vertentes de pensamento: epistemológico, sociológico, semiológico, psicanalítico, e teoria crítica da sociedade. Todas elas tinham como ponto comum a denúncia do Direito como instância de poder e instrumento de dominação de classe, enfatizando o papel da ideologia na ocultação e legitimação dessas relações. 
Os princípios, vindos dos textos religiosos, filosóficos ou jusnaturalistas, de longa data permeiam a realidade e o imaginário do Direito, de forma direta ou indireta. Na tradição judaico-cristã, colhe-se o mandamento de respeito ao próximo, princípio magno que atravessa os séculos e inspira um conjunto amplo de normas. A dogmática jurídica tradicional desenvolveu-se sob o mito da objetividade do Direito e o da neutralidade do intérprete. Coube à teoria crítica desfazer muitas das ilusões positivistas do Direito, enfatizando seu caráter ideológico e o papel que desempenha como instrumento de dominação econômica e social, disfarçada por uma linguagem que a faz parecer natural e justa.
A Constituição liberal-burguesa: código da ordem publica
O objetivo de impedir a restauração do absolutismo, juntamente com a rejeição dos privilégios da nobreza e de qualquer forma de organização política que anulasse ou pusesse em risco a liberdade, isso acompanhado de novas circunstâncias históricas, como o desenvolvimento do comercio, o inicio do industrialismo e a intensificação da vida urbana, todos esses fatores, somados aos valores e interesses dos novos segmentos sociais predominantes, levaram a um tipo de organização jurídica em que a Constituição ficou em plano secundário no confronto com o Código Civil. O que cabia a Constituição era estabelecer limitações para o poder político, a fim de que ficasse assegurada a total liberdade dos indivíduos. 
Nascimento da teoria jurídica do Constitucionalismo
O surgimento da proteção aos direitos fundamentais tem caráter recente apesar de que desde a Idade Antiga já havia preocupação em torno desses direitos já consagrados nos mais diversos sistemas constitucionais. Na Idade Medieval, a referida proteção dos direitos fundamentais conheceu particular avanço, em especial na Inglaterra, tendo como consequência da limitação do poder monárquico e a consolidação do parlamentarismo inglês.
 É natural que a mudança no sistema de governo britânico tenha provocado o aparecimento de normas protetivas dos direitos fundamentais e, logo em seguida, o exercício da chefia de governo se transferira para o líder do Parlamento, que, por sua vez, carecia de apoio político dos seus pares eleitos pelos cidadãos ingleses. O constitucionalismo em sua textura clássica surgiu com a Revolução Francesa. 
Apesar de que Santi Romano insista em alegar que o constitucionalismo tem origem inglesa, sendo, portanto, mais antigo do que a Revolução Francesa. Pode-se dizer que o direito constitucional dos Estados modernos resulta do direito constitucional inglês e das demais ordenações dele, mais ou menos derivadas diretamente.
Constitucionalismo de inspiração humanista: liberdade e igualdade para todos os seres humanos
Houve uma retomada das proclamações humanistas externadas pelos filósofos-políticos dos séculos XVII e XVIII, com o reconhecimento de que a liberdade e a igualdade são atributos naturais de todos os seres humanos, sem qualquer exceção, e devem ser protegidos por toda a sociedade, como direitos inerentes a condição humana.
O mesmo espirito que inspirou essa proclamação, levou também a afirmação de que todos os povos do mundo, sejam quais forem suas características e suas tradições, devem organizar-se de tal modo que a liberdade e a igualdade sejam os fundamentos do sistema político e da ordem jurídica. 
O Constitucionalismo como síntese de valores e norma jurídica superior
CONSTITUIÇÃO E CONSTITUCIONALISMO: PRODUTOS DA ACUMULAÇÃO HISTÓRICA 
A invenção da Constituição escrita e sua incorporação ao aparato jurídico
Bifurcação do Constitucionalismo: o artificio da Constituição Formal
Constituição suprema e vinculante: requisitos do Estado Democrático de Direito
PARTE II - Matrizes do pensamento constitucional 
Inglaterra: primeira matriz do constitucionalismo moderno
Para compreendermos o constitucionalismo inglês, é necessário abarcarmos o conceito do próprio constitucionalismo em si.  Sendo assim, o constitucionalismo é a teoria que busca explicar a formação e organização dos Estados, limitando o poder dos governantes e criando uma estrutura político-social de uma comunidade. 
Após o constitucionalismo, surgiu o chamado neoconstitucionalismo, uma evolução natural do constitucionalismo, o qual procura não apenas garantir os direitos fundamentais do homem, mas também a forma que devem ser concretizados esses direitos.
Retornando à Inglaterra, aspectos históricos, culturais e geográficos produziram o modelo inglês de Constituição, uma vez que esses proporcionaram ao país uma evolução histórica peculiar através da criação de um padrão de constitucionalismo próprio. Como resultado, temos a definição de um modelo diferenciado de Constituição. 
Por ser uma ilha, bem como por não ser uma opção fácil para grandes correntes migratórias, a Inglaterra, garantiu, no transcorrer dos séculos, seu isolamento, o qual possibilitou manter-se à margem de disputas territoriais e de grandes movimentos migratórios. Contudo, em tempos mais remotos, fora ocupada por celtas, romanos, povos germânicos, dinamarqueses e, por fim, normandos, os quais estabeleceram uma monarquia hereditária inglesa, cessando, dessa forma, as invasões. 
O isolamento da Inglaterra nunca foi absoluto, contudo garantiu poucos casos de interferência de cultura externa. Embora relativo, tal isolamento inglês possibilitou a preservação e a continuidade das culturas ali estabelecidas, permitindo a longa reiteração de usos, que produziram os costumes como base jurídica, esses advindos de um núcleo o qual possuía caráter de direito costumeiro ou de lei fundamental para o conjunto de povos habitantes da ilha. 
A influência da ideia de Constituição englobou também a Inglaterra. Desse modo, é evidente a preocupação com o respeito aos preceitos constitucionais no quadro das lutas contra o Absolutismo. Apesar da forte resistência da cultura inglesa ao formalismo da lei escrita, as organizações políticas e sociais, bem como suas mudanças fundamentais, têm aparecido com frequência nas discussões políticas e obras teóricas em relação à Constituição.
Surgem várias obras de autores ingleses com tema referente à Constituição da Inglaterra, que é de grande importância para o conhecimento e evolução do Constitucionalismo. Com grande estima, surge a obra de John Locke com sua teoria contratualista, opondo-se a teoria de Hobbes, que retrata a liberdade, organização do governo e a tolerância. Essa contribuição é de grande importância para todas as questões constitucionais.
O parlamento: constituinte permanente e pode político superior
FRANÇA: O CONSTITUCIONALISMO COMO BANDEIRA POLITICA
Direitos do homem e fim do absolutismo: um constitucionalismo “moderado”
Declaração dos Direitos: requisito formal necessário
Supremacia da liberdade individual, concebida na perspectiva liberal-burguesa
Esfera privada e esfera pública: universos autônomos e privatismo
Constituição política e governo da lei 
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA: O CONSTITUCIONALISMO REPUBLICANO
A constituição escrita como lei superior
Princípios republicanos com igualdade relativa
Federalismo
O Federalismo é uma forma de organização de Estado em que os entes federados são dotados de autonomia administrativa, política, tributária e financeira necessárias para manter o equilíbrio que se estabelece entre eles para a constituição do Estado Federal. Por tratar-se de um “acordo” entre os entes federados,pacto federativo, há a implicação de reciprocidade e cooperação entre os envolvidos, governo central e governos subnacionais locais.
O pacto federativo pode ser definido como a União dos entes federados dotados de autonomia e submetidos ao poder central soberano. Nesse sistema, os entes federados aliam-se em comum acordo para criar um governo central, que absorverá algumas prerrogativas que competiam às unidades constitutivas. Via de regra, as unidades subnacionais perdem atribuições para a política externa, defesa do país, à moeda, aos serviços de correios e telecomunicações, bem como as esferas do Direito Penal e Civil.
Separação dos poderes tripartida
Declaração dos Direitos Individuais
Controle da constitucionalidade
CONSTITUIÇOES DO SECULO XX: VARIACOES A PARTIR DE MODELOS BÁSICOS
PARTE III – Constitucionalismo do Século XXI: Humanismo Ativo
Universalização do constitucionalismo
Além das novas perspectivas hermenêuticas, além da supremacia cada vez mais afirmativa e afirmada do Direito Constitucional, além da natural constitucionalização de todo o Direito, há também uma universalização do projeto constitucional mais atualizado e mais progressivo. Assim, o Estado de Direito democrático e social e de cultura são sucessivos adquiridos da civilização euro-americana (anteriormente dita ocidental, mas com conotações polémicas também), em notória e aparentemente imparável expansão para a totalidade do globo. Este projeto, esta ideia de Constituição, é já virtualmente global.
Na verdade, a dimensão universalista do Direito Constitucional não é de hoje. Vem de muito cedo, vem do próprio nascimento do ramo (no constitucionalismo moderno). Não se deu muito conta disso, mas já havia importantes manifestações desta sua característica. Desde logo, as grandes declarações de Direitos, como a francesa de 1791, não foram textos nacionais, antes elevaram a sua voz às alturas e tomaram a Humanidade não como mera testemunha, mas com o próprio destinatário. É aliás o que ocorre, desde então, apenas com o tempero nem sequer muito forte de alguns multiculturalismos, com a afirmação internacional do Direito, primeiro, e dos Direitos Humanos, depois. A globalização constitucional, grande esperança do nosso tempo de direitos do homem universalizados, não deve embarcar na facilidade e na demagogia, mas, pelo contrário, pensar e repensar o direito com rigor ao mesmo tempo que com generosidade e sentido de futuro. 
O constitucionalismo global sabe que a ética constitucional sempre foi global. Ele assume, vive e defende os valores políticos da Liberdade, da Igualdade e da Justiça, que tendem para a Fraternidade, valor chave de um futuro direito fraterno, uma utopia inevitavelmente global.
Fundamentos éticos, jurídicos e sociais
Valor e eficácia da Constituição / Onipresença da Constituição
Norma jurídica superior e vinculante, com aplicação imediata
Conteúdo da Constituição: princípios e normas com eficácia jurídica 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
PARTE IV – Constitucionalismo, Conquista da Humanidade
O Constitucionalismo é um movimento social implantado e desenvolvido através da história, tendo recebido a contribuição de elementos resultantes das elaborações de teorias políticas e jurídicas, sendo hoje um instrumento fundamental para a implantação de sociedades humanistas e democráticas. O conhecimento do constitucionalismo, de seus fundamentos e de sua extraordinária importância para a conquista e manutenção da paz se fez a partir da história, da identificação de fatores de influência adicionados em cada época e da contribuição das teorias políticas e jurídicas que, nas últimas décadas, conceituaram a Constituição como norma jurídica. 
O conceito de constituição sofreu variações, em função de circunstancias políticas e sociais, do mesmo modo com a autoridade da constituição e a sua condição de norma jurídica superior também sofreram oscilações. Entretanto, uma ideia básica que se manteve e ganhou maior força com o passar do tempo foi a utilização de normas constitucionais com obstáculo a qualquer espécie de poder absoluto e antidemocrático.
Sob influência das ideias de eminentes filósofos políticos, mas também daquele conjunto de precedentes históricos, tudo isso conjugado com as peculiaridades da situação concreta de novos Estados, surgiu a ideia de uma constituição que, definindo a organização do governo e estabelecendo suas limitações, fosse uma barreira ao absolutismo e impedisse o uso arbitrário do poder político. 
Conclui-se então, que o constitucionalismo é uma conquista da humanidade, um produto da história, cuja criação não pode ser atribuída a algum teórico, ou a alguma doutrina filosófica, política ou jurídica. Hoje se faz um elemento fundamental para a construção de sociedades justas, que tenham a pessoa humana como o primeiro de seus valores e que busquem por meios pacíficos a solução dos conflitos e a correção das injustiças. Uma exigência do novo constitucionalismo é que os direitos fundamentais da pessoa humana não sejam proclamados apenas como faculdade genéricas, e abstratas, desligadas da realidade, mas que sejam possibilidades ao alcance de todos tornando a real a afirmação de que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidades e direitos.

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