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* SÍNDROMES HEMORRÁGICAS Profa. Dra. Natalúcia Matos Araújo EACH - USP * As situações hemorrágicas ocorrem entre 10 a 15% durante a gestação e podem estar relacionadas à complicação gestacional ou agravos ginecológicos simultaneamente ao período gravídico. (BRASIL, 2010) * CLASSIFICAÇÃO Primeira Metade - Abortamento - Gravidez ectópica - Mola hidatiforme (neoplasia trofoblástica gestacional benigna) Segunda Metade - PP - DPP - Rotura uterina, - Vasa prévia * ABORTAMENTO A Organização Mundial da Saúde estabelece como limites para caracterizá-lo, a perda de conceptos de até 22 semanas completas, 500 gramas ou 16,5 cm. Hemorragias da primeira metade da gestação * ETIOLOGIA Fatores genéticos - aberrações cromossômicas / embriões com cromossomopatias. Fatores imunológicos - doenças autoimunes; fatores aloimunes (falta de anticorpos bloqueadores que protegem as células embrionárias – vacina do marido). Fatores endócrinos -Insuficiência de Corpo Lúteo, caracterizada por uma produção diminuída de progesterona. * Fatores hematólogicos – trombofilias hereditárias e adquiridas. Fatores anatômicos - malformações uterinas, pólipos uterinos, miomatose uterina, incompetência istmo cervical. Fatores infecciosos - clamídia, micoplasma Fatores ambientais – álcool, tabagismo, radiação, gases anestésicos... * Fatores anatômicos * DIAGNÓSTICO * Abortamento precoce - a interrupção da gravidez se dá até 12 semanas Abortamento tardio- acontece com mais de 12 semanas e até 22 semanas Cerca de 80% dos abortamentos ocorrem nas primeiras 12 semanas de gestação CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PERÍODO DE OCORRÊNCIA * Abortamento espontâneo Abortamento induzido a. abortamento induzido legal b. abortamento induzido ilegal b.1. por razões não-médicas b.2. por razões terapêuticas (graves malformações fetais) CLASSIFICAÇÃO QUANTO À MOTIVAÇÃO * Feto com anencefalia – (12/04/12) pode-se interromper a gravidez legalmente,sem necessidade de recorrer à Justiça. Caberá a gestante decidir se leva a gestação adiante ou realiza a antecipação terapêutica do parto. Até então, a legislação permitia o aborto somente em caso de estupro ou risco à saúde da grávida. Fora dessas situações, a mulher poderia ser condenada de um a três anos de prisão e o médico, de um a quatro anos. * CLASSIFICAÇÃO QUANTO À EVOLUÇÃO CLÍNICA * ABORTAMENTO EVITÁVEL Quando o concepto mantém a viabilidade, tem quadro clínico discreto quanto à hemorragia e dor e o orifício interno do colo permanece fechado. * ABORTAMENTO INEVITÁVEL Quando o produto conceptual perde a vitalidade e não existe possibilidade de evolução da gestação A sintomatologia é mais intensa quanto a hemorragia e a dor em cólica. O exame clínico evidencia colo dilatado, o que confirma o diagnóstico de abortamento inevitável. * TRATAMENTO Depende da idade gestacional. Infusão com Ocitocina Misoprostol Até a 12ª - 14ª semana, procede-se a aspiração a vácuo ou curetagem * - É um procedimento médico, rápido, simples e seguro de esvaziamento uterino para o tratamento do aborto incompleto e para a biópsia endometrial. - Consiste na aspiração do conteúdo uterino através de um aspirador à vácuo acoplado a cânulas de plástico semi-flexível de diferentes espessuras (de 3mm a 12mm). AMIU (Aspiração Manual Intrauterina) * AMIU (Aspiração Manual Intra-Uterina) Apresenta vantagens importantes sobre a curetagem: Dilatação Cervical requerida apenas ocasionalmente Menor necessidade de recursos para controle da dor Habilitação profissional simplificada -Possibilidade de realização fora do centro cirúrgico - Menor tempo de permanência hospitalar - Alta eficácia no esvaziamento uterino - Menor incidência de complicações * * ASSISTÊNCIA Orientar repouso no leito; Observar o sangramento vaginal, incluindo a cor, quantidade, presença de coágulos e/ou de tecidos; Observar presença de dor semelhante às cólicas menstruais ou dor lombar baixa; Monitorar os sinais vitais de acordo com a gravidade da situação; Atentar para sinais como - inquietude, taquicardia, hipotensão, sudorese e palidez; Monitorar o nível de Hb e de Ht; * ASSISTÊNCIA Verificar o tipo sanguíneo e o fator Rh; Manter punção periférica calibrosa; Administrar medicamentos conforme prescrição médica; Proporcionar medidas de conforto como: trocas de posição, técnicas de relaxamento e massagem; Aceitar a reação da paciente frente a perda. * Orientar abstinência sexual, principalmente o coito, o orgasmo e a estimulação do mamilo; Orientar a não aplicação de duchas vaginais; Enfatizar quanto à importância do acompanhamento pré-natal. PARA O TRATAMENTO CLÍNICO DOMICILIAR: * GESTAÇÃO ECTÓPICA A localização mais freqüente é a tubária (90 a 95% dos casos). * ETIOLOGIA DA GESTAÇÃO ECTÓPICA (GE) História de gravidez ectópica prévia; Cirurgia tubária prévia; Infecções tubárias anteriores; Contracepção com progesterona ou DIU. (BRASIL, 2010) * Aparece entre a quinta e a décima semana de gravidez gestação ectópica íntegra Atraso menstrual Sangramento vaginal irregular Dor de um só lado do abdomen Sensação de plenitude na região dos anexos SINTOMATOLOGIA DA GE * Na gestação ectópica rota, o sangue e os produtos da concepção extravasam para dentro da pelve ou da cavidade peritoneal, tendo como complicações a hemorragia, choque e peritonite. SINTOMATOLOGIA DA GE * GRITO DE DOUGLAS Quando ocorre a rotura tubária, o sangue derramado na cavidade abdominal acumula-se no fundo de saco de Douglas e o toque vaginal profundo provoca dor aguda (grito de Douglas), designado sinal de Proust. SINTOMATOLOGIA DA GE * Punção de fundo de saco de Douglas (culdocentese): O sangue aspirado é escuro, incoagulável e viscoso. SINTOMATOLOGIA DA GE * DIAGNÓSTICO DA GE Ultra-sonografia transvaginal Dosagem quantitativa da subunidade da gonadotrofina coriônica humana (hCG) Se a gestante apresenta dosagens de β-hCG superiores a 1.000 UI/ml e ausência de saco gestacional intra-útero ao exame de US endovaginal, a gravidez é, certamente, ectópica. * Adotada em algumas gestantes selecionadas Pouca dor ou sangramento; Confiabilidade na gestante para seguimento; Nenhuma evidência de rotura tubária; Nível de βHCG <1.000 mUI/ml e em queda; Massa ectópica ou anexial <3 cm ou não detectável; Ausência de BCF; Estabilidade hemodinâmica. TRATAMENTO DA GE Conduta expectante * TRATAMENTO DA GE Intervenção cirúrgica Methotrexate (para ectópica integra) interromper a divisão celular do embrião e este ser reabsorvido pelo corpo. Massa ectópica medindo 4cm ou menos. Dose - 50mg/m2, IM em dose única * Critérios para o uso de methotrexate: Gravidez ectópica íntegra Embrião sem atividade cardíaca Estabilidade Hemodinâmica Ausência de doença hepática ou renal Consentimento informado da paciente Contra-indicações: Hipersensibilidade b-hCG maior que15.000 BCF presente Líquido livre no FS Imunodeficiência Doença renal, hepática, pulmonar e hematológica Amamentação * ASSISTÊNCIA Orientar repouso no leito; Observar sangramento vaginal; Avaliar a dor - qualidade, frequência, localização e intensidade; Monitorar os sinais vitais; Manter punção periférica calibrosa; Administrar medicamentos conforme prescrição médica; Coletar sangue para classificação e prova cruzada e determinação do Rh; Monitorar exames de sangue – Hb, Ht; Preparar a paciente para cirurgia se necessário; Fazer reserva de sangue; Fornecer informações de maneira clara e direta. * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Sob a denominação de Neoplasia Trofoblástica Gestacional - quadro sindrômico resultante de profundas anormalidades no crescimento e diferenciação das células que compõe o tecido trofoblástico ( primeiro tecido a se diferenciar após a nidação; é a maior parte do blastocisto). * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Três configurações básicas: - Mola hidatiforme completa; - Mola parcial; - Mola recorrente. * MOLA HIDATIFORME COMPLETA Consiste na proliferação da placenta na ausência de embrião . Os vilos placentários assumem aspecto de “cacho de uvas”. A maioria tem composição cromossômica 46XX, sendo todos os cromossomos de origem paterna. * MOLA HIDATIFORME COMPLETA * MOLA HIDATIFORME PARCIAL - Placenta molar que ocorre junto à presença do feto, que é frequentemente inviável Em geral, o cariótipo mostra triploidia – 69 cromossomos(um óvulo p/ dois espermatozoides) É menos comum do que a mola completa e apresenta menor risco de recorrência * MOLA HIDATIFORME PARCIAL * MOLA HIDATIFORME RECORRENTE Aproximadamente 20% das mulheres com mola completa apresentam recorrência na forma de mola que invade o miométrio, ou com o aparecimento de metástases agressivas. São fatores prognósticos: O nível de hCG > 100.000 mUI/mL, o útero maior que o esperado para a idade gestacional, a presença de cistos teca-luteínicos maiores que 6 cm e a idade materna maior que 40 anos. * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Incidência : 1:1000 a 5000 gestações. Tem maior freqüência nos extremos da vida reprodutiva, acentuando-se acima de 40 anos. * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Manifestações clínicas Sangramento vaginal no primeiro trimestre ou início do segundo, geralmente escuro; Vesículas em forma de cacho de uvas são expelidas ; Níveis de β-hCG maiores do que os esperados (gravidez normal é de 50.000 a 100.000 mUI/mL na 12ª semana e depois decresce); Útero maior que o esperado para a idade gestacional, sem BCF; Hiperemese - elevados títulos de hCG DHEG precoce; Aumento ovariano, causado pela hiperestimulação ovariana pelos altos níveis de β-hCG. * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Diagnóstico Fundamenta-se no quadro clínico, na positividade do teste de gravidez e na ultra-sonografia. USG- Avaliar volume uterino, imagens infiltrativas do miométrio e possíveis metástases hepáticas. * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Tratamento - Esvaziamento imediato do útero ( < que 12 semanas - AMIU) Acompanhamento com dosagens seriadas de β-hCG (6 meses a 1 ano) Contracepção durante um ano * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Assistência - Fornecer informações de maneira clara e direta; - Observar sangramento vaginal; - Monitorar os sinais vitais; - Manter punção periférica calibrosa; - Administrar medicamentos conforme prescrição médica; - Preparar a paciente para o esvaziamento uterino por curetagem ou aspiração manual intrauterina (AMIU); * DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL/ GRAVIDEZ MOLAR Assistência - Atentar para uma possível necessidade de reposição sanguínea; - Orientar quanto ao acompanhamento clínico e laboratorial a fim de detectar precocemente recorrência, bem como a evolução para formas malignas da neoplasia trofoblástica gestacional; - Orientar quanto a importância da anticoncepção no máximo quinze dias após o esvaziamento uterino, preferencialmente com anovulatório hormonal oral de baixa dosagem. * Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. 302p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) FUSHIDA, Koji. Moléstia Trofoblática Gestacional. In: NEME, Bussâmara (Org.). Obstetrícia Básica. São Paulo: Sarvier, 2006. p. 341-52. MELSON, Kathryn A. et al. Enfermagem materno-infantil: planos de cuidados. Tradução Carlos Henrique Cosendey. 3. ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2002. 375 p. NEME, Bussâmara (Org.). Obstetrícia Básica. São Paulo: Sarvier, 2006. 1379p. SILVA, João Luís P.; SURITA, Fernanda G. Castro. Abortamento Espontâneo. In: NEME, Bussâmara (Ed.). Obstetrícia Básica. São Paulo: Sarvier, 2006. p. 297-305. *
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