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Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)

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AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL – AIA
Iara Verocai Dias Moreira
Assessoria Técnica da Presidência
FEEMA
Rio de Janeiro, abril 1985
INTRODUÇÃO
Ao final da década de 60, nos países industrializados, e também em alguns paí​ses em desenvolvimento, o crescimento da conscientização do público quanto à rápida degradação ambiental e aos problemas sociais decorrentes 1evou as comunidades a demandar uma qualidade ambiental melhor e a exigir que os fatores ambientais fossem expressamente considerados pelos governos ao aprovarem programas de investimento e projetos de grande porte.
Os métodos tradicionais de ava1iação de projeto, baseados tão somente em critérios econômicos, mostram-se inadequados para auxiliar as decisões. Quase sempre limitados a análises de custo e benefício, sem considerar fatores ambientais, os estudos de viabilidade 1evam a aprovar projetos cuja jmp1antação pode resu1tar em danos inesperados à saúde, ao bem estar social e aos recursos naturais, reduzindo assim os benefícios previstos.
A busca de meios que promovessem a incorporação de fatores ambientais à tomada de decisão resultou na formulação de políticas específicas e fez surgir uma série de instrumentos para a execução dessas políticas. Fizeram-se reorganizações administrativas e reformas institucionais, criaram-se incentivos econômicos pa​ra o controle da poluição, implantaram-se sistemas de gestão ambiental, abri​ram-se canais para que os cidadãos pudessem participar das decisões. Dos instrumentos gerados, o processo de avaliação de impacto ambiental (AIA) foi aquele que maiores atenções atraiu, tendo sido amplamente discutido e adotado, por sua adaptabilidade a diferentes esquemas institucionais e por suas possibilidades de atender ao mesmo tempo a requisitos técnicos e po1íticos.
No Brasil, tem sido feitas algumas tentativas de utilização da avaliação de impacto ambiental. Primeiro, por exigência de órgãos financeiros internacionais, sujeitarem seus empréstimos a uma análise dos efeitos ambientais dos progra​mas do Governo. Em segundo lugar, como parte das informações fornecidas por uma atividade poluidora aos sistemas de licenciamento, ou como um procedimento de aprovação de projeto. Ultimamente, como instrumento de execução da Política Nacional do Meio Ambiente. Nos três casos, observa-se que a AIA tem sido usada a​leatoriamente e, embora ainda não existam apreciações sistemáticas dos resultados dos estudos realizados, acredita-se que sua aplicação tem sido feita de forma tecnicamente inconsistente e muito aquém de suas possibilidades políticas.
Este pequeno ensaio, concebido inicialmente para fazer parte do trabalho "Conceitos Básicos sobre Meio Ambiente", em preparação pela Assessoria Técnica da Presidência da FEEMA, sob o verbete "Avaliação de Impacto Ambiental", ampliou-se no sentido de contribuir para o desenvolvimento do tema e para a aplicação do processo de AIA às estratégias de controle ambiental, ora em discussão por um grupo de trabalho da Comissão Permanente de Normalização Técnica - PRONOL.
Também no âmbito do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, a AIA tem objeto de freqüentes debates e algumas propostas de resolução. Isto vem confirmar o seu mérito como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente e a premente necessidade de se divulgarem o conhecimento e a experiência adquiridos nas instituições brasileiras. Vem também provocar as discussões quanto à regulamentação dos critérios e normas para implementar a sua utilização ordenada.
Ao capitulo sobre as origens e a evolução da AIA, segue-se a apresentação seus conceitos básicos compreendendo também o significado, os atributos e as características dos impactos ambientais. Um terceiro capítulo dedica-se a explicar como devem se desenvolver os estudos técnicos correspondentes. As questões relativas à instituição do processo de AIA e à organização dos procedimentos para o seu exercício são objeto de alguns comentários, no capítulo subsequente. O último traz apenas curta noticia sobre os métodos de AIA de uso corrente, uma vez que trabalhos completos sobre a matéria estão disponíveis em português. Ao final, listam-se os títulos dos artigos e livros técnicos, a serem	consultados pelos profissionais interessados em ampliar o conhecimento sobre o assunto.
1. ORIGENS
Os movimentos ambientalistas atuantes nos Estados Unidos da América, na década de 60, conseguiram mobilizar a população e motivar o Congresso daquele país a baixar o "National Environmental Policy Act of 1969", conhecido pela sigla NEPA, que passou a vigorar em janeiro de 1970. Essa lei determinou os objetivos e os princípios da política ambiental americana e ordenou que todas as propos​tas de legislação, ações e projetos de responsabilidade do governo federal que afetassem significativamente a qualidade do meio ambiente humano incluíssem uma declaração detalhada, contendo: o impacto ambiental da ação proposta; os efei​tos ambientais adversos que não poderiam ser evitados; as alternativas da ação; a relação entre os usos do meio ambiente a curto prazo e a manutenção e a melhoria da sua produtividade a longo prazo; qualquer comprometimento irreversível ou irrecuperável dos recursos ambientais a ser efetivado, caso a proposta fosse ser implantada.
As conseqüências dessa medida legal foram o desenvolvimento de procedimentos administrativos que a pudessem pôr em prática e a criação de uma série De conceitos técnicos e metodológicos que auxiliassem a elaboração dos estudos e a apre​sentação dos resultados. Surgiu também uma nova terminologia conjugada aos es​forços de atender aos requisitos do NEPA. Um dos termos criados foi "environ​mental impact statement (EIS)", declaração de impacto ambiental, para denominar o documento escrito, elaborado conforme instruções do NEPA, do Conselho de Qua​lidade Ambiental ou de organismos governamentais especificas, e que representa o resumo dos estudos de previsão e avaliação dos impactos da proposta considerada; esse documento também pode ser denominado "environmenta1 impact report ", relatório de impacto ambiental.
A expressão "environmenta1 impact assessment (ElA)", traduzida para o português como avaliação de impacto ambienta1 (AIA), e de origem européia e surgiu na dé​cada de 70, passando a ser usada universalmente para designar todo o proces​so (1 )*.
Os números assinalados entre parêntesis referem-se às notas apresentadas no final do relatório.
O uso da AIA generalizou-se rapidamente, não só dentro dos Estados Unidos da América, por força da legislação federal e de providências dos governos estaduais como também nos países desenvolvidos e, pouco mais tarde, em alguns paises em desenvolvimento. As peculiaridades jurídicas e institucionais de cada país determinaram o momento, a forma e a abrangência de sua adoção.
A partir de 1975, alguns organismos internacionais iniciaram gestões para introduzir a AIA em seus programas. A Organização para Cooperação Econômica e Desenvol​vimento (Organization for Economic Cooperation and Development - OECD) e a Comissão da Comunidade Européia (European Community Comission - EEC), bem como os ór​gãos setoriais da Organização das Nações Unidas, passaram a considerar a AIA para a solução de problemas gerados por propostas cujos impactos ambientais venham a afetar outros países além dos responsáveis por sua promoção. Os grandes agen​tes financeiros internacionais adotaram o mesmo procedimento, como forma de responder a pressões da comunidade cientifica mundial e dos cidadãos dos paises desenvolvidos, que passaram a se sentir responsáveis pelos problemas ambientais de Terceiro Mundo, resultantes muitas vezes de projetos multinacionais ou financiados por aqueles países.
2. CONCEITOS BÁSICOS
2.1 Definição de Avaliação de Impacto Ambiental
Existem inúmeras definições na literatura especializada. A maioria delas é de cunho acadêmico, enfatizando os aspectos técnicos. Outras enfocam os componentes políticos e de gestão ambiental. Háainda as definições legais, como aquela instituída pelo NEPA (2).
Em tese, a avaliação de impacto ambiental é um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao publico e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles devidamente considerados.
A AIA é um dos instrumentos de que se dispõe para a implementação de uma polí​tica ambiental. Portanto, sua aplicação é determinada pelos objetivos e princípios que norteiam essa política e pelo quadro institucional que a sujeita. O conceito vigente de meio ambiente indica o escopo e a abrangência dos estudos e AIA. Não a definição científica de meio ambiente, mas a opção política quan​to ao grau de controle ambiental que se quer garantir, aos fatores ambientais a serem considerados, aos recursos prioritários a serem geridos. O que se leva em conta para determinar a qualidade ambiental a ser mantida ou alcançada pode variar de acordo com o momento e a região ou país onde se aplica a AIA. Além do mais, o controle ambiental implica em custos que crescem exponencialmente,à medida que se aumentam as exigências.
A AIA toma a forma de um conjunto de procedimentos, denominado processo de AIA, que combina os arranjos institucionais (legais e administrativos) destinados a orientar sua aplicação e os métodos e técnicas usados para a realização dos estudos correspondentes.
Os procedimentos devem assegurar que a avaliação seja realizada desde o início do processo ge planejamento ou da tomada de decisão, de modo a possibilitar a comparação entre as alternativas e a adoção de medidas corretivas e mitigado​ras dos impactos. Avaliar impactos ambientais após ter sido tomada uma decisão, ou depois de executado um projeto, faz com que a AIA perca suas finalidades, limitando-se os estudos a oferecer sugestões para a correção dos efeitos mais e​videntes.
O exame sistemático dos impactos implica nas atividades de identificação e valoração dos prováveis impactos, através de métodos e técnicas objetivos, de modo a garantir resultados consistentes. Significa também considerar não só os impactos no meio natural, como também os impactos sociais e as interações existentes entre eles.
A AIA pode ser aplicada a diversos tipos de ação: projetos individuais, como por exemplo uma unidade industrial, uma rodovia, uma lavra de minério ou uma estação de tratamento de esgotos sanitários; planos de desenvolvimento, como um novo distrito industrial, o aproveitamento turístico de uma área costeira ou um plano de renovação urbana; políticas ou programas mais amplos, como uma proposta legislativa para regular o uso de agrotóxicos, um programa de desen​volvimento de alternativas energéicas ou um programa de desenvolvimento econômico regiona1.
A AIA deve ser encarada como um subsídio à tomada de decisão. Portanto, os re​sultados devem ser apresentados em linguagem corrente, compreensível para o público em geral, a imprensa e os políticos, para os grupos sociais afetados pe​la ação proposta e para as autoridades administrativas envolvidas e encarrega​das da decisão.
Os conceitos de impacto ambiental, essenciais para a compreensão da definição de AIA, são desenvolvidos no item 2.3.
2.2 - Objetivos da AIA
A AIA não é uma "caixa preta" que possa gerar respostas definitivas a proble​mas ambientais resultantes da implantação de grandes obras ou que possa evi​tar, por si só, desastres ecológicos ou degradação ambiental. Enquanto instru​mento de política ambiental, ao auxiliar o processo decisório, tem como finalidade viabilizar o uso dos recursos naturais e econômicos, dentro dos processos de desenvolvimento. Promovendo o conhecimento prévio, a discussão e a aná1ise imparcial dos impactos ambientais positivos e negativos de uma proposta, permite evitar e corrigir os danos e otimizar os benefícios, aprimorando a eficiên​cia das soluções. Ao melhorar o escopo e a qualidade dos dados e ao permitir a divulgação das informações e o acesso aos resultados dos estudos, possibilita a redução dos conflitos de interesse dos diferentes grupos sociais afetados pela proposta.
2.3 Conceitos de Impacto Ambienta1
O meio ambiente, além de sua evo1ução natural, está sujeito a constantes alte​rações. Uma alteração pode ser causada por fenômenos naturais ou provocada pe​lo homem. As alterações naturais se processam mais ou menos lentamente, em escalas temporais que variam desde centenas de anos a poucos dias, como no caso das catástrofes naturais.
As .a1terações resultantes da ação do homem são usualmente denominadas efeitos ambientajs (3). A maioria dos autores associa o termo impacto ambienta1 à in​c1usão, na definição de efeito ambiental, de um julgamento de valor. Assim, define-se jmpacto ambiental como qualquer alteração significativa no meio ambiente - em um ou mais de seus componentes - provocada por uma ação humana.
Um impacto ambienta1 é sempre consequência de uma ação. Porem, nem todas as consequências de uma ação do homem merecem ser consideradas como impactos ambientais. Os fatores que levam a qualificar um efeito ambienta1 como significativo são subjetivos, envolvendo escolhas de natureza técnica, po1ítica ou social. Mais uma vez, a noção de meio ambiente e fundamental para o entendimento e a aplicação do conceito de impacto ambiental. De acordo com a legislação, as op​ções políticas, os interesses dos grupos sociais, ou mesmo a competência técnica, devem-se definir os componentes, fatores e parâmetros ambientais considerados relevantes.
Os impactos ambientais possuem dois atributos principais: a magnitude e a im​portância. A magnitude é a grandeza de um impacto em termos absolutos, podendo ser definida como a medida da alteração no valor de um fator ou parâmetro ambiental, em termos quantitativos ou qualitativos. Para o cálculo da magnitude, devem-se considerar o grau de intensidade, a periodicidade e a amplitude temporal do impacto, conforme o caso. A importância é a ponderação do grau de significação de um impacto em relação ao fator ambiental afetado e a outros impactos. Pode ocorrer que um certo impacto, embora de magnitude elevada, não seja importante quando comparado com outros, no contexto de uma dada AIA.	
Uma ação pode vir a causar inúmeros impactos, muitas vezes estreitamente interligados, fazendo com que seja importante ter em mente suas diversas caracterís​ticas (4).
a. Características de valor:
 * impacto positivo, ou benéfico - quando uma ação resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parâmetro ambiental;
 * impacto negativo, ou adverso – quando a ação resulta em um dano à qua1idade de um fator ou parâmetro ambienta1.
b. Características de ordem:
. impacto direto - quando resulta de uma simples relação de causa e efeito; também chamado impacto primário ou de primeira ordem;
 . impacto indireto - quando é uma reação secundária em relação à ação, ou quando é parte de uma cadeia de reações; também chamado impacto secundário, ou de enésima ordem (segunda, terceira, etc.), de acordo com sua situação na cadeia de reações.
c. Características espaciais:
	
 * impacto local - quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas imedia​ções;
 * impacto regional - quando um efeito se propaga por uma área além das imediações do sitio onde se dá a ação;
 * impacto estratégico - quando é afetado um componente ambiental de importância coletiva ou nacional.
d. Características temporais ou dinâmicas:
* impacto imediato - quando o efeito surge no instante em que se dá a ação;
 * impacto a médio ou longo prazo - quando o efeito se manifesta depois de decorrido um certo tempo após a ação;
* impacto temporário - quando o efeito permanece por um tempo determinado,após a execução da ação;
* jmpactopermanente - quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam de se manifestar, num horizonte temporal conhecido.
Os impactos ambientais podem ser caracterizados ainda por sua reversibilidade, de acordo com a possibilidade de o fator ambiental afetado retornar às suas condições originais. Entre os impactos totalmente irreversíveis e os reversí​veis existem infinitas gradações. A reversão de um fator ambiental às suas condições anteriores pode ocorrer naturalmente ou como resultado de uma inter​venção do homem.
As propriedades cumulativas e sinérgicas de algumas substâncias químicas leva​ram a que alguns autores incluíssem, entre as principais características dos impactos, a avaliação dos efeitos cumulativos e sinérgicos (ou sinergísticos).
A distribuição social dos impactos é outra característica a ser tomada em conta, uma vez que os impactos benéficos e adversos nunca são igualmente senti​dos pelos diversos grupos sociais.
3. ESTUDOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
3.1 Considerações Preliminares
Além dos requisitos legais e administrativos estabelecidos no processo de AIA, os estudos de avaliação de impacto pressupõem algumas considerações, de modo a assegurar resultados objetivos (5):
- o conhecimento das possíveis alternativas da proposta em estudo, inclusive aquela de não se proceder à sua implantação (6); as alternativas podem ser de localização ou de processo operacional;
- o nível de detalhamento dos estudos, que deve ser determinado em função dos fatores ambientais, como a fragilidade dos sistemas ou a importância estratégica dos componentes a serem afetados, e dos recursos disponíveis para a execução dos trabalhos (orçamento, conhecimento técnico, dados, informações e tempo);
- as diversas etapas de realização do projeto; em geral, a avaliação é feita apenas para as etapas de implantação e de operação. Entretanto, algumas pro​postas merecem que se considerem também os impactos gerados nas etapas de planejamento e desativação;
- a necessidade de se contar com uma equipe técnica multidisciplinar, já que qualquer estudo de AIA abrange uma ampla gama de disciplinas, coordenada por profissional que tenha conhecimentos gerais sobre as diversas áreas científi​cas envolvidas e sobre o processo de AIA, de modo a poder orientar os traba​lhos setoriais, promover a interação de seus resultados e apresentá-los de forma adequada.
- os limites da área geográfica a ser afetada, denominada área de influência, a serem determinados de acordo com a natureza e os impactos potenciais da proposta; a área de influência pode chegar a ter dimensões consideráveis, abran​gendo territórios de outras unidades político-administrativas, até mesmo ou​tros países.
3.2 - Atividades dos estudos de AIA
Os estudos de AIA devem desenvolver um conjunto de atividades, aqui descritas em uma certa ordem apenas para efeito de apresentação, não implicando que se realizem, necessariamente, umas após as outras. De fato, algumas são interdependentes e outras se processam ao longo de todo o estudo, podendo ser aperfeiçoadas à medida que os trabalhos se desenvolvem.
a)|Diagnóstico ambiental da área de influência (7)
A primeira atividade ou tarefa de um estudo de AIA é a realização de um diagnóstico ambiental da área a ser afetada pela proposta, o que significa conhecer os componentes ambientais e suas interações, caracterizando assim a situação ambiental dessa área, antes da implantação do projeto. Os resultados desta ativida​de servirão de base à execução das demais.
A primeira questão a surgir é o problema de disponibilidade e organização dos dados necessários: informações cartográficas atualizadas e em escalas adequa​das, dados referentes aos componentes físicos e biológicos do meio ambiente, dados econômicos e sociais das populações locais. Nem sempre existem todos esses dados, o que exige, muitas vezes, trabalhos de campo para complementação. Mesmo os existentes	podem se encontrar dispersos por instituições diferentes e, em geral, foram coletados e armazenados de acordo com os objetivos específicos dessas instituições. Em alguns países, os órgãos públicos de controle ambiental organizam e mantêm bancos de dados atualizados para orientar suas atividades técnicas e políticas,o que facilita a execução de estudos consistentes de AIA. Dentro do universo de dados e informações existentes, devem ser selecionados aque​les que serão efetivamente utilizados nos estudos. São recomendáveis estudos de consistência e análise estatística, podendo as deficiências de dados serem com pensadas por comparação com sistemas ambientais semelhantes.
Alguns componentes ambientais podem ser descritos através de dados numéricos mais ou menos precisos, enquanto outros só podem ser expressos por dados quali​tativos de natureza subjetiva. Isto faz com que a realização dos estudos de diagnóstico ambiental apresente dificuldades relativas à determinação das inte​rações desses componentes. Além da dinâmica dos sistemas ambientais, os estudos devem contemplar também os problemas de variação cíclica de certos fatores.
Não existem listas de componentes, fatores e parâmetros ambientais que possam servir para orientar todos e quaisquer estudos de AIA. Os profissionais encarregados de sua execução devem desenvolver uma listagem apropriada ao estudo que realizam, podendo ser orientados por instruções específicas a certo tipo de projeto, estabelecidas nas normas legais ou fornecidas pela autoridade que determinou a execução de AIA. Na ausência dessas instruções, o pré-conhecimento dos impactos potenciais da proposta, outros estudos semelhantes e os métodos corren​tes de AIA podem auxiliar a elaboração da listagem dos ítens a serem considera​dos.
b) Identificação dos impactos
A partir do conhecimento da proposta, suas alternativas, e do diagnóstico ambiental da área afetada, desenvolve-se a atividade seguinte, que consiste na identificação dos impactos que serão objeto de pesquisas mais detalhadas. A identi​ficação dos impactos, de maneira geral, é tarefa complexa, por causa da enorme variedade de impactos que podem vir a ser gerados, pelos inúmeros tipos de projeto e ações correspondentes, em diferentes sistemas ambientais. Estudos de AIA de projetos semelhantes e os métodos de AIA publicados podem orientar a execu​ção desta tarefa.
A identificação de impactos não deve se limitar à fase inicial dos estudos, de modo a aproveitar as informações e os dados que se tornem disponíveis ao longo dos estudos, tanto sobre o projeto quanto sobre o meio ambiente.
Nas primeiras avaliações de impacto ambiental realizadas, a tendência era identificar todos os impactos que porventura pudessem ocorrer e proceder a estudos detalhados de medição e valoração. Muitas vezes aconteceu que, após os estudos, muitos dos impactos pesquisados foram considerados de pouca importância científica ou mesmo irrelevantes para os grupos sociais afetados, o que, juntamente com a necessidade de se economizarem recursos financeiros e tempo, reduzindo os prazos de aprovação dos projetos e aprimorando a eficiência da avaliação, fez com que se passasse a proceder a uma seleção prévia dos impactos a serem objeto de estudos posteriores, chamada definição do escopo. A definição do escopo consiste, portanto, em discussões destinadas a selecionar, dentre os prováveis impactos de uma proposta, aqueles que são importantes o bastante para merecer estudos mais detalhados. Quanto maior o número de representantes dos setores en​volvidos com o processo de AIA (técnicos especialistas, órgãos públicos encarregados da análise e aprovação dos estudos e da tomada de decisão, associações comunitárias interessadas no projeto) maior a possibilidade de os resultados dos estudos serem representativos e validados por esses setores.
c) Previsão e medição dos impactos
Trata-se de prever as características e prognosticar a magnitude dos impactos anteriormente identificados. Quanto mais amplamente forem consideradasas características dos impactos mencionadas no item 2.3 deste trabalho, mais completos e consistentes os resultados dos estudos de AIA.
A magnitude pode ser expressa em termos quantitativos, através de valores numéricos que representem a alteração a ser produzida pela ação num determinado pa​râmetro ou fator ambiental, ou em termos qualitativos, expressando a provável variação de qualidade a ser observada no fator ambiental afetado. Algumas vezes, pode ser definida por uma combinação de valores quantitativos e qualitativos.
Para a previsão e medição dos impactos nos componentes físicos do meio ambien​te, existem inúmeras abordagens científicas que utilizam técnicas há muito co​nhecidas, como os modelos matemáticos analíticos, os modelos físicos em escala reduzida, as análises probabilísticas, etc.. Também há técnicas específicas para o cálculo dos impactos no meio biológico, tais como métodos para a quantifi​cação das perturbações nas cadeias alimentares, da redução do numero de indivíduos em determinadas espécies, das perdas de produtividade, etc.. Os efei​tos diretos da proposta sobre os fatores sociais, econômicos e culturais, bem como os efeitos causados na comunidade humana pelos demais impactos da propos​ta podem ser estimados quer pelo uso das técnicas tradicionais, quer pelo uso de outras recentemente desenvolvidas para esse fim; em especial, para os impac​tos econômicos, utilizam-se as técnicas tradicionais de análise de projeto.
d) Interpretação e valoração dos impactos (8)
Ligada à definição da importância dos impactos, esta atividade consiste em du​as operações distintas. A primeira, chamada interpretação dos impactos, dedica-se a estabelecer a importância de cada um dos impactos em relação aos fatores ambientais afetados, o que, naturalmente, vai depender do projeto que se analisa e de sua localização. A segunda, denominada valoração dos impactos, refere-se à determinação da importância relativa de cada impacto, quando comparado aos demais; esta operação oferece certo grau de comp1exidade, na medida em que se propõe a comparar valores expressos em unidades diferentes. Para isto, al​guns métodos de AIA procedem à normalização desses valores, outros comparam-nos a índices de qualidade ambiental ou estabelecem escalas verbais ou numéricas que reflitam a ordem de importância entre os impactos.
A importância de um impacto significa sua resposta social, isto é, o quanto é importante esse impacto para a qualidade de vida do grupo social afetado e para os demais, e depende de um julgamento de valor. O grau de importância determinado pe1os técnicos que executam os estudos será certamente diferente dos atribuídos pelos decisores e pelos representantes da comunidade. Daí a necessidade de se criarem condições para o envolvimento, nesta atividade, de todos os partici​pantes do processo de AIA, em especial, dos grupos sociais afetados pelo proje​to. Existem inúmeros métodos que permitem o envolvimento do publico nas tarefas destinadas a definir graus de importância dos impactos confiáveis e representa​tivos, evitando-se assim que os estudos apresentem resultados insatisfatórios para um ou outro ator do processo de AIA. 
2) Definição das medidas mitiqadoras e do programa de monitoragem dos impactos
As medidas mitigadoras são aqueles destinadas a corrigir impactos negativos ou a reduzir sua magnitude. Identificados esses impactos, devem-se pesquisar quais os mecanismos capazes de cumprir esta função, avaliando-se sua eficiência. Os equipamentos para tratamento de despejos e emissões para a atmosfera incluem-se no elenco das medidas mitigadoras conhecidas para a correção das diversas for​mas de degradação ambiental. Existe, na literatura especializada, uma vasta ga​ma de medidas mitigadoras já utilizadas, o que pode auxiliar a execução desta atividade.
O programa de monitoragem dos impactos deve ser estabelecido ainda durante os estudos de AIA, de modo que se possam comparar, durante a implantação e operação da proposta, os impactos previstos com os que efetivamente vierem a ocor​rer. A monitoragem dos impactos é atividade onerosa e difícil, requerendo medi​ções prévias dos parâmetros que vão ser considerados, razão pela qual, na maioria das vezes, não é levada a efeito. Entretanto, deve ser realizada sempre que possível, para verificar a aplicação e a eficiência das medidas mitigadoras, assegurar que os padrões de qualidade ambiental não sejam ultrapassados, detectar impactos não previstos a tempo de corrigí-los e, também, contribuir para o aperfeiçoamento técnico dos métodos de AIA e das técnicas de previsão e medição dos impactos, no sentido de melhorar o grau de precisão dos estudos futuros.
f) Comunicação dos resultados
Os resultados da avaliação dos .impactos e suas interações, para as diversas a1ternativas estudadas, necessitam ser apresentados de forma objetiva e adequada à sua compreensão por parte dos participantes do processo de AIA. As informa​ções técnicas devem ser traduzidas em linguagem acessírvel, de modo que todos os setores envolvidos na decisão sejam capazes de entender as vantagens e des​vantagens da proposta e todas as implicações referentes à sua implementação. As informações devem ser apresentadas, sempre que possível através de mapas, gráficos e diagramas.
Os resultados dos estudos de AIA são "quase sempre apresentados aos decisores em forma de documentos escritos denominados Relatórios de Impacto Ambiental ou Declarações de Impacto Ambiental. A natureza, o conteúdo e os requisitos para elaboração desses relatórios serão discutidos no ítem 4.2.
�
4. ASPECTOS INSTITUCIONAIS
4.1 – O processo de AIA
Ao discutir-se o conceito de AIA, como aquele encar​regado de promover a articulação dos procedimentos administrativos com os métodos e técnicas de execução dos estudos, de modo a auxiliar efetivamente a tomada de decisão, de acordo com os princípios e objetivos de uma determinada política ambiental.
Em primeiro lugar, é necessário instituir o processo de AIA, o que pode ser feito ou através de alterações moderadas nas estruturas administrativas existentes ou através de sua centralização em um órgão de controle ambiental. Pode ser adotado para os diversos níveis político-administrativos, vinculado aos mecanismos de financiamento de projetos e obras, ao planejamento dos órgãos púb1icos encarregados de obras de infra-estrutura, aos sistemas de licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente ou aos processos de aprovação de projetos da iniciativa privada.
A institucionalização do processo de AIA foi feita originalmente nos Estados Unidos da América, e posteriormente em alguns países, através de legislação explícita, como uma exigência aos processos decisórios. Em alguns países euro​peus, os procedimentos de AIA têm sido incorporados às rotinas administrativas existentes, instituídos antes por regulamentos executivos do que por uma lei específica. Outra forma, adotada em países em desenvolvimento, e a integração da AIA aos processos de decisão e planejamento, através de modificações nas leis em vigor, introduzindo-se considerações ambientais aos demais critérios e exi​gências legais. Assim, as leis que regem, por exemplo, a mineração, a pesca, o desenvolvimento industrial e urbano e as obras publicas passam a incluir a ava​liação dos impactos ambientais, como parte das rotinas de aprovação de proje​tos.
A incorporação dos princípios ambientais na política de desenvolvimento deve ser instituída legalmente, abrangendo todas as decisões importantes, e não ape​nas alguns setores da administração através da criação de mais uma rotina. Por ser um dos instrumentos dessa política, a AIA deve ter sólida base legal, de modo a auxiliar as decisões que afetem o meio ambiente. Entretanto, os resultados da prática da AIA em diversos países parecem mostrar que, mais importantes do que uma legislação específica, são o compromisso político de se implementar o processo de AIA e o reconhecimento de que isto dependedo desempenho das autoridades governamentais e dos demais participantes.	
Os indivíduos ou grupos envolvidos no processo de AIA, denominados por "atores do processo de AIA", são:
- os proponentes do plano, programa ou projeto específico que serão avaliados ​- instituições ou órgãos setoriais do governo, empresários que desejam desenvolver uma atividade econômica;
 - os responsáveis pela tomada de decisão - as autoridades governamentais com competência para decidir sobre qualquer autorização parcial e sobre a aprova​ção final da proposta, inclusive as autoridades de controle ambiental;
- a equipe técnica que realizará os estudos de AIA;
	- os responsáveis pela revisão e análise dos estudos - usualmente, uma equipe técnica do órgão de controle ambiental ou, na falta desta, um grupo de consultores contratados;
- outros órgãos governamentais que tenham interesse ou alguma relação com a proposta - órgãos públicos de outros níveis administrativos, autoridades locais;
- os grupos sociais diretamente afetados pela proposta;
- associações civis interessadas na proposta - associações comunitárias, socie​dades científicas, grupos de defesa do meio ambiente.
Alguns autores acrescentam a essa lista: o público em geral e a imprensa; as autoridades internacionais (representantes de países vizinhos ou organizações intergovernamentais) necessariamente participantes nos casos de propostas que utilizem recursos ambientais partilhados por mais de um país ou cuja área de influência ultrapasse fronteiras (Munn 1980).
As responsabilidades e os papéis dos participantes do processo de AIA devem ser especificados com clareza e conhecidos por todos. As responsabilidades dos proponentes, dos decisores e das equipes técnicas encarregadas dos estudos e da revisão são, em geral determinados; pela legislação e pelos regulamentos e nor​mas complementares. Os demais participantes incorporam-se ao processo, mais ou menos formalmente, a medida que seus papéis venham a ser estabelecidos.
O envolvimento dos grupos sociais afetados pela proposta, das associações civis e do público em geral depende do grau de conscientização da sociedade quanto aos problemas e questões ambientais, do seu nível de organização e da existên​cia de canais de comunicação entre a comunidade e a administração publica. Embora este assunto seja objeto de controvérsias, a participação dos setores soci​ais é considerada como um elemento fundamental de todo o processo de AIA, desde suas etapas iniciais ate a tomada de decisão, tendo sido bastante desenvolvida, principalmente nos países industrializados. O processo de AIA apresenta a me​lhor oportunidade de se considerar a opinião da comunidade quanto ao planejamento e a realização de uma proposta, pois facilita a veiculação de uma ampla gama de informações organizadas e a criação de mecanismos para receber e incorporar comentários. Portanto, pode e deve incluir, nos procedimentos e métodos de AIA, os meios de concretizar essa participação. Dentre as práticas adotadas pelos esquemas institucionais de diversos países, destacam-se: as audiências públicas; os seminários e grupos de trabalho; a criação de comitês de representantes da comunidade; as pesquisas de opinião junto aos grupos sociais afetados; o credenciamento de cidadãos para participar da revisão dos estudos; a divulgação e facilidade de consulta aos dados da proposta e aos resultados dos estudos de AIA.
4.2 Os Procedimentos
Os procedimentos de AIA são o ordenamento dos atos administrativos e a atribuição das respectivas responsabilidades, estabelecidos pela administração pública para implementar o processo de AIA e, assim, atender às diretrizes da política ambiental.
A coordenação do processo de AIA, em geral a cargo do órgão governamental res​ponsável pela execução da política e pela gestão ambiental, ao criar os procedimentos, deve determinar as regras de utilização da AIA, o que obviamente depen​derá do quadro institucional vigente. Qualquer que seja esse quadro, devem ser contempladas algumas questões administrativas, que também são de natureza téc​nica, porque envolvem conhecimentos sobre as ciências ambientais. Essas ques​tões dizem respeito aos regulamentos e às normas específicas para a exigência e a aplicação da AIA, à realização e revisão dos estudos e o conteúdo dos relatórios.
- A aplicação da AIA
Em primeiro lugar, devem se considerar os níveis de planejamento a que se a​plica a AIA: planos, programas ou projetos individuais. Na prática, a AIA tem sido orientada mais frequentemente para projetos individuais, embora argumen​te-se que sua aplicação a programas e planos pode ser mais eficiente em termos de racionalização de custos e agregação dos impactos dos projetos individuais contidos nesses programas (9). Alem disso, acredita-se que a consideração dos fatores ambientais nos estágios iniciais do planejamento favoreça a proteção é o controle da qualidade ambiental. Por outro lado, os estudos de AIA de planos e programas são mais complexos, menos objetivos, não sendo possível prever com exatidão a localização, o tamanho e a natureza dos impactos dos projetos que venham a ser implantados.. De qualquer forma, a AIA de um plano ou programa de desenvolvimento, embora reduza os custos e auxilie os estudos posteriores, não substitui a avaliação dos impactos ambientais importantes de um determinado projeto nem a adoção das medidas mitigadoras correspondentes.
A segunda questão refere-se ao escopo de aplicação da AIA, isto e, os fatores ambientais a serem considerados, os recursos a proteger e o grau de controle ambiental desejado. Conforme mencionado no Capítulo 2, a política ambiental e a respectiva legislação determinam as diretrizes gerais a serem seguidas. Os procedimentos devem especificar essas diretrizes, detalhando os fatores, critérios e padrões ambientais a serem atendidos. Em alguns países, os sistemas de AIA abrangem os componentes físicos e biológicos do meio ambiente, o ar, a á​gua, o solo, o homem, os animais e os vegetais, incluindo também as interrela​ções entre esses elementos e os valores estéticos, históricos e culturais. Ou​tras vezes, o escopo de aplicação se amplia, incorporando detalhadamente os impactos sociais e econômicos, o que se traduz em estudos e procedimentos mais complexos. Certamente, o escopo de aplicação deve ser o mais amplo e completo possível, embora seja viável iniciar a implementação do processo de AIA, mesmo antes que estejam suficientemente desenvolvidos os métodos, as técnicas e os critérios necessários à consideração de alguns desses aspectos ambientais.
A terceira questão diz respeito aos tipos de proposta que serão, obrigatoria​mente, objeto de estudos de AIA. Para que o processo possa ser operacionaliza​do, evitando-se que a AIA seja aplicada indiscriminadamente, é necessário estabelecer, a priori, os critérios que determinem quais as atividades sujeitas a AIA. Esses critérios baseiam-se, em geral, no porte e no potencial de impacto de cada tipo de atividade, podendo considerar também os conceitos de fragilidade ambiental, combinando os dois primeiros fatores com a localização geográfica. Certos regulamentos adotam métodos especificas para a seleção das propos​tas que necessitam ser avaliadas (10). Outros preferem a negociação política junto aos demais órgãos executivos governamentais, a partir do que se elaboram listas das atividades sujeitas à AIA.
. - A realização dos estudos de AIA
Os estudos de AIA devem se desenvolver desde os estágios iniciais do planeja​mento da proposta, quando.as alternativas de projeto e de localização estão para serem definidas, existindo ainda a possibilidade de impedir sua execução, caso os impactos ambientais sejam de todo inaceitáveis. E consenso que, quan​to mais cedo se iniciar o processo de AIA, melhores serão os resultados dos estudos e maior a sua contribuição para o controle e a proteção da qualidade ambiental.
Os regulamentos devem prever, para cada tipo de atividade,instruções para e​laboração dos estudos de AIA, incluindo a forma e o conteúdo dos relatórios, os resultados esperados e os critérios e padrões ambientais a serem observados. Entretanto, a coordenação do processo de AIA deve ser capaz de fornecer orienta​ções mais detalhadas e apropriadas para cada caso, sempre que se fizer necessário.
A realização dos estudos de AIA envolve ainda duas questões a serem claramente definidas: quais serão os responsáveis técnicos pela execução e quem pagará os custos. . Os estudos podem ser executados: pelo próprio proponente, seja ele um órgão público ou uma empresa privada; por uma equipe técnica independente, como por exemplo uma firma de consultoria; ou por um grupo de trabalho formado por representantes do proponente, das autoridades responsáveis pela decisão, crescida de especialistas em ciências ambientais contratados para esse fim e, em certos casos, de representantes credenciados da comunidade. De qualquer forma, é essencial que os estudos se realizem com isenção e objetividade, por profissionais tecnicamente capacitados. É importante, também que se promova uma comunicação constante entre a equipe executora e as autoridades que coordenam o processo de AIA.
Geralmente, os custos recaem sobre o proponente. Portanto, as exigências quanto ao conteúdo e ao nível de detalhamento dos estudos de AIA devem considerar o montante dos recursos financeiros necessários à sua execução, de modo a evitar que os esforços de implementação do processo venham a ser paralisados por custos exorbitantes ou que o inviabilizem. Quando o proponente é um órgão publico, a estimativa dos custos da AIA deve ser agregada ao orçamento referente ás fases de estudos de viabilidade e de projeto. A experiência de alguns paises em desenvolvimento mostra que são altos os custos das primeiras aplicações AIA, pela pouca experiência das equipes técnicas executoras e por deficiências do processo. Nesses mesmos países, as estimativas e avaliações de custo concluíram também que, na maioria dos casos, os valores situam-se entre um e cinco por cento do custo do projeto. Mesmo para os estudos mais complexos e controvertidos, esses valores não ultrapassam os dez por cento (Interim Mekong Commitee 1982).
- Conteúdo do Relatório de Impacto Ambiental
Para cumprirem sua finalidade, os resultados dos estudos de AIA devem ser apresentados, para revisão e para comunicação dos resultados, em forma de relatório. Esse relatório, conhecido no Brasil como Relatório de Impacto Ambiental RIMA (11), constitui um documento do processo de AIA e deve esclarecer, em linguagem corrente, todos os elementos da proposta e do estudo, de modo que possam ser usados na tomada de decisão e divulgados para a comunidade afetada e o público em geral. Alguns sistemas prevêem um relatório completo dos dados, informações e resultados dos estudos de AIA para revisão e análise, e um outro relatório síntese, específico para a tomada de decisão e a comunidade, podendo incorporar também os comentários e recomendações da equipe encarregada da revisão.
​A literatura especializada e os diversos regulamentos apresentam várias condições sobre a forma e o conteúdo dos relatórios de impacto ambiental. Quase todas contêm, pelo menos, os seguintes itens básicos:
 1. Objetivos e justificativa da proposta, sua ligação com planos e programa em desenvolvimento e implementação e sua compatibilidade com as demais políticas setoriais.
2. Descrição da proposta e suas alternativas.
3. Diagnóstico ambiental da área de influência.
4. Identificação, previsão e avaliação dos impactos ambientais.
5. Comparação dos impactos das alternativas, indicando qual a alternativa mais aceitável.
6. Recomendações quanto às medidas mitigadoras e de controle, indicando os impactos negativos que não possam ser evitados.
7. Programa de acompanhamento e monitoragem dos impactos.
8. Resumo dos estudos para comunicação dos resultados. (ver item 3.2 (f))
Instituído o processo e, portanto,estabelecidos os procedimentos administrativos, é útil a publicação de manuais, contendo, pelo menos, a legislação, as responsabilidades de cada participante, os passos do processo decisório, as instruções para os estudos e elaboração dos relatórios, os critérios, normas e padrões ambientais a serem atendidos, os mecanismos de participação da comunidade.
5. METODOS DE AVALIAÇAO DE IMPACTO AMBIENTAL
​Após a instituição dos primeiros processos de AIA, começaram a ser desenvolvidos métodos que atendessem aos requisitos exigidos para a execução dos estudos, utilizando algumas vezes técnicas correntes de outras áreas de conhecimento. A maioria dos autores, desde o início, tratou de distinguir os métodos de AIA das técnicas de previsão de impacto.
Métodos de AIA são mecanismos estruturados para coletar, analisar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos ambientais de uma proposta, in​cluindo os meios para a apresentação escrita e visual dessas informações. As técnicas de previsão de impacto, também chamadas técnicas de AIA, são métodos formais pré-definidos, usados para medir as condições futuras dos fatores e parâmetros ambientais específicos, por exemplo, os modelos matemáticos analíticos, de dispersão de poluentes, os modelos físicos em escala reduzida, as análises estatísticas de séries temporais, os cálculos de balanço de massa, as técnicas de avaliação de paisagem etc. (13)
Não existe método algum que possa ser adotado para a avaliação de impacto de qualquer tipo de proposta ou que sirva para todas as fases de um estudo. A escolha de um deles, alem de atender aos requisitos e normas legais estabelecidos para a execução dos estudos, e função do tempo e dos recursos técnicos e financeiros disponíveis e, em alguns casos, dos dados existentes. Entretanto, é importante conhecer os métodos de AIA que se têm criado, na medida em que seus princípios básicos podem ser utilizados ou adaptados às condições peculiares de cada problema. .
Os métodos de AIA empregam uma ou outra forma de classificação dos elementos e fatores ambientais. Essa classificação, bem como a escolha das variáveis rele​vantes e dos indicadores de impacto, deve se conformar às peculiaridades dos sistemas ambientais afetados e aos impactos potenciais do projeto. Indicadores de impacto são os elementos ou parâmetros de uma variável que provêm à medida da magnitude de um impacto ambiental. Podem ser quantitativos quando representados por uma escala numérica, ou qualitativos quando classificados simplesmente em categorias ou níveis.
As tentativas iniciais de sistematizar a análise dos impactos ambientais leva​ram à criação do primeiro tipo básico de método de AIA, denominado listagem de controle (“checklist" em inglês). As primeiras listagens de controle apenas e​numeravam os fatores ambientais e os respectivos indicadores de impacto. A medida em que se aperfeiçoaram, surgiram listagens descritivas ou em forma de questionário, com informações sobre as técnicas de previsão de impacto que po​deriam ser utilizadas. Criaram-se ainda listagens de controle que associavam aos fatores ambientais escalas de valor e índices de ponderação da importância dos impactos. Encontram-se também, na literatura técnica, listagens de controle elaboradas para certos tipos de projeto ou próprias a determinados sistemas ambientais. Considerado essencial para o primeiro passo dos estudos de AIA, esse tipo de método não atende às demais atividades, principalmente por não conside​rar as relações de causa e efeito entre as ações e os fatores ambientais.
Para suprir esta deficiência, foram desenvolvidas as matrizes de interação: Dispondo as diversas ações referentes à proposta e os fatores ambientais, ao longo de seus eixos horizontal e vertical, as quadriculas definidas pela intercessão das linhas e colunas da matriz representam os impactos de cada ação sobre cada fator ambiental. Assim, pode-se identificar o conjunto de impactos gerados pelaproposta, destacando-se os múltiplos efeitos de uma dada ação e a soma das causas que se combinam para afetar um determinado fator ambiental. As matrizes de interação funcionam como listagens de controle bidimensionais, e servem, antes de tudo, para identificar os impactos. Têm sido muito divulgadas, notadamente a Matriz de Leopold que permite atribuir, além da magnitude, o grau de importância dos impactos.
As formas iniciais da matriz de interação desdobraram-se em outras mais avança​das. Cruzando-se os mesmos fatores ambientais, cria-se nova matriz que permite verificar as dependências diretas entre eles. Adotando-se escalas apropriadas, podem-se introduzir variáveis temporais ou graus de intensidade dos efeitos. Outros métodos utilizam técnicas de operação de matrizes ou cores para destacar a importância dos impactos. A aplicação deste tipo de método limita-se à fase de identificação dos efeitos diretos, não favorecendo a pesquisa dos impactos secundários e de suas interações, nem levando em conta os aspectos dinâmicos dos sistemas ambientais.
A busca de meios para analisar os impactos secundários resultou na criação das redes de interação ("networks" em inglês, “graphes d'effets" em francês), que estabelecem a sequência dos impactos desencadeados por uma ação, através de gráficos ou diagramas, permitindo retraçar, a partir de um impacto, o conjunto de ações que o causaram direta e indiretamente. A primeira rede de interação foi elaborada por Sorensen (1974), aplicada à resolução de conflitos de uso e con​trole de degradação ambiental em uma zona costeira. Paralelamente, utilizando o conceito de fluxo de energia em ecossistemas estudados por Odum, desenvolveu-se um outro tipo de rede de interação que mostra os efeitos de ações externas nos fluxos energéticos de um sistema ambiental, denominado diagrama de sistema. As redes de interação, identificando as cadeias de impacto, são hábeis para a de​tecção de medidas mitigadoras, principalmente no que se refere a impactos em e​cossistemas naturais. Entretanto, serve apenas para a identificação de impactos adversos, sendo ainda difícil sua associação a critérios de importância.
Outro tipo de método, originalmente criado para estudos de planejamento urbano e regional, mas muito usado em AIA, e a superposição de cartas ("overlay mapp​ing" em inglês, “superposition cartographique" em francês). Perfeitamente adaptável a diagnóstico e análise ambiental, consiste na confecção de uma série de cartas temáticas, uma para cada fator ambiental, onde se representam os dados organizados em categorias. Essas cartas são superpostas para produzir a síntese da situação ambiental de uma área geográfica, podendo ser elaboradas de acordo com os conceitos de fragilidade ou potencialidade dos recursos ambientais, se​gundo se desejem obter cartas de restrição ou aptidão de uso. As cartas temáti​cas podem ser processadas em computador, caso o número de fatores ambientais considerados assim o determine. A superposição de cartas é útil para os estu​dos que envolvem alternativas de localização, conflitos de uso e outras ques​tões de dimensão espacial, tendo sido muito utilizada para a AIA de projetos lineares, como estrada de rodagem, dutos e linhas de transmissão. Embora favoreça a representação visual, esse tipo de método omite os impactos cujos indicadores não possam ser espacializados, tendendo a resultado de natureza subjetiva.
Os modelos de simulação constituem o último dos tipos básicos de método, tendo sido desenvolvidos no final da década de 70. São modelos matemáticos destinados a representar, tanto quanto possível, a estrutura e o funcionamento dos sistemas ambientais, explorando as complexas relações entre seus fatores físicos, biológicos e sócio-econômicos, a partir de um conjunto de hipóteses ou pressupostos. Capazes de processar variáveis quantitativas e qualitativas, incorporar as medidas de magnitude e importância dos impactos e considerar as relações entre os fatores ambientais e as ações, os modelos de simulação têm sido usados, principalmente, para estudos de AIA de grandes projetos e programas de desenvolvimento. Definidos por Holling, como parte do Adaptative Environmental Assessment (1978), adaptam-se aos diferentes processos de decisão, facilitando o envolvimento de todos os participantes. As críticas a esse tipo de método usualmente enfatizam as exigências de equipamento e custo da computação eletrônica, alem de considerar a simulação matemática uma inadequada simplificação da realidade.
Entretanto, as experiências relatadas indicam que essas exigências podem ser reduzidas a níveis satisfatórios e que as incertezas quanto à consistência dos resultados são menores e compensam as deficiências dos demais tipos de método, sobretudo quanto aos aspectos da dinâmica dos sistemas ambientais.
Nos últimos anos, observa-se a tendência à adoção de métodos compostos, combi​nando-se dois ou mais dos tipos básicos acima descritos, adaptando-os às especificidades dos projetos e das áreas a serem afetadas. Na definição da abordagem a um problema determinado, e na conseqüente composição e escolha dos métodos de AIA e das técnicas de previsão, alem das questões de custo, consideram-se importantes tanto à sistematização dos estudos quanto os meios de comparação dos im​pactos das alternativas e a boa apresentação dos resultados.
NOTAS
(1) Environmental impact assessment (ElA) em inglês, avaliação de impacto ambiental (AIA) em português, evaluation de impacto ambiental (ElA) em espanhol, evaluation des impacts sur l'environnement (ElE) em francês e Umweltvertraglichkeitsprüfung, em alemão. Vale observar que "avaliação" foi o termo escolhido para traduzir “assessment", talvez por faltar às línguas neo-latinas uma palavra que melhor indicasse a pequena variação de conotação existente entre "evaluation", "assessment" e "appraisal". Para “evaluation" melhor corresponde em português "avaliação" e para "appraissal", "apreciação", Segundo o Webster's Third Dictionary (G & C Merriam Co. 1976), enquanto "eva1uate” é o verbo ma i s usado em situações em que os critérios ou princípios de julgamento são especificados como novos ou impor​tantes, “assess" enfatiza uma análise cuidadosa antes do julgamento, atra​vés de métodos científicos completos e de acordo com os melhores princípi​os econômicos, e "appraise" sugere um julgamento definitivo a respeito de matéria difícil ou sutil.
(2) É interessante conhecer algumas definições de AIA. Apresentadas em ardem cronológica, podem ser apreciadas quanto aos diferentes enfoques dos autores:
a) ... é o processo de fazer estudos de previsão sobre uma ação e analisar 	e avaliar os resultados (Lash 1974)..
​b) ... um estudo destinado a identificar e interpretar - assim como preve​nir - as consequências ambientais ou os efeitos que determinados proje​tos ou ações podem causar à saúde e ao bem estar do homem e ao entorno, ou seja, os ecossistemas em que o homem vive e de que depende (Bo1ea 1977 ) .
c) ... é a atividade que visa a identificar, organizar e avaliar os efei​tos físicos, ecológicos, estéticos, sociais e culturais de empreendimentos ou decisões técnicas, econômicas e políticas (Falcque 1976).
d) ... consiste em estabelecer valores quantitativos para um conjunto de parâmetros que indiquem a qualidade do meio ambiente, antes, durante depois de uma dada ação (Heer e Hagerty 1977).
e) ... uma avaliação de todos os efeitos ambientais e sociais relevantes que resultariam de um projeto (Battelle Institute 1978).
 f) ... é identificar, predizer e descrever,em termos apropriados, os prós e os contras (danos e benefícios) de uma proposta de desenvolvimento. Para ser útil, a avaliação deve ser comunicada em termos compreensíveis para a comunidade e os responsáveis pela tomada de decisão. Os prós e os contras devem ser identificados com base em critérios relevantes pa​ra os países afetados (PNUMA 1978).
g) '" é o processo de calcular que efeitos uma ação propostaterá sobre a qualidade ambiental (Vesilind 1979).
 h) ... é uma atividade destinada a identificar e predizer o impacto sobre o ambiente biogeofísico e sobre a saúde e o bem estar dos homens, resultantes de propostas 1egislativas, políticas, programas e projetos e de seus processos operacionais, e a interpretar e comunicar as informações sobre esses impactos... (Munn 1979).
 i) ... _ o exame sistemático das consequências ambientais de projetos, po​líticas e planos, com o objetivo de fornecer a quem decide a descrição das implicações das ações alternativas, antes que a decisão se faça (Clark 1980)
 j) ... é o instrumento de política ambienta1 que toma a forma gera1 de um processo concebido para assegurar que se faça uma tentativa sistemá​tica e conscienciosa de avaliar as consequências ambientais da escolha entre as várias opções que se podem apresentar aos responsáveis pela tomada de decisão (Wandesforde-Smith 1980).
 K) '" é um conjunto de procedimento para assegurar que os fatores ambien​tais sejam considerados de forma adequada na tomada de decisão sobre propostas de grande importância (Ho11ic 1981).
 1) ... é o processo pelo qual um esforço consciente e sistemático e feito para avaliar as consequências ambientais das várias opções que se possam apresentar aos decisores (Council of Environment, Nova Zelândia 1981) .
 m) ... um processo ou conjunto de atividades concebidas para fornecer in​formações ambientais pertinentes à tomada de decisão quanto a projetos e programas (Bean1ands 1983).
 n) ... é um procedimento para encorajar a tomada de decisão a levar em conta os possíveis efeitos dos projetos de investimentos sobre a qualidade ambienta1 e a produtividade dos recursos naturais e um instrumento para a coleta e organização dos dados que os p1anejadores necessitam para fazer com que os projetos sejam mais válidos e duradouros e ambientalmen​te fundamentados (Horbery 1934).
(3) Adota-se a nomenclatura mais frequente na literatura especializada, siste​matizada por Munn (1979).
(4) A classificação das características dos impactos ambientais foi organizada a partir dos livros e artigos relacionados na "Bibliografia Básica" apre​sentada neste trabalho.
;(5) Alguns autores adotam a própria expressão avaliação de impacto ambiental para designar, tanto o processo de AIA como um todo, como também os estu​dos técnicos e científicos correspondentes.
(6) A alternativa de não se implementar a proposta (conhecida em inglês como “no-action alternative") é, por alguns autores, considerada como mais uma das atividades dos estudos de AIA (item 3.2), realizada após o diagnóstico ambiental da área afetada, constituindo-se assim no prognóstico da situa​ção ambiental futura, sem se considerar a implantação do projeto (Munn 1979).
(7) Em francês, essa atividade chama-se “analyse de l'état de l'environnement", 	Em inglês assume diferentes denominações, de acordo com o autor ou o país de origem: "environmental inventory", "description of environmental conditions" ou "description of environmental setting", definida como a descri​ção completa do meio ambiente, tal como existe na área onde se considera a execução da ação (Canter 1977); "inicial reference state", o conhecimento da situação da área através do estudo de seus atributos (Munn 1986); "evaluation of existing situation", a natureza das condições ambientais e sócio-econômicas existentes na área circunvizinha ao projeto	proposto (Clark 1980); "environmental setting" ou "description of baseline condi​tions" (Bisset 1982); "baseline data" (Beanlands 1982). A legislação brasileira oficializou a expressão "diagnóstico ambiental da área" para de​signar o ítem correspondente a essa atividade dos estudos de AIA ao estabelecer o conteúdo mínimo do Relatório de Impacto Ambiental - RIMA (§ 1o Art. 18, Decreto no 88 351/83). No Rio de Janeiro, a IT 902 - Instruções para a elaboração do RIMA - Dados Gerais, de 1977, denomina essa ativida​de "Dados sobre o Meio Ambiente (antes da implantação do empreendimento)".
(8) Em inglês, essa atividade chama-se "Interpretation and eva1uation of im​pacts". Em português, achamos preferível traduzir "evaluation" por "va1o​ração", e não por "ava1iação", para não se confundir com a tradução adotada de "assessment". "Evaluate", segundo o Webster's Third Dictionary, significa estabelecer ou expressar o valor matemático; expressar numericamente.
(9) As discussões sobre a aplicação da AIA são frequentemente relatadas nos periódicos e publicações técnicas. Os argumentos a favor da AIA de planos e programas são bastante defendidos, principalmente pelos profissionais acadêmicos. De fato, a grande maioria das AIA procedidas refere-se a projetos individuais. Mesmo nos países onde existe obrigação legal de se avaliarem os planos, programas, propostas legislativas, poucos têm sido os avanços neste assunto, com certeza pelas dificuldades de desenvolvimento do processo de AIA para esses casos. Uma das aplicações mais frequentes de AIA a nível de planejamento tem sido a programas de utilização múlti​pla de recursos hídricos. Outro caso é o da avaliação de complexos indus​triais em geral ligados à petroquímica, no qual a AIA é aplicada a um conjunto de projetos individuais.
(10) Os métodos para seleção das propostas sujeitas a AIA denominam-se em ing1ês "screening method".
(11) A sigla RIMA apareceu, pela primeira vez, no Estado do Rio de Janeiro, na Norma Administrativa / CECA - NA 001, baixada pela Deliberação CECA no 03, de 28 de dezembro de 1977, para designar Relatório de Influência no Meio Ambiente. O Decreto no 88 351, de 1o de junho de 1983, ao regulamentar a lei no 6938, de 31 de agosto de 1981, no § 2o do seu artigo 18, utiliza a denominação Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. Em inglês, usam-se as siglas EIS (environmental impact statement), EIR (environmental impact report) ou ER (environmental report), de acordo com a legislação que institui. Em francês, dossier d'impact e em espanhol, informe de impacto ambiental ou manifestación de impactos ambientales, de acordo com o país.
(12) Este capítulo resume-se a algumas breves considerações sobre o assunto, apenas para complementar as questões desenvolvidas nos itens anteriores. Existem diversas publicações que tratam de apresentar os métodos desen​volvidos a partir de 1970. Algumas dedicam-se a classificá-los por tipo,criticando-os quanto às vantagens e desvantagens de sua utilização e definindo as fases dos estudos de AIA a que melhor se aplicam (ver Biblio​grafia Básica de AIA). Outras relatam estudos realizados, informando quanto aos métodos e técnicas adotados.
(13) A maioria dos autores propõe essa distinção entre método de AIA e técni​cas de previsão de impactos. Alguns referem-se a ambos como métodos de AIA. Bem menos frequente é a identificação de método de AIA com metodologia de AIA.

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