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150977050815 ATUALIZACAO D PROCESSUAL CIVIL AULA 06

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ATUALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
Novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
1 
TEORIA GERAL DA SENTENÇA 
 
1. Definição e a sentença como norma 
jurídica individualizada. 
 
1.1 Definição: o Código de Processo Civil 
(CPC), em seus artigos 458 a 466-C, 
disciplina o tratamento jurídico aplicável à 
sentença. A propósito, adverte Fredie Didier 
Jr. et al que nosso texto processual civil, nos 
dispositivos mencionados, trata da sentença 
de modo genérico, como sinônimo de 
qualquer decisão judicial. 
 
O art. 162 do mesmo CPC, dispondo sobre os 
atos praticados pelo juiz, elenca a sentença, 
as decisões interlocutórias e os despachos. O 
§ 1º do referido dispositivo conceitua 
sentença como “o ato do juiz que implica 
alguma das situações previstas no art. 267 e 
269 desta lei”. 
 
Aliás, vale lembrar que as reformas instituídas 
pela Lei 11.232/2005 modificaram a forma de 
conceituação da sentença, passando a ser 
indispensável verificar o conteúdo (matéria) 
da sentença. Nesse contexto, a sentença 
pode ser terminativa ou definitiva. Terminativa 
é a sentença que encerra o processo sem 
julgar o seu mérito, a exemplo da decisão que 
reconhece a carência do direito de ação 
(CPC, art. 267); definitiva, a sentença que, 
encerrando uma fase do processo, aprecia o 
mérito da controvérsia submetida ao crivo do 
juiz (CPC, art. 269). 
 
Doutrinariamente, Humberto Theodoro Júnior 
explica que a sentença “é emitida como 
prestação do Estado, em virtude da obrigação 
assumida na relação processual (processo), 
quando a parte ou as partes vierem a juízo, 
isto é, exercerem a pretensão à tutela 
jurídica”. Vale dizer, a sentença é a resposta 
do Estado à pretensão da parte (direito 
subjetivo à prestação jurisdicional). 
 
1.2 A sentença como norma jurídica 
individualizada: diferentemente da função 
legislativa, que estabelece normas jurídicas 
de forma abstrata e geral, a jurisdicional fixa a 
norma jurídica individualizada que regerá o 
caso concreto. Isso porque a jurisdição é a 
atividade exercida pelo Estado diante do caso 
concreto deduzido pela parte em juízo. Assim, 
ao final do processo, o juiz deve resolver a 
lide à luz das alegações e provas constantes 
dos autos, definindo a norma jurídica aplicável 
ao caso julgado. 
 
Nesse contexto, Fredie Didier Jr. et al explica 
que “[…] o julgador cria uma norma jurídica (= 
norma legal conformada à norma 
constitucional) que vai servir de fundamento 
jurídico para a decisão a ser tomada na parte 
dispositiva do pronunciamento. É nessa parte 
dispositiva que se contém a norma jurídica 
individualizada, ou simplesmente norma 
individual (= definição da norma para o caso 
concreto; solução da crise de identificação)”. 
 
2. Elementos da sentença. 
 
2.1 Noções gerais: o art. 458 do CPC 
prescreve regras concernentes aos elementos 
da sentença, que são o relatório, a 
fundamentação ou motivação e o dispositivo 
ou conclusão. A confecção da sentença deve 
observar os três elementos em conjunto, 
ressalvadas as disposições legais em 
contrário. Assim, regra geral, as sentenças 
devem conter relatório, fundamentação e 
conclusão. 
 
2.2 Relatório: trata-se de um histórico em que 
o magistrado narra todos os incidentes 
relevantes do processo, demonstrando que 
tem plena ciência de todos os atos e termos 
processuais sobre os quais recairá a sua 
decisão. 
 
Não se trata, entretanto, de elemento 
absoluto, havendo hipóteses nas quais não se 
exige relatório, a exemplo das sentenças 
proferidas no âmbito dos Juizados Especiais 
Cíveis, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95. 
Aliás, Fredie Didier Jr. et al lembra que “[…] a 
jurisprudência vem mitigando a exigência do 
relatório mesmo nas sentenças proferidas no 
procedimento comum ordinário, dispondo que 
a sua ausência não dá ensejo à invalidade da 
decisão acaso disso não resulte prejuízo para 
as partes.”. 
 
Outrossim, não há qualquer óbice à adoção 
de relatório per relationem, vale dizer, o 
magistrado se reportar ao relatório feito em 
 
 
 
 
 
 
 
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ATUALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
Novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
2 
outra decisão do processo, desde que não 
haja nenhum prejuízo às partes. Nesse 
sentido, confira-se o seguinte precedente do 
Superior Tribunal de Justiça : 
 
“PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. 
POSSE E DOMÍNIO. RESERVA INDÍGENA 
DE MANGUEIRINHA/PR. ART. 535 DO CPC. 
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. 
FUNDAMENTAÇÃO PER RELATIONEM . 
POSSIBILIDADE. ARTS. 6º, 303 E 131, DO 
CPC. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. ARTS. 56, 923, 
70, I E II, DO CPC. ARGUMENTO 
INATACADO. SÚMULA 283/STF. […] 4. Não 
se configura desprovido de fundamento, 
tampouco omisso, o julgado que ratifica as 
razões de decidir adotadas na sentença, com 
sua transcrição no corpo do acórdão, 
utilizando-se da denominada fundamentação 
per relationem. Precedentes […]”. 
 
2.3 Fundamentação: 
 
2.3.1 Introdução: a fundamentação é 
elemento obrigatório em toda e qualquer 
sentença, ainda que terminativa. Cuida-se de 
garantia assegurada pelo art. 93, inciso IX, da 
Constituição Federal, segundo o qual toda 
decisão judicial deve ser motivada, sob pena 
de nulidade. 
 
A fundamentação consiste na exposição dos 
motivos fáticos e jurídicos que embasam a 
conclusão do magistrado em determinado 
sentido, seja para acolher o pedido do autor, 
seja para rejeitá-lo. Exerce dupla função, 
endo e extraprocessual. Aquela permite que 
as partes controlem a decisão por meio da 
interposição dos recursos cabíveis, enquanto 
esta viabiliza o controle democrático da 
decisão. 
 
2.3.2 Conteúdo: é na fundamentação que o 
magistrado decide as questões incidentais, 
bem como aprecia e resolve as questões de 
fato e de direito deduzidas pelas partes. 
 
É também o momento oportuno para 
enfrentar as questões processuais que 
impedem o conhecimento do mérito da lide, 
decretando a inadmissibilidade da demanda 
no dispositivo da sentença. Nessas hipóteses, 
o art. 459 do CPC autoriza a adoção de 
fundamentação sucinta, o que não significa 
ausência de fundamentação. A apreciação 
das questões processuais deve preceder ao 
exame do mérito. 
 
Por outro lado, apreciando o mérito da causa, 
o juiz valorará a prova produzida em 
contraditório para acolher ou rejeitar a 
demanda. É o momento adequado para o 
julgador analisar se estão presentes os 
elementos ensejadores da responsabilidade 
civil subjetiva extracontratual (conduta, culpa, 
nexo e dano), em uma ação indenizatória, por 
exemplo . 
 
Não é permitido, contudo, ao magistrado 
fundamentar sua decisão com base apenas 
nos elementos de provas produzidos pela 
parte autora no sentido da procedência do 
seu pedido sem rebater as alegações e 
provas trazidas aos autos pelo réu. Dessa 
forma, o julgador, em respeito ao princípio do 
contraditório, deve expor o porquê os 
referidos argumentos e provas não o 
convenceram. 
 
De resto, a motivação é o local adequado 
para o magistrado deliberar sobre a 
constitucionalidade ou inconstitucionalidade 
de ato normativo, suscitada pelas partes 
como questão prejudicial. Trata-se de controle 
difuso de constitucionalidade que assegura a 
qualquer magistrado o controle da 
constitucionalidade dos atos normativos e 
cujos efeitos são restritos ao caso concreto. 
 
2.3.3 Motivação x coisa julgada material: nos 
termos do art. 469 do CPC, as questões 
decididas na fundamentação não são 
albergadas pela coisa julgada material, a qual 
recai apenas sobre o dispositivo da sentença. 
Logo, a coisa julgada material torna imutável 
apenas o conteúdo da norma jurídica 
individualizada, razão pela qual a decisão 
sobre a paternidade numa ação em que se 
pedem alimentos pode ser objeto de 
discussão em outro processo, por exemplo.Portanto, a coisa julgada material recai sobre 
o dispositivo da sentença, não sendo 
acobertada pelo manto da coisa julgada a 
resolução de questões incidentais, salvo 
 
 
 
 
 
 
 
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Novo Código de Processo Civil 
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3 
quando a questão for apreciada principaliter 
tantum ou por meio de ação declaratória 
incidental, conforme a regra expressa do art. 
470 do CPC, in verbis: “Faz, todavia, coisa 
julgada a resolução da questão prejudicial, se 
a parte o requerer (arts. 5º e 325), o juiz for 
competente em razão da matéria e constituir 
pressuposto necessário para o julgamento da 
lide.”. 
 
2.3.4 Ausência de fundamentação: a 
fundamentação é regra de observância 
compulsória pelo magistrado, acarretando a 
sua ausência nulidade do ato decisório. É 
comum, no entanto, decisões simplistas, que 
somente do ponto de vista formal são 
fundamentadas, tais como: “presentes os 
pressupostos legais, defiro a tutela 
antecipada” ou “defiro o pedido indenizatório 
na forma como postulado na inicial, uma vez 
que amparado nas provas produzidas em 
juízo” ou “indefiro em razão da ausência de 
amparo legal do pedido”, dentre tantas outras. 
 
A motivação exige que o magistrado decline 
explicitamente as razões que o levaram a 
decidir em determinado sentido. 
Exemplificando, deve o magistrado expor por 
que estão presentes (ou ausentes) os 
pressupostos da tutela antecipada. 
 
A jurisprudência admite a denominada 
fundamentação per relationem, isto é, a 
decisão do magistrado que se reporta aos 
fundamentos expendidos em outro ato do 
processo (outra decisão ou mesmo um 
parecer do Ministério Público). Aliás, a Lei 
9.099/95, em seu art. 46, in fine, consagrou 
legalmente hipótese de motivação per 
relationem no âmbito dos Juizados Especiais 
Cíveis, ao admitir que “se a sentença for 
confirmada pelos seus próprios fundamentos, 
a súmula do julgamento servirá de acórdão”. 
 
O projeto de novo CPC, que tramita no 
Congresso Nacional, elenca hipóteses em 
que se considera sem fundamentação a 
sentença. Confira-se o dispositivo: “Não se 
considera fundamentada a decisão, sentença 
ou acórdão que: I – se limita a indicação, à 
reprodução ou à paráfrase de ato normativo; 
II – empregue conceitos jurídicos 
indeterminados sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; III – 
invoque motivos que se prestariam a justificar 
qualquer outra decisão; IV – não enfrentar 
todos os argumentos deduzidos no processo 
capazes de, em tese, infirmar a conclusão 
adotada pelo julgador”. 
 
2.4 Dispositivo: 
 
2.4.1 Conceito: consiste na conclusão, na 
resposta do Estado-juiz que acolhe ou rejeita 
o pedido formulado pelo autor. Cuida-se do 
fecho da sentença que contém a decisão da 
causa . Fredie Didier Jr. et al define o 
dispositivo como “[…] a parte da decisão em 
que o órgão jurisdicional estabelece um 
preceito, uma afirmação imperativa, 
concluindo a análise acerca de um (ou mias 
de um) pedido que lhe fora dirigido […] Sem 
esse comando, a decisão é inexistente.”. 
O dispositivo pode ser classificado em: 
a) Direto: especifica a prestação imposta ao 
vencido (ex.: “condeno o réu a pagar a 
quantia X ao autor”) 
ou 
b) Indireto: o juiz apenas se reporta ao pedido 
do autor, julgando-o procedente ou 
improcedente. 
 
2.4.2 Teoria dos capítulos da sentença: uma 
vez que é possível a cumulação de pedidos, a 
sentença nesses casos será objetivamente 
complexa, pois o dispositivo poderá ser 
fracionado em capítulos. Capítulo da 
sentença é toda unidade autônoma contida na 
parte dispositiva de uma decisão judicial . A 
teoria dos capítulos da sentença tem 
implicações em diversos institutos do 
processo, tais como: 
I. Tratando-se de decisão ultra petita (que 
extrapola os limites do pedido), é possível o 
aproveitamento do capítulo da sentença 
inalterado pelo decisum, anulando-se apenas 
o capítulo em excesso; 
II. Na teoria geral dos recursos, o recurso 
será total quando impugnar todos os capítulos 
desfavoráveis da sentença, enquanto o 
recurso parcial apenas refuta um ou alguns 
capítulos da sentença. Assim, limita-se o 
efeito devolutivo (tantum devolutum quantum 
apelattum); 
III. Havendo sucumbência, o autor responderá 
pelas despesas processuais relativas ao 
 
 
 
 
 
 
 
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Novo Código de Processo Civil 
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4 
capítulo em que sucumbente, ao passo que o 
réu ficará responsável em relação ao capítulo 
em que vencido. 
 
Com base na teoria dos capítulos da 
sentença, desenvolveu-se a ideia de coisa 
julgada progressiva segundo a qual esta se 
forma à medida que os capítulos da sentença 
não são impugnados pelo recurso, transitando 
em julgado parcialmente. Assim, o capítulo 
impugnado não transita em julgado, 
diferentemente do capítulo não impugnado. 
Este regime tem especial importância no 
estudo da ação rescisória, sobretudo na 
contagem do prazo decadencial para a sua 
propositura. O STJ, contudo, desconsidera a 
coisa julgada progressiva, pois estabelece 
que “o prazo decadencial para o ajuizamento 
da ação rescisória só se inicia quando não for 
cabível qualquer recurso do último 
pronunciamento judicial.” (Súmula 401, STJ). 
Porém, no âmbito do TST o entendimento 
prevalente é no sentido de que “havendo 
recurso parcial, no processo principal, o 
trânsito em julgado dá-se em momentos e em 
tribunais diferentes, contando-se o prazo 
decadencial para a ação rescisória do trânsito 
em julgado de cada decisão, salvo se o 
recurso tratar de preliminar ou prejudicial que 
possa tornar insubsistente a decisão 
recorrida, hipótese em que flui a decadência a 
partir do trânsito em julgado da decisão que 
julgar o recurso parcial.” (Súmula 100, II, 
TST). 
 
3. Requisitos – congruência externa e interna. 
 
3.1 Noções introdutórias: os arts. 128 e 460 
do CPC dispõem acerca da congruência, 
esclarecendo que a decisão deve enfrentar 
todos os pedidos deduzidos, incluindo os 
denominados pedidos implícitos, a exemplo 
da condenação ao pagamento de custas e 
honorários advocatícios e a incidência de 
juros e correção monetária sobre as dívidas 
de valor. A congruência, no entanto, deve ser 
analisada não somente do ponto de vista do 
pedido e dos sujeitos que compõem a lide 
(congruência externa), mas em relação a si 
mesma (congruência interna). 
 
3.2 Congruência externa: trata-se de regra 
que limita a atividade do magistrado, 
vinculando-o aos termos da demanda e aos 
sujeitos do litígio. Dessa forma, o magistrado, 
ao proferir a sentença, deve apreciar e 
responder a todos os pedidos deduzidos, 
sendo-lhe defeso julgar além ou fora do que 
pleiteado. A regra valoriza, igualmente, o 
princípio do contraditório, pois garante à parte 
o direito de se manifestar e influenciar a 
decisão judicial proferida. 
 
A congruência externa divide-se em: 
a) Congruência objetiva: vincula o juiz, na 
apreciação da lide, aos elementos objetivos 
da demanda (causa de pedir e pedido), é 
dizer, o magistrado deve decidir a lide nos 
limites em que proposta, nem além, nem fora, 
nem aquém do que pedido. A inobservância 
da congruência objetiva acarreta em 
julgamento ultra, extra ou citra petita. 
A decisão será ultra petita quando conceder 
mais do que o pedido, a exemplo da sentença 
que condena o réu ao pagamento de 
indenização por danos materiais em valor 
superior ao pedido na exordial. A decisão que 
ultrapassa os limites do pedido deve ser 
invalidada, mas a invalidação restringe-se à 
parte em que supera os limites do pedido. 
 
Entretanto, existem situações excepcionais 
em que é possível julgamento ultra petita: 
1) pedido implícito; 
2) fixação de multa coercitiva 
independentemente de pedido ouem valor 
superior ao pleiteado pelo requerente nas 
decisões que impõem obrigação de fazer, não 
fazer ou de entregar coisa; 
3) nas ações de alimentos ou de oferta 
de alimentos, a doutrina defende a 
possibilidade de fixação de prestação 
alimentícia em valor superior ao pleiteado. 
Diz-se extra petita, por sua vez, a decisão que 
concede coisa distinta da pedida, a exemplo 
da decisão que condena à entrega de uma 
coisa determinada, quando o autor requereu a 
condenação ao pagamento de certa quantia. 
Tratando-se de error in procedendo, 
imprescindível a invalidação de toda a 
decisão, salvo em relação à sentença 
objetivamente complexa (teoria dos capítulos 
da sentença) quando o vício atingir apenas 
um ou alguns capítulos, sendo possível 
manter íntegros os demais. 
 
 
 
 
 
 
 
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Novo Código de Processo Civil 
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5 
Por fim, citra petita é a decisão que deixa de 
apreciar pedido formulado ou fundamento de 
fato ou de direito alegado pela parte. O 
magistrado, portanto, omite-se na apreciação 
de algum pedido formulado pela parte, que 
pode consistir em uma questão principal ou 
incidental. O defeito, contudo, pode ser 
sanado com a oposição de embargos de 
declaração. 
b) Congruência subjetiva: do mesmo modo, a 
sentença deve guardar correlação com os 
sujeitos da lide, não produzindo efeitos em 
relação a terceiros que dela não tenham 
participado. A sentença, igualmente, será 
ultra petita quando seus efeitos atingirem, 
além da parte da relação processual, quem 
dela não participou; extra petita quando atingir 
tão somente quem não participa do processo; 
citra petita quando deixar de disciplinar a 
situação jurídica de todas as partes 
envolvidas na relação processual, no polo 
ativo ou passivo. 
Verificando-se um dos referidos vícios, como 
na hipótese da sentença que impõe obrigação 
a litisconsorte passivo necessário não citado, 
a decisão poderá ser anulada ou integrada 
conforme o caso. Sendo ultra petita, basta 
que seja anulada a parte incongruente da 
decisão, retirando o capítulo referente ao 
sujeito que não participou do processo; sendo 
extra petita, deverá ser integralmente 
invalidada e, sobrevindo o seu trânsito em 
julgado, pode ser desconstituída por meio de 
ação rescisória; sendo, por fim, citra petita a 
decisão necessitará ser integrada em grau 
recursal para que seja acrescentado o 
capítulo faltante. 
 
3.3 Congruência interna: 
 
3.3.1 Introdução: a sentença, assim como o 
pedido na petição inicial, precisa observar 
alguns requisitos intrínsecos, a saber: 
certeza, liquidez, clareza e coerência. 
 
3.3.2 Certeza: nos termos do art. 460, 
parágrafo único, do CPC, a sentença deve ser 
certa, mesmo quando decida relação jurídica 
condicional. Afirma Fredie Didier Jr. et al que 
“certo é o pronunciamento do juiz quando ele 
expressamente certifica a existência ou 
inexistência de um direito afirmado pela parte, 
ou ainda quando expressamente certifica a 
inviabilidade de analisá-lo (quando falta 
requisito de admissibilidade do 
procedimento). A certeza consubstancia-se, 
portanto, na necessidade de que o juiz, ao 
analisar o pedido que lhe foi dirigido, firme um 
preceito, definindo a norma jurídica para o 
caso concreto e, com isso, retire as partes do 
estado de dúvida no qual se encontravam.”. 
 
O requisito da certeza, todavia, não impede 
que o magistrado, ao proferir sua decisão, 
crie uma condição de eficácia de seu 
pronunciamento, a exemplo da decisão que 
condena o beneficiário da assistência 
judiciária ao pagamento de custas e 
honorários advocatícios (o juiz certifica a 
existência das verbas e suspende a sua 
exigibilidade até que sobrevenha mudança na 
capacidade econômica do beneficiário). 
Igualmente, a eficácia da sentença pode ficar 
sob condição legal suspensiva, como se 
verifica em relação ao reexame necessário 
(CPC, art. 475). 
 
Destarte, é proibido ao magistrado 
condicionar a própria certeza da resposta 
estatal materializada na sentença. Nesse 
diapasão, não pode o magistrado, por 
exemplo, declarar o direito a uma indenização 
por danos que eventualmente venham a ser 
demonstrados em liquidação. 
 
3.3.3 Liquidez: a decisão judicial que condena 
ao cumprimento de uma prestação deve, 
necessariamente, apreciar os seguintes 
aspectos: a) an debeatur (existência da 
dívida); b) o cui debeatur (a quem é devido), 
c) o quis debeat (quem deve); d) o quid 
debeatur (o que é devido) e e) o quantum 
debeatur (a quantidade devida). 
 
Em regra, toda decisão deve ser líquida, 
sendo lícito ao magistrado proferir sentença 
ilíquida somente quando o autor formular 
pedido ilíquido, consoante reza o art. 459, 
parágrafo único c/c art. 286, ambos do CPC. 
Aliás, consoante entendimento pacífico do 
STJ “formulado pedido certo e determinado, 
somente o autor tem interesse recursal em 
arguir o vício da sentença ilíquida” (Súmula 
318). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 
A Lei 9.099/95, no entanto, veda a prolação 
de sentença ilíquida nas ações sujeitas ao 
procedimento sumaríssimo, ainda que o 
pedido seja ilíquido, nos moldes do art. 38, 
parágrafo único. Outrossim, é vedada a 
prolação de sentença ilíquida nas ações de 
rito sumário para a cobrança de seguro 
relativo aos danos causados em acidente de 
veículo (CPC, art. 475-A, § 3º). 
 
3.3.4 Clareza e coerência: a sentença deve 
ser redigida de forma clara e direta, sem 
subterfúgios, não podendo o julgador se valer 
de expressões chulas e que dificultem a 
compreensão de sua conclusão. Ademais, a 
decisão deve espelhar uma correlação entre o 
relatório, fundamentação e conclusão. 
 
4. Classificação quanto ao seu conteúdo. 
 
4.1 Noções gerais: o tema da classificação da 
sentença quanto ao seu conteúdo sempre foi 
objeto de acirradas divergências na doutrina, 
tanto nacional quanto estrangeira, 
predominando duas correntes de 
pensamento, a saber: 
1ª) Classificação ternária: sentenças 
condenatória, constitutiva e declaratória; 
2ª) Classificação quinária: sentenças 
condenatória, constitutiva, declaratória, 
mandamental e executiva lato sensu. 
A discussão, porém, perdeu um pouco o 
sentido com a edição da Lei 11.232/2005, 
uma vez que toda sentença que condena ao 
dever de prestar uma obrigação de fazer, dar 
coisa ou pagar quantia pode ser efetivada no 
mesmo processo, instituindo-se o processo 
sincrético. 
 
4.2 Sentença condenatória: é aquela que 
certifica a existência de um direito a uma 
prestação, que pode ser uma obrigação de 
fazer, dar coisa ou pagar quantia, viabilizando 
a realização da atividade executiva caso não 
cumprida espontaneamente. O direito à 
prestação corresponde ao direito subjetivo em 
sentido estrito. 
 
Uma vez não cumprida espontaneamente 
pelo devedor, este será considerado 
inadimplente e poderá ser constrangido a 
cumprir a obrigação de modo forçado. Porém, 
considerando que é vedada a autotutela, o 
credor deverá se valer do procedimento 
jurisdicional executivo que se realiza, 
atualmente, nos mesmos autos da ação de 
conhecimento. Portanto, por força da Lei 
11.232/2005 a atividade jurisdicional não se 
exaure com a certificação do direito subjetivo, 
exigindo-se a sua efetivação. 
 
Por conseguinte, foi necessária a 
reformulação do conceito de sentença. Antes 
da Lei 11.232/2005, a sentença se 
caracterizava como o ato do juiz que 
encerrava o processo (certificação do direito). 
A nova sistemática definiu sentença a partir 
de seu conteúdo como sendo o ato do juiz 
que implica a resolução ou não do mérito da 
causa. Inclusive substituiu-se o termo 
“julgamento” por “resolução”, tudo visando 
realçarque a sentença não é o último ato do 
processo. Na verdade, ela encerra uma fase, 
a de conhecimento, possibilitando o início da 
fase executiva. 
 
4.3 Sentença constitutiva: trata-se da decisão 
que certifica e efetiva direito potestativo, o 
qual constitui o poder jurídico conferido a 
alguém de submeter outrem à determinada 
situação jurídica. São exemplos de direito 
potestativo: a) direito de pedir o divórcio; b) 
rescindir um contrato; c) direito de 
arrependimento nas compras realizadas fora 
do estabelecimento comercial; d) rever a 
prestação alimentícia, entre outros. O 
deferimento do pedido implica na constituição 
de uma situação nova, a qual deve a outra 
parte se submeter sem direito a resistir. 
 
Por outro lado, tratando-se de direito que se 
efetiva no plano jurídico e não físico, a 
efetivação por meio de atividade executiva é 
dispensável, bastando a decisão por si para a 
efetivação do direito potestativo. Sendo 
assim, a decisão que decreta a nulidade de 
um contrato, por exemplo, é suficiente, de per 
si, para que a relação contratual seja extinta. 
 
4.4 Sentença meramente declaratória: é 
aquela que se limita a certificar a existência 
ou inexistência de determinada relação 
jurídica. Cuida-se de decisão que tem por fim 
único garantir a certeza jurídica de uma 
relação jurídica, pressupondo a existência de 
 
 
 
 
 
 
 
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uma situação de incerteza, de dúvida sobre a 
relação jurídica discutida. 
 
5. Efeitos – eficácia principal, reflexa e anexa. 
 
5.1 Eficácia principal: trata-se dos efeitos que 
decorrem do conteúdo da decisão, tais como 
a possibilidade de adoção de providências 
executivas (decisões condenatórias), a 
situação jurídica nova (decisões constitutivas) 
e a certeza jurídica (decisões declaratórias), 
explorados com maior profundidade no tópico 
anterior. 
 
5.2 Eficácia reflexa: a sentença, em 
determinadas circunstâncias, afeta relação 
jurídica estranha ao processo, a qual, no 
entanto, mantém um vínculo com a relação 
discutida em juízo. Assim, v.g., a sentença em 
uma ação reivindicatória repercute na relação 
jurídica entre o réu o terceiro adquirente do 
bem (CC, arts. 457 e ss.). Igualmente, a 
sentença de despejo, rescindindo o contrato 
de locação, acarreta, por conseguinte, o 
desfazimento da sublocação. 
 
5.3 Eficácia anexa: são efeitos da decisão 
que decorrem de previsão legal e não como 
consequência do conteúdo da sentença (ex 
lege), a exemplo da perempção, que se forma 
com a terceira sentença de extinção do 
processo por abandono unilateral e a 
separação de corpos, em razão da 
decretação do divórcio. 
 
Destaca-se, ainda, como efeito anexo, ou 
secundário, a hipoteca judiciária, prevista no 
art. 466 do CPC, segundo o qual “a sentença 
que condenar o réu no pagamento de uma 
prestação, consistente em dinheiro ou coisa, 
valerá como título constitutivo de hipoteca 
judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo 
juiz na forma prescrita na Lei de Registros 
Públicos”. Cuida-se de importante instrumento 
para prevenir a fraude à execução, haja vista 
que se assegura ao credor a possibilidade de 
buscar o bem onde quer que se encontre em 
razão do direito de sequela inerente à 
hipoteca judiciária. 
 
 
 
 
6. Publicação, retratação e integração. 
 
6.1 Publicação: confeccionada a sentença, 
deve ser providenciada a sua publicação, 
momento a partir do qual será o magistrado 
impedido de alterá-la, consoante reza o art. 
463 do CPC. Sendo proferida em audiência, 
será considerada publicada na própria 
audiência; sendo proferida em gabinete, 
considera-se publicada com a juntada aos 
autos pelo escrivão. O prazo para recurso, 
contudo, só passa correr com a intimação das 
partes por meio de publicação na imprensa 
oficial. 
 
6.2 Retratação: a princípio, uma vez proferida 
a sentença, exaure-se a atividade do julgador 
que não pode se retratar do seu entendimento 
firmado na decisão. Entretanto, 
excepcionalmente autoriza-se o magistrado a 
se retratar diante de recurso contra o 
indeferimento da petição inicial (CPC, art. 
296) ou do julgamento de improcedência 
prima facie (CPC, art. 285-A). 
 
6.3 Integração: integrar a decisão nada mais 
é do que complementá-la para corrigir 
eventuais defeitos, omissões ou contradições. 
O ordenamento jurídico contempla remédio 
recursal específico para tanto, os embargos 
de declaração, espécie de recurso cabível 
quando houver na sentença obscuridade ou 
contradição, bem como na hipótese de 
omissão acerca de ponto sobre o qual devia 
pronunciar-se o magistrado. 
Não obstante, excepcionalmente o próprio 
julgador que proferiu a sentença pode alterá-
la para corrigir inexatidões materiais e erros 
de cálculo (CPC, art. 463, inciso I). 
 
NOVO CPC 
 
Seção IV 
Dos Pronunciamentos do Juiz 
 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz 
consistirão em sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos. 
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas 
dos procedimentos especiais, sentença é o 
pronunciamento por meio do qual o juiz, com 
fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à 
 
 
 
 
 
 
 
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fase cognitiva do procedimento comum, bem 
como extingue a execução. 
§ 2º Decisão interlocutória é todo 
pronunciamento judicial de natureza decisória 
que não se enquadre no § 1º. 
§ 3º São despachos todos os demais 
pronunciamentos do juiz praticados no 
processo, de ofício ou a requerimento da 
parte. 
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a 
juntada e a vista obrigatória, independem de 
despacho, devendo ser praticados de ofício 
pelo servidor e revistos pelo juiz quando 
necessário. 
 
CAPÍTULO XIII 
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito 
quando: 
I – indeferir a petição inicial; 
II – o processo ficar parado durante mais de 1 
(um) ano por negligência das partes; 
III – por não promover os atos e as diligências 
que lhe incumbir, o autor abandonar a causa 
por mais de 30 (trinta) dias; 
IV – verificar a ausência de pressupostos de 
constituição e de desenvolvimento válido e 
regular do processo; 
V – reconhecer a existência de perempção, 
de litispendência ou de coisa julgada; 
VI – verificar ausência de legitimidade ou de 
interesse processual; 
VII – acolher a alegação de existência de 
convenção de arbitragem ou quando o juízo 
arbitral reconhecer sua competência; 
VIII – homologar a desistência da ação; 
IX – em caso de morte da parte, a ação for 
considerada intransmissível por disposição 
legal; e 
X – nos demais casos prescritos neste 
Código. 
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e 
III, a parte será intimada pessoalmente para 
suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as 
partes pagarão proporcionalmente as custas, 
e, quanto ao inciso III, o autor será 
condenado ao pagamento das despesas e 
dos honorários de advogado. 
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria 
constante dos incisos IV, V, VI e IX, em 
qualquer tempo e grau de jurisdição, 
enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não 
poderá, sem o consentimento do réu, desistir 
da ação. 
§ 5º A desistência da ação pode ser 
apresentada até a sentença. 
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do 
processo por abandono da causa pelo autor 
depende de requerimento do réu. 
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos 
casos de que tratam os incisos deste artigo, o 
juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. 
 
Art. 486. O pronunciamento judicial que não 
resolve o méritonão obsta a que a parte 
proponha de novo a ação. 
§ 1º No caso de extinção em razão de 
litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI 
e VII do art. 485, a propositura da nova ação 
depende da correção do vício que levou à 
sentença sem resolução do mérito. 
§ 2º A petição inicial, todavia, não será 
despachada sem a prova do pagamento ou 
do depósito das custas e dos honorários de 
advogado. 
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, 
a sentença fundada em abandono da causa, 
não poderá propor nova ação contra o réu 
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, 
entretanto, a possibilidade de alegar em 
defesa o seu direito. 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando 
o juiz: 
I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na 
ação ou na reconvenção; 
II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre 
a ocorrência de decadência ou prescrição; 
III – homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do 
pedido formulado na ação ou na 
reconvenção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação 
ou na reconvenção. 
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 
1º do art. 332, a prescrição e a decadência 
não serão reconhecidas sem que antes seja 
dada às partes oportunidade de manifestar-
se. 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá 
o mérito sempre que a decisão for favorável à 
parte a quem aproveitaria eventual 
pronunciamento nos termos do art. 485. 
 
Seção II 
Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença 
 
Art. 489. São elementos essenciais da 
sentença: 
I – o relatório, que conterá os nomes das 
partes, a identificação do caso, com a suma 
do pedido e da contestação, e o registro das 
principais ocorrências havidas no andamento 
do processo; 
II – os fundamentos, em que o juiz analisará 
as questões de fato e de direito; 
III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as 
questões principais que as partes lhe 
submeterem. 
§ 1º Não se considera fundamentada 
qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à 
paráfrase de ato normativo, sem explicar sua 
relação com a causa ou a questão decidida; 
II – empregar conceitos jurídicos 
indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; 
III – invocar motivos que se prestariam a 
justificar qualquer outra decisão; 
IV – não enfrentar todos os argumentos 
deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V – se limitar a invocar precedente ou 
enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar 
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; 
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, 
jurisprudência ou precedente invocado pela 
parte, sem demonstrar a existência de 
distinção no caso em julgamento ou a 
superação do entendimento. 
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz 
deve justificar o objeto e os critérios gerais da 
ponderação efetuada, enunciando as razões 
que autorizam a interferência na norma 
afastada e as premissas fáticas que 
fundamentam a conclusão. 
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a 
partir da conjugação de todos os seus 
elementos e em conformidade com o princípio 
da boa-fé. 
 
Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo 
ou rejeitando, no todo ou em parte, os 
pedidos formulados pelas partes. 
 
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de 
pagar quantia, ainda que formulado pedido 
genérico, a decisão definirá desde logo a 
extensão da obrigação, o índice de correção 
monetária, a taxa de juros, o termo inicial de 
ambos e a periodicidade da capitalização dos 
juros, se for o caso, salvo quando: 
I – não for possível determinar, de modo 
definitivo, o montante devido; 
II – a apuração do valor devido depender da 
produção de prova de realização demorada 
ou excessivamente dispendiosa, assim 
reconhecida na sentença. 
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-
se-á a apuração do valor devido por 
liquidação. 
§ 2º O disposto no caput também se aplica 
quando o acórdão alterar a sentença. 
 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de 
natureza diversa da pedida, bem como 
condenar a parte em quantidade superior ou 
em objeto diverso do que lhe foi demandado. 
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, 
ainda que resolva relação jurídica condicional. 
 
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, 
algum fato constitutivo, modificativo ou 
extintivo do direito influir no julgamento do 
mérito, caberá ao juiz tomá-lo em 
consideração, de ofício ou a requerimento da 
parte, no momento de proferir a decisão. 
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato 
novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes 
de decidir. 
 
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só 
poderá alterá-la: 
I – para corrigir-lhe, de ofício ou a 
requerimento da parte, inexatidões materiais 
ou erros de cálculo; 
II – por meio de embargos de declaração. 
 
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao 
pagamento de prestação consistente em 
dinheiro e a que determinar a conversão de 
 
 
 
 
 
 
 
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prestação de fazer, de não fazer ou de dar 
coisa em prestação pecuniária valerão como 
título constitutivo de hipoteca judiciária. 
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária: 
I – embora a condenação seja genérica; 
II – ainda que o credor possa promover o 
cumprimento provisório da sentença ou esteja 
pendente arresto sobre bem do devedor; 
III – mesmo que impugnada por recurso 
dotado de efeito suspensivo. 
§ 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada 
mediante apresentação de cópia da sentença 
perante o cartório de registro imobiliário, 
independentemente de ordem judicial, de 
declaração expressa do juiz ou de 
demonstração de urgência. 
§ 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data 
de realização da hipoteca, a parte informá-la-
á ao juízo da causa, que determinará a 
intimação da outra parte para que tome 
ciência do ato. 
§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez 
constituída, implicará, para o credor 
hipotecário, o direito de preferência, quanto 
ao pagamento, em relação a outros credores, 
observada a prioridade no registro. 
§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da 
decisão que impôs o pagamento de quantia, a 
parte responderá, independentemente de 
culpa, pelos danos que a outra parte tiver 
sofrido em razão da constituição da garantia, 
devendo o valor da indenização ser liquidado 
e executado nos próprios autos. 
 
 
Parte I – TEORIA GERAL DA SENTENÇA 
 
1. Definição e a sentença como norma 
jurídica individualizada. 
 
1.1 Definição: o Código de Processo Civil 
(CPC), em seus artigos 458 a 466-C, 
disciplina o tratamento jurídico aplicável à 
sentença. A propósito, adverte Fredie Didier 
Jr. et al que nosso texto processual civil, nos 
dispositivos mencionados, trata da sentença 
de modo genérico, como sinônimo de 
qualquer decisão judicial. 
 
O art. 162 do mesmo CPC, dispondo sobre os 
atos praticados pelo juiz, elenca a sentença, 
as decisões interlocutórias e os despachos. O 
§ 1º do referido dispositivo conceitua 
sentença como “o ato do juiz que implica 
alguma das situações previstas no art. 267 e 
269 desta lei”. 
 
Aliás, vale lembrar que as reformas instituídas 
pela Lei 11.232/2005 modificaram a forma de 
conceituação da sentença, passando a ser 
indispensável verificar o conteúdo (matéria) 
da sentença. Nesse contexto, a sentença 
pode ser terminativa ou definitiva. Terminativa 
é a sentença que encerra o processo sem 
julgar o seu mérito, a exemplo da decisão que 
reconhece a carência do direito de ação 
(CPC,art. 267); definitiva, a sentença que, 
encerrando uma fase do processo, aprecia o 
mérito da controvérsia submetida ao crivo do 
juiz (CPC, art. 269). 
 
Doutrinariamente, Humberto Theodoro Júnior 
explica que a sentença “é emitida como 
prestação do Estado, em virtude da obrigação 
assumida na relação processual (processo), 
quando a parte ou as partes vierem a juízo, 
isto é, exercerem a pretensão à tutela 
jurídica”. Vale dizer, a sentença é a resposta 
do Estado à pretensão da parte (direito 
subjetivo à prestação jurisdicional). 
 
1.2 A sentença como norma jurídica 
individualizada: diferentemente da função 
legislativa, que estabelece normas jurídicas 
de forma abstrata e geral, a jurisdicional fixa a 
norma jurídica individualizada que regerá o 
caso concreto. Isso porque a jurisdição é a 
atividade exercida pelo Estado diante do caso 
concreto deduzido pela parte em juízo. Assim, 
ao final do processo, o juiz deve resolver a 
lide à luz das alegações e provas constantes 
dos autos, definindo a norma jurídica aplicável 
ao caso julgado. 
 
Nesse contexto, Fredie Didier Jr. et al explica 
que “[…] o julgador cria uma norma jurídica (= 
norma legal conformada à norma 
constitucional) que vai servir de fundamento 
jurídico para a decisão a ser tomada na parte 
dispositiva do pronunciamento. É nessa parte 
dispositiva que se contém a norma jurídica 
individualizada, ou simplesmente norma 
individual (= definição da norma para o caso 
concreto; solução da crise de identificação)”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Elementos da sentença. 
 
2.1 Noções gerais: o art. 458 do CPC 
prescreve regras concernentes aos elementos 
da sentença, que são o relatório, a 
fundamentação ou motivação e o dispositivo 
ou conclusão. A confecção da sentença deve 
observar os três elementos em conjunto, 
ressalvadas as disposições legais em 
contrário. Assim, regra geral, as sentenças 
devem conter relatório, fundamentação e 
conclusão. 
 
2.2 Relatório: trata-se de um histórico em que 
o magistrado narra todos os incidentes 
relevantes do processo, demonstrando que 
tem plena ciência de todos os atos e termos 
processuais sobre os quais recairá a sua 
decisão. 
 
Não se trata, entretanto, de elemento 
absoluto, havendo hipóteses nas quais não se 
exige relatório, a exemplo das sentenças 
proferidas no âmbito dos Juizados Especiais 
Cíveis, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95. 
Aliás, Fredie Didier Jr. et al lembra que “[…] a 
jurisprudência vem mitigando a exigência do 
relatório mesmo nas sentenças proferidas no 
procedimento comum ordinário, dispondo que 
a sua ausência não dá ensejo à invalidade da 
decisão acaso disso não resulte prejuízo para 
as partes.”. 
 
Outrossim, não há qualquer óbice à adoção 
de relatório per relationem, vale dizer, o 
magistrado se reportar ao relatório feito em 
outra decisão do processo, desde que não 
haja nenhum prejuízo às partes. Nesse 
sentido, confira-se o seguinte precedente do 
Superior Tribunal de Justiça : 
 
“PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. 
POSSE E DOMÍNIO. RESERVA INDÍGENA 
DE MANGUEIRINHA/PR. ART. 535 DO CPC. 
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. 
FUNDAMENTAÇÃO PER RELATIONEM . 
POSSIBILIDADE. ARTS. 6º, 303 E 131, DO 
CPC. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. ARTS. 56, 923, 
70, I E II, DO CPC. ARGUMENTO 
INATACADO. SÚMULA 283/STF. […] 4. Não 
se configura desprovido de fundamento, 
tampouco omisso, o julgado que ratifica as 
razões de decidir adotadas na sentença, com 
sua transcrição no corpo do acórdão, 
utilizando-se da denominada fundamentação 
per relationem. Precedentes […]”. 
 
2.3 Fundamentação: 
 
2.3.1 Introdução: a fundamentação é 
elemento obrigatório em toda e qualquer 
sentença, ainda que terminativa. Cuida-se de 
garantia assegurada pelo art. 93, inciso IX, da 
Constituição Federal, segundo o qual toda 
decisão judicial deve ser motivada, sob pena 
de nulidade. 
 
A fundamentação consiste na exposição dos 
motivos fáticos e jurídicos que embasam a 
conclusão do magistrado em determinado 
sentido, seja para acolher o pedido do autor, 
seja para rejeitá-lo. Exerce dupla função, 
endo e extraprocessual. Aquela permite que 
as partes controlem a decisão por meio da 
interposição dos recursos cabíveis, enquanto 
esta viabiliza o controle democrático da 
decisão. 
 
2.3.2 Conteúdo: é na fundamentação que o 
magistrado decide as questões incidentais, 
bem como aprecia e resolve as questões de 
fato e de direito deduzidas pelas partes. 
 
É também o momento oportuno para 
enfrentar as questões processuais que 
impedem o conhecimento do mérito da lide, 
decretando a inadmissibilidade da demanda 
no dispositivo da sentença. Nessas hipóteses, 
o art. 459 do CPC autoriza a adoção de 
fundamentação sucinta, o que não significa 
ausência de fundamentação. A apreciação 
das questões processuais deve preceder ao 
exame do mérito. 
 
Por outro lado, apreciando o mérito da causa, 
o juiz valorará a prova produzida em 
contraditório para acolher ou rejeitar a 
demanda. É o momento adequado para o 
julgador analisar se estão presentes os 
elementos ensejadores da responsabilidade 
civil subjetiva extracontratual (conduta, culpa, 
nexo e dano), em uma ação indenizatória, por 
exemplo . 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
Não é permitido, contudo, ao magistrado 
fundamentar sua decisão com base apenas 
nos elementos de provas produzidos pela 
parte autora no sentido da procedência do 
seu pedido sem rebater as alegações e 
provas trazidas aos autos pelo réu. Dessa 
forma, o julgador, em respeito ao princípio do 
contraditório, deve expor o porquê os 
referidos argumentos e provas não o 
convenceram. 
 
De resto, a motivação é o local adequado 
para o magistrado deliberar sobre a 
constitucionalidade ou inconstitucionalidade 
de ato normativo, suscitada pelas partes 
como questão prejudicial. Trata-se de controle 
difuso de constitucionalidade que assegura a 
qualquer magistrado o controle da 
constitucionalidade dos atos normativos e 
cujos efeitos são restritos ao caso concreto. 
 
2.3.3 Motivação x coisa julgada material: nos 
termos do art. 469 do CPC, as questões 
decididas na fundamentação não são 
albergadas pela coisa julgada material, a qual 
recai apenas sobre o dispositivo da sentença. 
Logo, a coisa julgada material torna imutável 
apenas o conteúdo da norma jurídica 
individualizada, razão pela qual a decisão 
sobre a paternidade numa ação em que se 
pedem alimentos pode ser objeto de 
discussão em outro processo, por exemplo. 
 
Portanto, a coisa julgada material recai sobre 
o dispositivo da sentença, não sendo 
acobertada pelo manto da coisa julgada a 
resolução de questões incidentais, salvo 
quando a questão for apreciada principaliter 
tantum ou por meio de ação declaratória 
incidental, conforme a regra expressa do art. 
470 do CPC, in verbis: “Faz, todavia, coisa 
julgada a resolução da questão prejudicial, se 
a parte o requerer (arts. 5º e 325), o juiz for 
competente em razão da matéria e constituir 
pressuposto necessário para o julgamento da 
lide.”. 
 
2.3.4 Ausência de fundamentação: a 
fundamentação é regra de observância 
compulsória pelo magistrado, acarretando a 
sua ausência nulidade do ato decisório. É 
comum, no entanto, decisões simplistas, que 
somente do ponto de vista formal são 
fundamentadas, tais como: “presentes os 
pressupostos legais, defiro a tutela 
antecipada” ou “defiro o pedido indenizatório 
na forma como postulado na inicial, uma vez 
que amparado nas provas produzidas em 
juízo” ou “indefiro em razão da ausência de 
amparo legal do pedido”, dentre tantasoutras. 
 
A motivação exige que o magistrado decline 
explicitamente as razões que o levaram a 
decidir em determinado sentido. 
Exemplificando, deve o magistrado expor por 
que estão presentes (ou ausentes) os 
pressupostos da tutela antecipada. 
 
A jurisprudência admite a denominada 
fundamentação per relationem, isto é, a 
decisão do magistrado que se reporta aos 
fundamentos expendidos em outro ato do 
processo (outra decisão ou mesmo um 
parecer do Ministério Público). Aliás, a Lei 
9.099/95, em seu art. 46, in fine, consagrou 
legalmente hipótese de motivação per 
relationem no âmbito dos Juizados Especiais 
Cíveis, ao admitir que “se a sentença for 
confirmada pelos seus próprios fundamentos, 
a súmula do julgamento servirá de acórdão”. 
 
O projeto de novo CPC, que tramita no 
Congresso Nacional, elenca hipóteses em 
que se considera sem fundamentação a 
sentença. Confira-se o dispositivo: “Não se 
considera fundamentada a decisão, sentença 
ou acórdão que: I – se limita a indicação, à 
reprodução ou à paráfrase de ato normativo; 
II – empregue conceitos jurídicos 
indeterminados sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; III – 
invoque motivos que se prestariam a justificar 
qualquer outra decisão; IV – não enfrentar 
todos os argumentos deduzidos no processo 
capazes de, em tese, infirmar a conclusão 
adotada pelo julgador”. 
 
2.4 Dispositivo: 
 
2.4.1 Conceito: consiste na conclusão, na 
resposta do Estado-juiz que acolhe ou rejeita 
o pedido formulado pelo autor. Cuida-se do 
fecho da sentença que contém a decisão da 
causa . Fredie Didier Jr. et al define o 
dispositivo como “[…] a parte da decisão em 
que o órgão jurisdicional estabelece um 
 
 
 
 
 
 
 
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preceito, uma afirmação imperativa, 
concluindo a análise acerca de um (ou mias 
de um) pedido que lhe fora dirigido […] Sem 
esse comando, a decisão é inexistente.”. 
O dispositivo pode ser classificado em: 
a) Direto: especifica a prestação imposta ao 
vencido (ex.: “condeno o réu a pagar a 
quantia X ao autor”) 
ou 
b) Indireto: o juiz apenas se reporta ao pedido 
do autor, julgando-o procedente ou 
improcedente. 
 
2.4.2 Teoria dos capítulos da sentença: uma 
vez que é possível a cumulação de pedidos, a 
sentença nesses casos será objetivamente 
complexa, pois o dispositivo poderá ser 
fracionado em capítulos. Capítulo da 
sentença é toda unidade autônoma contida na 
parte dispositiva de uma decisão judicial . A 
teoria dos capítulos da sentença tem 
implicações em diversos institutos do 
processo, tais como: 
I. Tratando-se de decisão ultra petita (que 
extrapola os limites do pedido), é possível o 
aproveitamento do capítulo da sentença 
inalterado pelo decisum, anulando-se apenas 
o capítulo em excesso; 
II. Na teoria geral dos recursos, o recurso 
será total quando impugnar todos os capítulos 
desfavoráveis da sentença, enquanto o 
recurso parcial apenas refuta um ou alguns 
capítulos da sentença. Assim, limita-se o 
efeito devolutivo (tantum devolutum quantum 
apelattum); 
III. Havendo sucumbência, o autor responderá 
pelas despesas processuais relativas ao 
capítulo em que sucumbente, ao passo que o 
réu ficará responsável em relação ao capítulo 
em que vencido. 
Com base na teoria dos capítulos da 
sentença, desenvolveu-se a ideia de coisa 
julgada progressiva segundo a qual esta se 
forma à medida que os capítulos da sentença 
não são impugnados pelo recurso, transitando 
em julgado parcialmente. Assim, o capítulo 
impugnado não transita em julgado, 
diferentemente do capítulo não impugnado. 
Este regime tem especial importância no 
estudo da ação rescisória, sobretudo na 
contagem do prazo decadencial para a sua 
propositura. O STJ, contudo, desconsidera a 
coisa julgada progressiva, pois estabelece 
que “o prazo decadencial para o ajuizamento 
da ação rescisória só se inicia quando não for 
cabível qualquer recurso do último 
pronunciamento judicial.” (Súmula 401, STJ). 
Porém, no âmbito do TST o entendimento 
prevalente é no sentido de que “havendo 
recurso parcial, no processo principal, o 
trânsito em julgado dá-se em momentos e em 
tribunais diferentes, contando-se o prazo 
decadencial para a ação rescisória do trânsito 
em julgado de cada decisão, salvo se o 
recurso tratar de preliminar ou prejudicial que 
possa tornar insubsistente a decisão 
recorrida, hipótese em que flui a decadência a 
partir do trânsito em julgado da decisão que 
julgar o recurso parcial.” (Súmula 100, II, 
TST). 
 
3. Requisitos – congruência externa e interna. 
 
3.1 Noções introdutórias: os arts. 128 e 460 
do CPC dispõem acerca da congruência, 
esclarecendo que a decisão deve enfrentar 
todos os pedidos deduzidos, incluindo os 
denominados pedidos implícitos, a exemplo 
da condenação ao pagamento de custas e 
honorários advocatícios e a incidência de 
juros e correção monetária sobre as dívidas 
de valor. A congruência, no entanto, deve ser 
analisada não somente do ponto de vista do 
pedido e dos sujeitos que compõem a lide 
(congruência externa), mas em relação a si 
mesma (congruência interna). 
 
3.2 Congruência externa: trata-se de regra 
que limita a atividade do magistrado, 
vinculando-o aos termos da demanda e aos 
sujeitos do litígio. Dessa forma, o magistrado, 
ao proferir a sentença, deve apreciar e 
responder a todos os pedidos deduzidos, 
sendo-lhe defeso julgar além ou fora do que 
pleiteado. A regra valoriza, igualmente, o 
princípio do contraditório, pois garante à parte 
o direito de se manifestar e influenciar a 
decisão judicial proferida. 
 
A congruência externa divide-se em: 
a) Congruência objetiva: vincula o juiz, na 
apreciação da lide, aos elementos objetivos 
da demanda (causa de pedir e pedido), é 
dizer, o magistrado deve decidir a lide nos 
limites em que proposta, nem além, nem fora, 
nem aquém do que pedido. A inobservância 
 
 
 
 
 
 
 
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da congruência objetiva acarreta em 
julgamento ultra, extra ou citra petita. 
A decisão será ultra petita quando conceder 
mais do que o pedido, a exemplo da sentença 
que condena o réu ao pagamento de 
indenização por danos materiais em valor 
superior ao pedido na exordial. A decisão que 
ultrapassa os limites do pedido deve ser 
invalidada, mas a invalidação restringe-se à 
parte em que supera os limites do pedido. 
 
Entretanto, existem situações excepcionais 
em que é possível julgamento ultra petita: 
1) pedido implícito; 
2) fixação de multa coercitiva 
independentemente de pedido ou em valor 
superior ao pleiteado pelo requerente nas 
decisões que impõem obrigação de fazer, não 
fazer ou de entregar coisa; 
3) nas ações de alimentos ou de oferta 
de alimentos, a doutrina defende a 
possibilidade de fixação de prestação 
alimentícia em valor superior ao pleiteado. 
Diz-se extra petita, por sua vez, a decisão que 
concede coisa distinta da pedida, a exemplo 
da decisão que condena à entrega de uma 
coisa determinada, quando o autor requereu a 
condenação ao pagamento de certa quantia. 
Tratando-se de error in procedendo, 
imprescindível a invalidação de toda a 
decisão, salvo em relação à sentença 
objetivamente complexa (teoria dos capítulos 
da sentença) quando o vício atingir apenas 
um ou alguns capítulos, sendo possível 
manter íntegros os demais. 
Por fim, citra petita é a decisão que deixa de 
apreciar pedido formulado ou fundamento de 
fato ou de direito alegado pela parte. O 
magistrado, portanto, omite-se na apreciação 
de algum pedido formulado pela parte, que 
pode consistir em uma questão principal ou 
incidental. O defeito, contudo, podeser 
sanado com a oposição de embargos de 
declaração. 
b) Congruência subjetiva: do mesmo modo, a 
sentença deve guardar correlação com os 
sujeitos da lide, não produzindo efeitos em 
relação a terceiros que dela não tenham 
participado. A sentença, igualmente, será 
ultra petita quando seus efeitos atingirem, 
além da parte da relação processual, quem 
dela não participou; extra petita quando atingir 
tão somente quem não participa do processo; 
citra petita quando deixar de disciplinar a 
situação jurídica de todas as partes 
envolvidas na relação processual, no polo 
ativo ou passivo. 
Verificando-se um dos referidos vícios, como 
na hipótese da sentença que impõe obrigação 
a litisconsorte passivo necessário não citado, 
a decisão poderá ser anulada ou integrada 
conforme o caso. Sendo ultra petita, basta 
que seja anulada a parte incongruente da 
decisão, retirando o capítulo referente ao 
sujeito que não participou do processo; sendo 
extra petita, deverá ser integralmente 
invalidada e, sobrevindo o seu trânsito em 
julgado, pode ser desconstituída por meio de 
ação rescisória; sendo, por fim, citra petita a 
decisão necessitará ser integrada em grau 
recursal para que seja acrescentado o 
capítulo faltante. 
 
3.3 Congruência interna: 
 
3.3.1 Introdução: a sentença, assim como o 
pedido na petição inicial, precisa observar 
alguns requisitos intrínsecos, a saber: 
certeza, liquidez, clareza e coerência. 
 
3.3.2 Certeza: nos termos do art. 460, 
parágrafo único, do CPC, a sentença deve ser 
certa, mesmo quando decida relação jurídica 
condicional. Afirma Fredie Didier Jr. et al que 
“certo é o pronunciamento do juiz quando ele 
expressamente certifica a existência ou 
inexistência de um direito afirmado pela parte, 
ou ainda quando expressamente certifica a 
inviabilidade de analisá-lo (quando falta 
requisito de admissibilidade do 
procedimento). A certeza consubstancia-se, 
portanto, na necessidade de que o juiz, ao 
analisar o pedido que lhe foi dirigido, firme um 
preceito, definindo a norma jurídica para o 
caso concreto e, com isso, retire as partes do 
estado de dúvida no qual se encontravam.”. 
O requisito da certeza, todavia, não impede 
que o magistrado, ao proferir sua decisão, 
crie uma condição de eficácia de seu 
pronunciamento, a exemplo da decisão que 
condena o beneficiário da assistência 
judiciária ao pagamento de custas e 
honorários advocatícios (o juiz certifica a 
existência das verbas e suspende a sua 
exigibilidade até que sobrevenha mudança na 
capacidade econômica do beneficiário). 
 
 
 
 
 
 
 
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Igualmente, a eficácia da sentença pode ficar 
sob condição legal suspensiva, como se 
verifica em relação ao reexame necessário 
(CPC, art. 475). 
Destarte, é proibido ao magistrado 
condicionar a própria certeza da resposta 
estatal materializada na sentença. Nesse 
diapasão, não pode o magistrado, por 
exemplo, declarar o direito a uma indenização 
por danos que eventualmente venham a ser 
demonstrados em liquidação. 
 
3.3.3 Liquidez: a decisão judicial que condena 
ao cumprimento de uma prestação deve, 
necessariamente, apreciar os seguintes 
aspectos: a) an debeatur (existência da 
dívida); b) o cui debeatur (a quem é devido), 
c) o quis debeat (quem deve); d) o quid 
debeatur (o que é devido) e e) o quantum 
debeatur (a quantidade devida). 
Em regra, toda decisão deve ser líquida, 
sendo lícito ao magistrado proferir sentença 
ilíquida somente quando o autor formular 
pedido ilíquido, consoante reza o art. 459, 
parágrafo único c/c art. 286, ambos do CPC. 
Aliás, consoante entendimento pacífico do 
STJ “formulado pedido certo e determinado, 
somente o autor tem interesse recursal em 
arguir o vício da sentença ilíquida” (Súmula 
318). 
A Lei 9.099/95, no entanto, veda a prolação 
de sentença ilíquida nas ações sujeitas ao 
procedimento sumaríssimo, ainda que o 
pedido seja ilíquido, nos moldes do art. 38, 
parágrafo único. Outrossim, é vedada a 
prolação de sentença ilíquida nas ações de 
rito sumário para a cobrança de seguro 
relativo aos danos causados em acidente de 
veículo (CPC, art. 475-A, § 3º). 
 
3.3.4 Clareza e coerência: a sentença deve 
ser redigida de forma clara e direta, sem 
subterfúgios, não podendo o julgador se valer 
de expressões chulas e que dificultem a 
compreensão de sua conclusão. Ademais, a 
decisão deve espelhar uma correlação entre o 
relatório, fundamentação e conclusão. 
 
4. Classificação quanto ao seu conteúdo. 
 
4.1 Noções gerais: o tema da classificação da 
sentença quanto ao seu conteúdo sempre foi 
objeto de acirradas divergências na doutrina, 
tanto nacional quanto estrangeira, 
predominando duas correntes de 
pensamento, a saber: 
1ª) Classificação ternária: sentenças 
condenatória, constitutiva e declaratória; 
2ª) Classificação quinária: sentenças 
condenatória, constitutiva, declaratória, 
mandamental e executiva lato sensu. 
A discussão, porém, perdeu um pouco o 
sentido com a edição da Lei 11.232/2005, 
uma vez que toda sentença que condena ao 
dever de prestar uma obrigação de fazer, dar 
coisa ou pagar quantia pode ser efetivada no 
mesmo processo, instituindo-se o processo 
sincrético. 
 
4.2 Sentença condenatória: é aquela que 
certifica a existência de um direito a uma 
prestação, que pode ser uma obrigação de 
fazer, dar coisa ou pagar quantia, viabilizando 
a realização da atividade executiva caso não 
cumprida espontaneamente. O direito à 
prestação corresponde ao direito subjetivo em 
sentido estrito. 
Uma vez não cumprida espontaneamente 
pelo devedor, este será considerado 
inadimplente e poderá ser constrangido a 
cumprir a obrigação de modo forçado. Porém, 
considerando que é vedada a autotutela, o 
credor deverá se valer do procedimento 
jurisdicional executivo que se realiza, 
atualmente, nos mesmos autos da ação de 
conhecimento. Portanto, por força da Lei 
11.232/2005 a atividade jurisdicional não se 
exaure com a certificação do direito subjetivo, 
exigindo-se a sua efetivação. 
Por conseguinte, foi necessária a 
reformulação do conceito de sentença. Antes 
da Lei 11.232/2005, a sentença se 
caracterizava como o ato do juiz que 
encerrava o processo (certificação do direito). 
A nova sistemática definiu sentença a partir 
de seu conteúdo como sendo o ato do juiz 
que implica a resolução ou não do mérito da 
causa. Inclusive substituiu-se o termo 
“julgamento” por “resolução”, tudo visando 
realçar que a sentença não é o último ato do 
processo. Na verdade, ela encerra uma fase, 
a de conhecimento, possibilitando o início da 
fase executiva. 
 
4.3 Sentença constitutiva: trata-se da decisão 
que certifica e efetiva direito potestativo, o 
 
 
 
 
 
 
 
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qual constitui o poder jurídico conferido a 
alguém de submeter outrem à determinada 
situação jurídica. São exemplos de direito 
potestativo: a) direito de pedir o divórcio; b) 
rescindir um contrato; c) direito de 
arrependimento nas compras realizadas fora 
do estabelecimento comercial; d) rever a 
prestação alimentícia, entre outros. O 
deferimento do pedido implica na constituição 
de uma situação nova, a qual deve a outra 
parte se submeter sem direito a resistir. 
Por outro lado, tratando-se de direito que se 
efetiva no plano jurídico e não físico, a 
efetivação por meio de atividade executiva é 
dispensável, bastando a decisão por si para a 
efetivação do direito potestativo. Sendo 
assim, a decisão que decreta a nulidade de 
um contrato, por exemplo, é suficiente, de per 
si, para que a relação contratual seja extinta. 
 
4.4 Sentençameramente declaratória: é 
aquela que se limita a certificar a existência 
ou inexistência de determinada relação 
jurídica. Cuida-se de decisão que tem por fim 
único garantir a certeza jurídica de uma 
relação jurídica, pressupondo a existência de 
uma situação de incerteza, de dúvida sobre a 
relação jurídica discutida. 
 
5. Efeitos – eficácia principal, reflexa e anexa. 
 
5.1 Eficácia principal: trata-se dos efeitos que 
decorrem do conteúdo da decisão, tais como 
a possibilidade de adoção de providências 
executivas (decisões condenatórias), a 
situação jurídica nova (decisões constitutivas) 
e a certeza jurídica (decisões declaratórias), 
explorados com maior profundidade no tópico 
anterior. 
 
5.2 Eficácia reflexa: a sentença, em 
determinadas circunstâncias, afeta relação 
jurídica estranha ao processo, a qual, no 
entanto, mantém um vínculo com a relação 
discutida em juízo. Assim, v.g., a sentença em 
uma ação reivindicatória repercute na relação 
jurídica entre o réu o terceiro adquirente do 
bem (CC, arts. 457 e ss.). Igualmente, a 
sentença de despejo, rescindindo o contrato 
de locação, acarreta, por conseguinte, o 
desfazimento da sublocação. 
 
5.3 Eficácia anexa: são efeitos da decisão 
que decorrem de previsão legal e não como 
consequência do conteúdo da sentença (ex 
lege), a exemplo da perempção, que se forma 
com a terceira sentença de extinção do 
processo por abandono unilateral e a 
separação de corpos, em razão da 
decretação do divórcio. 
 
Destaca-se, ainda, como efeito anexo, ou 
secundário, a hipoteca judiciária, prevista no 
art. 466 do CPC, segundo o qual “a sentença 
que condenar o réu no pagamento de uma 
prestação, consistente em dinheiro ou coisa, 
valerá como título constitutivo de hipoteca 
judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo 
juiz na forma prescrita na Lei de Registros 
Públicos”. Cuida-se de importante instrumento 
para prevenir a fraude à execução, haja vista 
que se assegura ao credor a possibilidade de 
buscar o bem onde quer que se encontre em 
razão do direito de sequela inerente à 
hipoteca judiciária. 
 
6. Publicação, retratação e integração. 
 
6.1 Publicação: confeccionada a sentença, 
deve ser providenciada a sua publicação, 
momento a partir do qual será o magistrado 
impedido de alterá-la, consoante reza o art. 
463 do CPC. Sendo proferida em audiência, 
será considerada publicada na própria 
audiência; sendo proferida em gabinete, 
considera-se publicada com a juntada aos 
autos pelo escrivão. O prazo para recurso, 
contudo, só passa correr com a intimação das 
partes por meio de publicação na imprensa 
oficial. 
 
6.2 Retratação: a princípio, uma vez proferida 
a sentença, exaure-se a atividade do julgador 
que não pode se retratar do seu entendimento 
firmado na decisão. Entretanto, 
excepcionalmente autoriza-se o magistrado a 
se retratar diante de recurso contra o 
indeferimento da petição inicial (CPC, art. 
296) ou do julgamento de improcedência 
prima facie (CPC, art. 285-A). 
 
6.3 Integração: integrar a decisão nada mais 
é do que complementá-la para corrigir 
eventuais defeitos, omissões ou contradições. 
O ordenamento jurídico contempla remédio 
 
 
 
 
 
 
 
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recursal específico para tanto, os embargos 
de declaração, espécie de recurso cabível 
quando houver na sentença obscuridade ou 
contradição, bem como na hipótese de 
omissão acerca de ponto sobre o qual devia 
pronunciar-se o magistrado. 
Não obstante, excepcionalmente o próprio 
julgador que proferiu a sentença pode alterá-
la para corrigir inexatidões materiais e erros 
de cálculo (CPC, art. 463, inciso I). 
 
NOVO CPC 
 
Seção IV 
Dos Pronunciamentos do Juiz 
 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz 
consistirão em sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos. 
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas 
dos procedimentos especiais, sentença é o 
pronunciamento por meio do qual o juiz, com 
fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à 
fase cognitiva do procedimento comum, bem 
como extingue a execução. 
§ 2º Decisão interlocutória é todo 
pronunciamento judicial de natureza decisória 
que não se enquadre no § 1º. 
§ 3º São despachos todos os demais 
pronunciamentos do juiz praticados no 
processo, de ofício ou a requerimento da 
parte. 
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a 
juntada e a vista obrigatória, independem de 
despacho, devendo ser praticados de ofício 
pelo servidor e revistos pelo juiz quando 
necessário. 
 
CAPÍTULO XIII 
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito 
quando: 
I – indeferir a petição inicial; 
II – o processo ficar parado durante mais de 1 
(um) ano por negligência das partes; 
III – por não promover os atos e as diligências 
que lhe incumbir, o autor abandonar a causa 
por mais de 30 (trinta) dias; 
IV – verificar a ausência de pressupostos de 
constituição e de desenvolvimento válido e 
regular do processo; 
V – reconhecer a existência de perempção, 
de litispendência ou de coisa julgada; 
VI – verificar ausência de legitimidade ou de 
interesse processual; 
VII – acolher a alegação de existência de 
convenção de arbitragem ou quando o juízo 
arbitral reconhecer sua competência; 
VIII – homologar a desistência da ação; 
IX – em caso de morte da parte, a ação for 
considerada intransmissível por disposição 
legal; e 
X – nos demais casos prescritos neste 
Código. 
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e 
III, a parte será intimada pessoalmente para 
suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as 
partes pagarão proporcionalmente as custas, 
e, quanto ao inciso III, o autor será 
condenado ao pagamento das despesas e 
dos honorários de advogado. 
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria 
constante dos incisos IV, V, VI e IX, em 
qualquer tempo e grau de jurisdição, 
enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. 
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não 
poderá, sem o consentimento do réu, desistir 
da ação. 
§ 5º A desistência da ação pode ser 
apresentada até a sentença. 
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do 
processo por abandono da causa pelo autor 
depende de requerimento do réu. 
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos 
casos de que tratam os incisos deste artigo, o 
juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. 
 
Art. 486. O pronunciamento judicial que não 
resolve o mérito não obsta a que a parte 
proponha de novo a ação. 
§ 1º No caso de extinção em razão de 
litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI 
e VII do art. 485, a propositura da nova ação 
depende da correção do vício que levou à 
sentença sem resolução do mérito. 
§ 2º A petição inicial, todavia, não será 
despachada sem a prova do pagamento ou 
do depósito das custas e dos honorários de 
advogado. 
 
 
 
 
 
 
 
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§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, 
a sentença fundada em abandono da causa, 
não poderá propor nova ação contra o réu 
com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, 
entretanto, a possibilidade de alegar em 
defesa o seu direito. 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando 
o juiz: 
I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na 
ação ou na reconvenção; 
II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre 
a ocorrência de decadência ou prescrição; 
III – homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do 
pedido formulado na ação ou na 
reconvenção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação 
ou na reconvenção. 
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 
1º do art. 332, a prescriçãoe a decadência 
não serão reconhecidas sem que antes seja 
dada às partes oportunidade de manifestar-
se. 
 
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá 
o mérito sempre que a decisão for favorável à 
parte a quem aproveitaria eventual 
pronunciamento nos termos do art. 485. 
 
Seção II 
Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença 
 
Art. 489. São elementos essenciais da 
sentença: 
I – o relatório, que conterá os nomes das 
partes, a identificação do caso, com a suma 
do pedido e da contestação, e o registro das 
principais ocorrências havidas no andamento 
do processo; 
II – os fundamentos, em que o juiz analisará 
as questões de fato e de direito; 
III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as 
questões principais que as partes lhe 
submeterem. 
§ 1º Não se considera fundamentada 
qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à 
paráfrase de ato normativo, sem explicar sua 
relação com a causa ou a questão decidida; 
II – empregar conceitos jurídicos 
indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; 
III – invocar motivos que se prestariam a 
justificar qualquer outra decisão; 
IV – não enfrentar todos os argumentos 
deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V – se limitar a invocar precedente ou 
enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar 
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos; 
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, 
jurisprudência ou precedente invocado pela 
parte, sem demonstrar a existência de 
distinção no caso em julgamento ou a 
superação do entendimento. 
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz 
deve justificar o objeto e os critérios gerais da 
ponderação efetuada, enunciando as razões 
que autorizam a interferência na norma 
afastada e as premissas fáticas que 
fundamentam a conclusão. 
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a 
partir da conjugação de todos os seus 
elementos e em conformidade com o princípio 
da boa-fé. 
 
Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo 
ou rejeitando, no todo ou em parte, os 
pedidos formulados pelas partes. 
 
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de 
pagar quantia, ainda que formulado pedido 
genérico, a decisão definirá desde logo a 
extensão da obrigação, o índice de correção 
monetária, a taxa de juros, o termo inicial de 
ambos e a periodicidade da capitalização dos 
juros, se for o caso, salvo quando: 
I – não for possível determinar, de modo 
definitivo, o montante devido; 
II – a apuração do valor devido depender da 
produção de prova de realização demorada 
ou excessivamente dispendiosa, assim 
reconhecida na sentença. 
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-
se-á a apuração do valor devido por 
liquidação. 
§ 2º O disposto no caput também se aplica 
quando o acórdão alterar a sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de 
natureza diversa da pedida, bem como 
condenar a parte em quantidade superior ou 
em objeto diverso do que lhe foi demandado. 
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, 
ainda que resolva relação jurídica condicional. 
 
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, 
algum fato constitutivo, modificativo ou 
extintivo do direito influir no julgamento do 
mérito, caberá ao juiz tomá-lo em 
consideração, de ofício ou a requerimento da 
parte, no momento de proferir a decisão. 
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato 
novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes 
de decidir. 
 
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só 
poderá alterá-la: 
I – para corrigir-lhe, de ofício ou a 
requerimento da parte, inexatidões materiais 
ou erros de cálculo; 
II – por meio de embargos de declaração. 
 
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao 
pagamento de prestação consistente em 
dinheiro e a que determinar a conversão de 
prestação de fazer, de não fazer ou de dar 
coisa em prestação pecuniária valerão como 
título constitutivo de hipoteca judiciária. 
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária: 
I – embora a condenação seja genérica; 
II – ainda que o credor possa promover o 
cumprimento provisório da sentença ou esteja 
pendente arresto sobre bem do devedor; 
III – mesmo que impugnada por recurso 
dotado de efeito suspensivo. 
§ 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada 
mediante apresentação de cópia da sentença 
perante o cartório de registro imobiliário, 
independentemente de ordem judicial, de 
declaração expressa do juiz ou de 
demonstração de urgência. 
§ 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data 
de realização da hipoteca, a parte informá-la-
á ao juízo da causa, que determinará a 
intimação da outra parte para que tome 
ciência do ato. 
§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez 
constituída, implicará, para o credor 
hipotecário, o direito de preferência, quanto 
ao pagamento, em relação a outros credores, 
observada a prioridade no registro. 
§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da 
decisão que impôs o pagamento de quantia, a 
parte responderá, independentemente de 
culpa, pelos danos que a outra parte tiver 
sofrido em razão da constituição da garantia, 
devendo o valor da indenização ser liquidado 
e executado nos próprios autos. 
 
 
PROCESSO DE EXECUÇÃO 
 
Noções gerais 
 
 Princípios da versão original do 
CPC/1973 foram cedendo, gradativamente, a 
outros (autonomia entre 
conhecimento/execução já cedia às 
sentenças mandamentais das possessórias e 
alimentos, sendo que hoje é possível a 
realização de atos executivos no curso de 
qualquer ação de conhecimento condenatória, 
vide 273, p. 3°, e 461 e 461-A nas ações de 
obrigação de fazer/não fazer, entregar coisa, 
sem contar a possibilidade de execução da 
sentença que condena ao pagamento de 
quantia em dinheiro no mesmo procedimento, 
vide 475-J) e houve abandono da unicidade 
procedimental 
 Nulla executio sine titulo, 
anteriormente baseado somente na 
taxatividade legal, pois exigia como suficiente 
que o exeqüente ostentasse título executivo, 
mas, atualmente, não faz tal exigência, vide a 
possibilidade de execução antecipada dos 
efeitos da tutela 
 Tipicidade/atipicidade, vide 461, p. 5°, 
vez que não delimita as espécies de medidas 
executivas a serem manejadas pelo juiz e 
nem o modo de realização destas mesmas 
medidas) 
 Divisão entre 3 grupos : 
a) extrajudicial – livro II, 566/795 (embora 
trate da execução dos títulos extrajudiciais, 
traz, em seu bojo, de forma exaustiva, os atos 
destinados à obtenção de quantia em 
dinheiro, recebimento de coisa e cumprimento 
de obrigações de fazer/não fazer) 
b) cumprimento de sentença condenatória e 
de outros títulos executivos judiciais que não 
podem ser executados ex officio – 475-J e 
seguintes 
 
 
 
 
 
 
 
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ATUALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
Novo Código de Processo Civil 
Mauricio Cunha 
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c) execução em que a própria sentença é 
executiva – 461 e 461-A 
 Aumento da importância do papel do 
juiz com relação à validade e à adequação 
das medidas executivas (bens impenhoráveis, 
reavaliação dos bens penhorados, nulidade 
da arrematação por preço vil, fixação de multa 
coercitiva), a partir da aplicação do princípio 
da proporcionalidade, este inserido entre os 
princípios da máxima efetividade e da menor 
restrição possível. BACENJUD, RENAJUD E 
INFOJUD 
 Espécies de meios executivos sob 
uma perspectiva ampla: DIRETA (mesmo 
contra a vontade do executado, verdadeira 
sub-rogação, que pode se dar por 
desapossamento, transformação ou 
expropriação) ou INDIRETA (por coação 
patrimonial, como a fixação de multa

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