Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Instituto de Biologia BIO A93 – Biologia Celular e Molecular Aplicada à Medicina Veterinária Professores: Paula Ristow e Carlos Eduardo Guedes Antibióticos que agem na parede bacteriana – Penicilina As penicilinas obtidas a partir de variedades do fungo Penicilium são denominadas com letras maiúsculas do alfabeto. Assim, tem-se penicilina K, F, G e X sendo que a mais potente dentre estas é a penicilina G, a única usada em terapêutica. As penicilinas naturais são indicadas no tratamento de infecções por Streptococcus dos grupos A, B, C, D e G de Lancefield (adenite eqüina – S. equi; pneumonias – S. pyogenes, S. agalactiae, S. bovis; encefalites dos leitões – S. suis), no tratamento de clostridioses gangrenosas e de infecções por espiroquetas (Brachyspira, Leptospira, Borrelia) e por bacilos Gram-positivos (como a Listeria monocytogenes, Erysipelothrix rhusiopathiae e Bacillus anthracis). O tempo de duração do tratamento varia de acordo com a infecção envolvida. A penicilina geralmente não é administrada por via oral em herbívoros, porque suprime o metabolismo bacteriano no trato digestivo. As exceções são aqueles herbívoros muito jovens ou animais que necessitam de supressão da fermentação bacteriana para evitar timpanismo. Modo de ação A ação da penicilina depende da parede celular, que contém peptideoglicanos em sua composição. Ela inibe a síntese da parede (figura). A parede celular das bactérias é composta de peptideoglicanos, ou seja, é feita de peptídeos e unidades de açúcar. A estrutura da parede celular consiste de um esqueleto de açúcares, contendo dois tipos de açúcares: o ácido N-acetilmurâmico (NAM) e a N-acetilglucosamina (NAG). As cadeias de peptídeo (aminoácidos) são ligadas ao NAM e, no passo final da biossíntese da parede celular, essas cadeias de peptídeos se ligam pela substituição da D-alanina de uma cadeia pela glicina de outra cadeia. A enzima responsável pela reação de ligação cruzada é conhecida como transpeptidase. Durante o processo de replicação bacteriana, a penicilina inibe as enzimas que fazem a ligação entre as cadeias peptídicas, impedindo o desenvolvimento da estrutura normal do peptidoglicano. Estas enzimas (transpeptidase, carboxipeptidase e endopeptidase) localizam-se logo abaixo da parede celular e são denominadas "Proteínas ligadoras de penicilina" (penicillin binding proteins – PBPs). O último passo da reação cruzada é inibido pelas penicilinas e cefalosporinas, de forma que a estrutura da parede celular não fique unida. Como resultado, a parede celular torna-se fraca, uma vez que a concentração salina dentro da célula é maior que a concentração externa. Assim, a água penetra na célula, que fica intumescida e acaba se rompendo (lise bacteriana). A habilidade de penetrar na parede celular e o grau de afinidade destas proteínas com a penicilina determinam a sua atividade antibacteriana. As bactérias, por sua vez, diferem na sua composição quanto ao tipo e à concentração de proteínas ligadoras de penicilina e, conseqüentemente, quanto à permeabilidade de suas paredes celulares ao antibiótico. Tem-se então diferentes suscetibilidades bacterianas à penicilina. Além da ação sobre a parede celular, considera-se a ação da penicilina na ativação do sistema autolítico endógeno da bactéria, determinando a sua lise e consequente morte.
Compartilhar