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Dilemas Morais e Jurídicos do caso da Antígona

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UERJ
Trabalho de introdução ao Estudo de direito
- Os principais dilemas morais e jurídicos do caso Antígona
Rio de Janeiro
2017
Elizabeth Rocha
Caroline Estevão
Mylena Mota 
Dilemas morais e jurídicos do caso de Antígona
Trabalho apresentado para avaliação na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito I da Universidade Estadual do Rio de Janeiro/UERJ 
Prof. José Ricardo Cunha
Rio de Janeiro 
 2017
Sumário
1 – Introdução –--------------------------------------------------------------1
2 - A problemática do conceito justiça ----------------------------- 3
 2.2 - A Justiça e o Direito ------------------------------------------------- 6
3 – A Dignidade da pessoa humana, na Antígona---------------- 8
4 – Antígona sob ótica de gênero ------------------------------------- 10
5 – Dilemas morais --------------------------------------------------------- 11
 5.1 – Compromisso moral –----------------------------------------------12 
6 - Do direito natural às leis divinas ----------------------------------13
7 – Proteção da integridade moral ------------------------------------ 14
8 – Prudência para Antígona e Creonte ----------------------------- 14
 8.1 – Decisão justa --------------------------------------------------------- 16
9 – Vertente teológica do Direito Natural ---------------------------- 16
10 – Referências –------------------------------------------------------------18
2 - A PROBLEMÁTICA DO CONCEITO DE JUSTIÇA
Na peça “ Antígona”, Sófocles personifica na figura de Antígona a ideia de direito natural e em Creonte a de direito positivo. Ao longo deste trabalho mostraremos um pouco esse dilema, moral e jurídico, que perpetua na sociedade até hoje. É comum tragédias clássicas gregas1É na grécia que descobriremos os germes da teoria do direito natural; mas também poderíamos encontrar os germes do positivismo jurídico, do relativismo, quando não do sociologismo
 apresentarem um elevado sentido moral. A afronta de Antígona as leis de Creonte desencadeia um questionamento sobre a legitimidade dessas leis e até uma reflexão mais profunda sobre o que é justiça2- A palavra “justiça” é derivada do Latim, JUSTITIA, que significa “direito, administração legal”. Esta palavra latina, por sua vez é originária de JUSTUS, “justo”, que tem a origem em JUS, cujo o significado é “correto, lei”. Seu conceito se modifica no espaço e no tempo de acordo com a evolução do homem.
.
 Segundo Platão3-Platão foi um homem de muitas viagens, nascido em Atenas no ano d427 a.C. teve como pai Arston, descendente do rei de Atenas Codro e sua mãe Peridione, pertencia a linhagem de Solón, o grande legislador. Em 407 encontrasse com Socrátes e tornar-se discípulo e amigo. Ele assistiu a perda da hegemonia de Antenas e o desmoronamento de seu imperio maritmo devido as brigas internas entre demorcratas eu lgatcas; Inicia sua primeira longa viagem abrangendo Creta, Egito, e Scília. Em 387 regressa a Atenas e adqure um terreno próximo ao templo do herói Academico e funda a famosa Academa. Morreu em 347 a.C. (cf. GIORDANI, 2001, p.663-364) 
 a justiça seria a virtude que atribui a cada um a sua parte, mas esse senso de justiça seria exercido tanto no interior do homem como no seio da cidade-estado, onde os homens se relacionam. Ou seja, o justo se manifesta em dois planos. No interior do indivíduo, estaria atrelada a submissão dos instintos à razão; e na polis, estaria adequada à ordenação de cada um em sua melhor função, ou seja, marcada pela sistematização entre as classes laboriosas, como os artesãos (dedicados à produção de bens materiais), os guerreiros (soldados encarregados de defender a cidade), e os filósofos (guardiões incumbidos de zelar pela observância das leis e promotores principais da justiça idealizada). Dentre esses últimos, deveriam ser escolhido o melhor indivíduo para governar a cidade, o rei-filósofo. Com isso, a cidade ideal se apoiaria numa divisão racional do trabalho, em que cada um exerceria uma função específica conforme sua competência. Como resultado dessa repartição de tarefas, a desigualdade entre os homens está presente em sua teoria da justiça, para a qual a igualdade não era sua preocupação4- FERREIRA, Walace. Justiça e Direito em Platão, Aristóteles e Hobbes. Convergências e divergências de teoria política. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3425, 16 nov. 2012. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/23037>. Acesso em: 4 out. 2017.
. 
 O importante para Platão seria a construção do bem comum a partir de uma repartição adequada de funções, conforme a qualidade de cada tipo de homem e segundo a dotação de sua natureza5Ibid, 2
. Nisto estaria a justiça da cidade: que cada um fizesse a sua parte visando o benefício geral da República (Piettre, 1989). Em contrapartida a injustiça provém precisamente desta substituição, que se opera pela revolta das partes inferiores contra a autoridade legítima da parte mais nobre6- Platão, 445 -c 
.
      A ideia de justiça é bastante discutida na Obra de Sófocles, uma vez que Hémon, filho do rei Creonte, aponta em seu diálogo com Creonte o quão lhe parece injusto a sentença dada a Antígona e como as pessoas da cidade eram contrárias àquela decisão. No trecho “ tu não estás em condições de vigiar quanto dizem ou fazem ou têm a censurar, porque o teu aspecto é terrível para o homem do povo”7- Antígona, Sóflocles. Pág 68. 690
“ Não há Estado algum que seja pertença de um só homem.”8- Ibid, Pág 68, 705
 tirado de falas de Hémon, demonstra a insatisfação do povo para com as atitudes de Creonte.  Para Platão as leis não devem proceder da vontade popular. As leis vem do alto, elas procedem do filósofo que, alçado ao poder, se faz legislador. Ele dita as lei autoritariamente, como um oráculo. Para a elite deverá se usar a persuasão; os cidadãos menos cultivados obedecerão por constrição. Por isso, as leis devem ser objeto de obediência estrita.9Mota, Maurício. História do Direito na Antiguidade Clássica,ppt . 2014
 O sentido geral de justiça defendido por Aristóteles10- ARISTÓTELES. Nascido em Stágiros, na cidade de Calcíde, no território da Macedônia, em 384 a.C., e morreu em Cálcis, na Eubéia, em 322 a.C. Filho de Nicômacos, médico e amigo de Amintas II, rei da Macedônia. Aos dezoito anos ingressou na escola de Platão, em Atenas, permanecendo nela até 348-347 a.C., ano da morte do mestre. Aristóteles casou-se com Pítias, sobrinha de Hermias, no ano de 345 a.C. Em 335 a.C., após a morte de Felipe, Aristóteles retornou a Atenas e, nos arredores da cidade, presumivelmente entre o monte Licábetos e o Rio Ílissos, fundou sua escola. Consta que entre os prédios havia uma colunata coberta (perípatos), daí a origem do nome da escola. Com a morte de sua mulher Pítias, Aristóteles passou a viver com Herpílis, de quem teve um filho chamado Nicômacos. Consta que, em homenagem ao filho, escreveu uma de suas Éticas. Entre suas obras, destacam-se: Ética a Nicômacos, Ética a Êudemos e Ética Maior; Política; Mefafísica entre outras. ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Trad. Mário da Gama Kury. 3 ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília. c 1985, 1992. 238p 
 sai dessa noção muito ampla do direito11- ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos, p. 91. 
, proposta por Platão, e é elaborado uma noção bem mais precisa e de uma importância histórica considerável, apresentado no livro V da Ética a 
 Nicômaco. 
 Inicia suas idéias sobre a justiça e injustiça, questionando “quais são as espécies de ações com as quais se relacionam, que espécie de meio termo é a justiça, e entre que extremos o ato justo é o meio termo.” 12ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos, p. 91 
 Aristóteles considera que “a justiça é a forma perfeita da excelência moral porque ela é a prática efetiva da excelência moral perfeita”13ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos. p. 93. (grifo nosso) 
 . Entende-se que é
“a prática da justiça realizada pelo homem que a torna perfeita como excelência moral, e pelo hábito, o homem é capaz de desenvolvê-la”14SILVA, Moacyr Motta da. Direito, justiça, virtude moral & razão. p. 54. 
 Esta perfeição decorre da idéia de que todo homem nasce com o sentimento de justiça e pode utilizá-lo para si mesmo, mas também em relação ao próximo. Então, para o filósofo a justiça é a única forma de excelência moral que se caracteriza como “bem dos outros”, visto que se revela aos membros da comunidade e ainda aos seus governantes.15ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, p. 93. (grifo nosso) 
 
 Neste pensamento Aristóteles assinala que “a justiça não é uma parte da excelência moral, mas a excelência moral inteira, nem o seu contrário, a injustiça, é uma parte da deficiência moral, mas a deficiência moral inteira”.16ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, p. 93. (grifo nosso) 
 
 Em conformidade com esta premissa ARISTÓTELES reconhece que além desta justiça universal (em sentido amplo)17O sentido geral dejustiça correponde à condição que os gregos chamavam dikaios, o homem justo. Seria a justiça em mim, subjetiva.
, existe uma outra, que é uma parte da primeira, ou seja, uma espécie de justiça parcial (em sentido estrito, particular)18A justiça particular é uma parte da justiça geral e tomada nesse sentido não se refere ao dikaios(o homem justo) mas ao dikaion (a coisa justa). O dikaion é a justiça fora de mim, na realidade, objetiva. 
. Porém ambas “se manifestam da convivência entre as pessoas”, mas se diferem quanto ao objeto com o qual se relaciona19ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, p. 94. (grifo nosso) 
. 
 A primeira justiça (em sentido amplo) se relaciona com todas as coisas que entram na esfera de ação do homem bom, virtuoso. A segunda que se engloba na primeira espécie, é a justiça (em sentido estrito) e se relaciona com coisas mais particulares como a honra, dinheiro, segurança (entre outras vantagens) e tendo como interesse o prazer proveniente desse ganho.
 Para este trabalho é importante relacionar essa primeira parte do conceito de justiça de Aristóteles com a obra Antígona. Na peça o sentido geral de justiça se faz presente nas atitudes de Antígona, uma vez que  sua conduta é ligada a sua própria moralidade quando se considera o exercício de virtudes como a coragem como cumprimento de um dever para com seu irmão Polinice. 
 A concepção de justiça aplicada por Creonte, pela lógica Aristotélica segue o sentido particular, uma vez que para ele era necessário que praticasse o justo, e não que fosse justo20A palavra justo nesse trecho retoma o sentido da palavra na obra de Sófocles na qual ganha um significado moral de bem.
. Isso fica presente na fala: 
 
“Não há calamidade maior do que a anarquia. É ela              que perde os Estados, que deita por terra as casa, 
 que rompe as filas das lanças aliadas. E àqueles 
 que seguem caminho direito, é a obediência que 
 salva a vida a maior parte das vezes. Deste modo
 se devem conservar as determinações, e de forma
 alguma deixá-las aniquilar por uma mulher”21Antígona, Sófocles. Pág 67.680
Desta concepção de justiça, Aristóteles define o Direito. Nesse contexto o direito é, com efeito, uma coisa exterior que se extrai de uma natureza relacional entre duas ou mais pessoas que disputam bens, encargos e honras. Assim, em um litígio, o direito será a justa parte que corresponde a cada uma das pessoas envolvidas nele, o que significa reconhecer que não somente resulta impossível concebê-lo à margem das relações interpessoais (por exemplo, na solidão de Robinson Crusoé em sua ilha) senão que, também, este direito é necessariamente limitado ( é a parte justa de uma relação concreta)22Mota, Maurício. História do Direito na Idade Clássica. 2014 
. 
2.2 - A Justiça do Direito
Neste trabalho não nos aprofundaremos na relação de justiça e Direito proposta por Aristóteles. Basta entendermos que o direito, para o filósofo, se extrai das observações sociais, sendo o direito a resultante de uma repartição social dos bens, e a fonte do direito era a lei natural que regulava a ordem dos homens. Esse entendimento se contrapõe a ideia do positivismo que é desenvolvida posteriormente por outros pensadores, e que na obra que está sobre análise tem fundamental importância para entendermos o que está por trás das ações do rei Creonte. Entretanto Aristóteles reconhecera a impossibilidade de uma “ciência” do direito natural: sendo o homem livre, as situações a regulamentar são mutáveis; portanto, o próprio justo é mutável; não é possível colocá-lo em teoremas fixos.23Mota, Maurício. História do Direito na Idade Moderna. 2014.
 Em Antígona um dos maiores dilemas exposto foi a questão da oposição do decreto de Creonte com as leis divinas que Antígona julgava superiores e portanto agia em conformidade com aquilo que acreditava. Citada na fala: 
“ E eu entendi que os teus éditos não tinham tal poder, que
 um mortal pudesse sobrelevar os preceitos, não escritos, 
 mas imutáveis dos deuses. Porque esses não são de agora,
 nem de ontem, mas vigoram sempre, e ninguém sabe 
 quando surgiram.”24Antígona, Sofócles. Pág 57. 455
 
Já ideia de direito para Creonte é exposta nesta fala, “mas aquele que transgredir violar as leis ou pense mandar nos que detêm o poder, esse não alcançará elogios da minha parte.”25Ibdin, 67. 663
 O pensamento jurídico ocidental é motivado pela diferenciação entre direito positivo e direito natural apesar da palavra direito positivo ser encontrada em alguns textos gregos podemos considerar como uma palavra relativamente nova, pois, somente foi bastante utilizada nos documentos latinos medievais. As primeiras obras escritas em latim trazem a palavra positivismo para referir se a justiça, justiça essa na época ligada ao direito natural existentes apenas da constituição de leis naturais e não da justiça positiva que se refere às leis reguladoras da vida social. 26MENDONÇA, Fabrício Cortese. O positivismo jurídico. Disponível em http://www.lfg.com.br - 27 maio de 2010. 
 Podemos entender que o direito é apenas um meio destinado à realização de um determinado bem, a ordem da sociedade e que se desejou que tal bem venha a agraciar tal sociedade devemos obedecer ao direito27Idem
.
Para podermos distinguir o que deve ser aproveitado e o que deve ser abandonado da corrente de direito positivista é necessário que não consideremos esse movimento como um bloco monolítico, mas distinguir os aspectos fundamentalmente diferentes.28Idem
 Uma resolução do caso de Antígona sobre a perspectiva atual de Direito ainda provoca um grande dilema entre o Direito positivo e Direito natural, outrora é necessário um equilíbrio nas relações de direito e sob essa ótica a concepção de Direito passou a ser regida pelo princípio da dignidade humana, explorada por Hans Kelsen29Hans Kelsen (Praga, 11 de outubro de 1881 — Berkeley, 19 de abril de 1973) foi um jurista e filósofo austríaco, considerado um dos mais importantes e influentes estudiosos do Direito.
Por volta de 1940, a reputação de Kelsen já estava bem estabelecida nos Estados Unidos por sua defesa da democracia e pela Teoria Pura do Direito (Reine Rechtslehre). A estatura acadêmica de Kelsen excedeu a teoria legal e alargou a filosofia política e teoria social. Sua influência abrange os campos da filosofia, ciência jurídica, a sociologia, a teoria da democracia e relações internacionais.
No final de sua carreira, enquanto na Universidade da Califórnia, em Berkeley, Kelsen reescreveu a Teoria Pura do Direito em uma segunda versão. Ao longo de sua carreira ativa, Kelsen também foi um contributo significativo para a teoria da revisão judicial, a teoria hierárquica e dinâmica do direito positivo, e da ciência do direito. Em filosofia política, ele era um defensor da teoria da identidade do estado de direito e um defensor do contraste explícito dos temas de centralização e descentralização na teoria do governo. Kelsen também foi um defensor da posição
da separação dos conceitos de Estado e da sociedade em sua relação com o estudo da ciência do direito.
3 - A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, NA ANTÍGONA.
Em Antígone veremos outro dilema explícito na narrativa que é a dignidade de Polinice. Embora ele seja o inimigo que invadiu Tebas. Será que não merecia as honras fúnebres?! Naquela época a dignidade da pessoa humana não estava em uma constituição, mas está intrínseco no ser humano. Mesmo as pessoas ainda não reconhecendo como um atributo. É uma lei natural, que sempre existiu na vida humana.
A autora Flávia Piovesan diz:
”É no valor da dignidade da pessoa humana que a ordem jurídica
 encontra seu próprio sentido, sendo seu ponto de partida e seu
 ponto de chegada, na tarefa de interpretação normativa. Consagra-
 se assim, dignidade da pessoa humana como verdadeiro super
 princípio a orientar o Direito Internacional e o Interno.”30Artigo - A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO PRÍNCIPIO ABSOLUTO- Flávia Piovesan 
De acordo com essa autora, a ordem jurídica só tem sentido. Quando o valor da dignidade da pessoa humana está nele. Sendo assim a ordem que foi imposta por Creonte, para muitos estudiosos seria considerada sem sentido. Pois seu édito violou, as leis que são consideradas superiores. Todo mundo, mesmo aqueles que são inimigos. Tem o direito de ser sepultado.
“ Mahatma Gandhi diz:” Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo” .Essa frase mostra explicitamente o que ocorreu na peça 31CITAÇÕOES – Mahatma Gandhi 
.Antígone considerou o édito de Creonte injusto, pois ele não poderia ter feito esse decreto. Antígone fez o que considerou certo. Sepultou seu irmão, pois a dignidade do seu irmão estava sendo violada, mesmo que Polinice já estivesse morto.
 Naquela época as vontades divinas eram imutáveis e na Grécia, os Deuses que eram a força maior, por exemplo, na Antiguidade Clássica, início do cristianismo. São Leão Magno dizia: “que todos os homens são dignos, pois foram criadas a imagem e semelhança de Deus”32Artigo- NÚCLEO DE DIREITOS HUMANOS, universidade do Vale do Rio dos Sinos 
 . Então as pessoas tinham seus valores, só pelo fato de nascerem à imagem e semelhança de Deus. E os cristãos não constatavam essa afirmação.  Então a Grécia como um povo, que obedecia a seus Deuses. Não deveria sobrepor-se às leis dos homens. Creonte não perguntou aos Deuses o que poderia ser feito. E nas cidades gregas o castigo do homem, segundo as crenças Ocorre quando essas pessoas chegam a Hades no Deus dos mortos.
Então em meio a tantos fatos. O princípio da dignidade humana está imposto na narrativa. Pois a indignação de Antígone, mostra que é algo individual. Um sentimento de valorização que já nasce no ser humano. Quando ela viola o decreto do Rei, mostra claramente, que ela está pensando no valor do irmão dela. Que ele tem uma dignidade e precisa ser zelada.
Atualmente, o morto tem o direito de ser sepultado e continuar sepultado. Caso isso não ocorra. Haverá uma violação nos direitos humanos. Ou seja, o morto também tem o direito das honras fúnebres. A dignidade de uma pessoa é muito importante para se viver bem em sociedade. Caso a vida das pessoas não sejam consideradas dignas. Sempre haverá desordem e conflitos na sociedade. Como aconteceu em Antígone. Pois as pessoas irão achar a vida delas injusta. Assim como a irmã de Polinice, achou injusta a lei que estava sendo decretada por Creonte.
4 - ANTÍGONA SOB A ÓTICA DE GÊNERO
Em cada época e em cada sociedade as manifestações culturais são próprias do lugar e mudam, conforme o tempo vai passando. Pode-se observar que Antígona, por ser mulher não tinha muita representatividade, pois naquela época as mulheres eram consideradas inferiores aos homens. Não seria mais audacioso da parte dela, por ser mulher, violar o decreto de um Rei?!De acordo com Pires,
A forma como Antígona desafia as Leis de Tebas, na fala de Sófocles, é a mostra das antinomias entre leis que se enfrentem no imaginário dos sujeitos-personagens. Enterrar o irmão, contrariando Creonte, e obedecer ao próprio sentimento de Fraternidade [...] faz de Antígona uma figura de rara tenacidade e convicção.33PIRES, 2003, p.2 
 A filha de Édipo transgrediu uma lei, foi corajosa e audaciosa atributos considerados só, para os homens da época. Supondo que tivesse sido um homem à transgredir a lei. A punição seria tão severa quanto fora de Antígona?! Creonte diz: “É evidente que sou mais homem, e ela o homem se eu deixar impune a petulância”34SÓFOCLES P.23 
 . Diante desse relato vê-se que o Rei, não suporta a idéia de Antígona sair impune. Pois sua atitude não era considerada de uma mulher. E ele seria menos homem por não puni – lá.
A irmã de Antígona, Ismênia muitas vezes em suas falas explícita a submissão e o medo de contrariar o Rei. Ismênia indaga: “Convém não esquecer que somos mulheres, e, como tal não podemos lutar contra os homens, e também, que estamos submetidas a outros, mais poderosos, e que nos é forçoso obedecer a suas ordens, por mais dolorosas que sejam”
Nesse trecho Ismênia demonstra sua frustração, pois não vê uma saída para tomar essa atitude. Tem medo da sanção que será imposta, caso ajude sua irmã. Ismênia apesar de não concordar, se limita, por saber que as suas justificativas não serão ouvidas, Pois as mulheres não podiam lutar contra os homens. Eram inferiores. Nessa época as mulheres não eram tratadas como iguais e fazendo um contraponto com a atualidade. A mulher ainda não tem muita representatividade. Assim como na época que foi escrita a peça.
Concluindo- se.  Creonte puniu Antígone mais severamente, pelo fato de ser mulher e ter tido a audácia de violar um decreto de um homem e principalmente o governante de Tebas. Creonte ficou temeroso, pois a sociedade poderia rebelar-se contra ele também. Se uma mulher não teve medo de se expor.   Os homens e as outras mulheres também não teriam.
5 - DILEMAS MORAIS
 Temos por definição literal e objetiva do conceito de dilema moral qualquer problema em que a moralidade seja relevante, como conflitos entre razões morais, razões morais e legais, religiosas, ou relacionadas com o interesse próprio. E tem por definição geral de moral sendo “o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e que orientam o comportamento humano dentro de uma sociedade, regulando o modo de agir das pessoas.”35RIBEIRO, Paulo Silvino. "O que é moral?"; Brasil Escola.
 E está associada aos valores e convenções estabelecidos coletivamente por cada cultura ou por cada sociedade a partir da consciência individual, geralmente, associado a valores universais que regem a conduta humana e as relações saudáveis e harmoniosas. Sendo que a moral diz respeito à subjetividade da pessoa “Só temos, na verdade, moral autentica quando o individuo, por movimento espiritual espontâneo realiza o ato enunciado pela norma moral. Não é possível conceber-se o ato moral forçado, fruto da força, ou da coação”.36REALE, Miguel,1910. p.44/5 
 
5.1 - Compromisso moral
  Na peça Antígone, de Sófocles, podem-se reconhecer diversos dilemas morais. E, é possível definir que todos os embates entre Antígone fazer as devidas honrarias fúnebres a Polinice, indo contra, ao édito do então governante, Creonte, e até sua própria irmã, Ismênia, iniciam-se com um pedido de um dos irmãos, antes de matarem-se mutuamente um ao outro. No caso, Polinice, fez o seguinte pedido a Antígone, na peça cronologicamente anterior, chamada Édipo em colono: “Jura-me sepultar-me na terra Tebana, não deixeis meu corpo sem homenagem, dá-lhe uma sepultura” 37SÓFOCLES. Édipo em Colona. In: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Aristófanes. Teatro Grego. Tradução de Osmar Perazzo Lannes. São Paulo: Paumape, 1993. p. 79 
. A partir desse pedido, temos os seguintes dilemas morais encontrados na peça:
 Primeiramente, há um compromisso familiar de Antígone, com o irmão falecido, Polinice,
no qual ela promete enterrá-lo e fazer as devidas homenagens fúnebres, pois na época acreditava-se que uma pessoa morta deveria ter honras da sepultura para assegurá-la um local de descanso entre os mortos. É claro que essa conduta de Antígone é absolutamente moral, visto que, ela poderia simplesmente não cumprir a promessa feita ao irmão, e ceder, então, as tentativas de sua irmã, Ismênia, de não fazer o sepultamento. Porém, “a imoralidade do ato exige arrependimento do agente, ou seja, o tribunal da moral é a própria consciência”38FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio, Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação/ Tércio Sampaio Ferraz Junior. – 4. Edição. – São Paulo: Atlas, 2003. p.160 
 . Antígone, de fato, poderia não cumprir tal promessa feita ao irmão, entretanto, ela estaria indo em contrapartida a sua moral, e consequentemente, a sua consciência condenaria seus atos posteriormente
6 - DO DIREITO NATURAL AS LEIS DIVINAS
         Continuando nessa temática, pode-se afirmar que Antígone age, durante toda a peça, em obediência as leis divinas, uma vez que ela justifica a ação de enterrar Polinice, e ir contra o édito de Creonte, dizendo que estava agindo de acordo com as leis divinas. Para ela haveria uma lei eterna e superior que se sobrepões a vontade dos homens. E para ilustrar a ideia de direito natural Antígona diz “Não creio que esse teu decreto tenha o poder de revogar as leis divinas, que nunca foram escritas, mas são irrevogáveis”39SÓFOCLES, 2005
Antígone – p.30
. A partir desta frase de Antígone, podem-se observar duas características do direito natural, uma vez que este sendo eticamente superior, quando em confronto com outras esferas, como a sociedade, o Estado e o direito positivo. Portanto, Creonte não teria de fato o poder de revogar as leis divinas, ou as leis naturais. E quando ela afirma que as leis divinas nunca foram escritas, mas são irrevogáveis, isso mostra o caráter transcendental do direito natural, ou seja, ele ser logicamente anterior é a segunda característica, na qual vem implícito que o direito natural é, anterior, à sociedade como forma de organização e estrutura social, ao Estado, e as relações de poder nele existente, e anterior ao direito posto, portanto, ao direito positivo. Sendo assim, o direito natural é necessariamente anterior, podendo ser pressuposto, caso não esteja expressamente posto. Quando Antígona defende seu direito eterno assegurado pelos deuses percebe-se a similaridade entre seu discurso e o Direito Natural que consiste em um conjunto de normas jurídicas que derivam da natureza, caracterizado por sua permanência, pois deriva de valores que antecedem a criação do Estado, universalidade, pois seus preceitos são idênticos a todos os seres humanos, independentemente de suas condições culturais específicas e, seu caráter absoluto, pois independe de qualquer autoridade local que o positive e que lhe dê valor.
7 - PROTEÇÃO DA INTEGRIDADE MORAL
“Não poderei ser acusada de traição para com o meu dever.” 40SÓFOCLES, 2005
Antígone – p.8
Em tal afirmação de Antígone para sua irmã, Ismênia, vemos os princípios morais de Antígone. É valido ressaltar, o compromisso moral que ela tem pelo irmão, a dedicação em cumprir o seu dever e garantir a integridade moral do seu irmão, Polinice, uma vez que, “A integridade moral esta, ainda, na legitimação ativa do atingido, assim como de pessoas a ele ligadas, por laços afetivos, e se estende a cessação da vida da vitima”,41PEREIRA, Caio Mário da Silva,
Instituições de Direito Civil – V. I/ Atual. Maria Celina Bodin de Moraes. – 30. ed. rev. Atual. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.213
 sendo o édito do governante de Tebas, Creonte, considerado por Antígone, uma lei que feria a integridade moral tanto de seu irmão falecido, quanto de toda a família, além de todos os horrores de não ter homenagens fúnebre e não ser enterrado. Ela teria a possibilidade, de acordo com os princípios e valores defendidos por ela, ignorando, Creonte, reparar toda a situação na qual se encontrava Polinice. Afinal, segundo Caio Mario: “Quem tem o direito de reprimir todo abuso, usurpação ou atentado é o próprio individuo. Morto ele, a legitimação para requerer as medidas de proteção transferem-se de pleno direito para o conjugue, os ascendentes e o descendentes.”42PEREIRA, Caio Mário da Silva,
Instituições de Direito Civil – V. I/ Atual. Maria Celina Bodin de Moraes. – 30. ed. rev. Atual. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.216
 Antígone tinha, portanto, o direito de garantir a integridade moral de Polinice, já morto, por ser parente do mesmo. 
8 – PRUDÊNCIA PARA ANTÍGONA E CREONTE
“Mas não é prudente tentar o que é irrealizável” 43SÓFOCLES, 2005 Antígone – p.11
, diz Ismênia, assim que sua irmã conta a sua vontade de ir contra o édito do governante de Tebas. Antes de definir a prudência na peça, de acordo com a filosofia de Tomista, é preciso esclarecer o que significa habito. Tomas de Aquino define como habito a habilitação estável da alma para agir bem. A virtude é uma espécie de habito, visto que:
 
“A virtude designa certa perfeição da potência. Mas a perfeição de uma
 coisa é considerada, principalmente, em ordem ao seu fim [...] existem,
 porém, potência que são determinadas em si mesmas para seus atos
 como as potência naturais ativas e, por isso, elas próprias se chamam
 virtudes”. 44- TOMÁS, Aquino de, Santo. Suma Teológica. v. 5, II Seção da II Parte – Questões 1-56. São Paulo: Loyola, 2004
Por sua vez, as virtudes morais são prudência, justiça, temperança e fortaleza, chamadas de cardeais ou principais, porque se denomina propriamente "virtude" aquela que requer a retidão do apetite; a virtude "não só exerce a potência de agir bem, mas causa o próprio exercício da boa ação” 45- TOMÁS, Aquino de, Santo. Suma Teológica. Iª-IIª, q.61, a.1 
·. ”Toda virtude que faz o bem de acordo com a razão será chamada de prudência.” 46- TOMÁS, Aquino de, Santo. Suma Teológica. Iª- IIª, q. 61, a.3 
·. São tomas de Aquino vai defini, então, prudência como “A prudência não é senão um discernimento correto em relação a alguns atos e matérias”47- Iden
 . Quando Ismênia, fala sobre ser prudência, ela fala no sentido de escolher e melhor discernir entre diferentes atitudes que Antígone poderia ter tomado ao avaliar as possibilidades o melhor a se fazer seria não tomar nenhuma atitude resultaria num final bom.
“Nela se distinguem três atos: o primeiro é deliberar, ao qual
 compete a descoberta, porque deliberar é procurar [...]. O segundo
 ato é o julgamento relativo ao que foi descoberto, o que é função
 da razão especulativa. Mas, a razão prática, ordenada à ação
 afetiva, vai mais longe e é seu terceiro ato, comandar. Este ato
 consiste em aplicar à ação o resultado obtido na descoberta e no
 julgamento. E porque este ato está mais próximo do fim da razão
 prática, segue-se que este é o ato principal da razão prática e,
 consequentemente da prudência.” 48- TOMÁS, Aquino de, Santo. Suma Teológica. IIª-IIª, q.47, a.8 
 E pode-se destacar que, a palavra prudência aparece novamente em um trecho final da obra, para explicar a falta de prudência nas decisões de Creonte, ao fazer um édito que colidia com o direito natural, essa afirmação é validada pelo arrependimento no final da peça Édipo, por Viktor David Salis. “Destaca-se prudência sobremodo como a primeira condição para a felicidade. Não se deve ofender os deuses em nada. A desmedida empáfia nas palavras reverte em desmedidos golpes contra os soberbos que, já na velhice, aprendem afinal prudência.” 49- SALIS, Viktor David, 
Édipo: Messias ou complexo?
Pode-se definir a prudência em Antígone como “uma virtude – uma disposição ou capacidade, acompanhada da razão, de atuar na esfera do que é bom ou mal para o ser humano”.50FERNANDEZ, Atahualpa;
Marly Fernandez. Função judicial e ética da virtude. Portal Jurídico Investidura, Florianópolis/SC, 05 Jan. 2009
 Ou seja, uma resposta para uma decisão perfeita.
Uma justificativa prudente, para se chegar a uma decisão perfeita e justa é o entendimento da singularidade de cada indivíduo, o conjunto de crenças, desejos, ações, convicções, das relações mundanas e bom senso para que uma decisão tomada a qual resulte na interferência direta na vida de outras pessoas sejam moralmente correta e, enfim, justa.
8.1 - Decisão justa
“será um belo fim se eu morrer cumprindo esse meu dever” 51SÓFOCLES, 2005 
, essa frase de Antígone ilustra a ideia de justiça52Ideia já discutida anteriormente nesse trabalho.
, pois, o governante, Creonte, estava sendo injusto para com o corpo de Polinice e, também, com Antígone. De acordo com as leis divinas, todo corpo deveria ser sepultado e não caberia a Creonte, portanto, retirar esse direito natural dos filhos de Édipo, Polinice, de receber essas honrarias, e sepultar ainda com vida Antígone por obediência as leis divinas e não as leis da cidade.  
9 - VERTENTE TEOLÓGICA DO DIREITO NATURAL
“Deuses imortais, à qual das vossas leis desobedeci”53SÓFOCLES, 2005 
 , essa afirmação de Antígone, serve para ilustrar e justificar toda a sua convicção, atitude, e claramente, sua crença nas leis divinas e, consequentemente, não se pode desassociar essa analise da vertente teológica do jusnaturalismo, na qual diz que a norma é a oriunda da vontade de deus ou da vontade dos deuses. Santo Tomás de Aquino foi que sustentou melhor essa teoria do direito natural teológico.
“Se a doutrina do Direito Natural for coerente, deve assumir um
 caráter religioso. Ela pode deduzir da natureza regras justas de
 conduta humana apenas porque e na medida em que anatureza
 é concebida como uma revelação da vontade de Deus, de tal
 modo que examinar a natureza equivale a explorar a vontade de 
 Deus. Na verdade, não há nenhuma doutrina do Direito Natural 
 com certa importância que não tenha um caráter mais ou menos
 religioso.”54- AGUIAR, de Oliveira,  Júlio e Bárbara Alencar Ferreira Lessa, 2010
Por que as objeções de Hans Kelsen ao jusnaturalismo não valem contra a teoria do Direito Natural de Tomás de Aquino? – Brasília. P.123
 
Uma questão importante sobre a vertente jusnaturalista apresentada em Antígone é o embate entre as leis divinas e as leis da polis, que segundo tomas de Aquino, e outros que defendiam a vertente teológica do jusnaturalismo, quando isso acontecesse, a lei que prevaleceria, novamente seria a natural. E o que podemos ver nesse trecho de um artigo sobre o direito natural na época medieval. 
“Do jusnaturalismo de Santo Tomás tem sido muita das vezes
 invocado o princípio (que na realidade fora enunciado por Santo
 Agostinho e que Santo Tomás aceitou com fortes limitações e
 reservas) de uma lei positiva, diversa do direito natural e, por isso,
 injusta, não é uma verdadeira lei e não obriga. Tal princípio, muito 
 além das intenções de Santo Tomás, foi muitas das vezes alegado
 para contestar a validade das leis do Estado.” 55- ANTONIO, dos Santos, Juenil. 2010,
A contribuição jusnaturalista no pensamento jurídico. P.241.
Sendo a filosofia de Tomás de Aquino usada para justificar a restauração de uma teoria, na qual os reis não existem nem pela sagração nem pela boa vontade da igreja, mas somente por direito natural. 
 10- REFERÊNCIAS
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tardução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. 669 p.. Título original Theorie der grundrechte.
ANTONIO, dos Santos, Juenil. 2010,
A contribuição jusnaturalista no pensamento jurídico. P.241. Disponível em 
http://faa.edu.br/revistas/docs/RID/2010/RID_2010_20.pdf 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos.Tradução de Mário da Gama Kury. 3. 
 Brasília: Editora Universidade de Brasília. c 1985,1992. 238p. 
Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil - Vol. I, 24ª Edição
FERNANDEZ, Atahualpa; , Marly Fernandez. Função judicial e ética da virtude. 
Portal Jurídico Investidura, Florianópolis/SC, 05 Jan. 2009. Disponível em: <www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/filosofia-do-direito/2306-funcao-judicial-e-etica-da-virtude> Acesso em: 01 Out. 2017
FERREIRA, Walace. Justiça e Direito em Platão, Aristóteles e Hobbes. Convergências e divergências de teoria política. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3425, 16 nov. 2012. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/23037>. Acesso em: 2 out. 2017.
https://www.significados.com.br/moral/
KELSEN, Hans. O que é a justiça? 3ª Edição. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2001. 412 pág.
MENDONÇA, Fabrício Cortese. O positivismo jurídico. Disponível em http://www.lfg.com.br - 27 maio de 2010.
PLATÃO. A República, Tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira, 9ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
Reale, Miguel,1910 Lições preliminares de direito/ Miguel Reale. – 27º. Edição – São Paulo: Saraiva, 2002.
RIBEIRO, Paulo Silvino. "O que é moral?"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-moral.htm>. 
Maria Alice Máximo. 6ª Edição. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro, 2012. 
SILVA, Moacyr Motta da. Direito, justiça, virtude moral & razão. 1ª
 tiragem 2003. 2ª tiragem 2004. Curitiba: Juruá, 2004. 200 p. 
TOMÁS, Aquino de, Santo. Suma Teológica. v. 5, II Seção da II Parte – Questões 1-56. São Paulo: Loyola, 2004
 
     1-INTRODUÇÃO
O trabalho tem como objetivo relatar os dilemas implícitos na peça Antígona. Enfatizando os paradigmas de direito natural e positivo, mencionados na história. E destrinchando os conflitos enunciados nessa narrativa. Situando exemplos trazidos por autores reconhecidos e estudiosos da área. Especificando os pontos mais importantes trazidos por essa peça.  Expondo a moralidade da personagem principal (Antígona). E o édito imposto pelo Rei de Tebas. Correlacionando com o contexto da época e a cultura da Grécia. Segundo Bertold Brecht “o mito da Antígona conta uma história inteiramente humana. Nenhum elemento maravilhoso intervém na ação, sendo, portanto, facilmente adaptável às sensibilidades e ideologias modernas” Antígona vai mostrar muitas ideologias, pensamentos e opiniões diferentes ao longo desse trabalho.
Introdução ao Estudo de Direito I
Professor: José Ricardo Cunha
Palavras- Chave 
Antígona, direito natural e positivo, Creonte, moralidade e Édito.
Antígone é uma peça escrita por Sófocles por volta de 442 a.C. Ele participou ativamente das atividades políticas atenienses. Entretanto tinha um maior interesse em dramaturgia.  Sófocles queria levantar questionamentos morais da vida humana. Com esse objetivo criou-se uma das maiores peças gregas, com dilemas morais e jurídicos.  Uma obra que relata explicitamente os erros humanos.
A narrativa já se inicia com muitos conflitos, pois Antígone volta para sua cidade (Tebas). Após a morte de seu pai Édipo. Ao chegar, descobre que seus dois irmãos, Etéocles e Polinices morreram em uma guerra. Causada pela posse do trono de Tebas. Polinices foi considerado um traidor aos olhos do rei e do povo. E como conseqüência o rei decretou que ele, não teria a honra de ser sepultado, como seu outro irmão.
 Antígone inconformada com essa situação descumpriu o decreto do Rei e enterrou seu irmão sem se importar com as conseqüências que lhe seriam impostas. Pois na visão dela, não era certo deixar seu irmão sem um túmulo, era seu dever como irmã sepultá-lo. Diante dessa situação caminha-se para o dialogo entre Creonte e Antígone. Pois o Rei descobriu e ficou estarrecido com essa atitude. Os dois começaram a dissertar e sobrevieram argumentos de leis divinas e naturais.
 Antígone enuncia ao Rei que as leis divinas, mesmo não sendo escritas, são irrevogáveis e eternas e ninguém pode violar essas leis. Pois são superiores as leis impostas pelos homens. Mas Creonte continua com a sua posição de que sua lei deveria ter sido cumprida. Não se importando com os princípios divinos declarados por Antígone.
 Após um longo período de debate
entre ambos. O rei Creonte, sem pensar ordena aos seus homens que deixem Antígone para morrer, como sanção de ter violado o édito. O povo não concorda com a severidade na punição de Creonte e muito menos seu filho Hêmon, pois Antígone era sua prometida.
 Um profeta chamado Tirésias vai ao encontro do Rei. Para alertá-lo sobre sua atitude. E avisar que essa conduta irá ter conseqüências. Diante das afirmações de Tirésias, Creonte volta atrás e decide libertar Antígone, mas ao chegar ao local. Descobre que ela havia cometido suicídio, e o seu filho Hêmon,com tanta tristeza. Morre diante dos olhos do Pai. O rei inconformado com essa situação volta para casa e recebe a notícia que sua esposa também estava morta, pois não agüentou a morte de seu filho.
 Essa história mostra claramente os erros mais comuns entre os seres humanos. Creonte não pensou, antes de castigar Antígone e teve consequências severas para sua vida e família. Será que ela agiu corretamente em violar um decreto?! E o Rei será que sua atitude foi muito rígida?! Embora estivesse pensando na organização de seu povo.
 Alguns pontos dessa narrativa precisam ser destrinchados para que entendamos as atitudes de ambos os protagonistas. Pois o dois tem justificativas pertinentes para suas atitudes. Sófocles foi extremamente inteligente ao escrever essa história. Pois na época  Atenas estava sendo uma grande influência na política. - Mas o que são normais morais? As normas morais são regras utilizadas por cada cidadão cotidianamente, ou seja, o indivíduo em seu interior tem a concepção do que é certo e errado, procurando sempre fazer o que é preciso para manter um bom relacionamento com os outros. Sem a moral, não há um bom convívio entre as pessoas. 
- E o que são normas jurídicas? As normas jurídicas são diferentes, pois o conjunto de normas forma o ordenamento jurídico. São leis obrigatórias que a sociedade tem que seguir, para melhor funcionamento da sociedade. Caso a pessoa não siga, será punida. E ocorrerão sanções para atos inadequados, perante a lei. Portanto as pessoas são obrigadas a obedecê-las.
 Antígone age de acordo com a sua moral. Aquilo que ela considera o certo, pois a moral é algo individual. E Creonte como governante fez o decreto, que não deveria ter sido descumprido, pois era um édito, portanto uma obrigatoriedade.

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