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Resumo de História do Direito (Sérgio Serrano) NP1

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HISTÓRIA DO DIREITO
É a produção cultural/científica decorrente das exigências de uma dada sociedade.
O homem não vive isolado e é próprio da natureza humana o convívio em sociedade. Esta sofre transformações constantes, dada a sua dinamicidade, por isso pressupõe uma organização para atingir a ordem e o progresso, através de normas que delimitam a conduta, regras e valores. O Direito é, antes de tudo um conjunto de regras de conduta existente na sociedade.
O surgimento dos primeiros textos jurídicos ocorre com o aparecimento da escrita por volta de 5 a 4 mil anos a.C, e no início o Direito confunde-se com a religião.
“Ubi societas ibi jus” (onde existir uma sociedade existirá o direito).
1 - FORMAÇÃO DO DIREITO:
Cada sociedade cria, transforma e extingue o Direito segundo um grau de evolução e complexidade;
Era transmitido, no início (10000 a.C), basicamente, em covas, cavernas, túmulos, usos e costumes; 
No início as sentenças eram orais, casuísticas, e de fundo religioso. E os primeiros juízes eram reis, idosos, sacerdotes e chefes de grupo ou de família;
Seu aperfeiçoamento ocorreu com os textos escritos (4000 a 5000 a.C);
Da repetição de sentenças originaram-se os costumes e, posteriormente, as leis escritas.
Os primeiros homens (10.000 a.C) eram errantes, nômades. Haviam pequenos agrupamentos humanos nas regiões do Egito, Ásia e Iraque. Posteriormente (4000 a 5000 a.C), o homem fixou-se em maior quantidade onde podia cultivar a terra (Mesopotâmia, que fica no crescente Fértil). O Direito era uma prática que se confundia com a religião e com a moral, a violação de uma norma religiosa era considerada um pecado ou uma ofensa aos deuses.
A História do Direito surge com a própria civilização e com a formação de suas regras (Ubi societas, ibi jus). Já o surgimento da História da Ciência do Direito começa em Roma, os romanos foram os primeiros a fazer do Direito objeto de estudo especializado e sistemático, definindo e classificando os fenômenos jurídicos, estabelecendo a base de nosso direito privado e institutos jurídicos atuais.
2 - MESOPOTÂMIA (Suméria):
Características do Direito na antiguidade babilônica:
Intensa religiosidade (o ilícito era pecado e como uma ofensa aos deuses era punido). Praticavam-se as ordálias;
Crueldade nas punições (Lei do Talião);
Formalismo exagerado (Sacerdotes);
Nesse período (4000 a.C) vários povos instalaram-se nessa região, formando pequenas cidades. A principal delas chamou-se Babilônia, cujo principal rei foi Hamurabi (1800 a.C), que criou o mais completo código da antiguidade. Seus 282 artigos continham decisões de casos concretos e hipóteses de casos futuros com as respectivas penas, que seguiam a Lei do Talião (olho por olho, dente por dente), aplicadas principalmente pelos reis, mas também pelos idosos, sacerdotes e chefes de grupo/família, de forma equivalente ao delito, dessa forma a pena não seria uma vingança desmedida.
Para alcançar a unificação dos povos da região (com diferentes com línguas, culturas e raças), Hammurabi utilizou de três elementos: a língua, a religião e o direito. 
3 - GRÉCIA (Athenas e Esparta):
A Grécia é um país montanhoso, formado de pequenos vales isolados, e também recortado pelo mar, cheio de ilhotas. Isso dificulta a comunicação, impedindo a formação e um Estado unitário, propiciando a formação de cidades-estado independentes, as quais se formaram pela associação religiosa e política das famílias e das tribos, cada qual com seu regime político. As mais significativas foram Esparta e Atenas.
I - Características do Direito Grego:
Laicização do Direito (Produto da sociedade humana e não da divindade);
A legislação era elaborada nas assembleias populares; 
O Direito público foi desenvolvido;
Imaginavam a divisão dos poderes e havia certa democracia; 
Ausência de escolas de direito. Existia, contúdo, escolas de filosofia e retórica. 
Athenas possuía uma civilização culturalmente mais avançada. A cidade de Esparta destacou-se por ser uma potência militar. 
As cidades em geral eram autônomas e mantinham um direito independente. No entanto, em Esparta e Athenas, especialmente, prevalecia a ideia comum de que o direito não tinha origem Divina. É o que se denomina “Laicização do Direito”, o que significa que sua criação não recebia interferência religiosa. 
No mundo grego, o direito era produzido, aplicado e revogado pela própria sociedade nas assembleias populares, inspirado pelos costumes antigos e pelas novas exigências sociais. Não havia escolas, nem estudos sobre o direito, embora houvessem escolas de filosofia, de retórica, de dialética (ciências correlatas ao Direito). A realização da justiça era voltada para atribuir um tratamento igual para as pessoas, esta não consistia simplesmente do cumprimento rigoroso das leis. O direito grego desenvolveu regras próprias de Direito Público, ou seja, de relacionamento entre o estado e ou cidadão. Foi no direito grego que surgiu a divisão dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário. Além da criação de uma norma básica, semelhante à uma constituição.
II – Legisladores:
Drácon (650-550 a.C) e Sólon (550-450 a.C) em Athenas;
E Licurgo (1000 a.C) em Esparta.
Anteriormente à Drácon, a fonte do direito era basicamente os costumes. Drácon foi chamado para compilar estes costumes. No entanto, através de normas escritas extremamente severas e cruéis (draconianas), manteve, na verdade, os privilégios dos eupátridas, mas acabou com o arbítrio. Diz-se que o direito foi escrito com letras de sangue, já que estas leis draconianas eram desproporcionais entre os delitos e as penas. Posteriormente, Solón reformou essa legislação, tornando-a mais branda. Adotou a eunomia (igualdade de todos perante a lei, sem distinção) entre eupátridas e não eupátridas, acabou com a escravidão por dívidas e aumentou o acesso à justiça, proibiu que pais vendessem os filhos, acabou com o direito de sucessão do primogênito, acabou com a vingança privada e trouxe para as assembleias o direito de punir, terminando, também, com a lei de talião.
Licurgo foi legislador de Esparta e sua legislação resumiu-se em favorecer o militarismo, tinha uma característica cultural marcante e absoluta que era o militarismo acima de tudo e acabaram por refletir na sociedade, economia e política de Esparta. 
A crescente importância cultural e econômica de Atenas fez crescer a rivalidade com Esparta. Conflito que perdurou de 431 a 404 a.C dividido em três fases. Finalmente em 404 a.C, Esparta vence Atenas provocando o fim do imperialismo ateniense e da democracia e marca o início do imperialismo espartano. A glória de Atenas foi relegada ao passado, no entanto, mesmo neste momento de incertezas é que surgem alguns pensadores como Sócrates (470-399 a.C) e a partir dele, os filósofos formarão a base do conhecimento que até hoje perdura.
III – Filosofia e Direito:
Na Grécia, berço da filosofia e da democracia, formaram-se os grandes pensamentos que continuaram a desenvolver-se na civilização europeia, como a ideia fundamental do Direito Natural. Observando-se que as leis mudam segundo épocas e lugares, forma-se a teoria de que a verdadeira justiça está acima de tudo, inclusive da lei positiva, e é constituída de uma série de princípios imutáveis, eternos e universais, os quais o homem traz consigo em razão de sua própria natureza. Começou-se a analisar-se o que é o Estado e justiça, formulando-se a política, e inspirando o pensamento moderno sobre a divisão dos poderes e o princípio da isonomia.
A) Sócrates (470-390 a.C): A característica de sua filosofia era definir a virtude do bem e alcançar o objetivo do “bem comum”, do “bem social”. Desde que as leis fossem feitas com aqueles objetivos, a sociedade viveria em harmonia. Sócrates, ainda, ensinava que haviam dois tipos de leis: as escritas e as universais. As escritas eram feitas pelos homens e as universais (não escritas) eram constituídas de princípios de conduta imutáveis, eternos e universais. É o que se denominou DireitoNatural. Ensinava que as pessoas deveriam cumprir as leis escritas (direito positivo), mesmo que as achassem injustas, assegurando, assim, segurança jurídica.
B) Platão (429-347 a.C), discípulo de Sócrates: Sua filosofia era caracterizada pela “Ética na conduta”, dizia que uma conduta sem ética não atingia a justiça. Costumava ensinar que a lei deveria ter força educativa, ou seja, as pessoas deveriam investigar os motivos que ditavam a criação das leis para convencer os cidadãos a obedecê-las. Por exemplo, quando a lei ordena que o homem se case, antes de completar 35 anos de idade, que seja feita uma justificativa esclarecendo sobre a necessidade de procriação para manter a espécie humana. Dentre suas obras destaca-se "A República", tratando da forma ideal de Estado e conceito de Justiça.
C) Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão: Estudou a fundo o sentido da justiça ligado ao conceito de igualdade. É considerado o criador dos estudos sobre a justiça. Dentro da ética (esta era a virtude perfeita), dizia que uma lei só pode ser admitida quando tem o objetivo de fazer justiça. De modo semelhante à Platão, sustentava que havia a justiça por natureza (Direito Natural), e a justiça pela lei (Direito Positivo). Ensinava que as leis deveriam tratar igualmente os iguais, mas desigualmente os desiguais para que fossem justas. Apesar de sua preocupação com a igualdade entre os homens, Aristóteles admitia a escravidão humana, pois considerava os escravos como instrumentos vivos (animais) dos quais o melhor que se pode obter é a capacidade de trabalho.
4 - DEFINIÇÕES ÚTEIS: 
Mesopotâmia: que em grego quer dizer "terra entre rios", situava-se entre os rios Eufrates e Tigre e é conhecida por ser um dos berços da civilização humana. Há cerca de 4.000 a.C., grupos tribais da Ásia Central e das montanhas da Eurásia chegaram ao local devido às extensas áreas férteis próximas aos rios.
Babilônia: Cidade mais conhecida da região da Mesopotâmia, é tida para muitos historiadores como o berço da civilização pelos grandes avanços sociais, econômicos, políticos e culturais. Os primeiros povos mesopotâmicos chegaram há cerca de 5.000 anos atrás das montanhas da Ásia central a procura de territórios férteis próximos aos rios, para fixarem moradia.
Hamurabi: foi o sexto rei babilônico (1810-1750 a.C.), fundador do 1º Império Babilônico, unificando amplamente o mundo mesopotâmico, unindo os semitas e os sumérios ao conquistar a Suméria e a Acádia. Como legislador consolidou a tradição jurídica, harmonizou os costumes e estendeu o direito e a lei a todos os súditos.
Código de Hamurabi: Representa um conjunto de leis escritas oriundo da mesopotâmia e escrito pelo rei Hamurabi por volta de 1722 a.C. Para limitar as penas, o Código adotou a Lei do Talião (Olho por olho, dente por dente), sendo assim, a pena não seria uma vingança desmedida, mas proporcional à ofensa cometida pelo criminoso.
Lei do Talião: consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, apropriadamente chamada retaliação. Esta lei é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente. É a lei, registrada de forma escrita, mais antiga da história da humanidade. Seus primeiros indícios foram encontrados no Código de Hamurábi.
Ordálias: é um tipo de prova judiciária usado para determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da participação de elementos da natureza e cujo resultado é interpretado como um juízo divino. 
Drácon: foi o primeiro legislador ateniense. incumbido de preparar um código de leis escritas (até então eram orais), elaborou um rígido código de leis baseadas nas normas tradicionais arbitradas pelos juízes.
Sólon: foi um estadista, legislador e poeta grego antigo. iniciou uma reforma das estruturas social, política e econômica da pólis ateniense. Como legislador, fez reformas abrangentes, que abrandaram as leis draconianas. Criou a Eclésia (Assembléia popular), da qual participavam todos os homens livres atenienses,
Licurgo: foi um lendário legislador da pólis de Esparta. Licurgo organizou um rígido regime de formação, possuía um caráter de obrigação social e imposição estatal, com o objetivo primordial de treinar cidadãos masculinos à vida militar espartana.
Sócrates: foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde. Criador da maiêutica, ou parto das ideias. Sugeria a aristocracia como melhor regime, por entender que não era verdade absoluta o fato de que as decisões, por partirem da somatória de muitas ideias individuais (democracia), seriam corretas.
Platão: foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Foi responsável pela organização e sistematização do estudo da Filosofia. 
Aristóteles: foi um filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia. Juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores da filosofia ocidental.

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