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ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

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ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL. 
 
Quem pratica uma ação em cumprimento de um dever legal imposto por lei não comete crime. Ocorrem situações em que a lei impõe determinado comportamento, determinada conduta ao agente e, em face da qual, embora típica, não será ilícita, ainda que cause lesão a um bem jurídico tutelado. Nestas circunstâncias, não comete crime o carrasco que executa a sentença de morte, do carcereiro que encarcera o criminoso, do policial que prende o infrator em flagrante delito. O dever deve constar de lei, decretos, regulamentos ou atos administrativos fundados em lei que sejam de caráter geral. Se o agente extrapolar os limites, haverá crime. 
a) Requisitos: 
Estrito cumprimento, somente os atos rigorosamente necessários justificam o comportamento permitido; 	
Dever legal, isto é, o que decorre da lei, não caracterizando obrigações de natureza social, moral ou religiosa. A norma da qual emana o dever tem de ser jurídica, e de caráter geral (lei, decreto, regulamento etc.). Se a norma tiver caráter particular, de cunho administrativo, poderá configurar a obediência hierárquica (art. 22, 2a parte, do CP), mas não o dever legal. O requisito subjetivo é indispensável.
EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO 
Consiste na atuação do agente dentro dos limites conferidos pelo ordenamento legal; o sujeito não comete crime por estar exercitando uma prerrogativa a ele conferida pela lei - Exs.: na recusa em depor em juízo por parte de quem tem o dever legal de guardar sigilo, na intervenção cirúrgica (desde que haja consentimento do paciente ou de seu representante legal), nas lesões esportivas, desde que respeitadas as regras do esporte etc. O exercício abusivo do direito faz desaparecer a excludente. 
Requisitos: 
Objetivo: Atuação efetiva no exercício regular de um direito; b) Subjetivo: Conhecimento do direito e a vontade exercitá-lo.
Violência esportiva. Há esportes que podem provocar danos à integridade corporal ou a vida (boxe, luta livre, futebol, etc.), e em caso de morte ou lesões corporais, por exemplo, não ocorrerá crime por ter o agente atuado em exercício regular de direito, ou seja, dentro do âmbito das normas esportivas. Pratica crime, entretanto, quem atua fora da proteção das normas esportivas (exs: morder a orelha do outro no boxe, dar uma cotovelada intencional numa partida de futebol, continuar agredindo o adversário após ele ter desistido de continuar na luta). Uma concepção mais moderna inclui a violência desportiva no princípio da adequação social da conduta, com divergência doutrinária. Intervenções médicas e cirúrgicas: Também caracterizam exercício regular de direito. Mas, neste caso é indispensável o consentimento do paciente ou de seu representante legal. A falta desse assentimento pode caracterizar estado de necessidade em favor de terceiro (art. 146, §3o, I, CP). Alguns autores incluem e intervenção médica e cirúrgica no princípio da adequação, com divergência doutrinária.	
Causa supra-legal de exclusão da ilicitude
Consentimento do ofendido. Embora o Código Penal Brasileiro não tenha incluído o consentimento do ofendido explicitamente no rol do artigo 23, a doutrina e a jurisprudência nacional se encarregaram de incluí-la, entre as causas que tornam a conduta do agente lícita, tendo para tanto, como fonte de inspiração a legislação italiana que estatui: “não é punível quem ofende ou põe em perigo, com o consentimento da pessoa que dele pode validamente dispor” (art. 50, Código Penal Italiano). 
O consentimento do ofendido pode ter dois enfoques com finalidades diferentes:
a) Excludente de tipicidade, ocorre quando o dissenso do ofendido é elementar do tipo penal como elemento específico. Em caso de consentimento, afastada estará a tipicidade do crime (ex. violação de domicílio – art. 150 do CP; estupro – art. 213 do CP); 
Requisitos para o consentimento válido: 
 
Capacidade par ao conseitimento por parte do agente; b) Consentimento dado anteriormente ou pelo menos numa relação de simultaneidade a conduta do agente; c) Bem jurídico disponível.
DA CULPABILIDADE	
Conceito. Segundo Rogério Greco “culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo agente. É, pois, a reprovabilidade pessoal da conduta típica e ilícita. Desta forma, após ser verificada a ilicitude e tipicidade do fato (injusto penal), examina-se se o agente é culpável, ou seja, se sua conduta merece censura sob o ponto de vista jurídico penal. O juízo de culpabilidade tem natureza exclusivamente normativa, independe da aferição da vontade do agente no momento da prática da conduta. Isto quer significar que a aferição desta reprovabilidade fica a cargo do julgador ao elaborar seu juízo de valor sobre o comportamento de alguém. Portanto, enquanto o dolo é elemento psicológico e está na cabeça do agente, a culpa é normativa e está na cabeça do juiz”.
ELEMENTOS DA CULPABILIDADE SEGUNDO A CONCEPÇÃO FINALISTA 
 Imputabilidade; Potencial consciência sobre a ilicitude do fato;  Exigibilidade de conduta diversa.	
IMPUTABILIDADE. 
É a possibilidade de se atribuir, imputar o fato criminoso a alguém, isto é, o fato típico e ilícito. É o autor que, no momento da ação, é capaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento; deve sempre ser aferida no momento da prática delitiva, nem antes, nem depois. A imputabilidade é regra; inimputabilidade exceção.
Critérios para a aferição da imputabilidade 
a) Critério biológico. Ocorre em virtude de uma presunção legal, onde, por questões de política criminal, entendeu o legislador brasileiro que os menores de 18 anos não gozam de plena capacidade de entendimento que lhes permita imputar a prática de um fato típico e ilícito. (Tratado pelo nosso direito pátrio como desenvolvimento mental incompleto). 
b) Critério biopsicológico. Pela redação do caput do artigo 26 do CP, acima descrito, conclui-se que o legislador adotou dois critérios para a aferição da inimputabilidade do agente em se tratando de perturbação da saúde em razão de doença mental, a saber: 
 A existência de uma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; A absoluta incapacidade de, ao tempo da ação ou omissão, entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Assim, não basta que o agente seja portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado. É necessário, para a que seja afastada a culpabilidade, que o agente, em razão da doença, ainda seja absolutamente incapaz de, ao tempo da ação ou omissão, entender o caráter ilícito do fato. Não basta, pois, ser doente mental, necessário que tal doença seja a mola propulsora para a sua total ou parcial incapacidade para o entendimento do fato que pratica e de sua contrariedade com o direito.
Causas de exclusão da imputabilidade 
 
Doença mental 
b) Desenvolvimento mental incompleto c) Desenvolvimento mental retardado d) Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior	
Doença mental. São as perturbações ou moléstias que causam alterações mórbidas à saúde mental, tais como esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva, paranóia, epilepsia, demência senil, etc.
Desenvolvimento mental incompleto. É o desenvolvimento mental que ainda não se concluiu. É o caso dos menores de 18 anos, que possuem desenvolvimento incompleto presumido (art. 27), e dos silvícolas não adaptados à civilização
Desenvolvimento mental retardado. Falamos aqui dos oligofrênicos (idiotas, imbecis e débeis mentais) e dos surdos-mudos, estes desde que a capacidade de compreensão seja totalmente suprimida. 
 
Embriaguez : É um intoxicação aguda e transitória causada pelo álcool ou substância de efeitos análogos, cujos efeitos podem progredirde uma ligeira excitação inicial até o estado de paralisia e coma. O Código Penal não trata somente dos efeitos do álcool, mas também, de forma análoga, trata também de outras substâncias tóxicas e entorpecentes, que podem retirar a capacidade de discerniemento do agente, tais como cocaína, heroína e outras.	
Espécies de embriaguez 
 
Não acidental: Voluntária dolosa. É aquela prevista no inc. II do artigo 28 do CP e, mesmo sendo completa, permite a punição do agente, em face da ação da teoria da actio libera in causa;
Voluntária culposa. É aquela espécie de embriaguez em que o agente não faz a ingestão de bebidas alcoólicas querendo embriagar-se, entretanto, por descuido, ingere quantidade suficiente que o colocaria em estado de embriaguez. Não afasta a culpabilidade. 	
Involuntária ou acidental. É a que provém de caso fortuito ou força maior, subdividindo-se em completa e incompleta. 
Completa, é aquela que suprime totalmente a capacidade de entender ou querer do agente, excluindo a culpabilidade; 
Incompleta, é a que apenas retira parcialmente aquela capacidade, permitindo a diminuição da pena de um a dois terços. 
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE DO FATO 
A ilicitude da conduta é excluída pelo erro de proibição, insculpido no artigo 21 do Código Penal
Conceito. É o erro ou ignorância que recai sobre uma norma penal incrimiandora; o agente, por erro, imagina estar agindo de acordo com a lei quando na verdade a contraria; não possui a consciência de que o fato que ele prativa contraria, de alguma forma, o ordenamento jurídico-penal; age errado imaginando estar agindo corretamente. 
 Lei é um diploma formal editado pelo poder competente. Ilicitude é a relação de contrariedade que se estabelece entre a conduta humana voluntária do agente e o ordenamento jurídico. Não há que se falar em licitude se não houver um diploma legal impondo ou proibindo determinada conduta. Segundo Cezar Roberto Bitencourt8 “a ignorância legis é matéria de aplicação da lei que, por ficção jurídica, se presume conhecida por todos, enquanto o erro de proibição é matéria de culpabilidade... a diferença reside em que a ignorância da lei é o desconhecimento dos dispositivos legislados, ao passo que a ignorância da antijuridicidade é o desconhecimento de que a ação é contrária ao direito...” Portanto, ignorância da lei é desconhecer que um diploma legal existe (ex. desconhecer que exista o Del. 2484/41 – Código Penal). Desconhecimento da ilicitude reside no fato do agente desconhecer, por exemplo, que manter relação sexual com menor de 14 anos é crime. 
A diferença fundamental entre consciência real e consciência potencial reside no fato de que, naquela, o agente deve saber que a conduta praticada é ilícita; na consciência potencial, basta a possibilidade que o agente tenha, no caso concreto, de alcançar esse conhecimento. Para a teoria final da ação, basta a consciência potencial. 
O erro de proibição pode ser assim classificado 
Direto. Quando erro recair sobre o conteúdo proibitivo de uma norma penal, sobre um norma penal incrimenadora proibitiva. Ex. homem do meio rural, onde é natural o casamento com mulheres de tenra idade, mantém relação sexual com menor de 14 anos, desconhecendo que tal fato é considerado como estupro pela nossa legislação penal. 
Indireto. Ocorre quando há uma suposição errônea de uma causa de exclusão da ilicitude. Se o erro recair sobre a existência ou os limites da proposição da proposição permissiva. Neste caso o agente sabe que pratica um fato proibido, mas supõe, por erro, que em seu favor opera uma norma permissiva. A aplicação do erro de proibição indireto é orientada pelas teorias extrema e limitada da culpabilidade. Exemplos: supõe o agente que a lei o permite agir em legítima defesa da honra; ou impede a penhora feita pelo oficial, supondo excessiva a contrição.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Conceito. É a possibilidade que tem o agente de, no momento do crime, agir de acordo com o direito, considerando-se a sua particular condição de pessoa humana
Causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa 
A coação irresistível e a obediência hierárquica estão expressamente previstas na parte geral do Código Penal em seu artigo 22, assim redigido: “se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.” 
a) Coação moral irresistível. É o emprego de força moral (vis compulsiva) para obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa. É a coação que deriva de uma ameaça grave e séria para ser considerada irresistível. A coação a que se refere o artigo 22 é somente a de natureza moral, e não a física, esta exclui a própria conduta e, de conseqüência, o próprio fato típico.	
b) Obediência hierárquica, que deve restringir-se aos limites da ordem proferida. Caso o agente extrapole a ordem, ou por qualquer motivo a ordem seja evidentemente ilegal, responde ele em concurso de agentes com o superior hierárquico pela prática do fato criminoso. Ex. em concurso com o delegado de polícia responderá o agente que efetuar prisão de pessoa, por ordem daquele, fora dos casos de flagrância ou ordem escrita da autoridade judicial. São, portanto, conseqüências da obediência hierárquica: a) efeitos da ordem ilegal se a ordem é ilegal e o subordinado conhece essa condição, é culpável e responde pelo crime praticado; b) não sendo manifestamente ilegal a ordem e o subordinado não tinha como conhecer essa situação, fica afastada a exigibilidade de conduta diversa
Inexigibilidade de conduta diversa como causa supra legal de exclusão da ilicitude. 
 
As causas supralegais de exclusão da culpabilidade são aquelas que, embora não estejam previstas em algum texto legal, são aplicáveis em virtude dos princípios informadores do ordenamento jurídico. A nossa legislação, ao contrário da legislação alemã, não proíbe a utilização do argumento da inexigibilidade de conduta diversa como causa supra legal de exclusão da culpabilidade, entretanto, a doutrina pátria não é unânime neste sentido, havendo posicionamento tanto a favor como contra a sua aplicação.		
Concurso de pessoas
CONCEITO. Ocorre o concurso de pessoas (ou concurso de agentes ou co-delinquência) quando uma infração penal é cometida por duas ou mais pessoas.	
Requisitos para o concurso de pessoas: 
a) Mais de um autos (pluralidade de agentes). É requisito indispensável à caracterização do concurso de agentes, exigindo-se, no mínimo, duas pessoas para a sua configuração; b) Relevância causal de cada conduta. As condutas realizadas pelos agentes estarem carregadas de relevância causal no sentido de interferir na estrutura de concretização do delito. d) Liame subjetivo entre os agentes (acordo de vontades). É constituído pelo vínculo psicológico existente entre os agentes para a prática da infração penal. Se não se vislumbrar tal vínculo no cometimento da infração, casa um dos agentes responderá por ela de forma isolada e não em concurso. O liame subjetivo nada mais é do que a vontade que une mais de uma pessoa na prática de uma infração penal. e) Infração pena única (regra). Os vários autores, em concurso, devem responder pela mesma infração penal. 
	Classificação dos crimes conforme a espécie de concurso de pessoas 
a) Plurissubjetivo de concurso necessário. São aqueles que, para a sua configuração, exigem a presença de, no mínimo duas pessoas, ou um número mínimo estipulado pelo tipo penal. Ex. Associação criminosa – art. 288 do CP, que exige a presença de, no mínimo 03 (três) pessoas; 
Unissubjetivo ou de concurso eventual. São os delitos que podem ser praticados por uma ou mais pessoas. As regras do artigo 29 se aplicam a esta modalidade decrime.
AUTORIA 
 
a) Conceito restritivo de autor. Autor é somente aquele que praticasse a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais que, de alguma forma o auxiliasse, mas que não viesse a realizar a conduta narrada pelo verbo do tipo penal seriam considerados partícipes. Essa teoria adota o critério formal-objetivo porque acentua as características exteriores ou formais da conduta, em sua conformação com o tipo penal. Ex.: no “homicídio” a conduta é “matar alguém” e, assim, autor do crime é aquele que, por exemplo, efetua disparos contra a vítima, coloca veneno em sua bebida etc. O mandante não é considerado autor. É o conceito adotado pelo Código Penal. 
 
b) Conceito extensivo de autor. Em uma situação diametralmente oposto a do conceito restritivo. Tem como fundamento a teoria da equivalência das condições, não faz distinção entre autor e partícipe. Todo aquele que, de qualquer modo, concorre para a prática do fato, é considerado autor. É extensiva porque iguala as atividades dos consortes do crime. 
	
ESPÉCIES DE CONCURSO DE PESSOAS 
 
a) Co-autoria. É a realização conjunta, por mais de uma pessoa, da mesma infração penal. Co-autoria, em última análise é a própria autoria. O que distingue a co-autoria da autoria é o numero de executores. Autoria, apenas um autor praticando o fato, co-autoria mais de um autor praticando o fato. O acordo prévio entre os vários autores não é necessário o acordo prévio, , bastando a consciência de cooperar na ação comum, que é o liame psicológico que une a ação de todos. Praticam crime único. Fundamenta-se no princípio da divisão do trabalho em que todos tomam parte, atuando em conjunto na execução da ação típica, de tal modo que cada um possa ser chamado verdadeiramente de autor. Segundo a teoria final da ação, o decisivo na co-autoria, é que o domínio final do fato pertença aos vários intervenientes, que, em ração do princípio da divisão de trabalhos, se apresenta como peça fundamental na realização do plano global. 
	b) Participação em sentido estrito. Não há conceituação legal para a participação. Essa conceituação ficou a cargo de nossa doutrina. Participação é a intervenção de um agente em um fato alheio, que pressupõe a existência de um autor principal. Na participação o agente não comete qualquer das condutas típicas (verbos descritos na lei), mas de alguma outra forma concorre para o crime; o art. 29 do CP estabelece que o agente que, de qualquer modo, concorre para um crime, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade; assim, o partícipe responde pelo mesmo crime que o autor ou os co-autores - ex.: “A” empresta duas armas para B e C matarem D (nessa hipótese, B e C são co-autores do “homicídio”, e “A” é partícipe). São espécies de participação: 
 
1) Instigação. Ocorre quando o partícipe atua sobre a vontade do autor, no caso, do instigado. Instigar significa animar, estimular, reforçar uma idéia já existente. O instigado limita-se a provocar a resolução criminosa do autor, não tomando parte nem na execução nem no domínio do fato. É necessário que haja influência no processo de formação de vontade e deve ser dirigida a fato determinado (prática de um homicídio), bem como a autor ou autores determinado. É forma de participação moral; 
 
2) Induzimento ou determinação. Induzir significa suscitar uma idéia. Tomar a iniciativa intelectual, fazer surgir no pensamento do autor uma idéia até então inexistente; 
 
3) Cumplicidade. É a espécie de participação material, em que o partícipe exterioriza a sua contribuição através de um comportamento, de um auxílio. Pode efetivar-se, por exemplo, com ao emprego da arma de fogo, em qualquer fase da execução do crime, desde a preparação até a consumação. Pode ocorrer por omissão, quando o partícipe tem o dever de agir para impedir o resultado, como é o caso do vigia que deixa propositadamente aberta a porta do estabelecimento para facilitar a entrada do autor do furto.
Autoria direta e indireta. Autor direto é aquele que executa diretamente a conduta descrita no núcleo do tipo e é conhecido também como executor; autor indireto é aquele que se vale de outra pessoa que lhe serve, na verdade, como instrumento para a prática do crime. É conhecido também como autor mediato. 
 
São espécies de autoria mediata previstas em nosso ordenamento jurídico penal: 
 
1) Erro determinado por terceiro (art. 20, parágrafo 2°, do CP). Ex. a enfermeira que aplica, a pedido do médico, injeção contendo veneno letal, sem saber o seu conteúdo. Neste caso só responde pelo crime o médico que determinou o erro. 2) Coação moral irresistível (art. 22, primeira parte, do CP). Já analisado linhas atrás. 3) Obediência hierárquica (art. 22, segunda parte, do CP). Já analisado linhas atrás. 3) Caso de instrumento impunível em virtude de condição ou qualidade pessoal (art. 62, III, segunda parte, do CP). Ex. quando o agente se vale de inimputáveis (doentes mentais ou menores) para o cometimento de infrações penais. 
 
Autoria intelectual. Autor intelectual é o homem inteligente do grupo, aquele que traça o plano criminoso, com todos os seus detalhes. Não pratica atos executórios, mas pela teoria do domínio do fato, possui status de autor. É, ainda, causa de agravante genérica prevista no artigo 62, II, do Código Penal. 
 
Autor de determinação. O exemplo trazido por Zaffaroni e Pierangeli ilustra bem este tipo de autoria, trazendo a hipótese de “alguém que se valha de outro, que não realiza a conduta para cometer um crime de mão própria: “uma mulher dá sonífero a outra e depois hipnotiza um amigo, ordenandolhe que com aquela mantenha relação sexual durante o transe. O hipnotizado não realiza conduta, ao passo que a mulher não pode ser autora de crime de estupro, porque o delito e de mão própria. Tampouco é partícipe, pois falta o injusto alheio em que cooperar ou a que determinar.”10 Considerando-se o estupro como crime de mão-própria e, como dito acima, por se tratar de crime que não admite co-autoria e autoria mediata, a mulher ministra o sonífero à outra, bem como hipnotiza o homem que, durante o transe, é levado a manter relação sexual com aquela, não pode ser autora mediata de estupro. Tampouco poderá ser partícipe, pois, em razão da teoria da acessoriedade limitada, que será vista mais adiante, somente poderá haver participação quando o autor vier a praticar um fato típico e ilícito. Pelo exemplo fornecido, o homem que manteve conjunção carnal com a mulher que estava sob o efeito do sonífero não pratica conduta dolosa ou culposa. Portanto, se não há conduta penalmente relevante, não há fato típico, e se não há fato típico não há crime. Assim, nas explicações de Rogério Greco, “para essas hipóteses em que não se pode falar em autoria ou participação, surge outra figura, vale dizer, a do autor de determinação. Será punido, segundo os renomados tratadistas, com as penas correspondentes a infração penal que houverem determinado, e não como autores ou partícipes dessa infração penal.”11 
 
29.10. Autoria colateral. Ocorre quando duas ou mais pessoas procuram causar o mesmo resultado ilícito, sem que haja cooperação entre elas (ausência de vínculo subjetivo), agindo cada um por conta própria - ex.: A e B, ambos de tocaia, sem saber um do outro, atiram em C para matá-lo, acertam o alvo e a morte da vítima vem a ocorrer - a decisão vai depender do que a perícia e as demais provas indicarem: se a morte ocorreu pela soma dos ferimentos causados pelos tiros de A e B, responderão por “homicídio consumado”;; se a morte ocorreu tão-somente pelo tiro de A, este responderá por “homicídio consumado” e B por “homicídio tentado”;; se ficar demonstrado que C já estava morto pelo tiro de A, quando o tiro de B o atingiu, responderá somenteA por “homicídio consumado”, militando a ocorrência de crime impossível em relação a B; se houvesse liame subjetivo (não existe ajuste ou cooperação entre eles) entre A e B, eles seriam co- autores e ambos responderiam por “homicídio consumado”;; se a prova dos autos não for possível estabelecer qual dos tiros causou a morte, estaremos diante de um caso de Autoria incerta. 
DAS PENAS 
 
30.1. Conceito: É a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de um ilícito penal e consiste na privação de bens jurídicos determinados pela lei, que visa a readaptação do criminoso ao convívio social e a prevenção em relação à prática de novas transgressões. 
 
30.2. Princípios constitucionais reitores da aplicação da pena 
 
a) Da legalidade – Não há pena sem prévia cominação legal (art. 5°, XXXIX, CF); significa que a pena deve estar prevista em lei vigente a época da prática do delito. 
 
b) Da individualização da pena – A lei deve regular a individualização da pena de acordo com a culpabilidade e os méritos pessoais do acusado (art. 5°, XLVI, CF). 
 
c) Da pessoalidade – A pena não pode passar da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendida aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido (art. 5°, XLV). 
 
Da proporcionalidade – A pena deve ser proporcional ao crime cometido (art. 5°, XLVI e XLVII). A pena não pode ser mais nem menos do que o suficiente para a reprovação e prevenção do crime. Aliás, este é o desejo de nossa legislação penal, ao dispor no art. 59 do Código Penal
Princípio da humanidade - De acordo com este princípio, o ser humano deve se constituir o centro das atenções no estudo das ciências penais. Não somente a vítima deve merecer a proteção do Estado, mas também o réu, de modo que o tratamento a ele dispensado pelo poder público nunca poderá perder de vista os fins almejados pela pena. 
 
Dentro dessa ótica, orientado por idéias iluministas, acidamente defendidas por Marquês Beccaria, o direito objetivo brasileiro cuidou de preservar e garantir ao agente do crime um processo justo e uma pena adequada, buscando afastar quaisquer violências contra o homem, pois o que deve ser execrado é o crime e não o criminoso.	
FINALIDADES DA PENA 
O nosso Código Penal, em seu art. 59, diz que as penas devem ser necessárias e suficientes à reprovação e prevenção do crime. Assim, de acordo com a nossa legislação penal, entendemos que a pena tem um aspecto de reprovação – a pena deve reprovar o mal praticado e de prevenção – prevenir futuras infrações penais.
TEORIAS 
a) Teoria absoluta ou da retribuição: Se fala aqui de uma teoria absoluta porque para ela o fim da pena é independente, desvinculado de seu efeito social. A teoria da retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva de algum fim socialmente útil; não estabelece nenhuma consideração sobre a utilidade da pena para o réu ou para a sociedade, retirando toda e qualquer função preventiva. A finalidade da pena é punir o autor de uma infração penal. A pena é a retribuição do mal injusto, praticado pelo criminoso. 
	
Teoria relativa, finalista, utilitária ou da prevenção: A teoria relativa se fundamenta no critério da prevenção
ESPÉCIES DE PENA 
 Classificação doutrinária 
 
Privativas da liberdade; restritivas de liberdade; pecuniárias.
	. Regimes de cumprimento de pena 
Os regimes de cumprimento da pena são determinados fundamentalmente pela espécie e quantidade da pena e pela reincidência, aliadas ao mérito do condenado, em sistema progressivo. 
a) Fechado – A execução da pena se dá em estabelecimento de segurança máxima ou média; no início do cumprimento da pena, o condenado será (obrigatório) submetido a exame criminológico de classificação e individualização; a pena é cumprida em penitenciária; o condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e isolamento durante o repouso noturno; dentro do estabelecimento, o trabalho será em comum, na conformidade com as ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena; o trabalho externo é permitido em obras públicas, desde que Tomadas às cautelas para evitar a fuga; o trabalho será sempre remunerado.

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