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Modalidades de culpa

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Modalidades de culpa
a) Imprudência: é a conduta positiva praticada pelo agente que, por não observar o seu dever de cuidado, causa o resultado lesivo que lhe era previsível. Consiste a imprudência na pratica de um ato perigoso sem os cuidados que o caso requer. É, portanto, a imprudência a pratica de um fato perigoso. Ex. o motorista que imprime velocidade excessiva em seu veículo ou que desrespeita um cruzamento. É um fazer positivo. 
b) Negligência, ao contrário, é um deixar de fazer aquilo que a diligência normal impõe. É o caso do motorista que não conserta os freios já gastos de seu automóvel. É a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado.
 c) Imperícia: é a falta de aptidão, momentânea ou não, do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício. Está ligada, basicamente à atividade do agente. 
Crime culposo e tipo aberto
Os crimes culposos são considerados tipos abertos. Isto porque não existe uma definição típica completa e precisa para que se possa como acontece nos delitos dolosos, adequar a conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei. O texto do tipo culposo é diferente daquela destinada ao delito doloso. 
Espécies de culpa
a) Culpa consciente é aquela em que o agente, embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que o resultado não venha ocorrer. O resultado embora previsto, não é assumido ou aceito pelo agente, que confia na sua não ocorrência. 
b) Culpa inconsciente o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum. Também denominada culpa própria. Distingue-se da culpa consciente justamente no que diz respeito à previsão do resultado; naquela, o resultado, embora previsível, não foi previsto; nesta, o resultado é previsto, mas o agente, confiando em si mesmo, nas suas habilidades pessoais, acredita, sinceramente, que este não venha a ocorrer. A culpa inconsciente, pois, é culpa sem previsão do passo que a culpa consciente é culpa com previsão. 
c) Culpa imprópria, ou por extensão, ou por assimilação ou equiparação é a que decorre de tipo evitável nas descriminantes putativas ou de excesso nas causas de justificação. Nesta modalidade de culpa o agente quer o resultado por sua vontade estar viciada por erro que, com mais cuidado poderia ser evitado. O resultado é previsto e querido pelo agente, que labora em erro de tipo inescusável ou vencível (art. 20, §1o, CP). É o caso do caçador que atira no amigo, imaginando tratar-se de animal silvestre. 	
Diferença entre dolo eventual e culpa consciente: 
a) Culpa consciente: O agente, embora prevendo o resultado, acredita sinceramente que ele não ocorra; O resultado previsto não é querido nem mesmo assumido pelo agente; O agente acredita sinceramente que pode evitar o resultado. 
b) Dolo eventual: No dolo eventual embora o agente não queira diretamente o resultado, assume o risco em produzi-lo; No dolo eventual, o agente não quer diretamente produzir o resultado, mas, se este vier a ocorrer, pouco importa. 
Compensação de culpas. Ao contrário do direito privado, a compensação de culpas não é permitida no direito penal, uma vez que o Estado figura como sujeito passivo mediato em todos os delitos e cada um dos agentes, por este motivo, deverá responder por sua conduta culposa, independentemente do fato de ter a outra pessoa também contribuído para a produção do resultado danoso. 
Concorrência de culpas. Em caso de concorrência de culpas, ambos os agentes são punidos, entretanto, o juiz ao dosar a pena deve levar em consideração esta circunstância ao fixar a pena base (art. 59 do CP). 
Excepcionalidade do crime culposo. De acordo com o parágrafo único do art. 18 do Código Penal, salvo disposição expressa em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
Culpa presumida. Proibida em matéria penal, em respeito ao princípio da culpabilidade. 
Tentativa Não se pode falar em tentativa em crimes culposos, simplesmente porque no crime culposo há o resultado sem a vontade e na tentativa há a vontade sem o resultado. Entretanto, em se tratando de culpa imprópria parte da doutrina aceita a ocorrência da tentativa, uma vez que o agente ali atua com vontade, que está viciada por erro. 
Co-autoria em crime culposo. Possibilidade admitida por entendimento jurisprudencial e doutrinário majoritário. 
CRIME CONSUMADO E TENTADO
O conceito de crime consumado e crime tentado, estão previstos no artigo 14 do Código Civil, seus incisos e parágrafos.
Inter criminis. é o conjunto de etapas que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito”. Possui duas fases, uma interna e outra externa. Assim, o inter criminis é composto pelas seguintes fases: 
a) Cogitação (cogitatio) – fase interna. É aquela fase que se passa na mente do agente, definindo a infração penal que deseja praticar, representando e antecipando mentalmente o resultado que pretende atingir; 
b) Preparação (atos preparatório) – fase externa. Onde o agente começa a se preparar para o fim de obter êxito na sua empreitada criminosa. 
c) Execução (atos de execução) – fase externa. Quando o agente dá início à execução do crime, consumando o delito ou não o consumando por circunstâncias alheias a sua vontade; 
d) Consumação (summatum opus) – fase externa. Quando o agente obtém o resultado almejado com sua conduta.
e) Exaurimento. É a fase que se situa após a consumação do delito, esgotando-o plenamente e só existe nos crimes considerados formais. 
Vale ressaltar que não possuem inter criminis os delitos culposos
CONSUMAÇÃO 
A consumação, nos termos do artigo 14, I do CP, ocorre em momentos distintos para as várias espécies de delitos. Podemos dizer que a consumação se dá nos crimes da seguinte forma: 
a) Crimes materiais, omissivos impróprio e culposos: Quando se verifica a produção do resultado naturalístico, ou seja, quando há modificação no mundo exterior. Ex. o homicídio consuma-se com a morte da vítima; b) Crimes omissivos próprios: Com a abstenção do comportamento imposto ao agente, não se condicionando à produção de resultado ulterior. Ex. omissão de socorro; c) Crimes de mera conduta: Com o simples comportamento previsto no tipo, não se exigindo qualquer resultado naturalístico. Ex. violação de domicílio, art. 150. d) Crimes formais: A consumação ocorre com a simples atividade, independentemente da produção do resultado descrito no tipo que, caso aconteça, será considerado como mero exaurimento do crime. Ex. extorsão mediante seqüestro (art. 159 do CP); e) Crimes qualificados pelo resultado: Com a ocorrência do resultado agravador. Ex. lesão corporal qualificada pelo resultado aborto (art. 129, parágrafo 2°, V, do CP); f) Crimes complexos: Por encerrarem, na descrição legal, mais de um tipo penal, a consumação somente ocorrerá quando os componentes do novo tipo estiverem integralmente realizados. Exceção: súmula no. 610, do Supremo Tribunal Federal (latrocínio) g) Crimes permanentes: Enquanto durar a permanência, uma vez que o crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga, perpetua-se no tempo. Ex. Seqüestro e cárcere privado (art. 148 do CP). 
 TENTATIVA 
Conceito. Tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei penal. É um dos casos de adequação típica de subordinação indireta ou mediata. 
Elemento que compõem a tentativa 
a) Início da execução. Para se falar em crime tentado é necessário que o agente inicie os atos executórios (disparo da arma de fogo no crime de homicídio). A tentativa só é punível a partir do momento em que a ação penetra na fase de execução. Neste ponto o código penal adotou a teoria objetiva, desprezando a teoria subjetiva. 
b) Não consumação do crime por circunstâncias que independam da vontade do agente. Ocorre quandoo iter criminis é interrompido por interferência externa e o agente não consegue praticar todos os atos necessários à consumação (tentativa imperfeita); ou também quando o agente pratica todos os atos necessários à produção do evento, mas a consumação não vem a ocorrer por um fato estranho à sua vontade (tentativa perfeita ou crime falho). 
c) Dolo em relação ao crime total. O agente deve agir dolosamente, isto é, deve querer a ação e o resultado final que caracterize o crime perfeito e acabado. É necessário que o agente tenha a intenção de produzir um resultado mais grave do que aquele que vem efetivamente a conseguir. Não existe um dolo próprio para a tentativa. 
Espécies ou formas de tentativa 
a) Tentativa imperfeita. Ocorre quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários, por interferência externa. 
b) Tentativa perfeita (ou crime falho). Ocorre quando o agente realiza todo o necessário para a produção do resultado almejado, mas mesmo assim não o atinge. O resultado não se verifica por mero acidente 
c) Tentativa branca. Quando o agente erra na execução e não atinge o objetivo desejado, por absoluta falta de habilidade no manejo dos meio executórios. Ex. agente que dispara conta a vítima com a intenção de matá-la, mas não consegue atingi-la com nenhum projétil. 
Punibilidade da tentativa
“Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços” (art. 14, Parágrafo único). O código adotou aqui a teoria objetiva. 
Crimes que não admitem tentativa. 
Pode-se falar que o crime admite tentativa toda vez que pudermos fracionar o iter criminis. Assim, se o agente, percorrendo o iter criminis, der início à execução de um crime que não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade, pode-se atribuir-lhe o conatus. 
Em razão disso, os crimes abaixo não admitem tentativa: 
Crimes habituais. São delitos em que, para se chegar à consumação, é preciso que o agente pratique, de forma reiterada e habitual, a conduta descrita no tipo. Ou o agente comete a série de
condutas necessárias e consuma a infração, ou o fato é um indiferente penal. Ex. casa de prostituição (art. 229), curandeirismo (art. 284). b) Crimes preterdolosos. Fala-se em crime preterdoloso quando o agente atua com dolo na conduta e culpa no resultado agravador. Se o resultado naturalístico é obrigatório no crime doloso para a sua consumação, não há que se falar em tentativa nos crimes preterdolosos, uma vez que o resultado neste tipo de delito é obtido a título de culpa. d) Crimes culposos. Idem ao item anterior. e) Crimes nos quais a tentativa é punida com as mesmas penas do crime consumado (crime de tentativa). Ex. art. 352 do CP. e) Crimes unissubsistentes. É impossível a tentativa neste tipo de crime pela impossibilidade temporal no fracionamento do iter criminis. A conduta do agente é exaurida em um só ato ou o crime se consuma ou o ato é um indiferente penal. Ex. injúria verbal. f) Crimes omissivos próprios. Aqui, ou o agente não faz aquilo que a lei determina e consuma a infração, ou atua de acordo com o comando legal e não pratica qualquer fato típico. Ex. omissão de socorro. g) Crimes de punibilidade condicionada. 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Desistência voluntária. 
 
Ocorre a desistência voluntária quando o agente, embora tenha iniciado a execução, não a leva adiante; mesmo podendo prosseguir, desiste da realização típica. Ele muda de propósito, altera seu dolo, no sentido de não querer mais o crime. Segundo Frank a diferença existente entre desistência voluntária e tentativa reside na seguinte frase: “posso, mas não quero (desistência voluntária);; quero, mas não posso (tentativa)”. Não é preciso que a desistência seja espontânea, basta que seja voluntária e só é possível em se tratando de tentativa imperfeita, porquanto na tentativa perfeita o agente já esgotou todos os atos executórios. É matéria de política criminal. A desistência deve ser voluntária e eficaz, no sentido de que o resultado não se produza. Caso ele aconteça o agente responde integralmente pelo seu dolo inicial. Se o resultado não acontecer, o agente só responde pelos atos já praticados. Ex. “A” atira em “B” com o intuito de matar acertando-lhe o pé. Desiste de prosseguir na execução do delito, mesmo com mais balas no revólver, e “B” não vem a óbito. Responderá “A”, tão somente por lesão corporal. 
 
Arrependimento eficaz.
No arrependimento eficaz o agente, após ter esgotado todos os meios de que dispunha – necessários e suficientes, arrepende-se e evita que o resultado aconteça. Não é necessário que o arrependimento seja espontâneo, basta que seja voluntário, responderá o agente só pelos atos já praticados. 
Diferenças entre arrependimento eficaz e desistência voluntária. 
A desistência voluntária consiste na abstenção de uma atividade, isto é, o sujeito cessa o seu comportamento delituoso (ladrão que desiste do furto no interior da casa da vítima); ocorre o arrependimento eficaz quando o agente, já tendo ultimado o processo de execução do crime, desenvolve nova atividade impedindo a produção do resultado (após ministrar veneno à vítima, o agente lhe salva com antídoto). Aquela tem caráter negativo, este tem natureza positiva, de regra. Na desistência voluntária o agente interrompe os atos executórios enquanto no arrependimento eficaz ele os executa por inteiro, não há interrupção. 
Natureza jurídica do Arrependimento eficaz e desistência voluntária. 
Ao contrário do defendido por Hungria, que afirma serem os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz causas de extinção da punibilidade, entende a maioria da doutrina, entre eles Rogério Greco e Damásio de Jesus, tratam-se na verdade de causas que levam a atipicidade do fato, uma vez que não há como ampliar o tipo penal para permitir a punição da tentativa. 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
Conceito. 
É uma causa geral de diminuição de pena que, embora não afaste a tipicidade do fato ou tampouco extingue a punibilidade do agente, tem a finalidade de reduzir a pena entre 1/3 e 2/3, desde que o fato seja desprovido de violência e haja reparação do dano ou restituição da coisa antes do recebimento da denúncia ou queixa. 
Natureza jurídica. 
Causa geral de diminuição de pena. 
Momento para a reparação do dano ou restituição da coisa. 
Antes do recebimento da denúncia ou queixa. 
Infrações penais que possibilitam a aplicação do arrependimento posterior.
 Infração penal cujo tipo não preveja como seus elementos a violência ou grave ameaça. 
 
Requisitos para redução da pena 
a) Que a infração penal não tenha sido praticada com violência ou grave ameaça contra a pessoa. O emprego de violência contra a coisa não exclui o privilégio. b) Seja reparado o dano ou restituída a coisa por ato voluntário do agente até o recebimento da denúncia ou queixa, de forma integral, tanto a restituição da coisa, quanto a reparação do dano. Entretanto, se a vítima der-se por satisfeita, pode ser parcial. Em ambas as hipóteses, exige-se a voluntariedade do agente, porém não se exige a espontaneidade
CRIME IMPOSSÍVEL 
Conceito. 
Quando se fala em crime impossível, parte-se da premissa de que o agente já ingressa na fase dos chamados atos de execução e a consumação da infração penal só não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. Por essa razão é ele também conhecido como tentativa inidônea, inadequada ou quase crime. 
Teorias sobre o crime impossível. 
 
Subjetiva. Para esta teoria não importa se os meios ou os objetos utilizados são absoluta ou relativamente ineficazes, pois que, para a configuração da tentativa.
b) Objetiva pura. Não importa se o meio ou o objeto eram absoluta ou relativamenteinidôneos para que produzisse o resultado, uma vez que em nenhuma destas situações responderá ele pela tentativa; 
c) Objetiva moderada ou matizada. Esta teoria entende ser punível os atos praticados pelo agente quando os meios e os objetos são relativamente eficazes ou impróprios, isto é, quando há alguma possibilidade de agente alcançar o resultado pretendido. (Teoria adotada pelo Código). 
Hipóteses de ocorrência de crime impossível 
 
a) Absoluta ineficácia dos meios, diz respeito aos meios utilizados pelo agente para a execução do crime. Ex. disparar contra a vítima com arma desmuniciada. b) Absoluta ineficácia do objeto, diz respeito ao objeto material do delito, a coisa ou pessoa contra a qual é dirigida a conduta do agente. Ex. atirar em um cadáver com o intuito de praticar homicídio; manobras abortivas em mulher que não esta grávida, com o intuito de praticar aborto. 
 
Delito Putativo por erro de tipo é aquele que o agente supõe, por erro, que está praticando um crime, quando na verdade o fato não constitui crime (homem pressupõe estar praticando um crime de furto imaginado ser alheia a coisa, quando na verdade é sua). 
Delito provocado ou flagrante provocado, quando o agente é induzido à prática de um crime por terceiro, porém a consumação é impossível de ocorrer. É também chamado crime de experiência ou de ensaio. Súmula 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. 
DELITO QUALIFICADO PELO RESULTADO 
Conceito. Ocorre quando a lei acrescenta ao tipo básico a expressão se resulta (ou equivalente) na ocorrência de resultado mais grave, cominando-se pena mais rigorosa do que a prevista para o tipo básico. Ex: se resulta morte no crime de aborto e o agente não quis o resultado mais grave (art. 213, caput c/c art. 223 do CP), ou lesão corporal gravíssima por perda de sentido membro ou função art. 129, parágrafo 2°do CP. Podem ser assim classificados: 
 
Espécies de crimes qualificados pelo resultado: a) Conduta dolosa e resultado agravador doloso, quando o agente quer o resultado mais grave (art. 129 parágrafo 2°); b) Conduta dolosa e resultado agravador culposo (preterdoloso) quando agente não quer o resultado agravador, produzindo-o por culpa (negligência, imprudência ou imperícia). Ex. (art. 159, parágrafo 3o). O art. 19 do CP evita a punição pela responsabilidade objetiva, por isso o resulado que “agrava” a pena somente será aplicável quando ele for previsível ao agente e for resultante da inobservância do dever de cuidado objetivo, que ser manifesta pela imprudência, negligência ou imperícia. c) Conduta culposa e resultado agravador doloso –
ERRO DE TIPO	
Conceito. Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer dado que se agregue a uma determinada figura típica, ou ainda “aquele incidente sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora” No caso concreto o agente imagina estar praticando um fato quando na realidade ele pratica outro. É aquele erro em que faz o agente imaginar não estar presente uma elementar ou um circustância que compões a figura típica. Podemos citar como exemplo o crime previsto no artigo 217 d CP. Neste tipo penal (estupro de vulnerável) a iddade da vítima é elemento constitutivo do tipo; para que o agente responda por estupro de vulnerável é indispensável que ele saiba que sua vítima/parceira (o) seja menor de 14, caso ele desconheca este fato, na poderá ser responsabilizado pelo delito. Esta situação é mais frequente que imaginamos, pois algumas garotas ou garotos, embora menores de 14, aparentam idade bem maiores. Para que a haja dolo é necessário que o agente queira realizar todos os elementos constitutivos do tipo (que ele queira mater relação sexual com uma menor de 14 e saiba, efetivamente, de sua idade, caso não saiba, não poderá ser responsabilizado. Como conseqüência da verificação do erro de tipo temos a exclusão do dolo; excluído o dolo estará também excluída a conduta e, conseqüentemente, o fato típico. 
ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO
Erro de tipo essencial. Ocorre quando o erro do agente recai sobre elementares circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue à figura típica. O reconhecimento do erro de tipo essencial leva ao reconhecimento de consequencias jurídicas quem podem levar à punição do fato somente na modalidade culposa até a total isenção de pena.	
Erro de tipo acidental. Não tem o condão de afastar o dolo ou a culpa do agente, não faz o agente julgar lícita a ação criminosa. Ele age com a consciência da ilicitude do seu comportamento, apenas se engana quanto a um elemento não essencial do fato ou erra no seu movimento de execução
Descriminantes putativas 
 
São hipóteses de descriminalização da conduta do agente que só existe em sua mente e só por ele imaginada e que na realidade não existem. O agente, ao praticar o delito, imagina, por erro, estar agindo em legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de um direito. 
Os efeitos do reconhecimento de uma descriminante putativa são os mesmos do erro de tipo, pois, na verdade, são elas uma espécie de erro de tipo, ERRO DE TIPO PERMISSIVO
Efeitos das descriminantes putativas	
a)Erro escusável, inevitável, invencível, afasta o dolo e a culpa do agente isentando-o de pena, nos termos do artigo 20, caput, primeira parte do Código Penal; b) Erro inescusável, vencível, evitável, afasta o dolo do agente, permitindo, entretanto, sua punição a título de culpa, nos termos do artigo 20, caput, parte final.
Espécies de descriminantes putativas: 
 
a) Estado de necessidade putativo: O agente, supondo que o navio vai afundar (mas na realidade inexiste o perigo), agride o outro passageiro, para apoderar-se do bote salva-vidas; b) Legítima defesa putativa: o agente atira em alguém que adentra em sua casa a noite, supondo-o ladrão, alveja o vizinho; c) Estrito cumprimento do dever legal putativo: O policial que, supondo prender um foragido da justiça, leva ao cárcere sósia do fugitivo; d) Exercício regular de um direito putativo: O agente, supondo estar sendo esbulhado de sua posse, utiliza a força contra a pessoa, quando na verdade a vítima (vizinho) apenas passava pelo local. 
Delito putativo por erro de tipo – Quando o agente, por equívoco, imagina estar praticando um fato (crime), quando na verdade, não está; o erro se refere ao fato. 
a) Delito putativo por erro de proibição – Ocorre quando o agente supõe estar praticando um crime, mas, na realidade, não há norma incriminadora definindo o fato; o erro se refere à existência da norma penal incriminadora. 
b) Delito putativo por obra do agente provocador – Pela Súmula 145 do STF, não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível sua consumação	
ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE	
Exclusão da ilicitude
Conceito. É a contradição que se estabelece entre a conduta do agente e todo o ordenamento jurídico, consistindo na prática de uma ação ou omissão ilegal. É a relação de antagonismo, de contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. Não se resume a matéria penal, mas se estende também aos demais ramos do direito e pode ter natureza civil, administrativa, tributária etc.	
Diferença entre ilícito e injusto. A ilicitude é a contrariedade entre o fato e a lei, ou seja, a realização de um fato proibido pelo ordenamento legal; não comporta escalonamentos, de modo que um simples furto é tão ilícito quanto o latrocínio. O injusto é a própria conduta valorada como ilícita; tem o caráter substantivo; possui qualidade e quantidade, isto é, admite escalonamento; é aquilo que não nos é permitido fazer; engloba a ação típica e ilícita, ainda que ela não seja culpável. 
Ilicitude formal:É a contrariedade da conduta com a disposição legal, isto é, é a conduta contrária a uma proibição legal. Confunde-se com a tipicidade;
Ilicitude material: Segundo Miguel Reale Júnior, citando Von Liszt, ilicitude material é a efetiva lesão ou perigo de lesão que o a conduta do agente a um bem jurídico vital para a coletividade, protegidos pela norma jurídica. É, portanto, a que fere o interesse material protegido pela norma; possibilita a admissão de causas supralegais de justificação;	
Ilicitude subjetiva: Considera que o fato só é ilícito se o agente tiver capacidade de avaliar seu caráter criminoso (o inimputável, segundo esta teoria, não comete fato ilícito).
Ilicitude objetiva: Sua ocorrência não depende da capacidade de avaliação do agente	
Causas legais de exclusão da ilicitude 
O Código penal, em seu artigo 23, previu expressamente quatro causas que afastam a ilicitude do comportamento do agente, fazendo assim, com que o fato por ele cometido seja considerado ilícito.
Para o reconhecimento de uma excludente de ilicitude devem estar presentes não só os requisitos objetivos previsto nos respectivos artigos, mas também os elementos de ordem subjetva. São eles: 
 Elementos de ordem objetiva são aqueles expressos, ou implícitos, mas sempre determinados pela lei penal. 
ESTADO DE NECESSIDADE
Conceito. O conceito de estado de necessidade nos foi dado pelo artigo 24 do Código Penal, acima transcrito. Importante ressaltar que somente o legislador de 1984, se cuidou de conceituar estado de necessidade e legítima defesa, deixando cargo da doutrina e da jurisprudência a conceituação das demais causas de justificação. 
Requisitos	
Prática de fato para salvar de perigo atual. Pela redação do artigo 24 do Código Penal, considera em estado de necessidade quem pratica o fato pra salvar de perigo atual..., entretanto o entendimento dominante entre a doutrina e jurisprudência é de que a redação legal abrange tanto o perigo atual quanto o perigo iminente, ficando afastado, todavia, o perigo futuro.  Perigo não provocado pelo agente. Aqui a divergência doutrinária no sentido de entender, como Hungria, que, não só o perigo provocado pelo agente dolosamente afasta o estado de necessidade, mas também o perigo provocado de forma culposa também afasta a incidência da excludente. Entretanto, prevalece entendimento majoritário no sentido de que o perigo provocado culpa, também possibilita a invocação do estado de necessidade. Entretanto, o art. 13, §2o, “c”, impõe o dever de agir a quem criou o risco da ocorrência do resultado lesivo, ainda que de forma culposa, só cabendo ao mesmo eximir-se de tal dever no caso de inexigibilidade de conduta diversa. O mesmo raciocínio serve para aqueles que têm o dever legal de enfrentar o perigo, os quais também não podem alegar estado de necessidade para se omitirem de tal mister, podendo no entanto serem beneficiados pela excludente de culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.	
Evitabilidade do dano. Em situação de conflito entre bens protegidos, o sacrifício de um deles somente é permitido quando a salvação do outro possa fazer-se a custa desse sacrifício. Princípio da ponderação ou razoabilidade. O bem sacrificado deve ser de valor igual ou inferior ao do bem defendido; o sacrifício de um bem de maior valor afasta a causa de justificação. Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo. Se a lei impuser ao agente o dever de enfrentar o perigo, deve ele tentar salvar o bem ameaçado, sem destruir qualquer outro, mesmo que para isso tenha de correr riscos inerentes à função (Exemplo: bombeiro). Conhecimento da situação justificante. Elemento subjetivo, devendo o agente saber que age em estado de necessidade. 
Espécies	
Estado de necessidade próprio. Quando o agente atua para salvar de perigo atual ou iminente bem próprio; 
Estado de necessidade de terceiro. Quando o agente atua para salvar de perigo atual ou iminente bem de terceiro. Nesta modalidade a lei impõe algumas restrições para a atuação do agente em defesa de bem de terceiro. Só pode ele agir se tratar de bem indisponível ou com o consentimento da “vitima” se tratar de bem disponível. 
 
Estado de necessidade putativo ocorre quando o agente julga erroneamente estar sob a proteção da excludente; exclui-se o dolo e a culpa em caso de erro invencível ou só o dolo em caso de erro vencível. Estado de necessidade defensivo. Quando o ato necessário se dirige contra a coisa de que promana o perigo – exemplo: vítima que mata cão agressor. 
Estado de necessidade agressivo. Quando o ato necessário é dirigido contra coisa diversa daquela de que promana o perigo – exemplo: furto de víveres para saciar a fome. 
LEGÍTIMA DEFESA
Segundo Grosso, citado por Reale Júnior o instituto da legítima defesa é constituído pela possibilidade de reação direta do agredido em defesa de um interesse, dada à impossibilidade da intervenção tempestiva do Estado, o qual tem igualmente por fim que interesses dignos de tutela sejam lesados. O código penal preocupou-se em nos fornecer o conceito de legítima defesa trazendo no tipo permissivo do artigo 25 os seus elementos caracterizadores.	
Bens amparados pela legítima defesa. 
Segundo Zaffaroni e Pierangeli a defesa a direito seu ou de outrem, abarca a possibilidade de defender legitimamente qualquer bem jurídico. O requisito da moderação da defesa não exclui a possibilidade de defesa de qualquer bem jurídico, apenas exigindo uma certa proporcionalidade entre a ação defensiva e a agressiva, quando tal seja possível, isto é, que o defensor deve utilizar o meio menos lesivo que tiver ao seu alcance. Entretanto, há entendimento doutrinário em sentido contrário, Munhoz Conde, por exemplo, não admite a possibilidade de os bens jurídicos comunitários serem objeto de legítima defesa, posição corroborado por José Cerezo Mir, que é o entendimento predominante em nossa doutrina. 
Espécies de legítima defesa 
Legitima defesa real. Diz-se autêntica ou real a legítima defesa quando a situação de agressão injusta está efetivamente ocorrendo. Existe, realmente, uma agressão que pode ser repelida pela vítima, atendendo-se aos limites legais. Legítima defesa putativa (ou imaginária). Aqui a situação de agressão é imaginária, só existe na cabeça do agente. Só o agente acredita, por erro, que está sendo ou virá a ser agredido. Para a teoria limitada da culpabilidade, acolhida pelo nosso ordenamento jurídico penal, o erro sobre uma causa de justificação, se incidente sobre uma situação fática, será considerado como um erro de tipo permissivo, e não como erro de proibição. Trata-se de um caso clássico de descriminante putativa previsto no parágrafo 1°, do artigo 20 do CP. Legítima defesa subjetiva. É o excesso por erro de tipo escusável, que exclui o dolo e a culpa (art. 20, §1o, 1a parte); o agente, encontrando-se inicialmente em legítima defesa, mas por erro quanto a gravidade do perigo ou quanto ao modo de reação, plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe ainda encontrar-se em situação de defesa. Legítima defesa sucessiva. Ocorre quando o agente rebela-se e repele o excesso, doloso ou culposo, na legítima defesa contra o seu agressor. Ex. alguém, agindo inicialmente em legítima defesa, excede; outrem, anteriormente agressor, reage).	
Requisitos para o reconhecimento da legítima defesa. 
Agressão humana. Segundo Welzel, “por agressão deve entender-se a ameaça de lesão de interesses vitais juridicamente protegidos (bens jurídicos), proveniente de uma conduta humana”. Portanto, não se fala em legítima defesa contra agressão de animais, exceto no caso em que o animal é considerado um instrumento da agressão humana. A agressaão provocada por animais leva ao reconhecimento do estado de necessidade. É injusta a agressão que não for amparada, de qualquer modo, pelo nosso ordenamentojurídico. Possui as seguintes características: Atual, é a que está acontecendo no momento da repulsa; Iminente, que é aquela que esta prestes a acontecer; é a possibilidade concreta de agressão dentro de um quadro de possibilidades reais em uma relação de tempo razoável com má repulsa. Obs.: nos crimes permanentes a agressão será sempre atual, enquanto não cessada a permanência; Injusta: É a agressão ilícita, contrária ao ordenamento jurídico. Não precisa necessariamente se constituir em um crime, basta ser contrária ao ordenamento jurídico no sistema (ex. furto de coisa de pequeno valor não constitui crime pelo princípio da insignificância, mas autoriza a legítima defesa por ser uma agressão injusta ao patrimônio de terceiro); Uso dos meios necessários. são os suficientes para a repulsa da agressão que está sendo praticada ou que está prestes a acontecer. Por meios necessários devemos entender como os meios que obdecem aos princípios da proporcioalidade e da razoabildiade. Resumido, aqueles que, sejam o suficientes para a repulsa da agressão e que causem o menor dano possível. Ex. escolher um uma faca em detrimento de uma metalhadora para repelir uma agressão corporal. Caso contrário, devemos descartar a necessidade do meio utilizado e, como conseqüência lógica, afastar a legítima defesa; Moderação no uso dos meios. Além de o agente selecionar os meios adequados a repulsa é preciso que ao agir, o faça com moderação, sob pena de incorrer em excesso. Exigi-se, para configuração da justificante, que o agente reaja dentro de um quadro de necessidade e com moderação, em estrita obediência aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade; Defesa de direito próprio ou de terceiro. Em se tratando de legítima defesa, não só o agente pode defender-se a si ou aos seus bens pode, ainda, ele intervir na defesa de terceira pessoa, mesmo que esta última com ele não seja próxima, como nos casos de amizade e parentesco. Importante ressaltal que se o bem jurídico do terceiro for disponível o agente não poderá agir sem a autorização expressa ou tácita do terceiro. Elemento subjetivo na legítima defesa. Para que se possa falar em legítima defesa não basta só a presença de seus elementos objetivos, acima mencionados e elencados no artigo 25 do Código Penal, é preciso que, além deles, saiba o agente que atua nessa condição, ou ao menos, em se tratando de dirimente putativa, acredite agir assim, pois, ao contrário, não se poderá cogitar de exclusão da ilicitude de sua conduta. 
Excesso na legítima defesa 
Ocorrerá o excesso toda vez que o agente for além do necessário para a respulsa da agressão injusta. A conduta é inicialemnte jutificada; a princípio o agente agia em legítima defesa, para, em seguida extrapolar os limites permitidos. O execsso pode ser: Doloso. Quando o agente, de forma intencional, impõe um maior sofrimento ao agressor, um sofrimento além do ncessário para resgrardar seu direito ameaçado pela agressáo injusta. Verificado o execesso doloso, o agente responderá dolosamente pelo fato praticado, beneficiando-se somente pela atenuante do art. 65, III, letra c, ou com a minorante do art. 121, parágrafo, 1°do Código penal. “O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo” (Parágrafo único, art. 23); Culposo, quando for involuntário. Poderá ser verificado quando decorrer de erro de tipo escusável, ou mesmo de erro de proibição evitável (quando os limites da excludente). É Importante ressaltar que este tipo de excesso só pode ser verificado por erro, de uma avalizção equivocada do agente, quano nas circustâncias fáticas lhe era possível avaliar adequadamente. De se observar, entretanto, que o execesso cupolso só será punível ser o resultado proveniente do excesso for previsto como crime na modalidade culposa. Isto se deve ao fato do dispontos no parágrafo único do artigo 18 do CP, ou seja, só haverá punição se houver previsão expressa neste sentido. Intensivo. Ocorre quando o agente por consternação, medo ou susto excede a medida requerida para a defesa. Ex. o agente, impelido pelo medo que nutre do seu agressor, ao invés de utilizar-se de uma faca, utiliza-se de um fuzil para repelir a agressão que está sofrendo; Extensivo. Ocorre quando o agente, inicialmente, fazendo cessar a agressão injusta que era praticada contra sua pessoa, dá continuidade ao ataque, quando este já não mais se fazia necessário; Excesso na causa. Fala-se em excesso na causa quando há inferioridade do valor bem ou interesse defendido, em confronto com o atingido pela repulsa. Ex. matar p	ara evitar o furto de frutas no pomar. Destruir a vida (bem de maior valor) para preserva o patrimônio (bem de menor valor); Excesso exculpante. Busca-se eliminar a culpabilidade do agente, ou seja, o fato é típico e antijurídico deixando, contudo, de ser culpável em virtude de, no caso concreto, não poder ser exigida do agente outra conduta que não aquela por ele adotada.

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