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GABARITO da 3a PROVA DE FUNDAMENTOS DE MECAˆNICA - TURMA A4 - 29/11/2017 Abaixo esta˜o os Momentos de Ine´rcia de alguns corpos uniformes por eixos que passam pelo centro de massa: - disco ou cilindro de massa M , raio R, pelo seu eixo: ICM,cil = 1 2 MR2 - esfera macic¸a de massa M , raio R, por um eixo que passa pelo seu centro de massa: ICM,esf,1 = 2 5 MR2 - esfera oˆca de massa M , raio R, por um eixo que passa pelo seu centro de massa: ICM,esf,2 = 2 3 MR2 - barra reta e uniforme de massa M , comprimento L, por um eixo que passa pelo seu centro de massa, perpendicular a` barra: ICM,bar = 1 12 ML2 1– Um disco uniforme, de massa M e raio R, gira com uma velocidade angular ω0 em torno de seu eixo, quando um torque me´dio no mesmo sentido de sua velocidade inicial, τm, atua nele por um intervalo de tempo de ∆t segundos. Determine, nesse per´ıodo, em termos de M , R, τm, ω0 e ∆t: 1.1– a variac¸a˜o de momento angular sofrida pelo disco; 1.2– a variac¸a˜o de velocidade angular sofrida pelo disco; 1.3– o trabalho total realizado sobre o disco; 1.4– a poteˆncia me´dia fornecida ao disco. Soluc¸a˜o O momento de ine´rcia do disco, de acordo com os valores fornecidos no in´ıcio da prova, em torno de seu eixo, e´ I = 1 2 MR2. 1.1– A definic¸a˜o de torque, τ , em termos de momento angular, e´ τ = dL dt portanto, ∆L = τme´dio∆t. (1) 1.2– O disco e´ um corpo sime´trico e a sua quantidade de movimento angular se relaciona com seu momento de ine´rcia e sua velocidade angular por L = Iω. Portanto, a variac¸a˜o de momento angular sera´ ∆L = I∆ω, ou seja, o momento de ine´rcia multiplicado pela variac¸a˜o de velocidade angular. Portanto, ∆ω = ∆L I = τme´dio∆t MR2 2 , e a variac¸a˜o da velocidade angular e´ ∆ω = 2τme´dio∆t MR2 . (2) 1.3– Pela definic¸a˜o de trabalho, temos que o trabalho total realizado sobre o corpo e´ a variac¸a˜o de energia cine´tica do mesmo. Enta˜o, Wtotal = ∆Ecine´tica = Ecin,final − Ecin,inicial = 1 2 Iω2final − 1 2 Iω2inicial = 1 2 I ( ω2final − ω20 ) . (3) Temos a velocidade angular inicial e precisamos a velocidade angular final. Na Eq.(2) encontramos a variac¸a˜o da velocidade angular, ∆ω=ωfinal − ωinicial, portanto, ωfinal = ωinicial + ∆ω = ω0 + ∆ω = ω0 + 2τme´dio∆tMR2 . Substituindo na Eq(3), Wtotal = 1 2 ( 1 2 MR2 )( (ω0 +∆ω) 2 − ω20 ) = MR2 4 ∆ω (2ω0 +∆ω) = τme´dio∆t 2 ( 2ω0 + 2τme´dio∆t MR2 ) ou Wtotal = τme´dio∆t ( ω0 + τme´dio∆t MR2 ) . (4) 1.4– Poteˆncia e´ trabalho fornecido por unidade de tempo. Portanto, Pme´dia = Wtotal ∆t = τme´dio ( ω0 + τme´dio∆t MR2 ) . (5) 2- Um pequeno corpo de massa m esta´ parado no eixo de um anel fino de raio R e massa M , tambe´m parado, a uma distaˆncia r do centro do anel, como mostra a figura, isolados do resto do Universo. O eixo e´ perpendicular ao plano do anel. 2.1– Encontre o mo´dulo da forc¸a gra- vitacional que atua no corpo de massa m, em termos de G, m, M , r e R. Mostre na figura o sentido dessa forc¸a. 2.2– Encontre a energia potencial gra- vitacional desse sistema, na con- figurac¸a˜o acima, em termos de G, m, M , r e R. m M R dM dθ (R +r )2 1/2 φ r dF dF cos φ 2 2.3– Se ambos forem soltos do repouso (energia cine´tica inicial nula) e separados inicialmente como na figura, a que distaˆncia da posic¸a˜o inicial do anel o corpo de massa m vai passar pelo centro do anel (em termos de G, m, M , r e R)?. Qual a energia potencial do sistema nesse instante. quando o corpo esta´ passando pelo centro do anel? 2.4– Qual e´ a energia cine´tica total do sistema no instante que a massa m passa pelo centro do anel? Soluc¸a˜o 2.1– Vamos dividir o anel em uma infinidade de massas infinitesimais dM . A distaˆncia entre essas massas infinitesimais e a massa m e´ d = √ R2 + r2 e o mo´dulo da forc¸a que a massa m sofre desse infinite´simo de massa e´ dF = G(m)(dM) d2 = Gm R2 + r2 dM. (6) A componente dessa forc¸a na direc¸a˜o que aponta para o centro do anel e´ dF cosφ=dF r√ R2+r2 . Para encon- trarmos a forc¸a total entre o anel e a massa m temos que integrar F = ∫ dF cosφ = ∫ dF ( r√ R2 + r2 ) = ∫ GmdM R2 + r2 ( r√ R2 + r2 ) = Gmr (R2 + r2) 3 2 ∫ dM, (7) onde coloquei para fora do sinal da integral os termos constantes. Obviamente a integral que sobrou e´ a massa total do anel e a forc¸a que a massa m sofre do anel aponta para o centro do anel e tem o mo´dulo F = GmMr (R2 + r2) 3 2 . (8) 2.2– Ainda utilizando o artif´ıcio anterior de dividir o anel em partes infinitesimais, a pequena contribuic¸a˜o de energia potencial entre a massa dM e m e´ dE = −G(m)(dM) d = −G(m)(dM)√ R2 + r2 e, integrando por todo o anel, nota-se que E = ∫ dE = ∫ −G(m)(dM)√ R2 + r2 = − Gm√ R2 + r2 ∫ dM = − GmM√ R2 + r2 . (9) 2.3– Pela 3a Lei de Newton, o anel sofre uma forc¸a de mesmo mo´dulo da massa m, mas de sentido oposto. Se o sistema esta´ isolado de outros corpos, essas sa˜o as u´nicas forc¸as que atuam no mesmo. Como sa˜o forc¸as internas, na˜o conseguem acelerar o centro de massa do sistema. Inicialmente tanto o anel como a massa m esta˜o parados e o centro de massa do sistema se situa a` distaˆncia Rcm = 0+mr M +m = r ( m M +m ) . (10) Como na˜o ha´ forc¸as externas atuando, o centro de massa tera´ acelerac¸a˜o nula. E, como estava inicialmente parado, continua parado, e quando a massa m passar pelo centro do anel, ambos estara˜o a` distaˆncia dada pela Eq.(10) da posic¸a˜o inicial do anel. 2.4– A forc¸a gravitacional e´ uma forc¸a conservativa e, na auseˆncia de outras forc¸as, a energia mecaˆnica do sistema se conserva. Inicialmente tanto o anel como a massa m esta˜o parados. A energia potencial gravitacional entre eles foi calculada na parte 2.2– por integrac¸a˜o. Quando a massa m estiver passando pelo centro do anel, a distaˆncia entre ela e o centro sera´ nula e a energia potencial gravitacional nesse instante sera´, seguindo o mesmo racioc´ınio da Eq.(9), quando r = 0 Epot,fin = − GmM R . (11) Nesse instante o sistema tera´ uma certa energia cine´tica de tal forma que as energias meca˜nicas inicial e final sa˜o iguais Emec,ini = Ecin,ini + Epot,ini = 0 + ( − GmM√ R2 + r2 ) = Emec,fin = Ecin,fin + ( −GmM R ) , (12) de onde calculamos Ecin,fin = GmM ( 1 R − 1√ R2 + r2 ) . (13) 3– Uma esfera macic¸a, de raio R e massa M , translada inicialmente com a velo- cidade linear V0, como na figura, mas sem qualquer velocidade de rotac¸a˜o em torno de seu eixo. A esfera e´ posta em contacto com uma superf´ıcie horizon- tal com a qual possui um coeficiente de atrito cine´tico µ, e lanc¸ada conforme mostrado na figura. ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� µ ω = 0 v R M 0 0 3.1- Localize e represente esquematicamente na figura (ou fac¸a outras figuras) quais as forc¸as (coloque direc¸a˜o e sentido) que atuam na esfera, enquanto existir derrapagem entre ela e o solo. Identifique claramente as forc¸as e seus pontos de atuac¸a˜o. 3.2- Descreva com suas palavras como sera´ o movimento dessa esfera ao longo do tempo. Escreva as equac¸o˜es para o movimento de translac¸a˜o (forc¸as) e de rotac¸a˜o (torques) da esfera e encontre suas acelerac¸o˜es linear e angular, a e α, em termos de M , R, µ, V0 e g. 3.3- Escreva as equac¸o˜es para as velocidades de translac¸a˜o e de rotac¸a˜o da esfera em func¸a˜o do tempo, v(t) e ω(t), em termos de t (varia´vel independente), M , R, µ, V0 e g, enquantoa esfera estiver derrapando sobre a superf´ıcie horizontal. 3.4- Calcule o tempo que leva para a esfera passar a rolar sem derrapar sobre a superf´ıcie (em termos de M , R, µ, V0 e g). 3.5- Calcule a velocidade final de translac¸a˜o da esfera, apo´s ela comec¸ar a rolar sem derrapar sobre a superf´ıcie (em termos de M , R, µ, V0 e g). Soluc¸a˜o 3.1– As forc¸as que atuam na esfera, enquanto ele derrapa sobre a su- perf´ıcie horizontal sa˜o seu peso, Mg, causado pela atrac¸a˜o da Terra, que sofre a reac¸a˜o. Pelas propriedades da definic¸a˜o do centro de massa, podemos considerar a forc¸a peso atuando no centro de massa da es- fera. Como a esfera e´ uniforme, seu centro de massa esta´ em seu centro geome´trico. Atuam ainda, a normal, N , e o atrito cine´tico, Fat,cin, cau- sados pelo solo, que tambe´m sofre a reac¸a˜o de ambas as forc¸as. Estas duas u´ltimas forc¸as atuam no ponto de contacto entre a esfera e o solo. Todas as forc¸as esta˜o representadas no desenho ao lado. P=mg F N at,cin 3.2– A esfera, ao se mover conforme a figura, vai querer empurrar, pelo atrito no ponto de contato, o solo para a direita. Este reage e empurra o cilindro para a esquerda. Como esta forc¸a de atrito e´ a u´nica forc¸a que atua na horizontal, ela causa na esfera uma acelerac¸a˜o para a esquerda, que gradualmente diminuira´ a velocidade de translac¸a˜o da esfera, inicialmente sem rotac¸a˜o, mas transladando. O peso e a normal atuam na vertical e na˜o afetam o movimento da esfera na horizontal. Em relac¸a˜o ao centro geome´trico da esfera, que coincide com seu centro de massa, nem o peso nem a normal conseguem realizar torques. Entretanto, o atrito exerce um torque cuja direc¸a˜o e´ para dentro da figura. Esse torque, devido a` forc¸a de atrito, portanto, causa uma acelerac¸a˜o que vai aumentar gradualmente a velocidade de rotac¸a˜o da esfera, que inicialmente na˜o gira. Quando as velocidades de rotac¸a˜o e de translac¸a˜o da esfera forem tais que ele consiga rolar sem deslizar, na˜o ha´ tendeˆncia para deslizamento e a esfera passa a rolar sem derrapar sobre o solo. As equac¸o˜es de movimento da esfera sa˜o: 3.2.1– translac¸a˜o, vertical – a esfera na˜o de movimenta na vertical, portanto sua acelerac¸a˜o e´ nula nessa direc¸a˜o: P −N = 0 −→ N =Mg (14) 3.2.2– translac¸a˜o, horizontal – a esfera esta´ acelerado pela forc¸a de atrito, que e´ a u´nica na horizontal na esfera. Como se trata de atrito cine´tico, podemos relaciona´-lo diretamente com a normal: Fat,cin = µN = µMg =Ma −→ a = µ g (15) Note que essa acelerac¸a˜o e´ oposta a` velocidade inicial da esfera. 3.2.3– rotac¸a˜o em torno do eixo horizontal, que passa pelo seu centro. O torque total sera´ igual a` variac¸a˜o de quantidade de movimento angular. Como a esfera e´ um corpo r´ıgido e o eixo na˜o muda sua direc¸a˜o no espac¸o, o torque total e´ igual ao momento de ine´rcia (calculado em torno do mesmo eixo que se usou para calcular o torque) vezes a acelerac¸a˜o angular: τtotal = τpeso + τnormal + τatrito = Icil,CM α Como notamos anteriormente, nem o peso nem a normal exercem torque e, portanto, a equac¸a˜o acima fica: τatrito = RµMg = Icil α = 2 5 MR2 α, (16) onde ja´ substituimos o valor correto do momento de ine´rcia da esfera. Simplificando, podemos encontrar a acelerac¸a˜o angular: α = 5µg 2R (17) 3.3– Com as acelerac¸o˜es linear e angular calculadas acima, Eqs. (15) e (17), podemos ver que sa˜o constantes. Enta˜o, as velocidades linear e angular podem ser encontradas em func¸a˜o do tempo: v = v0 − at = V0 − µgt, (18) ω = ω0 + αt = 5µg 2R t. (19) A velocidade linear aumenta, enquanto a velocidade angular diminui com o passar do tempo t. Quando tivermos v = ωR, condic¸a˜o para o rolamento sem deslizar, o atrito cine´tico desaparece: (V0 − µgt) = ( 5µg 2R t ) R. 3.4– A equac¸a˜o acima so´ possui soluc¸a˜o para o tempo t = 2V0 7µg . (20) 3.5– Levando o tempo encontrado na Eq. (20) na Eq. (18), encontramos v = 5 7 V0, (21) que e´ a resposta pedida.